José Saramago - As Intermitências da Morte
Здесь есть возможность читать онлайн «José Saramago - As Intermitências da Morte» весь текст электронной книги совершенно бесплатно (целиком полную версию без сокращений). В некоторых случаях можно слушать аудио, скачать через торрент в формате fb2 и присутствует краткое содержание. Год выпуска: 0101, Жанр: Старинная литература, на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале библиотеки ЛибКат.
- Название:As Intermitências da Morte
- Автор:
- Жанр:
- Год:0101
- ISBN:нет данных
- Рейтинг книги:4 / 5. Голосов: 1
-
Избранное:Добавить в избранное
- Отзывы:
-
Ваша оценка:
- 80
- 1
- 2
- 3
- 4
- 5
As Intermitências da Morte: краткое содержание, описание и аннотация
Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «As Intermitências da Morte»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.
As Intermitências da Morte — читать онлайн бесплатно полную книгу (весь текст) целиком
Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «As Intermitências da Morte», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.
Интервал:
Закладка:
louca, pensou, mas lá que é uma mulher estranha, sobre isso não há
dúvida. Acabou de comer e voltou à sala de música, ou do piano, as
duas maneiras por que a temos designado até agora quando teria sido
muito mais lógico chamar-lhe sala do violoncelo, uma vez que é este
instrumento o ganha-pão do músico, em todo o caso há que reconhecer
que não soaria bem, seria como se o lugar se degradasse, como se
perdesse uma parte da sua dignidade, bastará seguir a escala descen-
dente para compreender o nosso raciocínio, sala de música, sala do
piano, sala do violoncelo, até aqui ainda seria aceitável, mas imagine-se
aonde iríamos parar se começássemos a dizer sala do clarinete, sala do
195
pífaro, sala do bombo, sala dos ferrinhos. As palavras também têm a
sua hierarquia, o seu protocolo, os seus títulos de nobreza, os seus
estigmas de plebeu. o cão veio com o dono e foi-se-lhe deitar ao lado
depois de ter dado as três voltas sobre si mesmo que eram a única
recordação que lhe havia ficado dos tempos em que havia sido lobo, o
músico afinava o violoncelo pelo lá do diapasão, restabelecia amorosa-
mente as harmonias do instrumento depois do bruto trato que a
trepidação do táxi sobre as pedras da calçada lhe infligira. Por
momentos havia conseguido esquecer a mulher do camarote, não
exactamente a ela, mas à inquietante conversação que haviam mantido
à porta dos artistas, se bem que a violenta troca de palavras no táxi
continuava a ouvir-se lá atrás, como um abafado rufar de tambores. Da
mulher do camarote não se esquecia, da mulher do camarote não queria
esquecer-se. Via-a de pé, com as mãos cruzadas sobre o peito, sentia que
lhe tocava o seu olhar intenso, duro como diamante e como ele
resplandecendo quando ela sorriu. Pensou que no sábado a tornaria a
ver, sim, vê-la-ia, mas ela já não se poria de pé nem cruzaria as mãos
sobre o peito, nem o olharia de longe, esse momento mágico havia sido
engolido, desfeito pelo momento seguinte, quando se virou para a ver
pela derradeira vez, assim o cria, e ela já lá não estava. o diapasão
regressara ao silêncio, o violoncelo recuperara a afinação e o telefone
tocou. o músico sobressaltou-se, olhou o relógio, quase uma e meia.
Quem diabo será a esta hora, pensou. Levantou o auscultador e durante
uns segundos ficou à espera. Era absurdo, claro, ele é que deveria falar,
dizer o nome, ou o número do telefone, provavelmente responderiam
do outro lado, Foi engano, desculpe, mas a voz que falou tinha
preferido perguntar, É o cão que está a atender o telefone, se é ele, ao
menos que faça o favor de ladrar, o violoncelista respondeu, sim, sou o
196
cão, mas já há muito tempo que deixei de ladrar, também perdi o hábito
de morder, a não ser a mim mesmo quando a vida me repugna, Não se
zangue, estou a telefonar-lhe para que me perdoe, a nossa conversa
meteu-se logo por um atalho perigoso, e o resultado viu-se, um
desastre, Alguém a desviou para lá, mas não eu, A culpa foi toda
minha, em geral sou uma pessoa equilibrada, serena, Não me pareceu
nem uma cousa nem outra, Talvez sofra de dupla personalidade, Nesse
caso devemos ser iguais, eu próprio sou cão e homem, As ironias não
soam bem na sua boca, suponho que o seu ouvido musical já lho terá
dito, As dissonâncias também fazem parte da música, minha senhora,
Não me chame minha senhora, Não tenho outro modo de tratá-la,
ignoro como se chama, o que faz, o que é, A seu tempo o virá a saber, as
pressas são más conselheiras. mesmo agora acabámos de conhecer-nos,
Vai mais adiantada que eu, tem o meu número de telefone, Para isso
servem os serviços de informações, a recepção encarregou-se de
averiguar. É pena que este aparelho seja antigo. Porquê. se fosse dos
actuais eu já saberia donde me está a falar, Estou a falar-lhe do quarto
do hotel, Grande novidade, E quanto à antiguidade do seu telefone,
tenho de lhe dizer que contava que assim fosse, que não me surpreende
nada, Porquê, Porque em si tudo parece antigo, é como se em lugar de
cinquenta anos tivesse quinhentos. Como sabe que tenho cinquenta
anos, sou muito boa a calcular idades, nunca falho, Está-me a parecer
que presume demasiado de nunca falhar, Leva razão, hoje, por
exemplo, falhei duas vezes, posso jurar que nunca me tinha acontecido,
Não percebo. Tenho uma carta para lhe entregar e não lha entreguei.
