José Saramago - As Intermitências da Morte
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- Название:As Intermitências da Morte
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durante as horas que permaneceu em casa do músico. Presente, como
temos dito mil e uma vezes, em toda a parte, está lá também. o cão
dorme no quintal, ao sol, esperando que o dono regresse ao lar. Não
sabe aonde ele foi nem o que foi fazer, e a ideia de lhe seguir o rasto, se
alguma vez o tentou, é algo em que já deixou de pensar, tantos e tão
desorientadores são os bons e maus cheiros de uma cidade capital.
Nunca pensamos que aquilo que os cães conhecem de nós são outras
cousas de que não fazemos a menor ideia. A morte, essa, sim, sabe que
o violoncelista está sentado no palco de um teatro, à direita do maestro,
no lugar que corresponde ao instrumento que toca, vê-o mover o arco
com a mão destra, vê a mão esquerda, esquerda mas não menos destra
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que a outra, a subir e a descer ao longo das cordas, tal como ela própria
havia feito meio às escuras, apesar de nunca ter aprendido música, nem
sequer o mais elementar dos solfejos, o chamado três por quatro. o
maestro interrompeu o ensaio, repenicou a batuta na borda do atril para
um comentário e uma ordem, pretende que nesta passagem os violon-
celos, justamente os violoncelos, se façam ouvir sem parecer que soam,
uma espécie de charada acústica que os músicos dão mostras de haver
decifrado sem dificuldade, a arte é assim, tem cousas que parecem de
todo impossíveis ao profano e afinal de contas não o eram. A morte,
escusado será dizer, enche o teatro todo até ao alto, até às pinturas
alegóricas do tecto e ao imenso lustre agora apagado, mas o ponto de
vista que neste momento prefere é o de um camarote acima do nível do
palco, fronteiro, ainda que um pouco de esguelha, aos naipes de cordas
de tonalidade grave, às violas, que são os contraltos da família dos violi-
nos, aos violoncelos, que correspondem ao baixo, e aos contrabaixos,
que são os da voz grossa. Está ali sentada, numa estreita cadeira forrada
de veludo carmesim, e olha fixamente o primeiro violoncelista, esse a
quem viu dormir e que usa pijama às riscas, esse que tem um cão que a
estas horas dorme ao sol no quintal da casa, esperando o regresso do
dono. Aquele é o seu homem, um músico, nada mais que um músico,
como o são os quase cem homens e mulheres arrumados em semicírculo
diante do seu xamã privado, que é o maestro, e que um dia destes, em
uma qualquer semana, mês e ano futuros, receberão em casa a cartinha
de cor violeta e deixarão o lugar vazio, até que outro violinista, ou
flautista, ou trompetista, venha sentar-se na mesma cadeira, talvez já
com outro xamã a fazer gestos com o pauzinho para conjurar os sons, a
vida é uma orquestra que sempre está tocando, afinada, desafinada, um
paquete titanic que sempre se afunda e sempre volta à superfície, e é
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então que a morte pensa que ficará sem ter que fazer se o barco
afundado não puder subir nunca mais cantando aquele evocativo canto
das águas escorrendo pelo costado, como deve ter sido, deslizando com
outra rumorosa suavidade pelo ondulante corpo da deusa, o de anfitrite
na hora única do seu nascimento, para a tornar naquela que rodeia os
mares, que esse é o significado do nome que lhe deram. A morte
pergunta-se onde estará agora anfitrite, a filha de nereu e de dóris, onde
estará o que, não tendo existido nunca na realidade, habitou não
obstante por um breve tempo a mente humana a fim de nela criar,
também por breve tempo, uma certa e particular maneira de dar sentido
ao mundo, de procurar entendimentos dessa mesma realidade. E não a
entenderam, pensou a morte, e não a podem entender por mais que
