Camilo Castelo Branco - Carlota Angela

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II

Os tigres são menos sanhudos contra o homem que o proprio homem.

Phocion. ( Instrucção a Aristias. )

Les parents en effet ont cela de admirable, et je parle des meilleurs, que vous ne pourrez jamais, ni par plainte, ni par raison, leur faire comprendre qu'il vient un moment où l'oiseau essaie ses ailes et quitte son nid; qu'ils n'ont d'autre mission que de faire et d'elever leur petits jusqu'á l'âge où ils quittent le nid.

Alphonse Karr. ( Sous les Tilleuls. )

Quaes fossem os conselhos do ornamento dos auditorios portuenses, teremos occasião de avalial-o opportunamente.

Oito dias depois de planisada a conspiração contra os amores reservados de Carlota Angela, foi procurado Norberto de Meirelles pelo tenente de marinha.

Francisco Salter de Mendonça era um rapaz da boa sociedade de Lisboa, um dos mais distinctos alumnos do collegio de marinha, reformado pelo intelligente ministro Martinho de Mello e Castro. Tinha dotes corporaes que o distinguiam, e virtudes que os seus amigos avaliavam como raras.

Amava com verdade Carlota Angela, posto que, no principio, o ser ella filha unica de um abastado commerciante encarecesse mais o galanteio. Sentiu, depois, que o seu amor se purgara da ignominia do calculo, até preferir que fosse pobre Carlota, para que, pobre, se igualasse a elle. Longo tempo a cortejara sem revelar-lhe as intenções honestas do namoro, esperando que fosse ella a que o auctorisasse a pedil-a a seus paes. Certeza tinha elle de que lh'a negavam, porque então, como hoje, um noivo era pesado na balança do negociante rico, e o contrapeso do coração não fazia oscillar o fiel. Pedil-a sem predispor o auxilio da lei invocado por Carlota, nunca Mendonça quizera até ao momento em que ella prometteu fugir de casa, se seu pae não consentisse.

Traçado o plano, Mendonça, como dissemos, procurou Norberto de Meirelles, e foi urbanamente recebido. Disse o motivo da sua visita, e não divisou na physionomia do ricasso o menor signal de espanto, nem sequer surpreza. Acabou de fallar, e ouviu, com estranho jubilo, a seguinte resposta:

–Se minha filha é contente com o marido que se lhe offerece, eu não me opponho a que ella seja sua esposa. Ella que o ama, é que v. s.ª é digno d'ella.

–Espero—atalhou Mendonça—merecer a v. s.ª o conceito que mereci á snr.ª D. Carlota.

Norberto não soube responder convenientemente a isto, porque dissera parte do que o doutor lhe ensinara nas poucas palavras com que embriagou o radioso genro, e, receioso de que lhe esquecesse o resto, continuou:

–Fique v. s.ª na certeza de que a vontade de minha filha é a minha; tenho, porém, a pedir-lhe um favor que v. s.ª não recusará ao pae de Carlota.

–Oh! senhor! que me pedirá v. s.ª, que eu não receba como ordens da pessoa que prézo desde já como pae?!

–Minha filha faz annos de hoje a um mez, e eu muito desejava que ella festejasse na minha companhia os seus dezesete annos, ainda solteira.

–Pois não, snr. Meirelles! Exija v. s.ª de mim todos os sacrificios que se podem humanamente fazer, que eu nunca pagarei o regosijo d'este momento decisivo para a felicidade de toda a minha vida.

–E v. s.ª—proseguiu o fiel repetidor do bacharel, contentissimo de não ter trocado uma só palavra, apesar das interrupções do interlocutor—poderá, se assim lhe aprouver, honrar com a sua presença os annos de Carlota, que se festejam, ha dezeseis annos, na minha quinta do Candal.

Esgotara-se o peculio. Norberto fez menção de erguer-se. Salter notou a grosseria; mas desculpou-a ao pae de Carlota. Retirou-se acompanhado até ao pateo, honra que tres vezes recusara, mas, á quarta, o negociante disse que ia para o escriptorio tratar da labutação dos arrozes que estavam á descarga . Isto é que era legitimamente d'elle.

Carlota, emquanto a visita esteve, não obstante o grande espaço que a distanciava da sala, apurava o ouvido na extrema de um corredor por onde poderia embuzinar a voz do pae, se elle a engrossasse, como costumava, nos agastamentos.

