José Saramago - As Intermitências da Morte

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quando ele abrisse aporta, lançar-lhe o primeiro engodo de um sorriso

mavioso depois de tirar os óculos escuros, anunciar-se, por exemplo,

como vendedora de enciclopédias, pretexto arqui-conhecido, mas de

resultados quase sempre seguros, e então de duas, uma, ou ele a

mandaria entrar para tratarem do assunto tranquilamente diante de

uma chávena de chá, ou ele lhe diria logo ali que não estava interessado

e fazia o gesto de fechar a porta, ao mesmo tempo que delicadamente

pedia desculpa pela recusa, Ainda se fosse uma enciclopédia musical,

justificaria com um sorriso tímido. Em qualquer das situações a entrega

da carta seria fácil, digamos mesmo que ultrajantemente fácil, e isto era

o que não agradava à morte. o homem não a conhecia a ela, mas ela

conhecia o homem, passara uma noite no mesmo quarto que ele,

ouvira-o tocar, cousas que, quer se queira, quer não, criam laços,

estabelecem uma harmonia, desenham um princípio de relações, dizer-

lhe de chofre, Vai morrer, tem oito dias para vender o violoncelo e

encontrar outro dono para o cão, seria uma brutalidade imprópria da

mulher bem-parecida em que se havia tornado. o seu plano é outro.

No cartaz exposto à entrada do teatro informava-se o respeitável

público de que nessa semana se dariam dois concertos da orquestra

sinfónica nacional, um na quinta-feira, isto é, depois de amanhã, outro

no sábado. É natural que a curiosidade de quem vem seguindo este

relato com escrupulosa e miudinha atenção, à cata de contradições,

deslizes, omissões e faltas de lógica, exija que lhe expliquem com que

dinheiro vai a morte pagar a entrada para os concertos se há menos de

duas horas acabou de sair de uma sala subterrânea onde não consta que

existam caixas automáticas nem bancos de porta aberta. E, já que se

encontra em maré de perguntar, também há-de querer que lhe digam se

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os motoristas de táxi passaram a não cobrar o devido às mulheres que

levam óculos escuros e têm um sorriso agradável e um corpo bem feito.

ora, antes que a mal intencionada suposição comece a lançar raízes,

apressamo-nos a esclarecer que a morte não só pagou o que o taxímetro

marcava como não se esqueceu de lhe juntar uma gorjeta. Quanto à

proveniência do dinheiro, se essa continua a ser a preocupação do

leitor, bastará dizer que saiu donde já tinham saído os óculos escuros,

isto é, da bolsa ao ombro, uma vez que, em princípio, e que se saiba,

nada se opõe a que de onde saiu uma cousa não possa sair outra. o que,

sim, poderia acontecer, era que o dinheiro com que a morte pagou a

viagem de táxi e haverá de pagar as duas entradas para os concertos,

além do hotel onde ficará hospedada nos próximos dias, se encontrasse

fora de circulação. Não seria a primeira vez que iríamos para a cama

com uma moeda e nos levantaríamos com outra. É de presumir,

portanto, que o dinheiro seja de boa qualidade e esteja coberto pelas leis

em vigor, a não ser que, conhecidos como são os talentos mistificadores

da morte, o motorista do táxi, sem se dar conta de que estava a ser

ludibriado, tenha recebido da mulher dos óculos escuros uma nota de

banco que não é deste mundo ou, pelo menos, não desta época, com o

retrato de um presidente da república em lugar da veneranda e familiar

face de sua majestade orei. A bilheteira do teatro acabou de abrir agora

mesmo, a morte entra, sorri, dá os bons-dias e pede dois camarotes de

primeira ordem, um para quinta-feira, outro para sábado.

