José Saramago - As Intermitências da Morte
Здесь есть возможность читать онлайн «José Saramago - As Intermitências da Morte» весь текст электронной книги совершенно бесплатно (целиком полную версию без сокращений). В некоторых случаях можно слушать аудио, скачать через торрент в формате fb2 и присутствует краткое содержание. Год выпуска: 0101, Жанр: Старинная литература, на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале библиотеки ЛибКат.
- Название:As Intermitências da Morte
- Автор:
- Жанр:
- Год:0101
- ISBN:нет данных
- Рейтинг книги:4 / 5. Голосов: 1
-
Избранное:Добавить в избранное
- Отзывы:
-
Ваша оценка:
- 80
- 1
- 2
- 3
- 4
- 5
As Intermitências da Morte: краткое содержание, описание и аннотация
Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «As Intermitências da Morte»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.
As Intermitências da Morte — читать онлайн бесплатно полную книгу (весь текст) целиком
Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «As Intermitências da Morte», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.
Интервал:
Закладка:
mais ou de menos já nos havíamos apercebido nas outras negociações,
aquelas em que, por assim dizer, se jogaram os vigilantes aos dados. E
também não se pode pensar que se tratou, como no outro caso, de
transacções simplesmente bilaterais. Além da máphia deste país em que
não se morre, participaram igualmente nas conversações as máphias
dos países limítrofes, pois essa era a única maneira de resguardar a
independência de cada organização criminosa no quadro nacional em
que operava e do seu respectivo governo. Não teria qualquer aceitação,
seria mesmo absolutamente repreensível, que a máphia de um desses
países se pusesse a negociar em directo com a administração de outro
país. Apesar de tudo, as cousas ainda não chegaram a esse ponto, tem-
no impedido até agora, como um último pudor, o sacrossanto princípio
da soberania nacional, tão importante para as máphias como para os
governos, o que, sendo mais ou menos óbvio no que a estes respeita,
seria bastante duvidoso em relação àquelas associações criminosas se
não tivéssemos presente com que ciumenta brutalidade costumam elas
defender os seus territórios das ambições hegemónicas dos seus colegas
de ofício. Coordenar tudo isto, conciliar o geral com o particular, equi-
librar os interesses de uns com os interesses dos outros, não foi tarefa
fácil, o que explica que durante duas longas e aborrecidas semanas de
espera os soldados tivessem passado o tempo a insultar-se pelos
altifalantes, tendo em todo o caso o cuidado de não ultrapassar certos
limites, de não exagerar no tom, não fosse a ofensa subir à cabeça de
algum tenente-coronel susceptível e arder tróia. o que mais contribuiu
para complicar e demorar as negociações foi o facto de nenhuma das
máphias dos outros países dispor de vigilantes para fazer com eles o
que entendesse, faltando-lhes, consequentemente, o irresistível meio de
61
pressão que tão bons resultados havia dado aqui. Embora este lado
obscuro das negociações não tenha chegado a transpirar, a não ser pelos
zunzuns de sempre, existem fortes presunções de que os comandos
intermédios dos exércitos dos países limítrofes, com o indulgente
beneplácito do ramo superior da hierarquia, se tenham deixado
convencer, só deus sabe a que preço, pela argumentação dos porta-
vozes das máphias locais, no sentido de fechar os olhos às
indispensáveis manobras de ir e vir, de avançar e recuar, em que a
solução do problema afinal consistia. Qualquer criança teria sido capaz
da ideia, mas, para a tornar efectiva, era necessário que, chegada à
idade a que chamamos da razão, tivesse ido bater à porta da secção de
recrutamento da máphia para dizer, Trouxe-me a vocação, cumpra-se
em mim a vossa vontade.
