Jorge Amado - Capitães da Areia

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"Capitães da Areia" é um romance de autoria do escritor brasileiro Jorge Amado, publicado em 1937. O livro retrata a vida de um grupo de menores abandonados, chamados de "Capitães da Areia", ambientado na cidade de Salvador dos anos 1930.

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Seu vulto desapareceu no areal. Professor ficou com as palavras presas, um nó na garganta. Mas também achava bonito Boa-Vida andar assim para a morte para não contaminar os outros. Os homens assim são os que têm uma estrela no lugar do coração. E quando morrem o coração fica no céu, diz o Querido-de-Deus. Boa-Vida era um menino, não era um homem. Mas já tinha uma estrela no lugar do coração. Já desapareceu o seu vulto. E então a certeza de que não mais verá seu amigo encheu o coração do Professor. A certeza de que o outro ia para a morte.

Nas macumbas em honra de Omolu, o povo negro, castigado com a bexiga, cantava:

"Cabono, aziela engoma!

Quero vê couro zoa!

Omolu vai pro sertão Bexiga vai espalha".

Omolu espalhara a bexiga na cidade. Era uma vingança contra a cidade dos ricos. Mas os ricos tinham a vacina, que sabia Omolu de vacinas? Era um pobre deus das florestas da África. Um deus dos negros pobres. Que podia saber de vacinas? Então a bexiga desceu e assolou o povo de Omolu. Tudo que Omolu pôde fazer foi transformar a bexiga de negra em alastrim, bexiga branca e tola. Assim mesmo morrera negro, morrera pobre. Mas Omolu dizia que não fora o alastrim que matara. Fora o lazareto. Omolu só queria com o alastrim marcar seus filhinhos negros. O lazareto é que os matava. Mas as macumbas pediam que ele levasse a bexiga da cidade, levasse para os ricos latifundiários do sertão. Eles tinham dinheiro, léguas e léguas de terra, mas não sabiam tampouco da vacina. O Omolu diz que vai pro sertão. E os negros, os ogãs, as filhas e pais de santo cantam:

"Ele é mesmo nosso pai e é quem pode nos ajudar..."

Omolu promete ir. Mas para que seus filhos negros não esqueçam avisa no seu cântico de despedida:

"Ora, adeus, ó meus filhinhos,

Que eu vou e torno a vortá..."

E numa noite que os atabaques batiam nas macumbas, numa noite de mistério da Bahia, Omolu pulou na máquina da Leste Brasileira e foi para o sertão de Juazeiro.A bexiga foi com ele.

Boa-Vida voltou magro, a roupa dançando no seu corpo. A cara agora estava toda picada. Os outros o olharam ainda com receio quando naquela noite ele entrou no trapiche. Mas Professor andou logo para ele:

- Ficou bom, mulato?

Boa-Vida sorriu. Vinham apertar a mão dele, Pedro Bala lhe deu um abraço:

- Mulato bom. Mulato batuta.

Até Sem-Pernas veio, João Grande ficou junto de Boa-Vida. 0 mulato olhou os amigos. Pediu um cigarro. Sua mão estava descarnada, o rosto ossudo. Ficou calado, olhando com amor o velho trapiche, os meninos, o cachorro que estava deitado no colo do Sem-Pernas.

Então João Grande perguntou:

- Como era o lazareto?

Boa-Vida se voltou rápido. Seu rosto tomou uma expressão amarga de desgosto. Demorou um pouco a responder. Depois as palavras saíram com dificuldade:

- Ninguém sabe dizer, não. É uma coisa por demais... Uma nojeira. A gente quando entra é igual um que entra no caixão... Olhou os outros, que estavam suspensos das suas palavras. Sua voz era amarga - Igual que entrasse pro caixão pra ir pro cemitério... Igual...

Não achou mais que dizer. Sem-Pernas perguntou entre dentes:

- Que mais?

- Nada. Nada. Não sei, não... Por Deus, não pergunte... - baixou a cabeça, que balançava para todos os lados. Sua voz saiu muito baixa, como que ainda amedrontada:- É mesmo que ir pro cemitério. Tudo já está morto.

Olhou como se pedisse que não lhe perguntassem mais nada. João Grande disse para os outros:

- A gente não devia perguntar nada...

Boa-Vida apoiou com um gesto da mão. Disse baixinho:

- Nada... É ruim demais...

Professor olhou o peito de Boa-Vida. Estava todo picado da varíola. Mas no lugar do coração Professor viu uma estrela.

Uma estrela no lugar do coração.

Capítulo 11 - Destino

Ocuparam a mesa do canto. O gato puxou o barulho. Mas nem Pedro Bala, nem João Grande, nem Professor, tampouco Boa-Vida se interessaram. Esperavam o Querido-de-Deus na Porta do Mar. As mesas estavam cheias. Muito tempo a Porta do Mar andara sem fregueses. A varíola não deixava. Agora que ela tinha ido embora, os homens comentavam as mortes. Alguém falou no lazareto. É uma desgraça ser pobre, disse um marítimo.

Numa mesa pediram cachaça. Houve um movimento de copo no balcão. Um velho então disse:

- Ninguém pode mudar o destino. É coisa feita lá em cima - apontava o céu.

Mas João de Adão falou de outra mesa:

- Um dia a gente muda o destino dos pobres...

