José Saramago - As Intermitências da Morte
Здесь есть возможность читать онлайн «José Saramago - As Intermitências da Morte» весь текст электронной книги совершенно бесплатно (целиком полную версию без сокращений). В некоторых случаях можно слушать аудио, скачать через торрент в формате fb2 и присутствует краткое содержание. Год выпуска: 0101, Жанр: Старинная литература, на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале библиотеки ЛибКат.
- Название:As Intermitências da Morte
- Автор:
- Жанр:
- Год:0101
- ISBN:нет данных
- Рейтинг книги:4 / 5. Голосов: 1
-
Избранное:Добавить в избранное
- Отзывы:
-
Ваша оценка:
- 80
- 1
- 2
- 3
- 4
- 5
As Intermitências da Morte: краткое содержание, описание и аннотация
Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «As Intermitências da Morte»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.
As Intermitências da Morte — читать онлайн бесплатно полную книгу (весь текст) целиком
Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «As Intermitências da Morte», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.
Интервал:
Закладка:
sanduíches e outras minudências alimentícias de natureza semelhante.
sempre que vinha a este parque pela manhã, o violoncelista era cliente e
não variava na encomenda que fazia. Duas sanduíches de atum com
maionese e um copo de vinho para si, uma sanduíche de carne mal
passada para o cão. se o tempo estava agradável, como hoje, sentavam-
se no chão, à sombra de uma árvore, e, enquanto comiam, conversavam.
o cão guardava sempre o melhor para o fim, começava por despachar as
fatias de pão e só depois é que se entregava aos prazeres da carne,
mastigando sem pressa, conscientemente, saboreando os sucos.
Distraído, o violoncelista comia como calhava, pensava na suite em ré
maior de bach, no prelúdio, uma certa passagem levada dos diabos em
que lhe acontecia deter-se algumas vezes, hesitar, duvidar, que é o pior
que pode suceder na vida a um músico. Depois de acabarem de comer,
estenderam-se um ao lado do outro, o violoncelista dormitou um
pouco, o cão já estava a dormir um minuto antes. Quando acordaram e
voltaram para casa, a morte foi com eles. Enquanto o cão corria ao
quintal para descarregar a tripa, o violoncelista pós a suite de bach no
atril, abriu-a na passagem escabrosa, um pianíssimo absolutamente
diabólico, e a implacável hesitação repetiu-se. A morte teve pena dele,
Coitado, o pior é que não vai ter tempo para conseguir, aliás, nunca o
176
têm, mesmo os que chegaram perto sempre ficaram longe. Então, pela
primeira vez, a morte reparou que em toda a casa não havia um único
retrato de mulher, salvo de uma senhora de idade que tinha todo o ar
de ser a mãe e que estava acompanhada por um homem que devia ser o
pai.
Tenho um grande favor a pedir-te, disse a morte. Como sempre, a
gadanha não respondeu, o único sinal de ter ouvido foi um estremeci-
mento pouco mais que perceptível, uma expressão geral de desconcerto
físico, posto que jamais haviam saído daquela boca semelhantes
palavras, pedir um favor, e ainda por cima grande. Vou ter de estar fora
durante uma semana, continuou a morte, e necessito que durante esse
tempo me substituas no despacho das cartas, evidentemente não te
estou a pedir que as escrevas, apenas que as envies, só terás de emitir
uma espécie de ordem mental e fazer vibrar um poucochinho a tua
lâmina por dentro, assim como um sentimento, uma emoção, qualquer
cousa que mostre que estás viva, isso bastará para que as cartas sigam
para o seu destino. A gadanha manteve-se calada, mas o silêncio
equivalia a uma pergunta. É que não posso estar sempre a entrar e a sair
para tratar do correio, disse a morte, tenho de me concentrar totalmente
na resolução do problema do violoncelista, descobrir a maneira de lhe
entregar a maldita carta. A gadanha esperava. A morte prosseguiu, A
minha ideia é esta, escrevo de uma assentada todas as cartas referentes
à semana em que estarei ausente, procedimento que me permito a mim
mesma usar considerando o carácter excepcional da situação, e, tal
como já disse, tu só terás de as enviar, nem precisarás de sair de onde
estás, aí encostada à parede, repara que estou a ser simpática, peço-te
um favor de amiga quando poderia muito bem, sem contemplações,
177
dar-te uma simples ordem, o facto de nos últimos tempos ter deixado