podia tê-lo feito à saída do teatro ou no táxi, Que carta é essa,
Assentemos em que a escrevi depois de ter assistido ao ensaio do seu
concerto, Estava lá, Estava, Não a vi, É natural, não podia ver-me, De
197
qualquer maneira, não é o meu concerto, sempre modesto, E assen-
temos não é a mesma cousa que ser certo, Às vezes, sim, Mas neste caso,
não, Parabéns, além de modesto, perspicaz. Que carta é essa, Também a
seu tempo o saberá, Porquê não ma entregou, se teve oportunidade
para isso, Duas oportunidades. Insisto, porquê não ma deu, Isso é o que
eu espero vir a saber, talvez lha entregue no sábado, depois do concerto,
Segunda-feira já terei saído da cidade, Não vive aqui, Viver aqui, o que
se chama viver, não ViVo, Não entendo nada, falar consigo é o mesmo
que ter caído num labirinto sem portas. ora aí está uma excelente
definição da vida, Você não é a vida, sou muito menos complicada que
ela. Alguém escreveu que cada um de nós é por enquanto a vida, sim,
por enquanto. só por enquanto. Quem dera que esta confusão ficasse
esclarecida depois de amanhã, a carta, a razão porque não ma deu,
tudo, estou cansado de mistérios, Isso a que chama mistérios é muitas
vezes uma protecção. há os que levam armaduras, há os que levam
mistérios, Protecção ou não, quero ver essa carta, se eu não falhar
terceira vez, vê-la-á, E porquê irá falhar terceira vez, se tal suceder só
poderá ser pela mesma razão que falhei nas anteriores, Não brinque
comigo, estamos como no jogo do gato e do rato, o tal jogo em que o
gato sempre acaba por apanhar o rato, Excepto se o rato conseguir pôr
um guizo no pescoço do gato. A resposta é boa, sim senhor, mas não
passa de um sonho fútil, de uma fantasia de desenhos animados, ainda
que o gato estivesse a dormir, o ruído acordá-lo-a, e então adeus rato,
sou eu esse rato a quem está a dizer adeus, se estamos metidos no jogo,
um dos dois terá de sê-lo forçosamente. e eu não o vejo a si com figura
nem astúcia para gato, Portanto condenado a ser rato toda a vida,
Enquanto ela durar, sim, um rato violoncelista,outro desenho animado,
Ainda não reparou que os seres humanos são desenhos animados, Você
198
também, suponho. Teve ocasião de ver o que pareço, uma linda mulher,
obrigada. Não sei se já se apercebeu de que esta conversação ao telefone
se parece muito com um flarte, se a telefonista do hotel se diverte a
escutar as conversas dos hóspedes. já terá chegado a essa mesma
conclusão, Mesmo que seja assim, não há que temer consequências
graves, a mulher do camarote, cujo nome continuo a ignorar, partirá na
segunda-feira. Para não voltar nunca mais, Tem a certeza, Dificilmente
se repetirão os motivos que me fizeram vir desta vez.
Dificilmente não significa que venha a ser impossível. Tomarei as
providências necessárias para não ter de repetir a viagem. Apesar de
tudo valeu a pena, Apesar de tudo, quê. Desculpe, não fui delicado,
Читать дальшеИнтервал:
Закладка:
Похожие книги на «As Intermitências da Morte»
Представляем Вашему вниманию похожие книги на «As Intermitências da Morte» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё непрочитанные произведения.
Обсуждение, отзывы о книге «As Intermitências da Morte» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.