José Eça de Queirós - A Relíquia
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E não lhe bastava reprovar o amor como cousa profana; a senhora D. Patrocínio das Neves fazia uma carantonha, e varria-o como cousa suja. Um moço grave, amando seriamente, era para ela «uma porcaria!» Quando sabia de uma senhora que tivera um filho, cuspia para o lado, rosnava — «que nojo!» E quase achava a natureza obscena por ter criado dous sexos.
Rica, apreciando o conforto, nunca quisera em casa um escudeiro — para que não houvesse na cozinha, nos corredores, saias a roçar com calças. E apesar de irem embranquecendo os cabelos da Vicência, de ser decrépita e gaga a cozinheira, de não ter dentes a outra criada chamada Eusébia, andava-lhes sempre remexendo desesperadamente nos baús, e até na palha dos enxergões, a ver se descobria fotografia de homem, carta de homem, rasto de homem, cheiro de homem.
Todas as recreações moças: um passeio gentil com senhoras, em burrinhos; um botão de rosa orvalhado oferecido na ponta dos dedos; uma decorosa contradança em jucundo dia de Páscoa; outras alegrias, ainda mais cândidas, pareciam à Titi perversas, cheias de sujidade, e chamava-lhes relaxações. Diante dela já os sisudos amigos da casa não ousavam mencionar dessas comoventes histórias, lidas nas gazetas, e em que transparecem motivos de amor — porque isso a escandalizava como o desbragamento de uma nudez.
— Padre Pinheiro! — gritou ela um dia furiosa, com os óculos chamejantes para o desventuroso eclesiástico, ao ouvi-lo narrar de uma criada que em França atirara o filho à sentina. — Padre Pinheiro! Faça favor de me respeitar... Não é lá pela latrina! É pela outra porcaria!
Mas era ela própria que sem cessar aludia a desvarios e a pecados da carne — para os vituperar, com ódio; atirava então o novelo de linha para cima da mesa, espetando-lhe raivosamente as agulhas de meia — como se trespassasse ali, tornando-o para sempre frio, o vasto e inquieto coração dos homens. E quase todos os dias, com os dentes rilhados, repetia (referindo-se a mim) que se uma pessoa do seu sangue, e que comesse o seu pão, andasse atrás de saias, ou se desse a relaxações, havia de ir para a rua, escorraçado a vassoura, como um cão.
Por isso agora as minhas precauções eram tão apuradas que, para evitar me ficasse na roupa ou na pele o delicioso cheiro da Adélia, eu trazia na algibeira bocados soltos de incenso. Antes de galgar a triste escadaria da casa, penetrava sutilmente na cavalariça deserta, ao fundo do pátio; queimava no tampo de uma barrica vazia um pedaço da devota resina; e ali me demorava, expondo ao aroma purificador as abas do jaquetão e as minhas barbas viris... Depois subia; e tinha a satisfação de ver logo a Titi farejar, regalada:
— Jesus, que rico cheirinho a igreja!
Modesto, e com um suspiro, eu murmurava:
— Sou eu, Titi...
Além disso, para melhor a persuadir «da minha indiferença por saias», coloquei um dia, no soalho do corredor, como perdida uma carta com selo — certo que a religiosa D. Patrocínio, minha senhora e tia, a abriria logo, vorazmente. E abriu, e gostou. Era escrita por mim a um condiscípulo de Arraiolos: e dizia, em letra nobre, estas cousas edificantes: «Saberás que fiquei de mal com o Simões, o de filosofia, por ele me ter convidado a ir a uma casa desonesta. Não admito destas ofensas. Tu lembras-te bem como já em Coimbra eu detestava tais relaxações. E parece-me ser uma grandíssima cavalgadura aquele que, por causa de uma distração que é fogo-viste-lingüiça, se arrisca a penar, por todos os séculos e séculos, amém, nas fogueiras de Satanás, salvo seja! Ora, numa dessas refinadíssimas asneiras não é capaz de cair o teu do C. — Raposo».
