José Saramago - As Intermitências da Morte

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queria dizer que, Não se canse a ser amável comigo, não estou

habituada, além disso é fácil adivinhar o que ia a dizer, no entanto, se

considera que deverá dar-me uma explicação mais completa. talvez

possamos continuar a conversa no sábado, Não a verei daqui até lá,

Não. A ligação foi cortada. o violoncelista olhou o telefone que ainda

tinha na mão, húmida de nervosismo, Devo ter sonhado, murmurou.

isto não é aventura para acontecer-me a mim. Deixou cair o telefone no

descanso e perguntou. agora em voz alta, ao piano, ao violoncelo, às

estantes, Que me quer esta mulher, quem é, porquê aparece na minha

vida. Despertado pelo ruído, o cão tinha levantado a cabeça. Nos seus

olhos havia uma resposta. mas o violoncelista não lhe deu atenção,

cruzava a sala de um lado para outro, com os nervos mais agitados que

antes, e a resposta era assim, Agora que falas nisso, tenho a vaga

lembrança de haver dormido no regaço de uma mulher, pode ser que

tenha sido ela, Que regaço, que mulher, teria perguntado o violonce-

lista, Tu dormias, onde, Aqui. na tua cama, E ela, onde estava, Por aí,

Boa piada. senhor cão, há quanto tempo é que não entra uma mulher

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nesta casa, naquele quarto. vá. diga-me. Como deverás saber, a

percepção de tempo da espécie dos caninos não é igual à dos humanos.

mas realmente creio ter sido muito o tempo que passou desde a última

senhora que recebeste na tua cama, isto dito sem ironia, claro está,

Portanto sonhaste, É o mais provável. Os cães são uns sonhadores

incorrigíveis. chegamos a sonhar de olhos abertos, basta vermos algo na

penumbra para logo imaginarmos que aquilo é um regaço de mulher e

saltarmos para ele, Cousas de cães, diria o Violoncelista. Mesmo não

sendo certo, responderia o cão, não nos queixamos. No seu quarto do

hotel, a morte, despida, está parada diante do espelho. Não sabe quem

é.

Durante todo o dia seguinte a mulher não telefonou, o violoncelista

não saiu de casa, à espera. A noite passou. e nem uma palavra. o

violoncelista dormiu ainda pior que na noite anterior. Na manhã de

sábado, antes de sair para o ensaio, entrou-lhe na cabeça a peregrina

ideia de ir perguntar pelos hotéis das imediações se ali estaria

hospedada uma mulher com esta figura, esta cor de cabelo, esta cor dos

olhos, esta forma de boca, este sorriso, este mover das mãos, mas

desistiu do alucinado propósito. era óbvio que seria imediatamente

despedido com um ar de indisfarçável suspeita e um seco Não estamos

autorizados a dar a informação que pede. o ensaio não lhe correu bem

nem mal, limitou-se a tocar o que estava escrito no papel. sem outro

empenho que não errar demasiadas notas. Quando terminou correu

outra vez para casa. Ia a pensar que se ela tivesse telefonado durante a

sua ausência não teria encontrado um miserável gravador para deixar o

recado, Não sou um homem de há quinhentos anos, sou um troglodita

da idade da pedra, toda a gente usa atendedores de chamadas menos

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eu, resmungou. se precisava de uma prova de que ela não tinha

