José Saramago - As Intermitências da Morte

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que se haviam proposto, tanto assim que não é raro que estes homens

ou aquelas mulheres jurem e praguejem, Detesto-a, Detesto-o, e logo

rebentem lágrimas depois da palavra dita. o violoncelista sentou-se na

cama, abraçou o cão, que lhe pusera as patas nos joelhos em último

gesto de solidariedade, e disse, como quem a si mesmo se repreendia.

um pouco de dignidade, por favor, já basta de lamúrias. Depois, para o

cão, Tens fome, claro. Abanando o rabo, o cão respondeu que sim

senhor, tinha fome, há uma quantidade de horas que não comia, e os

dois foram para a cozinha. o violoncelista não comeu, não lhe apetecia.

Além disso o nó que tinha na garganta não o deixaria engolir. passada

meia hora já estava na cama, havia tomado uma pastilha para o ajudar a

entrar no sono, mas de pouco lhe serviu. Acordava e adormecia.

acordava e adormecia, sempre com a ideia de que tinha de correr atrás

do sono para o agarrar e impedir que a insónia viesse ocupar-lhe o

outro lado da cama. Não sonhou com a mulher do camarote, mas houve

um momento em que despertou e a viu de pé, no meio da sala de

música, com as mãos cruzadas sobre o peito.

O dia seguinte era domingo, e domingo é o dia de levar o cão a

passear. Amor com amor se paga, parecia dizer-lhe o animal, já com a

trela na boca e a postos para o passeio. Quando, já no parque, o

violoncelista se encaminhava para o banco onde era costume sentar-se,

viu, de longe, que uma mulher já se encontrava ali.

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Os bancos de jardim são livres, públicos e em geral gratuitos. Não se

pode dizer a quem chegou primeiro que nós, Este banco é meu, tenha a

bondade de ir procurar outro. Nunca o faria um homem de boa

educação como o violoncelista, e menos ainda se lhe tivesse parecido

reconhecer na pessoa a famosa mulher do camarote de primeira ordem,

a mulher que havia faltado ao encontro, a mulher a quem vira no meio

da sala de música com as mãos cruzadas sobre o peito. Como se sabe,

aos cinquenta anos os olhos já não são de fiar, começamos a piscar, a

semicerrá-los como se quiséssemos imitar os heróis do faroeste ou os

navegadores de antanho, em cima do cavalo ou à proa da caravela, com

a mão em pala, a esquadrinhar os horizontes distantes. A mulher está

vestida de maneira diferente, de calças e casaco de pele, é com certeza

outra pessoa, isto diz o violoncelista ao coração, mas este, que tem

melhores olhos, diz-te que abras os teus, que é ela, e agora vê lá bem

como te vais portar. A mulher levantou a cabeça e o violoncelista

deixou de ter dúvidas, era ela. Bons dias, disse quando se deteve junto

do banco, hoje poderia esperar tudo, mas não encontrá-la aqui, Bons

dias, vim para me despedir e pedir-lhe desculpa por não ter aparecido

ontem no concerto. o violoncelista sentou-se, tirou a trela ao cão, disse-

lhe Vai, e, sem olhar a mulher, respondeu, Não tenho nada que

desculpar-lhe, é uma cousa que está sempre a suceder, as pessoas

compram bilhete e depois, por isto ou por aquilo, não podem ir, é

natural, E sobre o nosso adeus, não tem opinião, perguntou a mulher, É

uma delicadeza muito grande da sua parte considerar que deveria vir

despedir-se de um desconhecido, ainda que eu não seja capaz de

imaginar como pôde saber que venho a este parque todos os domingos,

Há poucas cousas que eu não saiba de si, Por favor, não regressemos às

absurdas conversas que tivemos na quinta-feira à porta do teatro e

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depois ao telefone, não sabe nada de mim, nunca nos tínhamos visto

