José Eça de Queirós - A Relíquia
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Corrigi então a minha devoção e tornei-a perfeita. Pensando que o bacalhau das sextas-feiras não fosse uma suficiente mortificação, nesses dias, diante da Titi, bebia asceticamente um copo de água e trincava uma côdea de pão; o bacalhau comia-o à noite, de cebolada, com bifes à inglesa, em casa da minha Adélia. No meu guarda-roupa, nesse duro inverno, houve apenas um paletó velho, tão renunciado me quis mostrar aos culpados regalos da carne; mas orgulhava-me de ter lá, purificando os cheviotes profanos, a minha opa roxa de irmão do Senhor dos Passos, e o devoto hábito cinzento da Ordem Terceira de São Francisco. Sobre a cômoda ardia uma lamparina perenal, diante da litografia colorida de Nossa Senhora do Patrocínio; eu punha todos os dias rosas dentro de um copo, para lhe perfumar o ar em redor; e a Titi, quando vinha remexer nas minhas gavetas, ficava a olhar a sua padroeira, desvanecida, sem saber se era à Virgem, ou se era a ela, indiretamente, que eu dedicava aquele preito da luz e o louvor dos aromas. Nas paredes dependurei as imagens dos santos mais excelsos, como galeria de antepassados espirituais, de quem tirava o constante exemplo nas difíceis virtudes; mas não houve de resto no céu, santo, por mais obscuro, a quem eu não ofertasse um cheiroso ramalhete de Padre-Nossos em flor. Fui eu que fiz conhecer à Titi São Telésforo, Santa Secundina, o beato Antônio Estroncônio, Santa Restituta, Santa Umbelina, irmã do grão São Bernardo, e a nossa dileta e suavíssima patrícia Santa Basilisca, que é solenizada juntamente com São Hipácio, nesse festivo dia de agosto em que embarcam os círios para a Atalaia.
Prodigiosa foi então a minha atividade devota! Ia a matinas, ia a vésperas. Jamais falhei a igreja ou ermida, onde se fizesse a adoração ao Sagrado Coração de Jesus. Em todas as exposições do Santíssimo eu lá estava, de rojos. Partilhava sofregamente de todos os desagravos ao Sacramento. Novenas em que eu rezei, contam-se pelos lumes do céu. E o Setenário das Dores era um dos meus doces cuidados.
Havia dias em que, sem repousar, correndo pelas ruas, esbaforido, eu ia à missa das sete a Santana, e à missa das nove da Igreja de São José, e à missa do meio-dia na ermida da Oliveirinha. Descansava um instante a uma esquina, de ripanço debaixo do braço, chupando à pressa o cigarro; depois voava ao Santíssimo exposto na paroquial de Santa Engrácia, à devoção do terço no convento de Santa Joana, à bênção do Sacramento na capela de Nossa Senhora, às Picoas, à novena das Chagas de Cristo, na sua igreja, com música. Tomava então a tipóia do Pingalho, e ainda visitava, ao acaso, de fugida, os Mártires e São Domingos, a igreja do convento do Desagravo e a Igreja da Visitação das Salésias, a capela de Monserrate, às Amoreiras e a Glória ao Cardal da Graça, as Flamengas e as Albertas, a Pena, o Rato, a Sé!
À noite, em casa da Adélia, estava tão derreado, mono e mole ao canto do sofá, que ela atirava-me murros pelos ombros, e gritava, furiosa:
— Esperta, morcão!
Ai de mim! Um dia veio, porém, em que a Adélia, em vez de me chamar morcão, quando, esfalfado no serviço do Senhor, eu mal podia ajudá-la a desatacar o colete, passou, sempre que os meus lábios insaciáveis se colavam demais ao seu colo, a empurrar-me, a chamar-me carraça... Foi isto pelas alegres vésperas de Santo Antônio, ao aparecerem os primeiros manjericões, no quinto mês da minha devoção perfeita.
A Adélia começara a andar pensativa e distraída. Tinha às vezes, quando eu lhe falava, uni modo de dizer «hem?», com o olhar incerto e disperso, que era um tormento para o meu coração. Depois um dia deixou de me fazer a carícia melhor, que eu mais apetecia, a penetrante e a regaladora beijoca na orelha.
Sim, decerto permanecia terna... Ainda dobrava maternalmente o meu paletó; ainda me chamava riquinho; ainda me acompanhava ao patamar em camisa, dando, ao descolar do nosso abraço, esse lento suspiro que era para mim a mais preciosa evidência da sua paixão; mas já me não favorecia com a beijoquinha na orelha.
