José Eça de Queirós - A Relíquia

Здесь есть возможность читать онлайн «José Eça de Queirós - A Relíquia» весь текст электронной книги совершенно бесплатно (целиком полную версию без сокращений). В некоторых случаях можно слушать аудио, скачать через торрент в формате fb2 и присутствует краткое содержание. Жанр: Классическая проза, на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале библиотеки ЛибКат.

A Relíquia: краткое содержание, описание и аннотация

Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «A Relíquia»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.

A Relíquia — читать онлайн бесплатно полную книгу (весь текст) целиком

Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «A Relíquia», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.

Тёмная тема
Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

O Justino escutava-me, branco como os seus colarinhos, dando estalinhos tristes nos dedos; depois, em silêncio, estendeu-me uma a uma sobre a carteira, as oito moedas de ouro. Assim eu servi a minha Adélia.

Fugaz foi porém a minha glória!

Daí a dias, estando no Montanha, regalado, a gozar uma carapinhada, o criado veio avisar-me que uma mocinha trigueira e de xale, a Senhora Mariana, esperava por mim à esquina... Santo Deus! A Mariana era a criada da Adélia. E corri, a tremer, certo de que a minha bem-amada ficara sofrendo da sua abominável dor na sua branca ilharga. Pensei mesmo em começar o rosário das dezoito aparições de Nossa Senhora de Lurdes, que a Titi considera eficacíssimo em casos de pontada ou de touros tresmalhados...

— Há novidade, Mariana?

Ela levou-me para dentro de um pátio onde cheirava mal; e aí, com os olhos vermelhos, destraçando furiosamente o xale, rouca ainda da bulha que tivera com a Adélia, rompeu a contar-me cousas torpes, execrandas, sórdidas. A Adélia enganava-me! O Senhor Adelino não era sobrinho; era o querido, o chulo. Apenas eu saía, ele entrava; a Adélia dependurava-se-lhe do pescoço, num delírio; e chamavam-me então o carraça, o carola, o bode, vitupérios mais negros, cuspindo sobre o meu retrato. As oito libras tinham sido para o Adelino comprar fato de verão; e ainda sobrara para irem à feira de Belém, em tipóia descoberta, e de guitarra... A Adélia adorava-o com pieguice e com furor; cortava-lhe os calos; e os suspiros da sua impaciência, quando ele tardava, lembravam o bramar das cervas, nos matos quentes, em maio!... Duvidava eu? Queria uma evidência? Que fosse nessa noite, tarde, depois de uma hora, bater à portinha da Adélia!

Lívido, apoiado ao muro, eu mal sabia se o cheiro que me sufocava vinha do canto escuro do pátio, se das imundícies que borbulhavam da boca da Mariana, como de um cano de esgoto rebentado. Limpei o suor, murmurei, a desfalecer:

— Está bom Mariana, obrigadinho; eu verei; vá com Deus...

Cheguei à casa tão sombrio, tão murcho, que a Titi perguntou-me, com um risinho, se eu «malhara abaixo da égua».

— Da égua?... Não, Titi, credo! Estive na Igreja da Graça...

— E que vens tão enfiado, assim com as pernas moles... E então o Senhor hoje estava bonito?

— Ai, Titi, estava rico!... Mas não sei por que, pareceu-me tão tristinho, tão tristinho... Até eu disse ao Padre Eugênio: «O Eugeninho, o Senhor hoje tem desgosto!» E disse-me ele: «Que quer você, amigo? E que vê por esse mundo tanta patifaria!» E olhe que vê, Titi! Vê muita ingratidão, muita falsidade, muita traição!

Rugia, enfurecido; e cerrara o punho como para o deixar cair, punidor e terrível, sobre a vasta perfídia humana. Mas contive-me, abotoei devagar a quinzena, recalquei um soluço.

— Pois é verdade, Titi... Fez-me tanta impressão aquela tristeza do Senhor, que fiquei assim um bocado amarfanhado... E de mais a mais tenho tido um desgosto; está um condiscípulo meu muito mal, coitadinho, a espichar...

E outra vez, como diante do Justino (aproveitando reminiscências do Xavier e da Rua da Fé), estirei a carcaça de um condiscípulo sobre a podridão de uma enxerga. Disse as bacias de sangue, disse a falta de caldos... Que miséria, Titi, que miséria! E então um moço, tão respeitador das cousas santas, que escrevia tão bem na Nação!...

— Desgraças — murmurou a tia Patrocínio, meneando as agulhas da meia.

— E verdade, desgraças, Titi. Ora, como ele não tem família e a gente da casa é desleixada, nós os condiscípulos é que vamos por turnos servir-lhe de enfermeiros. Hoje toca-me a mim. E queria então que a Titi me desse licença para eu ficar fora, até cerca das duas horas... Depois vem outro rapaz, muito instruído, que é deputado.

A tia Patrocínio permitiu; e até se ofereceu para pedir ao patriarca São José que fosse preparando ao meu condiscípulo uma morte sonolenta e ditosa...

