José Saramago - As Intermitências da Morte
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derrota é a que mais custa. depois habituamo-nos, em todo o caso não
leve a mal que lhe diga oxalá não seja a última, e não é por espírito de
vingança, que bem pobre vingança seria ela, seria assim como deitar a
língua de fora ao carrasco que nos vai cortar a cabeça, a falar verdade,
nós, os humanos, não podemos fazer muito mais que deitar a língua de
fora ao carrasco que nos vai cortar a cabeça, deve ser por isso que sinto
uma enorme curiosidade em saber como irá sair da embrulhada em que
a meteram, com essa história da carta que vai e vem e desse violon-
celista que não poderá morrer aos quarenta e nove anos porque já
cumpriu os cinquenta. A morte fez um gesto impaciente, sacudiu
secamente do ombro a mão fraternal que ali tínhamos pousado e
levantou-se da cadeira. Agora parecia mais alta, com mais corpo, uma
senhora morte como se quer, capaz de fazer tremer o chão debaixo dos
pés, com a mortalha a arrastar levantando fumo a cada passo. A morte
está zangada. E a altura de lhe deitarmos a língua de fora.
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Salvo alguns raros casos, como os daqueles citados moribundos de
olhar penetrante que a enxergaram aos pés da cama com o aspecto
clássico de um fantasma envolto em panos brancos ou, como a proust
parece ter sucedido, na figura de uma mulher gorda vestida de preto, a
morte é discreta, prefere que não se dê pela sua presença, especialmente
se as circunstâncias a obrigam a sair à rua. Em geral crê-se que a morte,
sendo, como gostam de afirmar alguns, a cara de uma moeda de que
deus, no outro lado, é a cruz, será, como ele, por sua própria natureza,
invisível. Não é bem assim. somos testemunhas fidedignas de que a
morte é um esqueleto embrulhado num lençol, mora numa sala fria em
companhia de uma velha e ferrugenta gadanha que não responde a
perguntas, rodeada de paredes caiadas ao longo das quais se arrumam,
entre teias de aranha, umas quantas dúzias de ficheiros com grandes
gavetões recheados de verbetes. Compreende-se portanto que a morte
não queira aparecer às pessoas naquele preparo, em primeiro lugar por
razões de estética pessoal, em segundo lugar para que os infelizes
transeuntes não se finem de susto ao darem de frente com aquelas
grandes órbitas vazias no virar de uma esquina. Em público, sim, a
morte torna-se invisível, mas não em privado, como o puderam
comprovar, no momento crítico, o escritor marcel proust e os mori-
bundos de vista penetrante. Já o caso de deus é diferente. Por muito que
se esforçasse nunca conseguiria tornar-se visível aos olhos humanos, e
não é porque não fosse capaz, uma vez que a ele nada é impossível, é
simplesmente porque não saberia que cara pôr para se apresentar aos
seres que se supõe ter criado, sendo o mais provável que não os
reconhecesse, ou então, talvez ainda pior, que não o reconhecessem eles
a ele. Há também quem diga que, para nós, é uma grande sorte que
deus não queira aparecer-nos por aí, porque o pavor que temos da
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morte seria como uma brincadeira de crianças ao lado do susto que
apanharíamos se tal acontecesse. Enfim, de deus e da morte não se têm
contado senão histórias, e esta não é mais que uma delas.
Temos portanto que a morte decidiu ir à cidade. Despiu o lençol, que
era toda a roupa que levava em cima, dobrou-o cuidadosamente e
pendurou-o nas costas da cadeira onde a temos visto sentar-se.
Exceptuando esta cadeira e a mesa, exceptuando também os ficheiros e
a gadanha, não há nada mais na sala, salvo aquela porta estreita que
não sabemos para onde vai dar. Sendo aparentemente a única saída,
seria lógico pensar que por ali é que a morte irá à cidade, porém não
será assim. sem o lençol, a morte perdeu outra vez altura, terá, quando
muito, em medidas humanas, um metro e sessenta e seis ou sessenta e
sete, e, estando nua, sem um fio de roupa em cima, ainda mais pequena
nos parece, quase um esqueletozinho de adolescente. Ninguém diria
que esta é a mesma morte que com tanta violência nos sacudiu a mão
do ombro quando, movidos de uma imerecida piedade, a pretendemos
consolar do seu desgosto. Realmente, não há nada no mundo mais nu
que um esqueleto. Em vida, anda duplamente vestido, primeiro pela
carne com que se tapa, depois, se as não tirou para banhar-se ou para
actividades mais deleitosas, pelas roupas com que a dita carne gosta de
cobrir-se. Reduzido ao que em realidade é, o travejamento meio descon-
juntado de alguém que há muito tempo tinha deixado de existir, não lhe
falta mais que desaparecer. E isso é justamente o que lhe está a
acontecer, da cabeça aos pés. Perante os nossos atónitos olhos os ossos
estão a perder a consistência e a dureza, a pouco e pouco vão-se-lhes
esbatendo os contornos, o que era sólido torna-se gasoso, espalha-se em
todos os sentidos como uma neblina ténue, é como se o esqueleto
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estivesse a evaporar-se, agora já não é mais que um esboço impreciso
através do qual se pode ver a gadanha indiferente, e de repente a morte
deixou de estar, estava e não está, ou está, mas não a vemos, ou nem
isso, atravessou simplesmente o tecto da sala subterrânea, a enorme
massa de terra que está por cima, e foi-se embora, como em seu foro
íntimo havia decidido depois de que a carta de cor violeta lhe foi
devolvida pela terceira vez. sabemos aonde vai. Não poderá matar o
violoncelista, mas quer vê-lo, tê-lo diante dos olhos, tocar-lhe sem que
ele se aperceba. Tem a certeza de que há-de descobrir a maneira de o
liquidar num dia destes sem infringir demasiado os regulamentos, mas
entretanto saberá quem é esse homem a quem os avisos de morte não
lograram alcançar, que poderes tem, se é esse o caso, ou se, como um
idiota inocente, continua a viver sem que lhe passe pela cabeça que já
deveria estar morto. Aqui encerrados, nesta fria sala sem janelas e com
uma porta estreita que não se sabe para que servirá, não tínhamos dado
por quão rápido passa o tempo. são três horas dadas da madrugada, a
morte já deve estar em casa do violoncelista.
Assim é. um das cousas que sempre mais fatigam a morte é o esforço
que tem de fazer sobre si mesma quando não quer ver tudo aquilo que
em todos os lugares, simultaneamente, se lhe apresenta diante dos
olhos. Também neste particular se parece muito a deus. Vejamos.
Embora, em realidade, o facto não se inclua entre os dados verificáveis
da experiência sensorial humana, fomos habituados a crer, desde
crianças, que deus e a morte, essas eminências supremas, estão ao
mesmo tempo em toda a parte, isto é, são omnipresentes, palavra, como
tantas outras, mestiça de latim e grego. Em verdade, porém, é bem
possível que, ao pensá-lo, e talvez mais ainda quando o expressamos,
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considerando a ligeireza com que as palavras nos costumam sair da
boca para fora, não tenhamos uma clara consciência do que isso poderá
significar. É fácil dizer que deus está em toda a parte e que a morte em
toda a parte está, mas pelos vistos não reparamos que, se realmente
estão em toda a parte, então por força, em todas as infinitas partes em
que se encontrem, em toda a parte vêem tudo quanto lá houver para
ver. De deus, que por obrigações de cargo está ao mesmo tempo no
universo todo, porque de outro modo não teria qualquer sentido havê-
lo criado, seria uma ridícula pretensão esperar que mostrasse um
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