Camilo Castelo Branco - Carlota Angela

Здесь есть возможность читать онлайн «Camilo Castelo Branco - Carlota Angela» — ознакомительный отрывок электронной книги совершенно бесплатно, а после прочтения отрывка купить полную версию. В некоторых случаях можно слушать аудио, скачать через торрент в формате fb2 и присутствует краткое содержание. Жанр: foreign_prose, foreign_antique, на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале библиотеки ЛибКат.

Carlota Angela: краткое содержание, описание и аннотация

Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «Carlota Angela»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.

Carlota Angela — читать онлайн ознакомительный отрывок

Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «Carlota Angela», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.

Тёмная тема
Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

–Pois virão cá esses herejes de Napoleão?!—exclamou o negociante, já transfigurado pelo susto dos francezes, mal incomparavelmente maior, que destruiu o vexame em que o deixou a apparição da filha.

–Póde ser que venham, snr. Norberto, responder ao desafio que lhes mandamos pelos nossos soldados do Roussillon, quando a França liquidava as suas contas com a Hespanha.

Norberto não o entendeu; mas redarguiu:

–Se elles cá vem, é contar que não deixam nada; diz que mettem a saque tudo quanto topam, pois não mettem?

–É possivel; mas v. s.ª previna-se, escondendo o seu precioso aqui no Candal, por exemplo, onde de certo os francezes não virão. Ahi está o inconveniente de ser rico. Já o snr. Norberto está a soffrer com o mêdo de que o obriguem a uma contribuição…

–Se lhe parece.... o caso não é para menos: quem não tem nada, tanto se lhe dá como se lhe deu; mas quem lhe custou a ganhar o que tem, pouco ou muito, quer paz e socego.

–Não se aterre antes de tempo, snr. Norberto,—replicou Mendonça, sorrindo a Carlota—quando os francezes invadissem Portugal, eu ajudaria a v. s.ª a defender o que é seu, não só como esposo de sua filha, mas tambem como seu amigo.

–Isso lá…—regougou o mercieiro—muito obrigado, não me despeço do favor: mas o senhor é militar, e quando isso for não lhe ha de faltar por lá que fazer, na guerra do mar.

–Assim aconteceria—tornou Mendonça, enterrando lentamente o estillete observador—se eu não tencionasse pedir a minha baixa do serviço, para evitar que as revoluções perturbem a felicidade de minha mulher e a minha.

–Então que modo de vida queria o senhor ter, se casasse com a minha Carlota?

–Outro qualquer mais permanente, mais descansado; negociante, por exemplo.

–E que é dos fundos?

–Fundos?

–Sim, o casco do negocio?

–O casco!… a que chama v. s.ª casco?

–Casco é o cabedal para começar.

–Meu sogro dar-me-hia…

–Dinheiro?! meu amiguinho, está quasi todo empregado em torrões; e eu, emquanto vivo, não dou nada.

–Mais uma razão—replicou Mendonça, condoido do vexame de Carlota, e seguro, mais que seguro, do villão caracter do arrozeiro—mais uma razão para v. s.ª não receiar a invasão dos francezes… Agora tem logar—proseguiu elle, mudando de ironico para circumspecto e grave—uma observação que me esqueceu ha dias, quando tive a ventura de pedir-lhe a snr.ª D. Carlota. Eu, snr. Norberto, pedi sua filha, simplesmente sua filha; não pedi dinheiro, nem pedirei jámais. Eu conto com recursos proprios para que ella não sinta falta de commodidades que deixou em casa de seus paes. O meu patrimonio é a patente que tenho e as bem fundadas esperanças de me augmentar n'esta carreira. Não me julgue v. s.ª atido ao dote de sua filha, nem cuide que me affligi com a ameaça de nada lhe dar emquanto vivo. Póde o snr. Norberto gastar, ou augmentar o que tem, que sua filha não esperará a morte do pae para poder comprar mais um vestido. Faça, portanto, justiça ás minhas intenções, e conceda-me que eu dê liberdade a algumas ideias que me estão inquietando e magoando.

V. s.ª não procedeu lealmente commigo, quando me deu, sem reparo, sua filha. Rogo á snr.ª D. Carlota me consinta este desabafo, porque a clareza, n'este momento, é necessaria a todos nós, e o amor e o decoro costumam, nas almas nobres, soffrer juntos, quando um d'elles é offendido… e agora são ambos.

–Eu não entendo o que v. s.ª ahi está a dizer—atalhou Norberto conscienciosamente.

–O snr. Mendonça…—acudiu Carlota; mas o pejo embargou-lhe a voz.

