José Saramago - As Intermitências da Morte
Здесь есть возможность читать онлайн «José Saramago - As Intermitências da Morte» весь текст электронной книги совершенно бесплатно (целиком полную версию без сокращений). В некоторых случаях можно слушать аудио, скачать через торрент в формате fb2 и присутствует краткое содержание. Год выпуска: 0101, Жанр: Старинная литература, на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале библиотеки ЛибКат.
- Название:As Intermitências da Morte
- Автор:
- Жанр:
- Год:0101
- ISBN:нет данных
- Рейтинг книги:4 / 5. Голосов: 1
-
Избранное:Добавить в избранное
- Отзывы:
-
Ваша оценка:
- 80
- 1
- 2
- 3
- 4
- 5
As Intermitências da Morte: краткое содержание, описание и аннотация
Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «As Intermitências da Morte»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.
As Intermitências da Morte — читать онлайн бесплатно полную книгу (весь текст) целиком
Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «As Intermitências da Morte», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.
Интервал:
Закладка:
velho, apenas estará cansado, e porventura triste, mas isso só o pode-
remos saber quando abrir os olhos. Não tem os cabelos todos, e muitos
dos que ainda lhe restam já estão brancos. É um homem qualquer, nem
feio nem bonito. Assim como o estamos a ver agora, deitado de costas,
com o seu casaco do pijama às riscas que a dobra do lençol não cobre
por completo, ninguém diria que é o primeiro violoncelista de uma
orquestra sinfónica da cidade, que a sua vida discorre por entre as
linhas mágicas do pentagrama, quem sabe se à procura também do
coração profundo da música, pausa, som, sístole, diástole. Ainda
ressentida pela falha nos sistemas de comunicação do estado, mas sem a
irritação que experimentava quando para aqui vinha, a morte olha a
cara adormecida e pensa vagamente que este homem já deveria estar
morto, que este brando respirar, inspirando, expirando, já deveria ter
cessado, que o coração que a mão esquerda protege já teria de estar
parado e vazio, suspenso para sempre na última contracção. Veio para
ver este homem, e agora já o viu, não há nele nada de especial que possa
explicar as três devoluções da carta de cor violeta, o melhor que terá a
fazer depois disto é regressar à fria sala subterrânea donde veio e
descobrir a maneira de acabar de vez com o maldito acaso que tornou
este serrador de violoncelos em sobrevivente de si mesmo. Foi para
esporear a sua própria e já declinante contrariedade que a morte usou
estas duas agressivas parelhas de palavras, maldito acaso, serrador de
violoncelos, mas os resultados não estiveram à altura do propósito. O
149
homem que dorme não tem nenhuma culpa do que sucedeu com a carta
de cor violeta, nem por remotas sombras poderia imaginar que está a
viver uma vida que já não deveria ser sua, que se as cousas fossem
como deveriam ser já estaria enterrado há pelo menos oito dias, e que o
cão negro andaria agora a correr a cidade como louco à procura do
dono, ou estaria sentado, sem comer nem beber, à entrada do prédios
esperando a volta dele. Por um instante a morte soltou-se a si mesma,
expandindo-se até às paredes, encheu o quarto todo e alongou-se como
um fluido até à sala contígua, aí uma parte de si deteve-se a olhar o
caderno que estava aberto sobre uma cadeira, era a suite número seis
opus mil e doze em ré maior de johann sebastian bach composta em
cöthen e não precisou de ter aprendido música para saber que ela havia
sido escrita, como a nona sinfonia de beethoven, na tonalidade da
alegria, da unidade entre os homens, da amizade e do amor. Então
aconteceu algo nunca visto, algo não imagináVel, a morte deixou-se cair
de joelhos, era toda ela, agora, um corpo refeito, por isso é que tinha
joelhos, e pernas, e pés, e braços, e mãos, e uma cara que entre as mãos
se escondia, e uns ombros que tremiam não se sabe porquê, chorai não
será, não se pode pedir tanto a quem sempre deixa um rasto de
lágrimas por onde passa, mas nenhuma delas que seja sua. Assim como
estava, nem visível, nem invisível, nem esqueleto, nem mulher,
levantou-se do chão como um sopro e entrou no quarto. O homem não
se tinha mexido. A morte pensou, Já não tenho nada que fazer aqui,
vou-me embora, nem valia a pena ter vindo só para ver um homem e
um cão a dormirem, talvez estejam a sonhar um com o outro, o homem
com o cão, o cão com o homem, o cão a sonhar que já é manhã e que
está a pousar a cabeça ao lado da cabeça do homem, o homem a sonhar
que já é manhã e que o seu braço esquerdo cinge o corpo quente e
150
macio do cão e o aperta contra o peito. Ao lado do guarda-roupa
encostado a porta que daria acesso ao corredor está um sofá pequeno
onde a morte se foi sentar.
