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José Saramago: As Intermitências da Morte

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José Saramago As Intermitências da Morte

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ominoso latim memento, homo, qui pulvis es et in pulverem reverteris, e logo

depois, como se fosse pouco, havia estado a ponto de atirar a uma

pessoa simpática que lhe estava fazendo um favor aquela estúpida

187

pergunta com que as classes sociais chamadas superiores têm a

descarada sobranceria de provocar as que estão por baixo, Você sabe

com quem está a falar. Não, a morte não está contente com o seu

procedimento. Tem a certeza de que no estado de esqueleto nunca lhe

teria ocorrido portar-se desta maneira, se calhar foi por ter tomado

figura humana, estas cousas devem pegar-se, pensou. Casualmente

olhou pela janela do táxi e reconheceu a rua em que passavam, é aqui

que o violoncelista mora e aquele é o rés-do-chão em que vive. À morte

pareceu-lhe sentir um brusco aperto no plexo solar, uma agitação súbita

dos nervos, podia ser o frémito do caçador ao avistar a presa, quando a

tem na mira da espingarda, podia ser uma espécie de obscuro temor,

como se começasse a ter medo de si mesma. o táxi parou, o hotel é este,

disse o condutor. A morte pagou com os trocos que a empregada do

teatro lhe devolvera, Fique com o resto, disse, sem reparar que o resto

era superior ao que o taxímetro marcava. Tinha desculpa, só hoje é que

havia começado a utilizar os serviços deste transporte público.

Ao aproximar-se do balcão da recepção lembrou-se de que o empre-

gado da agência de viagens não lhe tinha perguntado como se chamava,

limitara-se a avisar o hotel, Vou-lhes mandar uma cliente, sim, uma

cliente, agora mesmo, e ela ali estava, esta cliente que não poderia dizer

que se chamava morte, com letra pequena, por favor, que não sabia que

nome dar, ah, a bolsa, a bolsa que traz ao ombro, a bolsa donde saíram

os óculos escuros e o dinheiro, a bolsa donde vai ter de sair um

documento de identificação. Boas tardes, em que posso servi-la,

perguntou o recepcionista, Telefonaram de uma agência de viagens há

um quarto de hora a fazer uma reserva para mim, sim, minha senhora,

fui eu que atendi, Pois aqui estou, Queira preencher esta ficha, por

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favor. Agora a morte já sabe o nome que tem, disse-lho o documento de

identificação aberto sobre o balcão, graças aos óculos escuros poderá

copiar discretamente os dados sem que o recepcionista se de conta, um

nome, uma data do nascimento, uma naturalidade, um estado civil,

uma profissão, Aqui está, disse, Quantos dias ficará no nosso hotel,

Tenciono sair na próxima segunda-feira, Permite-me que fotocopie o

seu cartão de crédito, Não o trouxe comigo, mas posso pagar já,

adiantado, se quiser, Ah, não, não é necessário, disse o recepcionista.

Pegou no documento de identificação para conferir os dados passados

para a ficha e, com uma expressão de estranheza na cara, levantou o

olhar. o retrato que o documento exibia era de uma mulher mais velha.

A morte tirou os óculos escuros e sorriu. Perplexo, o recepcionista olhou

novamente o documento, o retrato e a mulher que estava na sua frente

eram agora como duas gotas de água, iguais. Tem bagagem, perguntou

enquanto passava a mão pela testa húmida, Não, vim à cidade fazer

compras, respondeu a morte.

Permaneceu no quarto durante todo o dia, almoçou e jantou no

hotel. Viu televisão até tarde. Depois meteu-se na cama e apagou a luz.

Não dormiu. A morte nunca dorme.

Com o seu vestido novo comprado ontem numa loja do centro, a

morte assiste ao concerto. Está sentada, sozinha, no camarote de

primeira ordem, e, como havia feito durante o ensaio, olha o violonce-

lista. Antes que as luzes da sala tivessem sido baixadas, quando a

orquestra esperava a entrada do maestro, ele reparou naquela mulher.

