Renato da Silva Moreira - Aterrador

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– Ei, espera aí, você é tipo Don Juan Matus, Yoda ou o Mestre dos Magos, certo? Tenho um monte de perguntas pra fazer, dá um tempo! – corri atrás dele – quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? O universo sempre existiu ou surgiu do nada? Quando é que vou me tornar um escritor de verdade? Como termina este livro? Don Juan explodiu em um gargalhada. – Gosto de você, Jorge. Você tem senso de humor. Lembra a mim mesmo quando era jovem. Naquela época me preocupava muito com as grandes questões filosóficas e em encontrar a excelência nas artes. Queria respostas objetivas. Passava noites em claro lendo, estudando e achava que só assim iria encontrar o que buscava. Ao compor, me importava demasiado com a forma, com a estrutura e com a linguagem. Demorei para entender que a arte vai muito além do seu aspecto formal, cultural e social.
A arte é um sentir que vem de dentro. Tem o poder de criar vínculos, de curar. E talvez os gregos estivessem certos: a maior arte é a arte de viver.

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Busco dentro de mim uma faísca de alegria. Afinal, estou fazendo o que me propus, sair de Recife, viajar, conhecer outros lugares. Arranco uma folha do caderno e monto um aviãozinho. Faço um pedido e o lanço no ar. Seja o que o destino quiser.

Escreva nesta folha o nome de um lugar que gostaria de visitar. Arranque-a, faça um aviãozinho e jogue o mais longe que puder.

3. Persiga aquilo que ama ou acabará amando aquilo que encontra.

Observo o labirinto por uma janela da ala leste do casarão. Em silêncio e sozinho depois de tantos contratos, formalidades, apresentações e representações, um rosto e uma voz se destacam na confusão da minha mente cansada. Fecho os olhos por um segundo e sinto-me cair em um estado de semiconsciência. A face ousada de um fauno coroada por um par de cornos levanta as orelhas de bode com curiosidade para escutar a voz que diz “você pode enganar os outros e a si mesmo, Enzo, mas a morte... ninguém engana”.

Tive um sobressalto (um desses sustos que a gente leva quando está a ponto de adormecer) e despertei completamente. O fauno e a voz continuavam na minha cabeça. Não tive dificuldade em relacionar o rosto com a estátua à entrada do jardim. Não obstante, custou-me muito lembrar quem havia proferido a frase: havia sido Don Giovanni, o jardineiro. Claro, como pude esquecer!

Agora que a poeira baixou percebo como tudo aconteceu tão depressa. Estava um tanto desanimado aquele dia quando larguei a empresa na hora do almoço. Liguei para Genaro, apostando em sua infinita capacidade de se distrair e gozar a vida sem esforço. Ele não precisou conferir meu tom de voz enfadado: sabe que quando ligo é porque preciso relaxar.

– Ligou na hora certa, Zoppo!11 – Ele me chamava assim desde quando éramos meninos, ele um craque no futebol e eu um tremendo perna de pau. Para Genaro toda hora era a hora certa. – Acabo de falar com Jessica, uma coleguinha nova. Ela e sua amiga chegam esta noite à Pisa. Por que não damos um pulo na Casetta? – era como chamávamos uma das mais antigas propriedades da minha família, uma vila entre Luca e Pisa.

Genaro é o tipo de milionário decadente que, mesmo depois de perder quase tudo, consegue manter um estilo de vida relativamente luxuoso, conservando a ilusão de que ainda é abastado. Conhece a alta sociedade, tem cara de rico, fala como rico, conservou um Rolex ou dois e isso basta para convencer a maioria das pessoas, que acabam caindo em seus golpes. Os amigos mais chegados, como eu, emprestam-lhe dinheiro, vez ou outra, para salvar-lhe de algum apuro. Emprestar é modo de dizer, pois é claro que ele nunca irá pagar, pelo menos não em forma de dinheiro. Genaro é uma espécie de gigolô do entretenimento: pagamos para que ele nos divirta.

Da sede em Milão até Pisa são aproximadamente 3 horas e meia de carro. Mas com La Rossa esperava levar menos tempo e de fato cheguei a Pisa ainda no meio da tarde. Fazia tempo que não pegava a estrada sozinho. Ia sem música, para escutar melhor a respiração de La Rossa: seus 520 cavalos relinchavam como bestas celestiais. A Ferrari F50 era o carro do meu sonho quando era criança e pilotá-lo para mim é sempre uma viagem ao passado, a uma época sem preocupações.

Talvez pegar a estrada com La Rossa foi o que desencadeou tudo de inesperado que se seguiu. Ou teria sido o baú que encontrei no sótão?