Pedro Bala levantou a cabeça, Professor ouviu sorridente. Mas João Grande e Boa-Vida pareciam apoiar as palavras do velho, que repetiu:

- Ninguém pode mudar, não. Está escrito lá em cima.

- Um dia a gente muda... - disse Pedro Bala, e todos olharam para o menino.

- Que é que tu sabe, frangote? - perguntou o velho.

- É filho do Loiro, fala a voz do pai respondeu João Adão olhando com respeito. - O pai morreu pra mudar o destino da gente.

Olhou para todos. O velho calou e também olhava com respeito.

A confiança foi de novo chegando para todos. Lá fora um violão começou a tocar.

Segunda Parte - Noite da Grande Paz, da Grande Paz Dos Teus Olhos Capítulo 12 - Filha de Bexiguento

A música já recomeçara no morro. Os malandros voltavam a tocar violão, a cantar modinhas, a inventar sambas que depois vendiam aos sambistas célebres da cidade.Na venda de Deoclécio novamente ficava um grupo todas as tardes. Durante algum tempo tudo cessara no morro para dar lugar ao choro e lamentações das mulheres e crianças.Os homens passavam de cabeça baixa para as suas casas ou para o trabalho. E os caixões negros de adultos, os caixões brancos de virgens, os pequenos caixões de crianças desciam as ásperas ladeiras do morro para o cemitério distante. Isso quando não eram sacos que desciam com os variolosos ainda vivos que eram levados para o lazareto.A família chorava como choraria a um morto, pela certeza de que eles não voltariam jamais. Nem a música de um violão. Nem a voz cheia de um negro cortava então a tristeza do morro. Só a reza das sentinelas, o choro convulsivo das mulheres.

Assim estava o morro quando Estêvão foi levado para o lazareto. Não voltou, certa tarde Margarida soube que ele morrera por lá. Nesta tarde ela já estava com febre.Mas o alastrim parecia ser dos mais mansos no corpo da lavadeira e ela escondeu de todos a notícia, conseguiu não ser metida num saco. Aos poucos foi melhorando. Os dois filhos andavam pela casa, fazendo o que ela mandava. Zé Fuinha era um bocado inútil, ainda não sabia fazer nada, com seus seis anos.

Mas Dora tinha treze para quatorze anos, os seios já haviam começado a surgir sob o vestido, parecia uma mulherzinha, muito séria, a buscar os remédios para a mãe, a tratar dela. Margarida melhorou quando já os violões recomeçavam a tocar no morro, porque a epidemia de varíola tinha se acabado. A música voltou a dominar as noites do morro e Margarida, se bem ainda não estivesse completamente boa, foi ã casa de algumas de suas freguesas em busca de roupa. Voltou com a trouxa nas costas, se atirou para a fonte. Trabalhou o dia todo, sob o sol e a chuva que caiu pela tarde. No outro dia não voltou ao trabalho porque recaiu do alastrime a recaída é sempre terrível. Dois dias depois descia do morro o último caixão feito pela varíola. Dora não soluçava. Corriam as lágrimas pelo seu rosto, mas enquanto o caixão descia ela pensava era em Zé Fuinha, que pedia o que comer. O irmãozinho chorava de dor e de fome. Era muito menino para compreender que tinha ficado sem ninguém na imensidão da cidade.

Os vizinhos deram jantar aos órfãos nesta tarde. No outro dia pela manhã o árabe que era dono dos barracões do morro mandou derramar álcool no de Margarida para desinfetar. E logo o alugou, pois era um barracão bem situado, bem no alto da ladeira. E enquanto os vizinhos discutiam o problema dos órfãos, Dora tomou o irmão pela mão e desceu para a cidade. Não se despediu de ninguém, era como uma fuga. Zé Fuinha ia sem saber para onde, arrastado pela irmã. Dora marchava tranquila. Na cidade havia de encontrar quem lhes desse de comer, quem pelo menos tomasse conta de seu irmão. Ela arranjaria um emprego de copeira numa casa. Ainda era uma menina, mas havia muitas casas que preferiam mesmo uma menina porque o ordenado era menor. Sua mãe certa vez falara em a empregar de copeira na casa de uma freguesa. Dora sabia onde era e se dirigiu para lá. O morro, a música dos violões, o samba que um negro cantava ficaram para trás. Os pés descalços de Dora se queimam no asfalto ardente. Zé Fuinha vai alegre, vendo a cidade para ele desconhecida, os bondes que passam repleto, as marinetes que buzinam, a multidão que corta as ruas. Dora fora com Margarida certa vez à casa desta freguesa. É na Barra, elas tinham ido num bonde bagageiro, levando a trouxa de roupa lavada. A dona da casa fizera festa a Dora, perguntara se ela queria vir trabalhar ali. Margarida ficara de trazê-la quando ela estivesse mais crescida. Era para lá que Dora pensava ir. E perguntando a ume a outro tomou o caminho da Barra. A caminhada era grande, o sol no asfalto queimava seus pés sem sapato. Zé Fuinha começou a pedir de comer e a se queixar do cansaço. Dora o acalentou com promessas e seguiram. Mas no Campo Grande Zé Fuinha não pôde mais. A caminhada era demasiada para ele, para os seus seis anos. Então Dora entrou numa padaria, trocou os únicos quinhentos réis que possuía, comprou dois pães dormidos, deixou Zé Fuinha sentado num banco com os pães: - Tu come e me espera, tá ouvindo? Eu vou ali, volto já. Mas não vá sair daqui, senão você se perde...

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