Não foi o único dos músicos a dar pela sua presença. Em primeiro lugar

porque ela ocupava sozinha o camarote, o que, não sendo caso raro, tão-

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pouco é frequente. Em segundo lugar porque era bonita, porventura

não a mais bonita entre a assistência feminina, mas bonita de um modo

indefinível, particular, não explicável por palavras, como um verso cujo

sentido último, se é que tal cousa existe num verso, continuamente

escapa ao tradutor. E finalmente porque a sua figura isolada, ali no

camarote, rodeada de vazio e ausência por todos os lados, como se

habitasse um nada, parecia ser a expressão da solidão mais absoluta. A

morte, que tanto e tão perigosamente havia sonido desde que saiu do

seu gelado subterrâneo, não sorri agora. Do público, os homens tinham-

na observado com dúbia curiosidade, as mulheres com zelosa inquie-

tação, mas ela, como uma águia descendo rápida sobre o cordeiro, só

tem olhos para o violoncelista. Com uma diferença, porém. No olhar

desta outra águia que sempre apanhou as suas vítimas há algo como

um ténue véu de piedade, as águias, já o sabemos, estão obrigadas a

matar, assim lho impõe a sua natureza, mas esta aqui, neste instante,

talvez preferisse, perante o cordeiro indefeso, abrir num repente as

poderosas asas e voar de novo para as alturas, para o frio ar do espaço,

para os inalcançáveis rebanhos das nuvens. A orquestra calou-se. o

violoncelista começa a tocar o seu solo como se só para isso tivesse

nascido. Não sabe que aquela mulher do camarote guarda na sua

recém-estreada malinha de mão uma carta de cor violeta de que ele é

destinatário, não o sabe, não poderia sabê-lo, e apesar disso toca como

se estivesse a despedir-se do mundo, a dizer por fim tudo quanto havia

calado, os sonhos truncados, os anseios frustrados, a vida, enfim. Os

outros músicos olham-no com assombro, o maestro com surpresa e

respeito, o público suspira, estremece, o véu de piedade que nublava o

olhar agudo da águia é agora uma lágrima. o solo terminou já, a

orquestra, como um grande e lento mar, avançou e submergiu suave-

190

mente o canto do violoncelo, absorveu-o, ampliou-o como se quisesse

conduzi-lo a um lugar onde a música se sublimasse em silêncio, a

sombra de uma vibração que fosse percorrendo a pele como a última e

inaudível ressonância de um timbale aflorado por uma borboleta. o voo

sedoso e malévolo da acherontia atropos perpassou rápido pela

memória da morte, mas ela afastou-o com um gesto de mão que tanto se

parecia àquele que fazia desaparecer as cartas de cima da mesa na sala

subterrânea como a um aceno de agradecimento para o violoncelista

que agora voltava a cabeça na sua direcção, abrindo caminho aos olhos

na obscuridade cálida da sala. A morte repetiu o gesto e foi como se os

seus finos dedos tivessem ido pousar-se sobre a mão que movia o arco.

Apesar de o coração ter feito tudo quanto podia para que tal

sucedesse, o violoncelista não errou a nota. os dedos não tornariam a

tocar-lhe, a morte tinha compreendido que não se deve nunca distrair o

artista na sua arte. Quando o concerto terminou e o público rompeu em

aclamações, quando as luzes se acenderam e o maestro mandou

levantar a orquestra, e depois quando fez sinal ao violoncelista para que

se levantasse, ele só, a fim de receber o quinhão de aplausos que por

merecimento lhe cabia, a morte, de pé no camarote, sorrindo enfim,

cruzou as mãos sobre o peito, em silêncio, e olhou, nada mais, os outros

que batessem palmas, os outros que soltassem gritos, os outros que

reclamassem dez vezes o maestro, ela só olhava. Depois, lentamente,

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