Camilo Castelo Branco - Carlota Angela

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O coração de Rosalia era bom, e seria ella a protectora do casamento, se a não tolhessem os prejuizos de classe. A mulher de Norberto cuidava, em boa consciencia, que sua filha não podia ser feliz, casando sem o precedente de escripturas de doação, sem a concorrencia de doadores bem ricos e bem estupidos por parte do noivo. Por mais que ella quizesse descobrir no official de marinha os encantos que seduziram sua filha, a tapada creatura o que encontrava era motivo para pasmar cada vez mais.

–Um engarilho de bigode como um chibo…—dizia ella a Carlota, depois que Norberto se retirara com mêdo de ceder á indignação, que o enfurecia—um pechibeque que não tem terra, nem leira, nem ramo de figueira, ó rapariga, que feitiço te fez aquelle patavina? Ha por ahi tanto rapaz bem azado, com negocio estabelecido, e creditos… se querias casar, por que o não tinhas dito, que já se tinha escolhido a flor dos rapazes do Porto? Está ahi o filho do Antonio José da Silva, e do Joaquim José Guimarães, que por entre os dentes deram a entender a teu pae que te queriam, e ainda estão solteiros, não tens mais que fallar… Ó mulher! isso foi enguirimanço do demonio! Por que não casas tu com um dos outros?

–Perde o tempo, minha mãe—disse Carlota com firmeza.—Esses homens aborreço-os; o mundo tem para mim um só homem; não vejo, nem quero ver outro: é Francisco de Mendonça, porque sou d'elle, considero-me já sua mulher, e…

–Tu que dizes, Carlota!?—bradou apavorada D. Rosalia—És já mulher d'elle? Pois tu… Credo! tu estás ahi a dizer blasphemias… Ó desgraçada, pois tu…

–Eu quê! o que está ahi a mãe a fazer uns espantos que não sei a que vem? Se me julgou culpada de alguma acção indigna de mim, é mais uma injustiça que faz ao homem que amo. Tenha a segurança de que Mendonça não me humilha; pelo contrario, eleva-me, ama-me bastante, e é bastante virtuoso para não querer que a minha consciencia me accuse de alguma fraqueza.

Oh! ninguem sabe comprehender, como quem ama, uma nobre alma! Tenho eu, e elle tambem tem a infelicidade de sermos avaliados por pessoas que adoram o dinheiro sobre todas as cousas, e crêem que fóra do dinheiro não ha virtudes nem contentamentos. Ó minha mãe, foi uma desgraça darem-me uma educação differente da que receberam meus paes. Eu vejo as cousas e as pessoas de um modo diverso. Olho para a riqueza como para um obstaculo á minha ventura, e não posso deixar de aborrecel-a…

Bem vejo que minha mãe se admira d'esta linguagem, creia que não é falta de respeito, nem confiança nas minhas fracas forças; é animo que me dá um amor puro, e digno de mim; é uma força de que eu preciso para convencer meus paes de que privar-me de casar com Mendonça é o mesmo que matar-me!

Minha mãe não quer que eu morra, e ha de proteger-me, ha de amollecer o duro coração de meu pae, ha de lembrar-lhe que o consentimento dado não póde ser negado sem deshonra para elle, e grandes torturas para mim. Seja por mim, minha querida mãe, seja boa como tem sido sempre. Tenha dó da sua filha unica, da filha que nunca lhe desobedeceu, e, se hoje desobedece, deve ser muito dolorosa a violencia que lhe querem fazer…

Carlota Angela soluçava no seio de D. Rosalia, cujos vasos lacrimaes se romperam copiosamente.

Eram de bom agouro as lagrimas da enternecida mãe.

As difficuldades, que ella oppunha, eram vencidas por novas supplicas de Carlota. D. Rosalia acabara por prometter, com o seu silencio, vencer a resistencia do marido.

Norberto saíra entretanto para o Porto, e fora ao paço do bispo prevenir a magistratura ecclesiastica contra as diligencias de Francisco Salter de Mendonça. Alguem o aconselhou que fizesse entrar sua filha n'um convento, para obviar ao rapto, visto que, dado o passo da fuga, o mais airoso e honesto era remediar a deshonra irreparavel sem o casamento.

