José Saramago - As Intermitências da Morte

Здесь есть возможность читать онлайн «José Saramago - As Intermitências da Morte» весь текст электронной книги совершенно бесплатно (целиком полную версию без сокращений). В некоторых случаях можно слушать аудио, скачать через торрент в формате fb2 и присутствует краткое содержание. Год выпуска: 0101, Жанр: Старинная литература, на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале библиотеки ЛибКат.

As Intermitências da Morte: краткое содержание, описание и аннотация

Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «As Intermitências da Morte»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.

As Intermitências da Morte — читать онлайн бесплатно полную книгу (весь текст) целиком

Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «As Intermitências da Morte», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.

Тёмная тема
Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

trazer um manual de entomologia. Por falta de preparação prévia não

espera aprender muito com ele, mas distrai-se lendo que na terra há

quase um milhão de espécies de insectos e que estes se dividem em

duas ordens, a dos pterigotos, que são providos de asas, e os

apterigotos, que não as têm, e que se classificam em ortópteros, como o

gafanhoto, blatóideos, como a barata, mantídeos, como o louva-a-deus,

nevrópteros, como a crisopa, odonatos, como a libélula, efemerópteros,

como o efémero, tricópteros, como o frigano, isópteros, como a térmita,

afanípteros, como a pulga, anopluros, como o piolho, malófagos, como

o piolhinho das aves, heterópteros, como o percevejo, homópteros,

como o pulgão, dípteros, como a mosca, himenópteros, como a vespa,

lepidópteros, como a caveira, coleópteros, como o escaravelho, e,

finalmente, tisanuros, como o peixe-de-prata. Conforme se pode ver na

imagem que vem no livro, a caveira é uma borboleta, e o seu nome

latino é acherontia atropos. É nocturna, ostenta na parte dorsal do tórax

um desenho semelhante a uma caveira humana, alcança doze centí-

metros de envergadura e é de coloração escura, com as asas posteriores

172

amarelas e negras. E chamam-lhe atropos. isto é, morte. o músico não

sabe, e não poderia imaginá-lo nunca, que a morte olha, fascinada, por

cima do seu ombro, a fotografia a cores da borboleta. Fascinada e

também confundida.

Recordemos que a parca encarregada de tratar da passagem da vida

dos insectos à sua não-vida, ou seja, matá-los, é outra, não é esta, e que,

embora em muitos casos o modus operandi seja o mesmo para ambas,

as excepções também são numerosas, basta dizer que os insectos não

morrem por causas tão comuns na espécie humana como são, por

exemplo, a pneumonia, a tuberculose, o cancro, a síndroma da

imunodeficiência adquirida, vulgarmente conhecida por sida, os

acidentes de viação ou as afecções cardiovasculares. Até aqui, qualquer

pessoa entenderia. o que custa mais a perceber, o que está a confundir

esta morte que continua a olhar por cima do ombro do violoncelista é

que uma caveira humana, desenhada com extraordinária precisão,

tenha aparecido, não se sabe em que época da criação, no lombo peludo

de uma borboleta. É certo que no corpo humano também aparecem por

vezes umas borboletazitas, mas isso nunca passou de um artifício

elementar, são simples tatuagens, não vieram com a pessoa ao nascer.

Provavelmente, pensa a morte, houve um tempo em que todos os

seres vivos eram uma cousa só, mas depois, a pouco e pouco, com a

especialização, acharam-se divididos em cinco remos, a saber, as

móneras, os protistos, os fungos, as plantas e os animais, em cujo inte-

rior, aos remos nos referimos, infindas macrospecializações e microspe-

cializações se sucederam ao longo das eras, não sendo portanto nada de

estranhar que, em meio de tal confusão, de tal atropelo biológico,

algumas particularidades de uns tivessem aparecido repetidas noutros.

