José Saramago - As Intermitências da Morte

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velho, apenas estará cansado, e porventura triste, mas isso só o pode-

remos saber quando abrir os olhos. Não tem os cabelos todos, e muitos

dos que ainda lhe restam já estão brancos. É um homem qualquer, nem

feio nem bonito. Assim como o estamos a ver agora, deitado de costas,

com o seu casaco do pijama às riscas que a dobra do lençol não cobre

por completo, ninguém diria que é o primeiro violoncelista de uma

orquestra sinfónica da cidade, que a sua vida discorre por entre as

linhas mágicas do pentagrama, quem sabe se à procura também do

coração profundo da música, pausa, som, sístole, diástole. Ainda

ressentida pela falha nos sistemas de comunicação do estado, mas sem a

irritação que experimentava quando para aqui vinha, a morte olha a

cara adormecida e pensa vagamente que este homem já deveria estar

morto, que este brando respirar, inspirando, expirando, já deveria ter

cessado, que o coração que a mão esquerda protege já teria de estar

parado e vazio, suspenso para sempre na última contracção. Veio para

ver este homem, e agora já o viu, não há nele nada de especial que possa

explicar as três devoluções da carta de cor violeta, o melhor que terá a

fazer depois disto é regressar à fria sala subterrânea donde veio e

descobrir a maneira de acabar de vez com o maldito acaso que tornou

este serrador de violoncelos em sobrevivente de si mesmo. Foi para

esporear a sua própria e já declinante contrariedade que a morte usou

estas duas agressivas parelhas de palavras, maldito acaso, serrador de

violoncelos, mas os resultados não estiveram à altura do propósito. O

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homem que dorme não tem nenhuma culpa do que sucedeu com a carta

de cor violeta, nem por remotas sombras poderia imaginar que está a

viver uma vida que já não deveria ser sua, que se as cousas fossem

como deveriam ser já estaria enterrado há pelo menos oito dias, e que o

cão negro andaria agora a correr a cidade como louco à procura do

dono, ou estaria sentado, sem comer nem beber, à entrada do prédios

esperando a volta dele. Por um instante a morte soltou-se a si mesma,

expandindo-se até às paredes, encheu o quarto todo e alongou-se como

um fluido até à sala contígua, aí uma parte de si deteve-se a olhar o

caderno que estava aberto sobre uma cadeira, era a suite número seis

opus mil e doze em ré maior de johann sebastian bach composta em

cöthen e não precisou de ter aprendido música para saber que ela havia

sido escrita, como a nona sinfonia de beethoven, na tonalidade da

alegria, da unidade entre os homens, da amizade e do amor. Então

aconteceu algo nunca visto, algo não imagináVel, a morte deixou-se cair

de joelhos, era toda ela, agora, um corpo refeito, por isso é que tinha

joelhos, e pernas, e pés, e braços, e mãos, e uma cara que entre as mãos

se escondia, e uns ombros que tremiam não se sabe porquê, chorai não

será, não se pode pedir tanto a quem sempre deixa um rasto de

lágrimas por onde passa, mas nenhuma delas que seja sua. Assim como

estava, nem visível, nem invisível, nem esqueleto, nem mulher,

levantou-se do chão como um sopro e entrou no quarto. O homem não

se tinha mexido. A morte pensou, Já não tenho nada que fazer aqui,

vou-me embora, nem valia a pena ter vindo só para ver um homem e

um cão a dormirem, talvez estejam a sonhar um com o outro, o homem

com o cão, o cão com o homem, o cão a sonhar que já é manhã e que

está a pousar a cabeça ao lado da cabeça do homem, o homem a sonhar

que já é manhã e que o seu braço esquerdo cinge o corpo quente e

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macio do cão e o aperta contra o peito. Ao lado do guarda-roupa

encostado a porta que daria acesso ao corredor está um sofá pequeno

onde a morte se foi sentar.

Não o havia decidido, mas foi-se sentar ali, naquele canto, talvez por

se ter lembrado do frio que a esta hora fazia na sala subterrânea dos

arquivos. Tem os olhos à altura da cabeça do homem, distingue-lhe o

perfil nitidamente desenhado sobre o fundo de vaga luminosidade

laranja que entra pela janela e repete consigo mesma que não há

nenhum motivo razoável para que continue ali, mas imediatamente

argumenta que sim, que há um motivo, e forte, porque esta é a única

casa da cidade, do país, do mundo inteiro, em que existe uma pessoa

que está a infringir a mais severa das leis da natureza, essa que tanto

impõe a vida como a morte, que não te perguntou se querias viver, que

não te perguntara se queres morrer.

Este homem está morto, pensou, todo aquele que tiver de morrer já

vem morto de antes, só precisa que eu o empurre de leve com o polegar

ou lhe mande a carta de cor violeta que não se pode recusar. Este

homem não está morto, pensou, despertará daqui a poucas horas,

levantar-se-á como todos os outros dias, abrirá a porta do quintal para

que o cão se vá livrar do que lhe sobra no corpo, tomará a refeição da

manhã, entrará no quarto de banho donde sairá aliviado, lavado e

barbeado, talvez vá à rua levando o cão para comprarem juntos o jornal

no quiosque da esquina, talvez se sente diante do atril e toque unia vez

mais as três peças de schumann, talvez depois pense na morte como é

obrigatório fazerem-no todos os seres humanos, porém ele não sabe que

neste momento é como se fosse imortal porque esta morte que o olha

não sabe como o há-de matar. o homem mudou de postura, virou as

costas ao guarda-roupa que condenava a porta e deixou escorregar o

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braço direito para o lado do cão. um minuto depois estava acordado.

Tinha sede. Acendeu o candeeiro da mesa-de-cabeceira, levantou-se,

enfiou nos pés os chinelos que, como sempre, estavam debaixo da

cabeça do cão, e foi à cozinha. A morte seguiu-o. o homem deitou água

para um copo e bebeu. o cão apareceu nesta altura, matou a sede no

bebedouro ao lado da porta que dá para o quintal e depois levantou a

cabeça para o dono. Queres sair, claro, disse o violoncelista. Abriu a

porta e esperou que o animal voltasse. No copo tinha ficado um pouco

de água. A morte olhou-a, fez um esforço para imaginar o que seria ter

sede, mas não o conseguiu. Também não o teria conseguido quando

teve de matar pessoas à sede no deserto, mas então nem sequer o havia

tentado. O animal já regressava, abanando o rabo. Vamos dormir, disse

o homem. Voltaram ao quarto, o cão deu duas voltas sobre si mesmo e

deitou-se enroscado. o homem tapou-se até ao pescoço, tossiu duas

vezes e daí a pouco entrou no sono. sentada no seu canto, a morte

olhava. Muito mais tarde, o cão levantou-se do tapete e subiu para o

sofá. Pela primeira vez na sua vida a morte soube o que era ter um cão

no regaço.

Momentos de fraqueza na vida qualquer um os poderá ter, e, se hoje

passámos sem eles, tenhamo-los por certos amanhã. Assim como por

detrás da brônzea couraça de aquiles se viu que pulsava um coração

sentimental, bastará que recordemos a dor de cotovelo padecida pelo

herói durante dez anos depois de que agamémnon lhe tivesse roubado

a sua bem-amada, a cativa briseida, e logo aquela terrível cólera que o

fez voltar à guerra gritando em voz estentória contra os troianos

quando o seu amigo pátroclo foi morto por heitor, também na mais

impenetrável de todas as armaduras até hoje forjadas e com promessa

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de que assim irá continuar até à definitiva consumação dos séculos, ao

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