–Eu queria dizer ao snr. Norberto de Meirelles—tornou Mendonça—que fez v. s.ª mal em dar uma palavra de que se quer desquitar por meios menos honestos, e á custa talvez da minha liberdade. A ida de seu cunhado á capital, e a ordem de eu ir, sem perda de tempo, a Lisboa, escondem uma trama que eu espero desenredar em oito dias. Se o snr. Norberto e seu cunhado julgaram que uma intriga basta para aniquilar um amor de dois annos, uma união de toda a vida já abençoada por Deus, que vê a pureza das minhas ambições, enganaram-se! Retardar não é destruir. Eu confio tanto no generoso coração da snr.ª D. Carlota como em mim proprio; e só o muito amor me podia dar a mim esta franqueza com que fallo, e a ella a indulgencia com que me ouve accusar o proceder injusto de seu pae.

–O senhor está a insultar-me!—exclamou Norberto—e demais a mais em minha casa!

–Eu não insulto, senhor, queixo-me de ter sido ultrajado, e reconheço, n'esse desabrimento, que é certissima a perfidia com que fui enganado. Retiro-me, para que v. s.ª não me offenda terceira vez, dizendo-me que o insulto.

–Pois o melhor é isso—redarguiu Norberto.—O senhor pensava que me levava á valentona? Eu tambem tenho amigos, e sei o que hei de fazer!…

–Que ha de fazer o pae?—disse Carlota com altivez—O pae não póde fazer nada.

–Que dizes tu, Carlota?!—trovejou Norberto.

–Digo que não ha forças humanas que me privem de casar com este senhor. O pae governa no seu dinheiro, e nós nada lhe pedimos. O snr. Mendonça, se quizesse ser menos generoso com meu pae, estaria já casado commigo, porque eu o auctorisei a tirar-me de casa por justiça.

Norberto, como todas as indoles abjectas, caira no miseravel da sua atonia, sob a fulminante coragem de Carlota. Francisco Salter aproximou-se d'ella, tomou-lhe a mão, como se estivessem sós, e murmurou:

–A virtude, que Carlota chamou generosidade, continúa. Vou a Lisboa, porque sou militar, e transgrido a honra e dever não me apresentando.

Mendonça despediu-se de Carlota Angela, que chorava, e de Norberto de Meirelles, que limpava com o canhão da japona de cotim o suor da brunida testa.

D. Rosalia faltara a este conflicto, porque, atarefada na cozinha com a liquidação dos legumes vendidos na manhã d'aquelle dia, não dera fé de entrar Mendonça.

Carlota Angela, apenas sósinha com seu pae, voltou-lhes as costas, e saiu da sala.

Norberto ficara de tal modo aturdido com o desembaraço da filha, que parecia temel-a. Procurou a mulher, e contou-lhe, como elle podia, o succedido. D. Rosalia benzeu-se tres vezes, e tres vezes levou os braços em arco á altura da cabeça, acção favorita da grossa matrona, quando queria exprimir o supremo espanto.

Animando-se mutuamente, entraram no quarto de Carlota, e gritaram ambos ao mesmo tempo:

–Filha ingrata! nós te amaldiçoamos!

–Para sempre!—disse a solo o snr. Norberto.

–Para sempre!—repetiu D. Rosalia.

–Amaldiçoada!—bradaram em dueto.

–E por que me amaldiçoam?—disse Carlota—que crimes são os meus?

–Ainda perguntas?!—respondeu Norberto, opilando olhos, bochechas, nariz, e tudo o mais susceptivel de opilação na sua elastica physionomia—Pois não tiveste o atrevimento de me dizer ainda agora que eu não podia fazer nada?

–Disse, sim, senhor; disse, porque ha só um meio de me prohibir o casamento com a pessoa a quem o pae me deu: é matarem-me.

–Isso diz-se a teu pae, rapariga?–bradou a mãe.

–A verdade diz-se aos paes; mentir-lhes é que é crime. Para que hei de eu dizer que faço a vontade a meu pae, se não sou capaz de cumprir a minha palavra? Logo que Mendonça voltar de Lisboa, se elle me não procurar, procuro-o eu. Se elle me quizesse com a mira no dote, faria todas as diligencias por que me dotassem, ou morreria de paixão por me não dotarem; felizmente, o homem que Deus me destina é a mim que me ama, e não ao dinheiro de meus paes; para ser sua mulher basta-me o coração; pois bem, fique o dinheiro a meu pae, e seja o coração para o homem que não exige de mim outros thesouros.

Norberto olhava Rosalia, Rosalia olhava Norberto, grotescamente pasmados. Estranha era para elles a linguagem, o enthusiasmo, a altiveza, as attitudes de Carlota. Queriam contradictal-a com os argumentos triviaes de um casamento rico; mas a migalha de bom senso que tinham ambos, bastava a convencel-os da inutilidade de similhantes razões. Queriam leval-a pelo terror; mas com tanto mimo a tinham deixado emancipar-se desde creança, que não sabiam agora com que gestos, com que palavras, exprimir o agastamento, a admoestação irada, a soberania paternal.

Читать дальше
Тёмная тема
Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

Похожие книги на «Carlota Angela»

Представляем Вашему вниманию похожие книги на «Carlota Angela» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё непрочитанные произведения.


Отзывы о книге «Carlota Angela»

Обсуждение, отзывы о книге «Carlota Angela» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.

x