José Saramago - As Intermitências da Morte
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só juntos podiam representar a humanidade como ela deveria ser
entendida, um todo absoluto, independentemente do tempo e dos
lugares, e que tê-los mantido separados havia sido um atentado contra
o espírito. Esta é a enorme diferença existente entre a morte daqui e
aquele sensato conservador dos papéis da vida e da morte, ao passo que
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ela faz gala de desprezar olimpicamente os que morreram, recordemos
a cruel frase, tantas vezes repetida, que diz o passado, passado está, ele,
em compensação, graças ao que na linguagem corrente chamamos
consciência histórica, é de opinião que os vivos não deveriam nunca ser
separados dos mortos e que, no caso contrário, não só os mortos
ficariam para sempre mortos, como também os vivos só por metade
viveriam a sua vida, ainda que ela fosse mais longa que a de
matusalém, sobre quem há dúvidas de se morreu aos novecentos e
sessenta e nove anos como diz o antigo testamento masorético ou aos
setecentos e vinte como afirma o pentateuco samaritano. Certamente
nem toda a gente estará de acordo com a ousada proposta arquivística
do conservador de todos os nomes havidos e por haver, mas, pelo que
possa vir a valer no futuro, aqui a deixaremos consignada.
A morte examina o verbete e não encontra nele nada que não tivesse
visto antes, isto é, a biografia de um músico que já deveria estar morto
há mais de uma semana e que, apesar disso, continua tranquilamente a
viver no seu modesto domicílio de artista, com aquele seu cão preto que
sobe para o regaço das senhoras, o piano e o violoncelo, as suas sedes
nocturnas e o seu pijama às riscas. Tem de haver um meio de resolver
este bico-de-obra, pensou a morte, o preferível, claro está, seria que o
assunto pudesse arrumar-se sem se notar demasiado, mas se as altas
instâncias servem para algo, se não estão lá apenas para receber honras
e louvores, então têm agora uma boa ocasião para demonstrarem que
não são indiferentes a quem, cá em baixo, na planície, leva a cabo o
trabalho duro, que alterem o regulamento que decretem medidas
excepcionais, que autorizem, se for necessário chegar a tanto, uma acção
de legalidade duvidosa, qualquer cousa menos permitir que semelhante
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escândalo continue. o curioso do caso é que a morte não tem nenhuma
ideia de quem sejam, em concreto, as tais altas instâncias que
supostamente lhe devem resolver o dito bico-deobra. É verdade que,
numa das suas cartas publicadas na imprensa, salvo erro a segunda, ela
se havia referido a uma morte universal que faria desaparecer não se
sabia quando todas as manifestações de vida do universo até ao último
micróbio, mas isso, além de tratar-se de uma obviedade filosófica
porque nada pode durar sempre, nem sequer a morte, resultava, em
termos práticos, de uma dedução de senso comum que desde há muito
circulava entre as mortes sectoriais, embora lhe faltasse a confirmação
de um conhecimento avalizado pelo exame e pela experiência. Já muito
faziam elas em conservar a crença numa morte geral que até hoje ainda
não havia dado nem o mais simples indício do seu imaginário poder.
Nós, as sectoriais, pensou a morte, somos as que realmente trabalhamos
a sério, limpando o terreno de excrescências, e, na verdade, não me
surpreenderia nada que, se o cosmo desaparecer, não seja em conse-
quência de uma proclamação solene da morte universal, retumbando
entre as galáxias e os buracos negros, mas sim como derradeiro efeito
da acumulação das mortezinhas particulares e pessoais que estão à
nossa responsabilidade, uma a uma. como se a galinha do provérbio,
em lugar de encher o papo grão a grão, grão a grão o fosse estupida-
mente esvaziando, que assim me parece mais que haverá de suceder
com a vida, que por si mesma vai preparando o seu fim, sem precisar de
nós, sem esperar que lhe dêmos uma mãozinha. É mais do que
compreensível a perplexidade da morte. Tinham-na posto neste mundo
há tanto tempo que já não consegue recordar-se de quem foi que rece-
beu as instruções indispensáveis ao regular desempenho da operação
de que a incumbiam. Puseram-lhe o regulamento nas mãos, apontaram-
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lhe a palavra matarás como único farol das suas actividades futuras e,
sem que provavelmente se tivessem apercebido da macabra ironia,
disseram-lhe que fosse à sua vida. E ela foi, julgando que, em caso de
dúvida ou de algum improvável equívoco, sempre iria ter as costas
quentes, sempre haveria alguém, um chefe, um superior hierárquico,
um guia espiritual, a quem pedir conselho e orientação.
Não é crível, porém, e aqui entraremos enfim no frio e objectivo
exame que a situação da morte e do violoncelista vem requerendo, que
um sistema de informação tão perfeito como o que tem mantido estes
arquivos em dia ao longo de milénios, actualizando continuamente os
dados, fazendo aparecer e desaparecer verbetes consoante nasceste ou
morreste, não é crível, repetimos, que um sistema assim seja primitivo e
unidireccional, que a fonte informativa, lá onde quer que se encontre,
não esteja continuamente recebendo, por sua vez, os dados resultantes
das actividades quotidianas da morte em funções. E, se efectivamente
os recebe e não reage à extraordinária notícia de que alguém não
morreu quando devia, então uma de duas, ou o episódio, contra as
nossas lógicas e naturais expectativas, não lhe interessa e portanto não
se sente com a obrigação de intervir para neutralizar a perturbação
surgida no processo, ou então subentender-se-á que a morte, ao
contrário do que ela própria pensava, tem carta branca para resolver,
como bem entender, qualquer problema que lhe surgir no seu dia-a-dia
de trabalho. Foi necessário que esta palavra dúvida tivesse sido dita
aqui uma e duas vezes para que na memória da morte ecoasse
finalmente uma certa passagem do regulamento que, por estar escrita
em letra pequena e em rodapé, não atraía a atenção do estudioso e
muito menos a fixava. Largando o verbete do violoncelista, a morte
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deitou mão ao livro. sabia que aquilo que procurava não era nos
apêndices nem nas adendas que se encontrava, que teria de estar na
parte inicial do regulamento, a mais antiga, e portanto a menos
consultada, como em geral sucede aos textos históricos básicos, e ali foi
dar com ela. Rezava assim, Em caso de dúvida, a morte em funções
deverá, no mais curto prazo possível, tomar as medidas que a sua
experiência lhe vier a aconselhar a fim de que seja irremissivelmente
cumprido o desideratum que em toda e qualquer circunstância sempre
deverá orientar as suas acções. Isto é, pôr termo às vidas humanas
quando se lhes extinguir o tempo que lhes havia sido prescrito ao
nascer, ainda que para esse efeito se torne necessário recorrer a métodos
menos ortodoxos em situações de uma anormal resistência do sujeito ao
fatal desígnio ou da ocorrência de factores anómalos obviamente
imprevisíveis na época em que este regulamento está a ser elaborado.
Mais claro, água. a morte tem as mãos livres para agir como melhor lhe
parecer. o que, assim o mostra o exame a que procedemos, não era
nenhuma novidade. E, se não, vejamos. Quando a morte, por sua conta
e risco, decidiu suspender a sua actividade a partir do dia um de janeiro
deste ano, não lhe passou pela oca cabeça a ideia de que uma instância
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