os amantes da concisão, do modo lacónico, da economia de
linguagem, decerto se estarão perguntando porquê, sendo a ideia assim
tão simples, foi preciso todo este arrazoado para chegarmos enfim ao
ponto crítico. A resposta também é simples, e vamos dá-la utilizando
um termo actual, moderníssimo, com o qual gostaríamos de ver
compensados os arcaísmos com que, na provável opinião de alguns,
temos salpicado de mofo este relato, Por mor do background. Dizendo
background, toda a gente sabe do que se trata, mas não nos faltariam
dúvidas se, em vez de background, tivéssemos chochamente dito plano
de fundo, esse aborrecível arcaísmo, ainda por cima pouco fiel à
verdade, dado que o background não é apenas o plano de fundo, é toda
a inumerável quantidade de planos que obviamente existem entre o
sujeito observado e a linha do horizonte. Melhor será então que lhe
chamemos enquadramento da questão. Exactamente, enquadramento
da questão, e agora que finalmente a temos bem enquadrada, agora sim,
62
chegou a altura de revelar em que consistiu o ardil da máphia para
obviar qualquer hipótese de um conflito bélico que só iria servir para
prejudicar os seus interesses. uma criança, já o havíamos dito antes,
poderia ter tido a ideia. A qual não era senão isto, passar para o outro
lado da fronteira o padecente e, uma vez falecido ele, voltar para trás e
enterrá-lo no materno seio da sua terra de origem. um xeque-mate
perfeito no mais rigoroso, exacto e preciso sentido da expressão. Como
se acaba de ver, o problema ficava resolvido sem desdouro para
qualquer das partes implicadas, os quatro exércitos, já sem motivo para
se manterem em pé de guerra na fronteira, podiam retirar-se à boa paz,
uma vez que o que a máphia se propunha fazer era simplesmente entrar
e sair, lembremos uma vez mais que os padecentes perdiam a vida no
mesmo instante em que os transportavam ao outro lado, a partir de
agora não precisarão de lá ficar nem um minuto, é só aquele tempo de
morrer, e esse, se sempre foi de todos o mais breve, um suspiro, e já
está, pode-se imaginar bem o que passou a ser neste caso, uma vela que
de repente se apaga sem ser preciso soprar-lhe. Nunca a mais suave das
eutanásias poderá vir a ser tão fácil e tão doce. O mais interessante da
nova situação criada é que a justiça do país em que não se morre se
encontra desprovida de fundamentos para actuar judicialmente contra
os enterradores, supondo que o quisesse de facto, e não só por se
encontrar condicionada pelo acordo de cavalheiros que o governo teve
de armar com a máphia. Não os pode acusar de homicídio porque,
tecnicamente falando, homicídio não há em realidade, e porque o
censurável acto, classifique-o melhor quem disso for capaz, se comete
em países estrangeiros, nem tão-pouco os pode incriminar por haver
enterrado mortos, uma vez que o destino deles é esse mesmo, e já é para
agradecer que alguém tenha decidido encarregar-se de um trabalho a
63
todos os títulos penoso, tanto do ponto de vista físico como do ponto de
vista anímico. Quando muito, poderia alegar que nenhum médico
esteve presente para certificar o óbito, que o enterramento não cumpriu
as formas prescritas para uma correcta inumação e que, como se tal caso
fosse inédito, a sepultura não só não está identificada como com toda a
certeza se lhe perderá o sítio quando cair a primeira bátega forte e as
plantas romperem tenras e alegres do húmus criador. Consideradas as
dificuldades e receando tombar no tremedal de recursos em que,
curtidos na tramóia, os astutos advogados da máphia a afundariam sem
dó nem piedade, a lei resolveu esperar com paciência a ver em que
parariam as modas.
Era, sem sombra de dúvida, a atitude mais prudente. o país
encontra-se agitado como nunca, o poder confuso, a autoridade diluída,
os valores em acelerado processo de inversão, a perda do sentido de
respeito cívico alastra a todos os sectores da sociedade, provavelmente
nem deus saberá aonde nos leva. Corre o rumor de que a máphia está a
negociar um outro acordo de cavalheiros com a indústria funerária com
vista a uma racionalização de esforços e a uma distribuição de tarefas, o
que significa, em linguagem de trazer por casa, que ela se encarrega de
fornecer os mortos, contribuindo as agências funerárias com os meios e
a técnica para enterrá-los. Também se diz que a proposta da máphia foi
acolhida de braços abertos pelas agências, já cansadas de malgastar o
seu saber de milénios, a sua experiência, o seu know how, os seus coros
Читать дальшеИнтервал:
Закладка:
Похожие книги на «As Intermitências da Morte»
Представляем Вашему вниманию похожие книги на «As Intermitências da Morte» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё непрочитанные произведения.
Обсуждение, отзывы о книге «As Intermitências da Morte» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.