A Titi leu, a Titi gostou. E agora eu vestia a minha casaca, dizia-lhe que ia ouvir a Norma, beijava com unção os ossos dos seus dedos; e corria, ao Largo dos Caídas, à alcova da Adélia, a afundar-me perdidamente nas beatitudes do pecado. Ali, à meia luz que dava através da porta envidraçada o candeeiro de petrolina da sala, os cortinados de cambraia e as saias dependuradas tomavam brancuras celestes de nuvem; o cheiro dos pós-de-arroz excedia em doçura o olor dos junquilhos místicos; eu estava no céu, eu era São Teodorico; e sobre os ombros nus da minha amada, desenrolavam-se as madeixas do seu cabelo negro, forte e duro como a cauda de um corcel de guerra.
Numa dessas noites, eu saia de uma confeitaria do Rossio, de comprar trouxas de ovos para levar à minha Adélia, quando encontrei o Doutor Margaride que me anunciou, depois do seu abraço paternal, que ia São Carlos ver o Profeta.
— E você, vejo-o de casaca, naturalmente também vem...
Fiquei varado. Com efeito vestira a casaca, dissera à Titi que ia gozar o Profeta, ópera de tanta virtude como uma santa instrumental de igreja.. E agora tinha de sofrer o Profeta, deveras, entalado numa cadeira da geral, roçando o joelho do douto magistrado, em vez de preguiçar num colchão amoroso, vendo a minha deusa, em camisa, comer o seu docinho de ovos.
— Sim, com efeito, também eu ia daqui para o Profeta — murmurei aniquilado. — Diz que é uma musicazinha de muita virtude... A Titi gostou muito que eu viesse.
Com o meu inútil cartucho de trouxas de ovos, lá fui subindo, melancolicamente, ao lado do Doutor Margaride, a Rua Nova-do-Carmo.
Ocupamos as nossas cadeiras. E na sala resplandecente, branca e com tons de ouro, eu pensava saudosamente na alcova sombria da Adélia, e no desalinho das suas saias — quando reparei que de uma frisa ao lado uma senhora loura e madura, uma ceres outonal vestida de seda cor de palha, voltava para mim, a cada doce arcada das rebecas, os seus olhos claros e sérios.
Perguntei logo ao Doutor Margaride se conhecia aquela dama «que eu costumava encontrar às sextas na Igreja da Graça, visitando o Senhor dos Passos com uma devoção, um fervor...»
— O sujeito que está por trás, a abrir a boca, é o Visconde Souto Santos. E ela ou é a mulher, a Viscondessa de Souto Santos, ou a cunhada, a Viscondessa de Vilar-o-Velho...
À saída, a viscondessa (de Souto Santos ou de Vilar-o-Velho) ficou um momento à porta esperando a sua carruagem, embrulhada numa capa branca que uma penugem orlava, delicadamente; a sua cabeça pareceu-me mais altiva, incapaz de rolar, tonta e pálida, num travesseiro de amor; a cauda cor de palha alastrava-se sobre as lajes; era esplêndida, era viscondessa; e outra vez me procuraram, me trespassaram os seus olhos claros e sérios.
A noite estava estrelada. E, descendo o Chiado em silêncio ao lado do Doutor Margaride, eu pensava que, quando todo o ouro da Titi fosse meu e dourasse a minha pessoa, eu poderia então conhecer uma viscondessa de Souto Santos ou de Vilar-o-Velho, não na sua frisa, mas na minha alcova, já caída a grande capa branca, despidas já as sedas cor de palha, alva só do brilho da sua nudez, e fazendo-se pequenina entre os meus braços... Ai, quando chegaria a hora, doce entre todas, de morrer a Titi?
— Quer você vir tomar o seu chá ao Martinho? — perguntou-me o Doutor Margaride ao desembocarmos no Rossio. — Não sei se você conhece a torrada do Martinho... E a melhor torrada de Lisboa.
No Martinho, já silencioso, o gás ia adormecendo entre os espelhos baços; e havia apenas numa mesa do fundo um moço triste, com a cabeça enterrada entre os punhos, diante de um capilé.
O Margaride encomendou o chá, e vendo-me olhar com inquietação os ponteiros do relógio, afirmou-me que eu chegaria à casa ainda a horas de fazer a minha tocante devoção com a Titi.
— A Titi agora — disse eu — não se importa que eu esteja até mais tarde... A Titi agora, louvado seja Deus, tem mais confiança em mim.
— E você merece-o... Faz-lhe a vontade, é sisudo... Ela pouco a pouco tem-lhe ganho amizade, segundo me diz o Casimiro...
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