José Saramago - As Intermitências da Morte
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de carpideiras, a fazer funerais a cães, gatos e canários, alguma vez uma
catatua, uma tartaruga catatónica, um esquilo domesticado, um lagarto
de estimação que o dono tinha o costume de levar ao ombro. Nunca
caímos tão baixo, diziam. Agora o futuro apresentava-se forte e risonho,
as esperanças floresciam como canteiros de jardim, podendo até dizer-
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se, arriscando o óbvio paradoxo, que para a indústria dos enterros havia
despontado finalmente uma nova vida. E tudo isto graças aos bons
préstimos e à inesgotável caixa-forte da máphia. Ela subsidiou as
agências da capital e de outras cidades do país para que instalassem
filiais, a troco de compensações, claro está, nas localidades mais
próximas das fronteiras, ela tomou providências para que houvesse
sempre um médico à espera do falecido quando ele reentrasse no
território e precisasse de alguém para dizer que estava morto, ela
estabeleceu convénios com as administrações municipais para que os
enterros a seu cargo tivessem prioridade absoluta, fosse qual fosse a
hora do dia ou da noite em que lhe conviesse fazê-los. Tudo isto custava
muito dinheiro, naturalmente, mas o negócio continuava a valer a pena,
agora que os adicionais e os serviços extras tinham passado a constituir
o grosso da factura. De repente, sem avisar, fechou-se a torneira donde
havia estado brotando, constante, o generoso manancial de padecentes
terminais. Parecia que as famílias, por um rebate de consciência, tinham
passado palavra umas às outras, que se acabou isso de mandar os entes
queridos a morrer longe, se, em sentido figurado, lhes tínhamos comido
a carne, também agora os ossos lhes haveremos de comer, que não
estávamos aqui só para as horas boas, quando ele ou ela tinham a força
e a saúde intactas, estamos igualmente para as horas más e para as
horas péssimas, quando ela ou ele não são mais que um trapo fedorento
que é inútil lavar. As agências funerárias transitaram da euforia ao
desespero, outra vez a ruína, outra vez a humilhação de enterrar
canários e gatos, cães e a restante bicharada, a tartaruga, a catatua, o
esquilo, o lagarto não, porque não existia outro que se deixasse levar ao
ombro do dono. Tranquila, sem perder os nervos, a máphia foi ver o
que se passava. Era simples. Disseram-lhe as familias, quase sempre em
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meias palavras, dando só a entender, que uma cousa tinha sido o tempo
da clandestinidade, quando os entes queridos eram levados a ocultas,
pela calada da noite, e os vizinhos não tinham precisão nenhuma de
saber se permaneciam no seu leito de dor, ou se se tinham evaporado.
Era fácil mentir, dizer compungidamente, Coitadinho, lá está, quando a
vizinha perguntasse no patamar da escada, E então como vai o
avôzinho. Agora tudo seria diferente, haveria uma certidão de óbito,
haveria chapas com nomes e apelidos nos cemitérios, em poucas horas a
invejosa e maledicente vizinhança saberia que o avôzinho tinha morrido
da única maneira que se podia morrer, e que isso significava,
simplesmente, que a própria cruel e ingrata família o havia despachado
para a fronteira. Dá-nos muita vergonha, confessaram. A máphia ouviu,
ouviu, e disse que ia pensar. Não tardou vinte e quatro horas. seguindo
o exemplo do ancião da página quarenta e três, os mortos tinham
querido morrer, portanto seriam registados como suicidas na certidão
de óbito. A torneira tornou a abrir-se.
Nem tudo foi tão sórdido neste país em que não se morre como o
que acabou de ser relatado, nem em todas as parcelas de uma sociedade
dividida entre a esperança de viver sempre e o temor de não morrer
nunca conseguiu a voraz máphia cravar as suas garras aduncas,
corrompendo almas, submetendo corpos, emporcalhando o pouco que
ainda restava dos bons princípios de antanho, quando um sobrescrito
que trouxesse dentro algo que cheirasse a suborno era no mesmo
instante devolvido à procedência, levando uma resposta firme e clara,
algo assim como, Compre brinquedos para os seus filhos com esse
dinheiro, ou, Deve ter-se equivocado no destinatário. A dignidade era
então uma forma de altivez ao alcance de todas as classes. Apesar de
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tudo, apesar dos falsos suicidas e dos sujos negócios da fronteira, o
espírito de aqui continuava a pairar sobre as águas, não as do mar
oceano, que esse banhava outras terras longe, mas sobre os lagos e os
rios, sobre as ribeiras e os regatos, nos charcos que a chuva deixava ao
passar, no luminoso fundo dos poços, que é onde melhor se percebe a
altura a que está o céu, e, por mais extraordinário que pareça, também
sobre a superfície tranquila dos aquários. Precisamente, foi quando,
distraído, olhava o peixinho vermelho que viera boquejar à tona de
água e quando se perguntava, já menos distraído, desde há quanto
tempo é que não a renovava, bem sabia o que queria dizer o peixe
quando uma vez e outra subia a romper a delgadíssima película em que
a água se confunde com o ar, foi precisamente nesse momento reve-
lador que ao aprendiz de filósofo se lhe apresentou, nítida e nua, a
questão que iria dar origem à mais apaixonante e acesa polémica que se
conhece de toda a história deste país em que não se morre. Eis o que o
espírito que pairava sobre a água do aquário perguntou ao aprendiz de
filósofo, Já pensaste se a morte será a mesma para todos os seres vivos,
sejam eles animais, incluindo o ser humano, ou vegetais, incluindo a
erva rasteira que se pisa e a sequoia dendron giganteum com os seus
cem metros de altura, será a mesma a morte que mata um homem que
sabe que vai morrer, e um cavalo que nunca o saberá. E tornou a
perguntar, Em que momento morreu o bicho-da-seda depois de se ter
fechado no casulo e posto a tranca à porta, como foi possível ter nascido
a vida de uma da morte da outra, a vida da borboleta da morte da
lagarta, e serem o mesmo diferentemente, ou não morreu o bicho-da-
seda porque está vivo na borboleta. o aprendiz de filósofo respondeu, o
bicho-da-seda não morreu, a borboleta é que morrerá, depois de deso-
var, Já o sabia eu antes que tu tivesses nascido, disse o espírito que paira
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sobre as águas do aquário, o bicho-da-seda não morreu, dentro do
casulo não ficou nenhum cadáver depois de a borboleta ter saído, tu o
disseste, um nasceu da morte do outro, Chama-se metamorfose, toda a
gente sabe de que se trata, disse condescendente o aprendiz de filósofo,
Aí está uma palavra que soa bem, cheia de promessas e certezas, dizes
metamorfose e segues adiante, parece que não vês que as palavras são
rótulos que se pegam às cousas, não são as cousas, nunca saberás como
são as cousas, nem sequer que nomes são na realidade os seus, porque
os nomes que lhes deste não são mais do que isso, os nomes que lhes
deste, Qual de nós dois é o filósofo, Nem eu nem tu, tu não passas de
um aprendiz de filosofia, e eu apenas sou o espírito que paira sobre a
água do aquário, Falávamos da morte, Não da morte, das mortes,
perguntei por que razão não estão morrendo os seres humanos, e os
outros animais, sim, por que razão a não-morte de uns não é a não-
morte de outros, quando a este peixinho vermelho se lhe acabar a vida,
e tenho que avisar-te que não tardará muito se não lhe mudares a água,
serás tu capaz de reconhecer na morte dele aquela outra morte de que
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