Quando eu entrava abrasado, encontrava-a por vestir, por pentear, mole, estremunhada e com olheiras. Estendia-me a mãozinha desamorável, bocejava, colhia preguiçosamente a viola; enquanto eu, a um canto, chupando cigarros mudos, esperava que se abrisse a portinha envidraçada da alcova que dava para o céu, a desumana Adélia, estirada no sofá, de chinelas caídas, beliscava os bordões, murmurando, por entre longos ais, cantigas de estranha saudade...
Num arranco de ternura, eu ia ajoelhar-me à beira do seu peito. E lá vinha logo a dura, a regelada palavra:
— Está quieto, carraça!
E recusava-me sempre o seu carinho. Dizia-me: «não posso, estou com azia . Dizia-me: «adeus, tenho a dor na ilharga».
Eu sacudia os joelhos, recolhia ao Campo de Santana — espoliado, misérrimo, chorando na escuridão da minha alma pelos tempos inefáveis em que ela me chamava morcão!
Uma noite de julho, macia como um veludo preto e pespontada de estrelas, chegando mais cedo à casa dela, encontrei a portinha aberta. O candeeiro de petrolina, pousado no soalho do patamar, enchia a escada de luz; e dei com a Adélia, em saia branca, falando a um rapaz de bigodinho louro, embrulhado pelintramente numa capa à espanhola. Ela empalideceu, ele encolheu, quando eu surgi, grande e barbudo, com a minha bengala na mão. Depois a Adélia, sorrindo, sem perturbação, vera e límpida, apresentou-me «seu sobrinho Adelino». Era filho da mana Ricardina, a que vivia em Viseu, e irmão do Teodoriquinho... Tirando o chapéu, apertei na palma larga e leal os dedos fugidios do Senhor Adelino:
— Estimo muito conhecê-lo, cavalheiro. Sua mamã, seu mano, bons?
Nessa noite a Adélia, resplandecente, tornou a chamar-me morcão, restituiu-me o beijinho na orelha. E toda essa semana foi deliciosa como a de um noivado, O verão ardia; e começara na Conceição Velha a novena de São Joaquim. Eu saía de casa à hora repousante em que se regam as ruas, mais contente que os pássaros chalrando nas árvores do Campo de Santana. Na salinha clara, com todas as cadeiras cobertas de fustão branco, encontrava a minha Adélia de chambre, fresca de se ter lavado, cheirando a água-de-colônia, e aos lindos cravos vermelhos que a toucavam; e depois das manhãs calorosas, nada havia mais idílico, mais doce que as nossas merendas de morangos na cozinha, ao ar da janela, contemplando bocadinhos verdes de quintais e ceroulas humildes a secar em cordas... Ora, uma tarde que assim nos aprazíamos, ela pediu-me oito libras.
Oito libras!... Descendo à noite a Rua da Madalena, eu ruminava quem mas poderia emprestar sem juro e rasgadamente. O bom Casimiro estava em Torres, o prestante Rinchão estava em Paris... E pensava já no Padre Pinheiro, (cujas dores de rins eu lamentava sempre com afeto) quando avistei a escapar-se, todo encolhido, todo sorrateiro, de uma dessas vielas impuras onde Vênus Mercenária arrasta os seus chinelos — o José Justino, o nosso José Justino, o piedoso secretário da confraria de São José, o virtuosíssimo tabelião da Titi!
Gritei logo: «boas noites, Justininho!» E regressei ao Campo de Santana, tranqüilo, gozando já a repenicada beijoca que me daria a Delinha, quando eu risonho lhe estendesse na mão as oito rodelas de ouro. Ao outro dia, cedo, corri ao cartório do Justino, a São Paulo, contei-lhe a pranteada história de um condiscípulo meu, tísico, miserável, arquejando sobre uma enxerga, numa fétida casa de hóspedes, ao pé do Largo dos Caídas.
É uma desgraça, Justino! Nem dinheiro tem para um caldinho... Eu é que o ajudo; mas que diabo, estou a tinir... Faço-lhe companhia, é o que posso; leio-lhe orações, e exercícios da vida cristã. Ontem à noite vinha eu de lá... E acredite você, Justino, que nem gosto de andar por aquelas ruas, tão tarde... Jesus, que ruas, que indecência, que imoralidade!... Aqueles becos de escadinhas, hem?... Eu ontem bem percebi que você ia horrorizado; eu também... De sorte que esta manhã estava no oratório da Titi, a rezar pelo meu condiscípulo, a pedir a Nosso Senhor que o ajudasse, e que lhe desse algum dinheiro e vai, pareceu-me ouvir uma voz lá de cima da cruz a dizer: «entende-te com o Justino; fala ao nosso Justininho; ele que te dê oito libras para o rapaz...» Fiquei tão agradecido a Nosso Senhor! De modo que aqui venho, Justino, por ordem d’Ele.
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