José Saramago - As Intermitências da Morte

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agora pareces estar a salvo, ignorando porquê, Antes, no tempo em que

se morria, nas poucas vezes que me encontrei diante de pessoas que

haviam falecido, nunca imaginei que a morte delas fosse a mesma de

que eu um dia viria a morrer, Porque cada um de vós tem a sua própria

morte, transporta-a consigo num lugar secreto desde que nasceu, ela

pertence-te, tu pertences-lhe, E os animais, e os vegetais, suponho que

com eles se passará o mesmo, Cada qual com a sua morte, Assim é,

Então as mortes são muitas, tantas como os seres vivos que existiram,

existem e existirão, De certo modo, sim, Estás a contradizer-te,

exclamou o aprendiz de filósofo, As mortes de cada um são mortes por

assim dizer de vida limitada, subalternas, morrem com aquele a quem

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mataram, mas acima delas haverá outra morte maior, aquela que se

ocupa do conjunto dos seres humanos desde o alvorecer da espécie, Há

portanto uma hierarquia, suponho que sim, E para os animais, desde o

mais elementar protozoário à baleia azul, Também, E para os vegetais,

desde o bacteriófito à sequóia gigante, esta citada antes em latim por

causa do tamanho, Tanto quanto creio saber, o mesmo se passa com

todos eles, Isto é, cada um com a sua morte própria, pessoal e intrans-

missível, sim, E depois mais duas mortes gerais, uma para cada reino da

natureza, Exacto, E acaba-se aí a distribuição hierárquica das compe-

tências delegadas por tânatos, perguntou o aprendiz de filósofo, Até

onde a minha imaginação consegue chegar, ainda vejo uma outra

morte, a última, a suprema, Qual, Aquela que haverá de destruir o

universo, essa que realmente merece o nome de morte, embora quando

isso suceder já não se encontre ninguém aí para pronunciá-lo, o resto de

que temos estado a falar não passa de pormenores ínfimos, de insigni-

ficâncias, Portanto, a morte não é única, Concluiu desnecessariamente o

aprendiz de filósofo, É o que já estou cansado de te explicar, Quer dizer,

uma morte, aquela que era nossa, suspendeu a actividade, as outras, as

dos animais e dos vegetais, continuam a operar, são independentes,

cada uma trabalhando no seu sector, Já estás convencido, sim, Vai então

e anuncia-o a toda a gente, disse o espírito que pairava sobre a água do

aquário. E foi assim que a polémica começou.

o primeiro argumento contra a ousada tese do espírito que pairava

sobre a água do aquário foi que o seu porta-voz não era filósofo

encartado, mas um mero aprendiz que nunca havia ido além de alguns

escassos rudimentos de manual, quase tão elementares como o

protozoário, e, como se isso ainda fosse pouco, apanhados aqui e além,

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aos retalhos, soltos, sem agulha e linha que os unisse entre si ainda que

as cores e as formas contendessem umas com as outras, enfim, uma

filosofia do que poderia chamar-se a escola arlequinesca, ou ecléctica. A

questão, porém, não estava tanto aí. É certo que o essencial da tese

havia sido obra do espírito que pairava sobre a água do aquário, porém,

bastará tomar a ler o diálogo desenvolvido nas duas páginas anteriores

para reconhecer que a contribuição do aprendiz de filosofias também

teve a sua influência na gestação da interessante ideia, pelo menos na

qualidade de ouvinte, factor dialéctico indispensável desde sócrates,

como é por de mais sabido. Algo, pelo menos, não podia ser negado,

que os seres humanos não morriam, mas os outros animais sim.

Quanto aos vegetais, qualquer pessoa, mesmo sem saber nada de

botânica, reconheceria sem dificuldade que, tal como antes, nasciam,

verdeavam, mais adiante murchavam, logo secavam, e se a essa fase

final, com podridão ou sem ela, não se lhe deveria chamar morrer,

então que viesse alguém que o explicasse melhor. Que as pessoas daqui

não estejam a morrer, mas todos os outros seres vivos sim, diziam

alguns objectores, só há que vê-lo como demonstração de que o normal

ainda não se retirou de todo do mundo, e o normal, escusado seria dizê-

lo, é, pura e simplesmente, morrer quando nos chegou a hora. Morrer e

não pôr-se a discutir se a morte já era nossa de nascença, ou se apenas ia

a passar por ali e lhe deu para reparar em nós. Nos restantes países

continua a morrer-se e não parece que os seus habitantes sejam mais

infelizes por isso. Ao princípio, como é natural, houve invejas, houve

conspirações, deu-se um ou outro caso de tentativa de espionagem

científica para descobrir como o havíamos conseguido, mas, à vista dos

problemas que desde então nos caíram em cima, cremos que o senti-

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mento da generalidade da população desses países se poderá traduzir

por estas palavras, Do que nós nos livrámos.

A igreja, como não podia deixar de ser, saiu à arena do debate

montada no cavalo-de-batalha do costume, isto é, os desígnios de deus

são o que sempre foram, inescrutáveis, o que, em termos correntes e

algo manchados de impiedade verbal, significa que não nos é permitido

espreitar pela frincha da porta do céu para ver o que se passa lá dentro.

Dizia também a igreja que a suspensão temporal e mais ou menos

duradoura de causas e efeitos naturais não era propriamente uma

novidade, bastaria recordar os infinitos milagres que deus havia

permitido se fizessem nos últimos vinte séculos, a única diferença do

que se passa agora está na amplitude do prodígio, pois que o que antes

tocava de preferência o indivíduo, pela graça da sua fé pessoal, foi

substituído por uma atenção global, não personalizada, um país inteiro

por assim dizer possuidor do elixir da imortalidade, e não somente os

crentes, que como é lógico esperam ser em especial distinguidos, mas

também os ateus, os agnósticos, os heréticos, os relapsos, os incréus de

toda a espécie, os afeiçoados a outras religiões, os bons, os maus e os

piores, os virtuosos e os maphiosos, os verdugos e as vítimas, os

polícias e os ladrões, os assassinos e os dadores de sangue, os loucos e

os sãos de juízo, todos, todos sem excepção, eram ao mesmo tempo as

testemunhas e os beneficiários do mais alto prodígio alguma vez obser-

vado na história dos milagres, a vida eterna de um corpo eternamente

unida à eterna vida da alma. A hierarquia católica, de bispo para cima,

não achou nenhuma graça a estes chistes místicos de alguns dos seus

quadros médios sedentos de maravilhas, e fê-lo saber por meio de uma

muito firme mensagem aos fiéis, na qual, além da inevitável referência

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aos impenetráveis desígnios de deus, insistia na ideia que já havia sido

expressa de improviso pelo cardeal logo às primeiras horas da crise na

conversação telefónica que tivera com o primeiro-ministro, quando,

imaginando-se papa e rogando a deus que lhe perdoasse a estulta

presunção, tinha proposto a imediata promoção de uma nova tese, a da

morte adiada, fiando-se na tantas vezes louvada sabedoria do tempo,

aquela que nos diz que sempre haverá um amanhã qualquer para

resolver os problemas que hoje pareciam não ter solução. Em carta ao

director do seu jornal preferido, um leitor declarava-se disposto a

aceitar a ideia de que a morte havia decidido adiar-se a si mesma, mas

solicitava, com todo o respeito, que lhe dissessem como o tinha sabido a

igreja, e, se realmente estava tão bem informada, então também deveria

saber quanto tempo iria durar o adiamento. Em nota da redacção, o

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