Estava em clima de fazer as coisas de um jeito diferente. Resolvi ir buscar as meninas no aeroporto ao invés de mandar o chofer. Primeiro, passei na Casetta para trocar de carro. La Rossa impressionaria muito mais as garotas do que o velho Defender, mas isso é o que se passa com as Ferraris: só possuem 2 assentos. Os criados ficaram surpresos em ver-me ali. Mais que isso, vi pânico no rosto de alguns deles. Não sei por qual motivo, afinal tudo parecia em ordem. Empregados são assim mesmo: morrem de medo quando são pegos de surpresa, mesmo sem estar fazendo nada demais. Seguindo a sintonia de agir de um modo alternativo, resolvi dispensar todos eles e fiquei apenas com dois seguranças guardando o perímetro externo da casa.

Encontrei Genaro, Jessica e Susi no estacionamento do aeroporto. Por mais que estivesse disposto a fazer algumas loucuras, ser acossado por turistas no hall não era uma delas. Engraçado como até mesmo quem não sabe quem sou eu vem encher minha paciência porque viu-me na revista ou na TV. “Você não é aquele ator que fez aquele filme, qual era o filme mesmo, é...” Mais de uma vez pediram-me autógrafo para lembrar do meu nome. Escrevo então Antonio, ou Marco, e o sujeito se despede meio sem jeito “boa sorte no seu próximo filme, Marco”. Detalhe é que nunca fui sequer figurante. Os autógrafos são o de menos, ninguém mais pede autógrafos hoje em dia. O negócio é foto. Quando ando em público sinto-me como uma atração turística: todos querem marcar o ponto, mostrar para seus amigos “olha quem encontrei”. Pergunto-me que diferença faz na vida de alguém encontrar um ricaço que está se lixando para você. O que interessa aos seus amigos saber que você esbarrou na rua com tal tipo? Essa gente que pede fotos e autógrafos é de classe média ou baixa. Seria muito mais lógico que eles, ao invés de bajulação, tacassem pedras em sujeitos como eu, que são podres de rico graças à exploração dos recursos naturais e da mão de obra dessa mesma classe média, baixa e tiete. Misantropia à parte, lá estava eu apoiado no capô do velho Defender, fumando um cigarro no estacionamento do aeroporto quando aparece Genaro e suas amigas. Não precisei de mais do que um aceno para reconhecer o tipo de garotas com quem estávamos tratando: modelos emergentes, possíveis atrizes, acompanhantes de luxo: lindas, agradáveis e sem muito conteúdo.

Genaro sentou-se ao meu lado e discorreu todo o caminho sobre nossas peripécias juvenis. As meninas fingiam interessar-se enquanto usavam seus celulares disfarçadamente. Nota mental: reforçar a segurança. Provavelmente teremos paparazzi esta noite. Garotas desse tipo nunca perdem uma oportunidade de serem vistas em companhia de celebridades e quanto mais íntima a companhia, melhor. Tudo bem, posso dar-me o luxo de dormir com uma modelo emergente vez ou outra. É isso que eles esperam de mim, afinal, pelo menos por um tempo, até eles decidirem que já está na hora de relacionar-me sério com alguma famosa de verdade.

– Não é mesmo, Zoppo? – eu havia perdido completamente o fio da meada seguindo a trilha dos meus pensamentos. Tive que desculpar-me e pedir para que Genaro repetisse.

– Estou falando de La Rossa. Você veio com a máquina, não foi? Meninas, vocês têm que ver essa nave! Foram fabricados apenas 349 modelos. Lembro quando você ganhou o autorama com miniaturas da F50. A gente passava horas com aquilo. E mesmo depois, mais velhos, nas férias do colégio, a gente subia no sótão pra fumar um baseado e viajar naquele brinquedo. Será que o autorama ainda está lá?

Chegamos na Casetta às 21h21. Lembro exatamente da hora porque achei curiosa. Tenho essa mania de olhar para o relógio em horas em ponto ou em palíndromos como 20h02. Aquela noite entramos em casa exatamente 21h21 e foi a última vez que dei conta das horas pelos próximos dias. Os instantes escorriam entre garrafas, ervas, seringas, papéis e cristais. De vez em quando entrava na paranóia dos paparazzi e fechava todas as janelas e persianas e então já não sabíamos se era cedo ou tarde, dia ou noite ou mesmo há quantos dias estávamos ali. Vivíamos nus a maior parte do tempo. Sempre confundia Jessica com Susi e afinal as chamava de “Linda”. Linda, traga mais uma garrafa, por favor. Claro que por mais tontas que elas fossem sabiam distinguir minimamente um cavalheiro de um imbecil. O desprezo que sentíamos por elas era recíproco, todos éramos náufragos à sós em um oceano de distrações e entorpecimento, agarrando-se uns aos outros com medo de nos afogar. Que importa se sou um babaca? O champagne é de primeira e uma boa matéria na imprensa pode render-lhes um bom trabalho. Assim, elas desculpavam minha soberba, eu desculpava a frugalidade delas e todos desculpávamos o mau caráter de Genaro.

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