José Saramago - As Intermitências da Morte
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como a contragosto, o público começou a sair, ao mesmo tempo que a
orquestra se retirava.
Quando o violoncelista se virou para o camarote, ela, a mulher, já
não estava. Assim é a vida, murmurou.
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Enganava-se, a vida não é assim sempre, a mulher do camarote
estará à sua espera na porta dos artistas. Alguns dos músicos que vão
saindo olham-na com intenção, mas percebem, sem saber como, que ela
está defendida por uma cerca invisível, por um circuito de alta
voltagem em que se queimariam como minúsculas borboletas
nocturnas. Então, apareceu o violoncelista. Ao vê-la, estacou, chegou
mesmo a esboçar um movimento de recuo, como se, vista de perto, a
mulher fosse outra cousa que mulher, algo de outra esfera, de outro
mundo, da face oculta da lua. Baixou a cabeça, tentou juntar-se aos
colegas que saíam, fugir, mas a caixa do violoncelo, suspensa de um dos
seus ombros, dificultou-lhe a manobra de esquiva. A mulher estava
diante dele, dizia-lhe, Não me fuja, só vim para lhe agradecer a emoção
e o prazer de tê-lo ouvido, Muito obrigado, mas eu sou apenas músico
de orquestra, não um concertista famoso, daqueles que os admiradores
esperam durante uma hora só para lhe tocarem ou pedirem um
autógrafo, se a questão é essa, eu também lho poderei pedir, não trouxe
comigo o álbum de autógrafos, mas tenho aqui um sobrescrito que
poderá servir perfeitamente, Não me entendeu, o que quis dizer é que,
embora lisonjeado pela sua atenção, não me sinto merecedor dela, o
público não parece ter sido da mesma opinião, são dias, Exactamente,
são dias, e, por coincidência, é este o dia em que eu lhe apareço, Não
quereria que visse em mim uma pessoa ingrata, mal-educada, mas o
mais provável é que amanhã já lhe tenha passado o resto da emoção de
hoje, e, assim como me apareceu, desaparecerá, Não me conhece, sou
muito firme nos meus propósitos. E quais são eles, um só, conhecê-lo a
si, Já me conheceu, agora podemos dizer-nos adeus, Tem medo de mim,
perguntou a morte, Inquieta-me, nada mais, E é pouca cousa sentir-se
inquieto na minha presença. Inquietar-se não significa forçosamente ter
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medo, poderá ser apenas o alerta da prudência. A prudência só serve
para adiar o inevitável, mais cedo ou mais tarde acaba por se render,
Espero que não seja o meu caso, E eu tenho a certeza de que o será. o
músico passou a caixa do violoncelo de um ombro para outro, Está
cansado, perguntou a mulher, um violoncelo não pesa muito, o pior é a
caixa, sobretudo esta, que é das antigas, Necessito falar consigo, Não
vejo como, é quase meia-noite, toda a gente se foi embora, Ainda estão
ali algumas pessoas. Essas estão à espera do maestro, Conversaríamos
num bar, Está a ver-me a entrar com um violoncelo às costas num sítio
abarrotado de gente. sorriu o músico, imagine que os meus colegas iam
todos lá e levavam os instrumentos, poderíamos dar outro concerto.