façam, porque na vida deles tudo é provisório, tudo precário, tudo
passa sem remédio, os deuses, os homens, o que foi, acabou já, o que é,
não será sempre. e até eu, morte, acabarei quando não tiver mais a
quem matar, seja à maneira clássica, seja por correspondência. sabemos
que não é a primeira vez que um pensamento destes passa pelo que
nela pensa, seja aquilo que for, mas foi a primeira vez que tê-lo pensado
lhe causou este sentimento de profundo alívio, como alguém que,
havendo terminado o seu trabalho, lentamente se recosta para
descansar. De súbito, a orquestra calou-se, apenas se ouve o som de um
violoncelo, chama-se a isto um solo, um modesto solo que não chegará a
durar nem dois minutos, é como se das forças que o xamã havia
invocado se tivesse erguido uma voz, falando porventura em nome de
todos aqueles que agora estão silenciosos, o próprio maestro está
imóvel, olha aquele músico que deixou aberto numa cadeira o caderno
com a suite número seis opus mil e doze em ré maior de johann
sebastian bach, a suite que ele nunca tocará neste teatro, porque é
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apenas um violoncelista de orquestra, ainda que principal do seu naipe,
não um daqueles famosos concertistas que percorrem o mundo inteiro
tocando e dando entrevistas, recebendo flores, aplausos, homenagens e
condecorações, muita sorte tem por uma vez ou outra lhe saírem uns
quantos compassos para tocar a solo, algum compositor generoso que
se lembrou daquele lado da orquestra onde poucas cousas costumam
passar-se fora da rotina. Quando o ensaio terminar guardará o
violoncelo na caixa e voltará para casa de táxi, daqueles que têm um
porta-bagagem grande, e é possível que esta noite, depois de jantar,
abra a suite de bach sobre o atril, respire fundo e roce com o arco as
cordas para que a primeira nota nascida o venha consolar das
incorrigíveis banalidades do mundo e a segunda as faça esquecer se
pode, o solo terminou já, o tutti da orquestra cobriu o último eco do
violoncelo, e o xamã, com um gesto imperioso da batuta, voltou ao seu
papel de invocador e guia dos espíritos sonoros. A morte está orgulhosa
do bem que o seu violoncelista tocou. Como se se tratasse de uma
pessoa da família, a mãe, a irmã, uma noiva, esposa não, porque este
homem nunca se casou.
Durante os três dias seguintes, excepto o tempo necessário para
correr à sala subterrânea, escrever as cartas a toda a pressa e enviá-las
ao correio, a morte foi, mais do que a sombra, o próprio ar que o músico
respirava. A sombra tem um grave defeito, perde-se-lhe o sítio, não se
dá por ela assim que lhe falta uma fonte luminosa. A morte viajou
sentada ao lado dele no táxi que o levou a casa, entrou quando ele
entrou, contemplou com benevolência as loucas efusões do cão à
chegada do amo, e depois, tal como faria uma pessoa convidada a
passar ali uma temporada, instalou-se.
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Para quem não precisa de se mover, é fácil, tanto lhe dá estar sentado
no chão como empoleirado na cimeira de um armário. O ensaio da
orquestra tinha acabado tarde, daqui a pouco será noite.
O violoncelista deu de comer ao cão, depois preparou o seu próprio
jantar com o conteúdo de duas latas que abriu, aqueceu o que era para
aquecer, depois estendeu uma toalha sobre a mesa da cozinha, pôs os
talheres e o guardanapo, deitou vinho num copo e, sem pressa, como se
pensasse noutra cousa, meteu a primeira garfada de comida na boca. o
cão sentou-se ao lado, algum resto que o dono deixe ficar no prato e
possa ser-lhe dado à mão será a sua sobremesa. A morte olha o
violoncelista. Por princípio, não distingue entre gente feia e gente
bonita, se calhar porque, não conhecendo de si mesma senão a caveira
que é, tem a irresistível tendência de fazer aparecer a nossa desenhada
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