Não o havia decidido, mas foi-se sentar ali, naquele canto, talvez por
se ter lembrado do frio que a esta hora fazia na sala subterrânea dos
arquivos. Tem os olhos à altura da cabeça do homem, distingue-lhe o
perfil nitidamente desenhado sobre o fundo de vaga luminosidade
laranja que entra pela janela e repete consigo mesma que não há
nenhum motivo razoável para que continue ali, mas imediatamente
argumenta que sim, que há um motivo, e forte, porque esta é a única
casa da cidade, do país, do mundo inteiro, em que existe uma pessoa
que está a infringir a mais severa das leis da natureza, essa que tanto
impõe a vida como a morte, que não te perguntou se querias viver, que
não te perguntara se queres morrer.
Este homem está morto, pensou, todo aquele que tiver de morrer já
vem morto de antes, só precisa que eu o empurre de leve com o polegar
ou lhe mande a carta de cor violeta que não se pode recusar. Este
homem não está morto, pensou, despertará daqui a poucas horas,
levantar-se-á como todos os outros dias, abrirá a porta do quintal para
que o cão se vá livrar do que lhe sobra no corpo, tomará a refeição da
manhã, entrará no quarto de banho donde sairá aliviado, lavado e
barbeado, talvez vá à rua levando o cão para comprarem juntos o jornal
no quiosque da esquina, talvez se sente diante do atril e toque unia vez
mais as três peças de schumann, talvez depois pense na morte como é
obrigatório fazerem-no todos os seres humanos, porém ele não sabe que
neste momento é como se fosse imortal porque esta morte que o olha
não sabe como o há-de matar. o homem mudou de postura, virou as
costas ao guarda-roupa que condenava a porta e deixou escorregar o
151
braço direito para o lado do cão. um minuto depois estava acordado.
Tinha sede. Acendeu o candeeiro da mesa-de-cabeceira, levantou-se,
enfiou nos pés os chinelos que, como sempre, estavam debaixo da
cabeça do cão, e foi à cozinha. A morte seguiu-o. o homem deitou água
para um copo e bebeu. o cão apareceu nesta altura, matou a sede no
bebedouro ao lado da porta que dá para o quintal e depois levantou a
cabeça para o dono. Queres sair, claro, disse o violoncelista. Abriu a
porta e esperou que o animal voltasse. No copo tinha ficado um pouco
de água. A morte olhou-a, fez um esforço para imaginar o que seria ter
sede, mas não o conseguiu. Também não o teria conseguido quando
teve de matar pessoas à sede no deserto, mas então nem sequer o havia
tentado. O animal já regressava, abanando o rabo. Vamos dormir, disse
o homem. Voltaram ao quarto, o cão deu duas voltas sobre si mesmo e
deitou-se enroscado. o homem tapou-se até ao pescoço, tossiu duas
vezes e daí a pouco entrou no sono. sentada no seu canto, a morte
olhava. Muito mais tarde, o cão levantou-se do tapete e subiu para o
sofá. Pela primeira vez na sua vida a morte soube o que era ter um cão
no regaço.
Momentos de fraqueza na vida qualquer um os poderá ter, e, se hoje
passámos sem eles, tenhamo-los por certos amanhã. Assim como por
detrás da brônzea couraça de aquiles se viu que pulsava um coração
sentimental, bastará que recordemos a dor de cotovelo padecida pelo
herói durante dez anos depois de que agamémnon lhe tivesse roubado
a sua bem-amada, a cativa briseida, e logo aquela terrível cólera que o
fez voltar à guerra gritando em voz estentória contra os troianos
quando o seu amigo pátroclo foi morto por heitor, também na mais
impenetrável de todas as armaduras até hoje forjadas e com promessa
152
de que assim irá continuar até à definitiva consumação dos séculos, ao
Читать дальшеИнтервал:
Закладка:
Похожие книги на «As Intermitências da Morte»
Представляем Вашему вниманию похожие книги на «As Intermitências da Morte» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё непрочитанные произведения.
Обсуждение, отзывы о книге «As Intermitências da Morte» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.