Insiste com a empregada que pretende o mesmo camarote para

ambas as funções e que, questão fundamental, esteja situado no lado

direito do palco e o mais próximo possível dele. A morte meteu a mão

ao acaso na bolsa, tirou a carteira das notas e entregou as que lhe

pareceram necessárias. A empregada devolveu o troco, Aqui está, disse,

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espero que vá gostar dos nossos concertos, suponho que é a primeira

vez, pelo menos não me lembro de a ter visto por aqui, e olhe que tenho

uma excelente memória para fisionomias, nenhuma me escapa, também

é certo que os óculos alteram muito a cara da gente, sobretudo se são

escuros como os seus.

A morte tirou os óculos, E agora que lhe parece, perguntou, Tenho a

certeza de nunca a ter visto antes, Talvez porque a pessoa que tem

diante de si, esta que sou agora, nunca tivesse precisado de comprar

entradas para um concerto, ainda há poucos dias tive a satisfação de

assistir a um ensaio da orquestra e ninguém deu pela minha presença,

Não compreendo, Lembre-me para que lho explique um dia, Quando,

um dia, o dia, aquele que sempre chega, Não me assuste. A morte sorriu

o seu lindo sorriso e perguntou, Falando francamente, acha que tenho

um aspecto que meta medo a alguém. Que ideia, não foi isso o que quis

dizer, Então faça como eu, sorria e pense em cousas agradáveis, A

temporada de concertos ainda durará um mês, ora aí está uma boa

notícia, talvez nos voltemos a ver na próxima semana, Estou sempre

aqui, já sou quase um móvel do teatro, Descanse, encontrá-la-ia ainda

que aqui não estivesse, Então cá fico à sua espera, Não faltarei. A morte

fez uma pausa e perguntou, A propósito, recebeu, ou alguém da sua

família, a carta de cor violeta, A da morte, sim, a da morte, Graças a

deus, não, mas os oito dias de um vizinho meu cumprem-se amanhã, o

pobrezinho está num desespero que dá pena, Que lhe havemos de

fazer, a vida é assim, Tem razão, suspirou a empregada, a vida é assim.

Felizmente outras pessoas haviam chegado para comprar entradas, de

outro modo não se sabe aonde esta conversação poderia ter levado.

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Agora trata-se de encontrar um hotel que não esteja muito longe da

casa do músico. A morte desceu andando para o centro, entrou numa

agência de viagens, pediu que a deixassem consultar um mapa da

cidade, situou rapidamente o teatro, daí o seu dedo indicador viajou

sobre o papel para o bairro onde o violoncelista vivia. A zona estava um

tanto afastada, mas havia hotéis nas redondezas. o empregado sugeriu-

lhe um deles, sem luxo, mas confortável. Ele próprio se ofereceu para

fazer a reserva pelo telefone e quando a morte lhe perguntou quanto

devia pelo trabalho respondeu, sorrindo, Ponha na minha conta. É o

costume, as pessoas dizem cousas à toa, lançam palavras à aventura e

não lhes passa pela cabeça deter-se a pensar nas consequências, Ponha

na minha conta, disse o homem, imaginando provavelmente, com a

incorrigível fatuidade masculina, algum aprazível encontro em futuros

próximos. Arriscou-se a que a morte lhe respondesse com um olhar frio,

Tenha cuidado, não sabe com quem está a falar, mas ela apenas sorriu

vagamente, agradeceu e saiu sem deixar número do telefone nem

cartão-de-visita. No ar ficou um difuso perfume em que se misturavam

a rosa e o crisântemo, De facto, é o que parece, metade rosa e metade

crisântemo, murmurou o empregado, enquanto dobrava lentamente o

mapa da cidade. Na rua, a morte mandava parar um táxi e dava ao

condutor a direcção do hotel. Não se sentia satisfeita consigo mesma.

Assustara a amável senhora da bilheteira, divertira-se à sua custa, e isso

tinha sido um abuso sem perdão. As pessoas já têm suficiente medo da

morte para necessitarem que ela lhes apareça com um sorriso a dizer,

olá, sou eu, que é a versão corrente, por assim dizer familiar, do

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