Poderíamos, perguntou o músico, intrigado pelo plural. sim, houve um
tempo em que toquei violino, há mesmo retratos meus em que apareço
assim, Parece ter decidido surpreender-me com cada palavra que diz,
Está na sua mão saber até que ponto ainda serei capaz de surpreendê-lo,
Não se pode ser mais explícita, Engano seu, não me referia àquilo em
que pensou, E em que pensei eu, se se pode saber, Numa cama, e em
mim nessa cama, Desculpe, A culpa foi minha, se eu fosse homem e
tivesse ouvido as palavras que lhe disse a si, certamente teria pensado o
mesmo, a ambiguidade paga-se, Agradeço-lhe a franqueza. A mulher
deu uns passos e disse, Vamos lá, Aonde, perguntou o violoncelista, Eu,
ao hotel onde estou hospedada, você, imagino que a sua casa, Não a
tornarei a ver, Já lhe passou a inquietação, Nunca estive inquieto, Não
minta, De acordo, estive-o, mas já não estou agora. Na cara da morte
apareceu uma espécie de sorriso em que não havia a sombra de uma
alegria, Precisamente quando mais motivos deveria ter, disse, Arrisco-
me, por isso repito a pergunta, Qual foi, se não a tornarei a ver, Virei ao
concerto de sábado, estarei no mesmo camarote, o programa é diferente,
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não tenho nenhum solo, Jáo sabia, Pelos vistos, pensou em tudo, sim, E
o fim disto, qual vai ser, Ainda estamos no princípio. Aproximava-se
um táxi livre. A mulher fez-lhe sinal para parar e voltou-se para o
violoncelista, Levo-o a casa, Não, levo-a eu ao hotel e depois sigo para
casa, será como eu digo, ou então vai ter de tomar outro táxi, Está
habituada a levar a sua avante, sim, sempre, Alguma vez terá falhado,
deus é deus e quase não tem feito outra cousa, Agora mesmo poderia
demonstrar-lhe que não falho, Estou pronto para a demonstração, Não
seja estúpido, disse de repente a morte, e havia na sua voz uma ameaça
soterrada, obscura, terrível, o violoncelo foi metido na mala do carro.
Durante todo o trajecto os dois passageiros não pronunciaram palavra.
Quando o táxi parou no primeiro destino, o violoncelista disse antes
de sair, Não consigo compreender o que está a passar-se entre nós, creio
que o melhor é não nos vermos mais, Ninguém o poderá impedir, Nem
sequer você, que sempre leva a sua avante, perguntou o músico,
esforçando-se por ser irónico, Nem sequer eu, respondeu a mulher, Isso
significa que falhará, Isso significa que não falharei. o motorista tinha
saído para abrir a mala do carro e esperava que fossem retirar a caixa. o
homem e a mulher não se despediram, não disseram até sábado, não se
tocaram, era como um rompimento sentimental, dos dramáticos, dos
brutais, como se tivessem jurado sobre o sangue e a água não voltar a
ver-se nunca mais. Com o violoncelo suspenso do ombro, o músico
afastou-se e entrou no prédio. Não se virou para trás, nem mesmo
quando no limiar da porta, por um instante, se deteve. A mulher olhava
para ele e apertava com força a malinha de mão. o táxi partiu. o
violoncelista entrou em casa murmurando irritado, É doida, doida,
doida, a única vez na vida que alguém me vai esperará saída para dizer
que toquei bem, sai-me uma mentecapta, e eu, como um néscio, a
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perguntar-lhe se não a tornarei a ver, a meter-me em trabalhos por meu
próprio pé, há defeitos que ainda podem ter algo de respeitável, pelo
menos digno de atenção, mas a fatuidade é ridícula, a enfatuação é
ridícula, e eu fui ridículo. Afagou distraído o cão que tinha corrido a
recebê-lo à porta e entrou na sala do piano. Abriu a caixa acolchoada,
retirou com todo o cuidado o instrumento que ainda teria de afinar
antes de ir para a cama porque as viagens de táxi, mesmo curtas, não
lhe faziam nenhum bem à saúde. Foi à cozinha pôr um pouco de
comida ao cão, preparou uma sanduíche para si, que acompanhou com
um copo de vinho. o pior da sua irritação já tinha passado, mas o
sentimento que a pouco e pouco a ia substituindo não era mais
tranquilizador.
Recordava frases que a mulher havia dito, a alusão às ambiguidades
que sempre se pagam e descobria que todas as palavras que ela
pronunciara, se bem que pertinentes no contexto, pareciam levar dentro
um outro sentido, algo que não se deixava captar. Algo tantalizante,
como a água que se retirou quando a intentávamos beber, como o ramo
que se afastou quando íamos para colher o fruto. Não direi que seja
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