José Saramago - As Intermitências da Morte

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interesse especial pelo que acontece no pequeno planeta terra, o qual,

aliás, e isto talvez a ninguém tenha ocorrido, é por ele conhecido sob

um nome completamente diferente, mas a morte, esta morte que, como

já havíamos dito páginas atrás, está adstrita à espécie humana com

carácter de exclusividade, não nos tira os olhos de cima nem por um

minuto, a tal ponto que até mesmo aqueles que por enquanto ainda não

vão morrer sentem que constantemente o seu olhar os persegue. Por

aqui se poderá ter uma ideia do esforço hercúleo que a morte foi

obrigada a fazer nas raras vezes em que, por esta ou aquela razão, ao

longo da nossa história comum, necessitou rebaixar a sua capacidade

perceptiva à altura dos seres humanos, isto é, ver cada cousa de sua vez,

estar em cada momento em um só lugar. No caso concreto que hoje nos

ocupa não é outra a explicação de por que ainda não conseguiu passar

da entrada da casa do violoncelista. A cada passo que vai dando, se lhe

chamamos passo é apenas para ajudar a imaginação de quem nos leia,

não porque ela efectivamente se movimente como se dispusesse de

pernas e pés, a morte tem de pelejar muito para reprimir a tendência

expansiva que é inerente à sua natureza, a qual, se deixada em

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liberdade, faria logo estalar e dispersar-se no espaço a precária e

instável unidade que é a sua, com tanto custo agregada.

A distribuição das divisões do apartamento onde vive o violoncelista

que não recebeu a carta de cor violeta pertence ao tipo económico

remediado, portanto mais própria de um pequeno burguês sem

horizontes que de um discípulo de euterpe. Entra-se por um corredor

onde no escuro mal se distinguem cinco portas, uma ao fundo, que,

para não termos de voltar ao assunto, fica já dito que dá acesso ao

quarto de banho, e duas de cada lado. A primeira à mão esquerda, por

onde a morte decide começar a inspecção, abre para uma pequena sala

de jantar com sinais de ser pouco usada, a qual, por sua vez, comunica

com uma cozinha ainda mais pequena, equipada com o essencial. Por aí

se sai novamente ao corredor, mesmo em frente de uma porta em que a

morte não necessitou tocar para saber que se encontra fora de serviço,

isto é, nem abre, nem fecha, modo de dizer contrário à simples demons-

tração, pois uma porta da qual se diz que não abre nem fecha, é

unicamente uma porta fechada que não se pode abrir, ou, como

também é costume dizer-se, uma porta que foi condenada. Claro que a

morte poderia atravessá-la e ao mais que por trás dela estivesse, mas se

lhe havia custado tanto trabalho a agregar-se e definir-se, embora

continue invisível a olhos vulgares, numa forma mais ou menos

humana, se bem que, como dissemos antes, não ao ponto de ter pernas e

pés, não foi para correr agora o risco de se relaxar e dispersar no interior

da madeira de uma porta ou de um armário com roupa que

seguramente estará do outro lado. A morte seguiu pois pelo corredor

até à primeira porta à direita de quem entra e por aí passou à sala de

música, que outro nome não se vê que deva ser dado à divisão de uma

casa onde se encontra um piano aberto e um violoncelo, um atril com as

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três peças da fantasia opus setenta e três de robert schumann, conforme

a morte pôde ler graças a um candeeiro de iluminação pública cuja

esmaecida luz alaran-jada entrava pelas duas janelas, e também

algumas pilhas de cadernos aqui e além, sem esquecer as altas estantes

de livros onde a literatura tem todo o arde conviver com a música na

mais perfeita harmonia, que hoje é a ciência dos acordes depois de ter

sido a filha de ares e afrodite. A morte afagou as cordas do violoncelo,

passou suavemente as pontas dos dedos pelas teclas do piano, mas só

ela podia ter distinguido o som dos instrumentos, um longo e grave

queixume primeiro, um breve gorjeio de pássaro depois, ambos

inaudíveis para ouvidos humanos, mas claros e precisos para quem

desde há tanto tempo tinha aprendido a interpretar o sentido dos

suspiros. Ali, no quarto ao lado, será onde o homem dorme. A porta

está aberta, a penumbra, não obstante ser mais profunda que a da sala

de música, deixa ver uma cama e o vulto de alguém deitado. A morte

avança, cruza o umbral, mas detém-se, indecisa, ao sentir a presença de

dois seres vivos no quarto. Conhe-cedora de certos factos da vida,

embora, como é natural, não por expe-riência própria, a morte pensou

que o homem tivesse companhia, que ao seu lado estaria dormindo

outra pessoa, alguém a quem ela ainda não havia enviado a carta de cor

violeta, mas que nesta casa partilhava o conchego dos mesmos lençóis e

o calor da mesma manta. Aproximou-se mais, quase a roçar, se tal cousa

se pode dizer, a mesa-de-cabeceira, e viu que o homem estava só.

Porém, do outro lado da cama, enroscado sobre o tapete como um

novelo, dormia um cão mediano de tamanho, de pêlo escuro,

provavelmente negro. Ao menos que se lembrasse, foi esta a primeira

vez que a morte se surpreendeu a pensar que, não servindo ela senão

para a morte de seres humanos, aquele animal se encontrava fora do

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alcance da sua simbólica gadanha, que o seu poder não poderia tocar-

lhe nem sequer ao deteve, e por isso aquele cão adormecido também se

tornaria imortal, logo se haveria de ver por quanto tempo, se a sua

própria morte, a outra, a que se encarrega dos outros seres vivos,

animais e vegetais, se ausentasse como esta o tinha feito e, portanto,

alguém tivesse um bom motivo para escrever no limiar de outro livro

No dia seguinte nenhum cão morreu.

o homem moveu-se, talvez sonhasse, talvez continuasse a tocar as

três peças de schumann e lhe tivesse saído uma nota falsa, um

violoncelo não é como um piano, o piano tem as notas sempre nos

mesmos sítios, debaixo de cada tecla, ao passo que o violoncelo as

dispersa a todo o comprido das cordas, é preciso ir lá buscá-las, fixá-las,

acertar no ponto exacto, mover o arco com ajusta inclinação e com a

justa pressão, nada mais fácil, por conseguinte, que errar uma ou duas

notas quando se está a dormir. A morte inclinou-se para a frente para

ver melhor a cara do homem, e nesse momento passou-lhe pela cabeça

uma ideia absolutamente genial, pensou que os verbetes do seu arquivo

deveriam ter colada a fotografia das pessoas a quem dizem respeito,

não uma fotografia qualquer, mas uma cientificamente tão avançada

que, da mesma maneira que os dados da existência dessas pessoas vão

sendo contínua e automaticamente actualizados nos respectivos

verbetes, também a imagem delas iria mudando com a passagem do

tempo, desde a criança enrugada e vermelha nos braços da mãe até este

dia de hoje, quando nos perguntamos se somos realmente aqueles que

fomos, ou se algum génio da lâmpada não nos irá substituindo por

outra pessoa a cada hora que passa. o homem tornou a mover-se, parece

que vai despertar, mas não, a respiração retomou a cadência normal, as

mesmas treze vezes por minuto, a mão esquerda repousa-lhe sobre o

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coração como se estivesse à escuta das pulsações, uma nota aberta para

a diástole, uma nota fechada para a sístole, enquanto a mão direita, com

a palma para cima e os dedos ligeiramente curvados, parece estar à

espera de que outra mão venha cruzar-se nela. o homem mostra um ar

de mais velho que os cinquenta anos que já cumpriu, talvez não mais

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