José Saramago - As Intermitências da Morte
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- Название:As Intermitências da Morte
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trazer um manual de entomologia. Por falta de preparação prévia não
espera aprender muito com ele, mas distrai-se lendo que na terra há
quase um milhão de espécies de insectos e que estes se dividem em
duas ordens, a dos pterigotos, que são providos de asas, e os
apterigotos, que não as têm, e que se classificam em ortópteros, como o
gafanhoto, blatóideos, como a barata, mantídeos, como o louva-a-deus,
nevrópteros, como a crisopa, odonatos, como a libélula, efemerópteros,
como o efémero, tricópteros, como o frigano, isópteros, como a térmita,
afanípteros, como a pulga, anopluros, como o piolho, malófagos, como
o piolhinho das aves, heterópteros, como o percevejo, homópteros,
como o pulgão, dípteros, como a mosca, himenópteros, como a vespa,
lepidópteros, como a caveira, coleópteros, como o escaravelho, e,
finalmente, tisanuros, como o peixe-de-prata. Conforme se pode ver na
imagem que vem no livro, a caveira é uma borboleta, e o seu nome
latino é acherontia atropos. É nocturna, ostenta na parte dorsal do tórax
um desenho semelhante a uma caveira humana, alcança doze centí-
metros de envergadura e é de coloração escura, com as asas posteriores
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amarelas e negras. E chamam-lhe atropos. isto é, morte. o músico não
sabe, e não poderia imaginá-lo nunca, que a morte olha, fascinada, por
cima do seu ombro, a fotografia a cores da borboleta. Fascinada e
também confundida.
Recordemos que a parca encarregada de tratar da passagem da vida
dos insectos à sua não-vida, ou seja, matá-los, é outra, não é esta, e que,
embora em muitos casos o modus operandi seja o mesmo para ambas,
as excepções também são numerosas, basta dizer que os insectos não
morrem por causas tão comuns na espécie humana como são, por
exemplo, a pneumonia, a tuberculose, o cancro, a síndroma da
imunodeficiência adquirida, vulgarmente conhecida por sida, os
acidentes de viação ou as afecções cardiovasculares. Até aqui, qualquer
pessoa entenderia. o que custa mais a perceber, o que está a confundir
esta morte que continua a olhar por cima do ombro do violoncelista é
que uma caveira humana, desenhada com extraordinária precisão,
tenha aparecido, não se sabe em que época da criação, no lombo peludo
de uma borboleta. É certo que no corpo humano também aparecem por
vezes umas borboletazitas, mas isso nunca passou de um artifício
elementar, são simples tatuagens, não vieram com a pessoa ao nascer.
Provavelmente, pensa a morte, houve um tempo em que todos os
seres vivos eram uma cousa só, mas depois, a pouco e pouco, com a
especialização, acharam-se divididos em cinco remos, a saber, as
móneras, os protistos, os fungos, as plantas e os animais, em cujo inte-
rior, aos remos nos referimos, infindas macrospecializações e microspe-
cializações se sucederam ao longo das eras, não sendo portanto nada de
estranhar que, em meio de tal confusão, de tal atropelo biológico,
algumas particularidades de uns tivessem aparecido repetidas noutros.
Isso explicaria, por exemplo, não só a inquietante presença de uma
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caveira branca no dorso desta borboleta acherontia atropos, que,
curiosamente, além da morte, tem no seu nome o nome de um rio do
inferno, como também as não menos inquietantes semelhanças da raiz
da mandragora com o corpo humano. Não sabe uma pessoa o que
pensar diante de tanta maravilha da natureza, diante de assombros tão
sublimes. Porém, os pensamentos da morte, que continua a olhar
fixamente por cima do ombro do violoncelista, tomaram já outro
caminho. Agora está triste porque compara o que haveria sido utilizar
as borboletas da caveira como mensageiras de morte em lugar daquelas
estúpidas cartas de cor violeta que ao princípio lhe tinham parecido a
mais genial das ideias. A uma borboleta destas nunca lhe ocorreria a
ideia de voltar para trás, leva marcada a sua obrigação nas costas, foi
para isso que nasceu. Além disso, o efeito espectacular seria totalmente
diferente, em lugar de um vulgar carteiro que nos vem entregar uma
carta, veríamos doze centímetros de borboleta adejando sobre as nossas
cabeças, o anjo da escuridão exibindo as suas asas negras e amarelas, e
de repente, depois de rasar o chão e traçar o círculo de onde já não
sairemos, ascender verticalmente diante de nós e colocar a sua caveira
diante da nossa. É mais do que evidente que não regatearíamos
aplausos à acrobacia. Por aqui se vê como a morte que leva a seu cargo
os seres humanos ainda tem muito que aprender. Claro que, como bem
sabemos, as borboletas não se encontram sob a sua jurisdição. Nem elas,
nem todas as outras espécies animais, praticamente infinitas. Teria de
negociar um acordo com a colega do departamento zoológico, aquela
que tem à sua responsabilidade a administração daqueles produtos
naturais, pedir-lhe emprestadas umas quantas borboletas acherontia
atropos. embora o mais provável, lamentavelmente, tendo em conta a
abissal diferença de extensão dos respectivos territórios e das popu-
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lações correspondentes, seria responder-lhe a referida colega com um
soberbo, malcriado e peremptório não, para que aprendamos que a falta
de camaradagem não é uma palavra vã, até mesmo na gerência da
morte. Pense-se só naquele milhão de espécies de insectos de que falava
o manual de entomolonia elementar, imagine-se, se tal é possível, o
número de indivíduos existentes em cada uma, e digam-me cá se não se
encontrariam mais bichinhos desses na terra que de estrelas tem o céu,
ou o espaço sideral, se preferirmos dar um nome poético à convulsa
realidade do universo em que somos um fiozinho de merda a ponto de
se dissolver. A morte dos humanos, neste momento uma ridicularia de
sete mil milhões de homens e mulheres bastante mal distribuídos pelos
cinco continentes, é uma morte secundária, subalterna, ela própria tem
perfeita consciência do seu lugar na escala hierárquica de tânatos, como
teve a honradez de reconhecer na carta enviada ao jornal que lhe havia
escrito o nome com inicial maiúscula. No entanto, sendo a porta dos
sonhos tão fácil de abrir, tão ao jeito de qualquer que nem impostos nos
exigem pelo consumo, a morte, esta que já deixou de olhar por cima do
ombro do violoncelista, compraz-se a imaginar o que seria ter às suas
ordens um batalhão de borboletas alinhadas em cima da mesa, ela
fazendo a chamada uma a uma e dando as instruções, vais a tal lado,
procuras tal pessoa, pões-lhe diante a caveira e voltas aqui. Então o
músico julgaria que a sua borboleta acherontia atropos havia levantado
voo da página aberta, seria esse o seu último pensamento e a última
imagem que levaria agarrada à retina, nenhuma mulher gorda vestida
de preto a anunciar-lhe a morte, como se diz que viu marcel proust,
nenhum mastronço embrulhado num lençol branco, como afirmam os
moribundos de vista penetrante. uma borboleta, nada mais que o suave
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ruge-ruge das asas de seda de uma borboleta grande e escura com uma
pinta branca que parece uma caveira.
O violoncelista olhou o relógio e viu que eram mais do que horas de
almoço. o cão, que já levava dez minutos a pensar o mesmo, tinha-se
sentado ao lado do dono e, apoiando a cabeça no joelho dele, esperava
pacientemente que regressasse ao mundo.
Não longe dali havia um pequeno restaurante que fornecia
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