de me aproveitar de ti não significa que não continues ao meu serviço. o
silêncio resignado da gadanha confirmava que assim era. Então estamos
de acordo, concluiu a morte, dedicarei este dia a escrever as cartas,
calculo que venham a ser umas duas mil e quinhentas, imagina só,
tenho a certeza de que chegarei ao fim do trabalho com o pulso aberto,
deixo-tas arrumadas em cima da mesa, em grupos separados, da
esquerda para a direita, não te equivoques, da esquerda para a direita,
repara bem, desde aqui até aqui, arranjar-me-ias outra complicação dos
diabos se as pessoas recebessem fora de tempo as suas notificações,
quer para mais, quer para menos. Diz-se que quem cala, consente. A
gadanha havia calado, portanto tinha consentido. Envolvida no seu
lençol, com o capuz atirado para trás a fim de desafogar a visão, a morte
sentou-se a trabalhar. Escreveu, escreveu, passaram as horas e ela a
escrever, e eram as cartas, e eram os sobrescritos, e era dobrá-las, e era
fechá-los, perguntar-se-á como o conseguia se não tem língua nem de
onde lhe venha a saliva, isso, meus caros senhores, foi nos felizes
tempos do artesanato, quando ainda vivíamos nas cavernas de uma
modernidade que mal começava a despontar, agora os sobrescritos são
dos chamados autocolantes, retira-se-lhes a tirinha de papel, e já está,
dos múltiplos empregos que a língua tinha, pode dizer-se que este
passou à história. A morte só não chegou ao fim com o pulso aberto
depois de tão grande esforço porque, em verdade, aberto já ela o tem
desde sempre. são modos de falar que se nos pegam à linguagem,
continuamos a usá-los mesmo depois de se terem desviado há muito do
sentido original, e não nos damos conta de que, por exemplo, no caso
desta nossa morte que por aqui tem andado em figura de esqueleto, o
pulso já lhe veio aberto de nascença, basta ver a radiografia. o gesto de
178
despedida fez desaparecer no hiperespaço os duzentos e oitenta e tal
sobrescritos de hoje, porquanto será só a partir de amanhã que a
gadanha principiará a desempenhar as funções de expedidora postal
que acabavam de ser-lhe confiadas. sem pronunciar uma palavra, nem
adeus, nem até logo, a morte levantou-se da cadeira, dirigiu-se à única
porta existente na sala, aquela portazinha estreita a que tantas vezes nos
referimos sem a menor ideia de qual pudesse ser a sua serventia, abriu-
a, entrou e tornou a fechá-la atrás de si. A emoção fez com que a
gadanha experimentasse ao longo da lâmina, até ao bico, até à ponta
extrema, uma fortíssima vibração. Nunca, de memória de gadanha,
aquela porta havia sido utilizada.
As horas passaram, todas as que foram necessárias para que o sol
nascesse lá fora, não aqui nesta sala branca e fria, onde as pálidas
lâmpadas, sempre acesas, pareciam ter sido postas ali para espantar as
sombras a um morto que tivesse medo da escuridão. Ainda é cedo para
que a gadanha emita a ordem mental que fará desaparecer da sala o
segundo monte de cartas, poderá, portanto, dormir um pouco mais. Isto
é o que costumam dizer os insones que não pregaram olho em toda a
noite, mas que, pobres deles, julgam ser capazes de iludir o sono só
porque lhe pedem um pouco mais, apenas um pouco mais, eles a quem
nem um minuto de repouso lhes havia sido concedido. sozinha, durante
todas aquelas horas, a gadanha procurou uma explicação para o insólito
facto de a morte ter saído por uma porta cega que, desde o momento
em que a tinham colocado ali, parecia condenada para o fim dos
tempos. Por fim desistiu de dar voltas à cabeça, mais tarde ou mais cedo
terá de acabar por saber o que está a passar-se ali atrás, pois é
praticamente impossível que haja segredos entre a morte e a gadanha
179
como também os não há entre a foice e a mão que a empunha. Não teve
de esperar muito. Meia hora teria passado num relógio quando a porta
se abriu e uma mulher apareceu no limiar. A gadanha tinha ouvido
dizer que isto podia acontecer, transformar-se a morte em um ser
humano, de preferência mulher por essa cousa dos géneros, mas
Читать дальшеИнтервал:
Закладка:
Похожие книги на «As Intermitências da Morte»
Представляем Вашему вниманию похожие книги на «As Intermitências da Morte» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё непрочитанные произведения.
Обсуждение, отзывы о книге «As Intermitências da Morte» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.