Isso explicaria, por exemplo, não só a inquietante presença de uma

173

caveira branca no dorso desta borboleta acherontia atropos, que,

curiosamente, além da morte, tem no seu nome o nome de um rio do

inferno, como também as não menos inquietantes semelhanças da raiz

da mandragora com o corpo humano. Não sabe uma pessoa o que

pensar diante de tanta maravilha da natureza, diante de assombros tão

sublimes. Porém, os pensamentos da morte, que continua a olhar

fixamente por cima do ombro do violoncelista, tomaram já outro

caminho. Agora está triste porque compara o que haveria sido utilizar

as borboletas da caveira como mensageiras de morte em lugar daquelas

estúpidas cartas de cor violeta que ao princípio lhe tinham parecido a

mais genial das ideias. A uma borboleta destas nunca lhe ocorreria a

ideia de voltar para trás, leva marcada a sua obrigação nas costas, foi

para isso que nasceu. Além disso, o efeito espectacular seria totalmente

diferente, em lugar de um vulgar carteiro que nos vem entregar uma

carta, veríamos doze centímetros de borboleta adejando sobre as nossas

cabeças, o anjo da escuridão exibindo as suas asas negras e amarelas, e

de repente, depois de rasar o chão e traçar o círculo de onde já não

sairemos, ascender verticalmente diante de nós e colocar a sua caveira

diante da nossa. É mais do que evidente que não regatearíamos

aplausos à acrobacia. Por aqui se vê como a morte que leva a seu cargo

os seres humanos ainda tem muito que aprender. Claro que, como bem

sabemos, as borboletas não se encontram sob a sua jurisdição. Nem elas,

nem todas as outras espécies animais, praticamente infinitas. Teria de

negociar um acordo com a colega do departamento zoológico, aquela

que tem à sua responsabilidade a administração daqueles produtos

naturais, pedir-lhe emprestadas umas quantas borboletas acherontia

atropos. embora o mais provável, lamentavelmente, tendo em conta a

abissal diferença de extensão dos respectivos territórios e das popu-

174

lações correspondentes, seria responder-lhe a referida colega com um

soberbo, malcriado e peremptório não, para que aprendamos que a falta

de camaradagem não é uma palavra vã, até mesmo na gerência da

morte. Pense-se só naquele milhão de espécies de insectos de que falava

o manual de entomolonia elementar, imagine-se, se tal é possível, o

número de indivíduos existentes em cada uma, e digam-me cá se não se

encontrariam mais bichinhos desses na terra que de estrelas tem o céu,

ou o espaço sideral, se preferirmos dar um nome poético à convulsa

realidade do universo em que somos um fiozinho de merda a ponto de

se dissolver. A morte dos humanos, neste momento uma ridicularia de

sete mil milhões de homens e mulheres bastante mal distribuídos pelos

cinco continentes, é uma morte secundária, subalterna, ela própria tem

perfeita consciência do seu lugar na escala hierárquica de tânatos, como

teve a honradez de reconhecer na carta enviada ao jornal que lhe havia

escrito o nome com inicial maiúscula. No entanto, sendo a porta dos

sonhos tão fácil de abrir, tão ao jeito de qualquer que nem impostos nos

exigem pelo consumo, a morte, esta que já deixou de olhar por cima do

ombro do violoncelista, compraz-se a imaginar o que seria ter às suas

ordens um batalhão de borboletas alinhadas em cima da mesa, ela

fazendo a chamada uma a uma e dando as instruções, vais a tal lado,

procuras tal pessoa, pões-lhe diante a caveira e voltas aqui. Então o

músico julgaria que a sua borboleta acherontia atropos havia levantado

voo da página aberta, seria esse o seu último pensamento e a última

imagem que levaria agarrada à retina, nenhuma mulher gorda vestida

de preto a anunciar-lhe a morte, como se diz que viu marcel proust,

nenhum mastronço embrulhado num lençol branco, como afirmam os

moribundos de vista penetrante. uma borboleta, nada mais que o suave

175

ruge-ruge das asas de seda de uma borboleta grande e escura com uma

pinta branca que parece uma caveira.

O violoncelista olhou o relógio e viu que eram mais do que horas de

almoço. o cão, que já levava dez minutos a pensar o mesmo, tinha-se

sentado ao lado do dono e, apoiando a cabeça no joelho dele, esperava

pacientemente que regressasse ao mundo.

Não longe dali havia um pequeno restaurante que fornecia

Читать дальше
Тёмная тема
Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

Похожие книги на «As Intermitências da Morte»

Представляем Вашему вниманию похожие книги на «As Intermitências da Morte» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё непрочитанные произведения.


Отзывы о книге «As Intermitências da Morte»

Обсуждение, отзывы о книге «As Intermitências da Morte» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.

x