telefonado, deram-lha as horas seguintes. Em princípio, quem telefonou

e não teve resposta, telefonará outra vez, mas o maldito aparelho

manteve-se silencioso toda a tarde, alheio aos olhares cada vez mais

desesperançados que o violoncelista lhe lançava. Paciência, tudo indica

que ela não ligará, talvez por uma razão ou outra não lhe tivesse sido

possível, mas irá ao concerto, regressarão os dois no mesmo táxi como

aconteceu depois do outro concerto, e, quando aqui chegarem, ele

convidá-la-á a entrar, e então poderão conversar tranquilamente. ela

dar-lhe-á finalmente a ansiada carta e depois ambos acharão muita

graça aos exagerados elogios que ela, arrastada pelo entusiasmo

artístico, havia escrito após o ensaio em que ele não a tinha visto, e ele

dirá que não é nenhum rostropovitch, e ela dirá sabe-se lá o que o

futuro lhe reserva, e quando já não tiverem mais nada que dizer ou

quando as palavras começarem a ir por um lado e os pensamentos por

outro, então se verá se algo poderá suceder que valha a pena recordar

quando formos velhos. Foi neste estado de espírito que o violoncelista

saiu de casa, foi este estado de espírito que o levou ao teatro, com este

estado de espírito entrou no palco e foi sentar-se no seu lugar. O

camarote estava vazio. Atrasou-se, disse consigo mesmo, deverá estar a

ponto de chegar, ainda há pessoas a entrar na sala. Era certo, pedindo

desculpa pelo incómodo de fazer levantar os que já estavam sentados,

os retardatários iam ocupando as suas cadeiras, mas a mulher não

apareceu. Talvez no intervalo. Nada. o camarote permaneceu vazio até

ao fim da função. Contudo, ainda havia uma esperança razoável, a de

que, tendo-lhe sido impossível vir ao espectáculo por motivos que já

explicaria, estivesse à sua espera lá fora, na porta dos artistas. Não

estava. E como as esperanças têm esse fado que cumprir, nascer umas

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das outras, por isso é que, apesar de tantas decepções, ainda não se

acabaram no mundo, poderia ser que ela o aguardasse à entrada do

prédio comum, sorriso nos lábios e a carta na mão, Aqui a tem, o

prometido é devido. Também não estava, o violoncelista entrou em casa

como um autómato, dos antigos, dos da primeira geração, daqueles que

tinham de pedir licença a uma perna para poderem mover a outra.

Empurrou o cão que o viera saudar, largou o violoncelo onde calhou e

foi-se estender em cima da cama. Aprende, pensava, aprende de uma

vez, pedaço de estúpido. portaste-te como um perfeito imbecil, puseste

os significados que desejavas em palavras que afinal de contas tinham

outros sentidos, e mesmo esses não os conheces nem conhecerás.

acreditaste em sorrisos que não passavam de meras e deliberadas

contracções musculares. esqueceste-te de que levas quinhentos anos às

costas apesar de caridosamente to haverem recordado, e agora eis-te aí,

como um trapo, deitado na cama onde esperavas recebê-la, enquanto

ela se está rindo da triste figura que fizeste e da tua incurável parvoíce.

Esquecido já da ofensa de ter sido rejeitado, o cão veio consolá-lo. Pôs

as patas da frente em cima do colchão, arrastou o corpo até chegar à

altura da mão esquerda do dono, ali abandonada como algo inútil,

inservível, e sobre ela, suavemente, pousou a cabeça. Podia tê-la

lambido e tornado a lamber, como costumam fazer os cães vulgares,

mas a natureza, desta vez benévola, reservara para ele uma

sensibilidade tão especial que até lhe permitia inventar gestos diferentes

para expressar as sempre mesmas e únicas emoções. o violoncelista

virou-se para o lado do cão, moveu e dobrou o corpo até que a sua

própria cabeça pôde ficar a um palmo da cabeça do animal, e assim

ficaram, a olhar-se, dizendo sem necessidade de palavras, pensando

bem, não tenho ideia nenhuma de quem és, mas isso não conta, o que

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importa é que gostemos um do outro. A amargura do violoncelista foi

diminuindo a pouco e pouco. em verdade o mundo está mais que farto

de episódios como este, ele esperou e ela faltou. ela esperou e ele não

veio, no fundo, e aqui para nós, cépticos e descrentes que somos, antes

isso que uma perna partida. Era fácil dizê-lo, mas bem melhor seria tê-

lo calado, porque as palavras têm muitas vezes efeitos contrários aos

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