antes, Lembre-se de que estive no ensaio, E não compreendo como o

conseguiu, o maestro é muito rigoroso com a presença de estranhos, e

agora não me venha para cá com a história de que também o conhece a

ele, Não tanto como a si, mas você é uma excepção, Melhor que não o

fosse, Porquê, Quer que lho diga, quer mesmo que lho diga, perguntou

o violoncelista com uma veemência que roçava o desespero. Quero,

Porque me apaixonei por uma mulher de quem não sei nada, que anda

a divertir-se à minha custa, que irá amanhã sei lá para onde e que não

voltarei a ver, É hoje que partirei, não amanhã, Mais essa, E não é

verdade que tenha andado a divertir-me à sua custa, Pois se não anda,

imita muito bem, Quanto a ter-se apaixonado por mim, não espere que

lhe responda, há certas palavras que estão proibidas na minha boca,

Mais um mistério, E não será o último, Com esta despedida vão ficar

todos resolvidos, outros poderão começar, Por favor, deixe-me, não me

atormente mais, A carta, Não quero saber da carta para nada, Mesmo

que quisesse não lha poderia dar, deixei-a no hotel, disse a mulher

sorrindo, Pois então rasgue-a. Pensarei no que devo fazer com ela, Não

precisa pensar. Rasgue-a e acabou-se. A mulher pôs-se de pé. Já se vai

embora, perguntou o violoncelista. Não se havia levantado, estava de

cabeça baixa, ainda tinha algo para dizer. Nunca lhe toquei, murmurou,

Fui eu que não quis que me tocasse, Como o conseguiu, Para mim não é

difícil, Nem sequer agora, Nem sequer agora, Ao menos um aperto de

mão, Tenho as mãos frias. o violoncelista ergueu a cabeça. A mulher já

não estava ali.

Homem e cão saíram cedo do parque, as sanduíches foram

compradas para comer em casa, não houve sestas ao sol. A tarde foi

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longa e triste, o músico pegou num livro, leu meia página e atirou-o

para o lado. sentou-se ao piano para tocar um pouco. mas as mãos não

lhe obedeceram, estavam entorpecidas, frias, como mortas. E, quando se

voltou para o amado violoncelo, foi o próprio instrumento que se lhe

negou. Dormitou numa cadeira, quis afundar-se num sono

interminável, não acordar nunca mais. Deitado no chão, à espera de um

sinal que não vinha, o cão olhava-o. Talvez a causa do abatimento do

dono fosse a mulher que apareceu no parque, pensou. afinal não era

certo aquele provérbio que dizia que o que os olhos não vêem, não o

sente o coração. os provérbios estão constantemente a enganar-nos,

concluiu o cão. Eram onze horas quando a campainha da porta tocou.

Algum vizinho com problemas, pensou o violoncelista, e levantou-se

para ir abrir.

Boas noites, disse a mulher do camarote, pisando o limiar, Boas

noites, respondeu o músico, esforçando-se por dominar o espasmo que

lhe contraía a glote. Não me pede que entre, Claro que sim, faça o favor.

Afastou-se para a deixar passar. fechou aporta. Tudo devagar.

lentamente, para que o coração não lhe explodisse. Com as pernas

tremendo acompanhou-a à sala de música, com a mão que tremia

indicou-lhe a cadeira. Pensei que já se tivesse ido embora, disse, Como

vê, resolvi ficar, respondeu a mulher, Mas partirá amanhã, A isso me

comprometi. suponho que veio para trazer acarta, que não a rasgou.

sim, tenho-a aqui nesta bolsa, Dê-ma. então, Temos tempo, recordo ter-

lhe dito que as pressas são más conselheiras, Como queira. estou ao seu

dispor. Di-lo a sério.

É o meu maior defeito, digo tudo a sério, mesmo quando faço rir.

principalmente quando faço rir, Nesse caso atrevo-me a pedir-lhe um

favor, Qual, Compense-me de ter faltado ontem ao concerto, Não vejo

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de que maneira, Tem ali um piano. Nem pense nisso, sou um pianista

medíocre, ou o violoncelo, É outra cousa, sim, poderei tocar-lhe uma ou

duas peças se faz muita questão. Posso escolher, perguntou a mulher,

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