Ouvindo rumor de passos na saída, correu ao seu quarto, e sentiu-se desanimada para receber a visita colerica do pae. Até então dera-lhe o amor afouteza para responder ás iras paternaes; e a risonha esperança de permanecer poucas horas em casa, depois da expulsão de Mendonça, afigurava-se-lhe agora uma tenção criminosa. Era o mêdo que a transtornava assim; logo, porém, que o sobresalto se desvanecesse, viria a reacção do amor restituir-lhe o vigor de um proposito, cuja firmeza as ameaças do pae não abalariam.

Pouco depois, Carlota foi chamada ao quarto da mãe, e achou-a prazenteira e jovial. O pae entrou após ella, e fingiu o mais lhano e caricioso semblante. Carlota estava espantada, e não podia crer o que via.

–Diz-me cá, menina,—disse Norberto—já sabes… ora se sabes!…

–O que, papá?

–Faz-te tolinha, minha serigaita! Arranjaste um marido, sem dizer agua vae, assim do pé p'ra mão como quem se casa por sua conta e risco…

Carlota baixou os olhos com humildade. Norberto perdeu um pouco do seu caracter artificial, e proseguiu:

–Ora, sempre tenho uma filha como se quer! Posso-me gabar!… Nem eu nem tua mãe valemos nada, Carlota! Vê-se um troca-tintas, e não ha mais que dizer-lhe: Se quer casar commigo, estou aqui ás suas ordens; vá pedir-me a meu pae, e diga-lhe que me dê o dote que elle me ganhou a trabalhar trinta annos. Isso é bonito, Carlota?

D. Rosalia pizara rijamente o pé do marido, e conseguira recordar-lhe a traça combinada com o doutor. Carlota começava a sentir a reacção, ia erguendo a cabeça abatida para repellir a grosseira invectiva do pae, quando este, com velhaca subtileza, mudou para brando aspecto a severa carranca, e proseguiu:

–Emfim, quem casa és tu; o mal e o bem para ti o fazes. Se queres casar com esse rapaz, casa. Eu disse-lhe o que um bom pae deve dizer. Consenti, com tanto que a vontade de minha filha seja essa. Que dizes a isto, Carlota? Estás decidida a casar com o tal snr. Mendonça?

–Visto que meu pae não se oppõe á minha vontade…

–E, se eu não quizesse, casavas do mesmo modo?… Diz lá!

–Se o pae não quizesse, eu havia de pedir-lhe tanto que me deixasse ser feliz, que o meu bom pae… consentiria…

–Lá isso é verdade…—replicou o negociante, obedecendo á terceira pizadella da irmã do bacharel—eu o que quero é a tua felicidade… Bem sabes que sou teu amigo como ninguem, ainda que te pareça que lá o teu namorado te quer mais que eu… É boa asneira a das raparigas, que trocam pae e mãe pelo primeiro perna-fina que lhe empisca o olho ao dote!… ( Quarta pizadella de Rosalia, e mutação de cara e diapasão de voz em Norberto. ) Está dito! Casarás com o homem; mas já agora hão-se de festejar os teus dezesete annos em casa. Eu já lhe disse a elle que esperasse um mez, e depois arranja-se isso, e está acabado o negocio. O rapaz, pelos modos, é pobre; mas o teu dote, se Deus quizer, chegará para tudo. Estás contente, Carlota?

–Oh meu querido pae!—exclamou ella, beijando-lhe afervoradamente a mão—eu sabia que era muito meu amigo; mas não esperava tanto da sua boa alma. Fui má filha em ter guardado este segredo; perdôem-me, por quem são; é que eu tremia só da ideia de os desgostar, não podendo suffocar o amor que lhe tenho… a elle…

–Não chores, Carlota, que não tens por que chorar…—disse D. Rosalia.

–Eu choro de contentamento, minha mãe, por ver que a minha ventura é possivel sem desgostar meus paes… Sou a mulher mais feliz da terra. Queria que toda a gente soubesse agora os bons paes que o Senhor me deu. Tomara eu ver o tio Joaquim para o despersuadir de um mau juizo que elle fazia do meu querido pae, quando, faz agora um anno, me disse que eu não alcançaria o seu consentimento para casar com Francisco de Mendonça; e tambem queria abraçal-o, porque respeitou a minha paixão, e nunca mais me contradisse.

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