— Isso é que era um grande favor, Titi! Ele chama-se Macieira...

O Macieira vesgo. E para São José saber.

Toda a noite vagueei pela cidade, adormecida na moleza do luar de julho. E por cada rua me acompanharam sempre, flutuantes e transparentes, duas figuras, uma em camisa, outra de capa à espanhola, enroscadas, beijando-se furiosamente, e só desligando os beijos pisados para rirem alto de mim e para me chamarem carola.

Cheguei ao Rossio quando batia uma hora no relógio do Carmo. Ainda fumei um cigarro, indeciso, por debaixo das árvores. Depois voltei os passos para a casa da Adélia, vagaroso, e com medo. Na sua janela vi uma luz enlanguescida e dormente. Agarrei a grossa aldraba da porta, mas hesitei com terror da certeza que vinha buscar, terminante e irreparável... Meu Deus! Talvez a Mariana, por vingança, caluniasse a minha Adélia! Ainda na véspera ela me chamara riquinho, com tanto ardor! Não seria mais sensato e mais proveitoso acreditar nela, tolerar-lhe um fugitivo transporte pelo Senhor Adelino, e continuar a receber egoístamente o meu beijinho na orelha?

Mas então à idéia lacerante de que ela também beijava na orelha o Senhor Adelino, e que o Senhor Adelino também dizia ai! ai! como eu — assaltou-me o desejo ferino de a matar, com desprezo e a murros, ali, nesses degraus onde tantas vezes arrulhara a suavidade dos nossos adeuses. E bati na porta com um punho bestial como se fosse já sobre o seu frágil, ingrato peito.

Senti correr desabridamente o fecho da vidraça. Ela surgiu em camisa, com os seus belos cabelos revoltos:

— Quem é o bruto?

Sou eu, abre.

Reconheceu-me, a luz dentro desapareceu; e foi como se aquela torcida de candeeiro, apagando-se, deixasse também a minha alma em escuridão, fria para sempre e vazia. Senti-me regeladamente Só, viúvo, sem ocupação e sem lar. Do meio da rua olhava as janelas negras, e murmurava: «ai, que eu rebento!»

Outra vez a camisa da Adélia alvejou na varanda.

— Não posso abrir, que ceei tarde e estou com sono!

— Abre! — gritei erguendo os braços desesperadamente. — Abre ou nunca mais cá volto!...

— Pois à fava, e recados à tia.

— Fica-te, bêbeda!

Tendo-lhe atirado, com uma pedrada, este urro severo, desci a rua muito teso, muito digno. Mas à esquina alui de dor, para cima de um portal, a soluçar, escoado em pranto, delido.

Pesada foi então ao meu coração a lenta melancolia dos dias de estio... Tendo contado à Titi que andava a escrever dous artigos, piamente destinados ao Almanaque da Imaculada Conceição para 1878, encerrava-me no quarto, toda a manhã, em quanto faiscavam ao sol as pedras da minha varanda. Aí, arrastando as chinelas sobre o soalho regado, remoía, entre suspiros, recordações da Adélia; ou diante do espelho contemplava o lugar macio da orelha em que ela costumava dar-me o beijo... Depois sentia um ruído de vidraça, e o seu pérfido, e seu afrontoso brado «à fava!» Então, perdido, esguedelhado, machucava o travesseiro com os murros que não podia vibrar ao peito magro do Senhor Adelino.

à tardinha, quando refrescava, ia espalhar para a Baixa. Mas cada janela aberta às aragens da tarde, cada cortina de cassa engomada me lembrava a intimidade da alcovinha da Adélia; num simples par de meias, esticado na vitrina de uma loja, eu revia com saudade a perfeição da sua perna; tudo o que era luminoso me sugeria o seu olhar; e até o sorvete de morango, no Martinho, me fazia repassar nos lábios o adocicado e gostoso sabor dos seus beijos.

à noite, depois do chá, refugiava-me no oratório, como numa fortaleza de santidade, embebia os meus olhos no corpo de ouro de Jesus, pregado na sua linda cruz de pau preto. Mas então o brilho fulvo do metal precioso ia, pouco a pouco, embaciando, tomava uma alva cor de carne, quente e tenra; a magreza de Messias triste, mostrando os ossos, arredondava-se em formas divinamente cheias e belas; por entre a coroa de espinhos, desenrolavam-se lascivos anéis de cabelos crespos e negros; no peito, sobre as duas chagas, levantavam-se, rijos, direitos, dous esplêndidos seios de mulher, com um botãozinho de rosa na ponta; e era ela, a minha Adélia, que assim estava no alto da cruz, nua, soberba, risonha, vitoriosa, profanando o altar, com os braços abertos para mim!

Читать дальше
Тёмная тема
Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

Похожие книги на «A Relíquia»

Представляем Вашему вниманию похожие книги на «A Relíquia» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё непрочитанные произведения.


Отзывы о книге «A Relíquia»

Обсуждение, отзывы о книге «A Relíquia» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.

x