D. Rosalia Sampayo tinha uma irmã freira benedictina, no Porto, senhora muito reformada, muito rezadeira, e havida em conta de predestinada, lá dentro, e de religiosa illustrada entre as pessoas das suas relações.

Carlota Angela visitava-a miudas vezes, e entretinha-se longas horas na grade, e até alguns dias dentro do mosteiro, onde sua tia lhe ensinava muitas devoções mirificamente salutares, com as quaes Carlota saía convencida de que, fazendo-as um mez, ganharia indulgencias bastantes para remir das penas do purgatorio toda a christandade.

A madre Rufina, sem desagradar ao seu director espiritual, frade carmelita de poucas lettras e muitas virtudes, era uma tolerante senhora, a quem Carlota confessara a sua inclinação ao official de marinha, resultando-lhe d'ahi ter de rezar, por conselho da tia, mais algumas devoções para que a Virgem lhe inspirasse o melhor destino n'este mundo.

Carlota dizia-lhe que o seu apaixonado era pobre. Madre Rufina replicava que pobre era quem não tinha a graça de Deus. Carlota redarguiu que talvez os paes não a dessem a um rapaz sem dote. A benedictina appellava para a vontade do Altissimo, que fazia tudo pelo melhor. Ora, Carlota Angela, melhor ou peior avisada, entendia que Deus, na maxima parte dos actos humanos, e nomeadamente nos casamentos, não punha nem dispunha. Isto será menos orthodoxo; mas é necessario impor á responsabilidade do homem, ou do diabo, cousas que por ahi ha que não parecem de Deus.

Norberto de Meirelles foi do paço do bispo ao convento de S. Bento da Avè Maria, e fez chamar sua cunhada. Contou a desordem em que se achava sua casa, foi eloquente no seu genero, desafogou a ira abafada em presença da filha, e terminou dizendo que, o mais tardar no dia seguinte, Carlota havia de entrar no convento, onde estaria até se lhe varrer a mania de casar com o tal Pedro-malas-artes.

A madre Rufina respondeu que na casa do Senhor não se recebia ninguem introduzido á força; que sua sobrinha não estava no caso de aceitar com prazer o recolher-se a um convento, quando o seu coração propendia e ligava a outros amores. E concluiu, aconselhando a seu cunhado prudencia e caridade com as inclinações de Carlota, que, se não eram convenientes aos olhos do mundo, tambem não eram peccadoras aos olhos de Deus.

E, em resposta ás impertinentes réplicas de Norberto de Meirelles, a digna esposa do Senhor prometteu chamar sua sobrinha, relatar-lhe as mágoas de seu pae, tentar demovel-a do seu proposito, e pedir muito, primeiro, a Maria Santissima que tocasse o coração de Carlota com a resolução mais conducente ao caminho da virtude n'este mundo, que é o da salvação no outro.

Norberto saiu pouco contrito, e notou que sua cunhada gosava uma reputação usurpada. O homem achava aquelles principios irreconciliaveis com a santidade de que D. Rosalia fazia o panegyrico, todos os dias. Não obstante, a irritação moderou-se-lhe, na esperança de que, em ultimo refugio, seu cunhado doutor faria em Lisboa, com o dinheiro, o que a violencia não conseguisse cá.

A freira pediu ao capellão do mosteiro que lhe acompanhasse sua sobrinha; e teve com ella o seguinte dialogo, quasi textual dos apontamentos de Carlota Angela, que devemos á confidencia de uma sua amiga, de quem logo fallaremos:

–Teu pae, menina, esteve aqui hontem, e fez-me pena. Pediu-me que te despersuadisse do amor a…

–Pediu-lhe um impossivel, minha tia—interrompeu Carlota.

–Nada é impossivel a Deus, minha sobrinha.

–Deus escuta-se na consciencia, e a consciencia não me condemna o coração.

–Mas que te diz ella sobre os deveres de uma filha?

–Diz que tenho satisfeito a todos aquelles em que correspondo aos deveres de pae.

–Não sejas tão absoluta nas tuas respostas, Carlota. A desobediencia é um crime.

–E o suicidio, minha tia?

–O suicidio é o maior dos crimes, porque é o desprezo do divino remedio nas dores passageiras d'esta vida.

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