José Eça de Queirós - A Relíquia

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Assim eu conheci a irmã da firma. Chamava-se D. Jesuína; tinha trinta e dous anos e era zarolha. Mas, desde esse domingo de rio e de campo, a riqueza dos seus cabelos ruivos como os de Eva, o seu peito sólido e suculento, a sua pele cor de maçã madura, o riso são dos seus dentes claros — tornavam-me pensativo, quando à tardinha, com o meu charuto, eu recolhia à Baixa pelo Aterro, olhando os mastros das faluas...

Fora educada nas Salésias; sabia geografia e todos os rios da China; sabia história e todos os reis de França; e chamava-me Teodorico-Coração-de-Leão, por eu ter ido à Palestina. Aos domingos agora eu jantava na Pampulha; D. Jesuína fazia um prato de ovos queimados; e o seu olho vesgo pousava, com incessante agrado, na minha face potente e barbuda de Raposão. Uma tarde ao café, Crispim & Cia. louvou a família real, a sua moderação constitucional, a graça caridosa da rainha. Depois descemos ao jardim; e andando D. Jesuína a regar, e eu ao lado enrolando um cigarro, suspirei e murmurei junto ao seu ombro: «Vossa Excelência, D. Jesuína, é que estava a calhar para rainha, se cá o Raposinho fosse rei!» Ela, corando, deu-me a última rosa do verão.

Em véspera de Natal, Crispim & Cia. chegou à minha carteira, pousou galhofeiramente o chapéu sobre a página do livro de Caixa que eu enegrecia de cifras, e cruzando os braços, com um riso de lealdade e estima:

— Então com quê; rainha, se o Raposinho fosse rei?... Ora, diga lá o Senhor Raposo. Há ai dentro desse peito amor verdadeiro à mana Jesuina?

Crispim & Cia. admirava a paixão e o ideal. Eu ia já dizer que adorava a senhora D. Jesuína como a uma estrela remota... Mas recordei a voz altiva e pura da Travessa da Palha! Recalquei a mentira sentimental que já me enlanguescia o lábio — e disse corajosamente:

— Amor, amor, não... Mas acho-a um belo mulherão; gosto-lhe muito do dote; e havia de ser um bom marido.

— Dá cá essa mão honrada! — gritou a firma.

Casei. Sou pai. Tenho carruagem, a consideração do meu bairro, a comenda de Cristo. E o Doutor Margaride, que janta comigo todos os domingos de casaca, afirma que o Estado, pela minha ilustração, as minhas consideráveis viagens e o meu patriotismo — me deve o título de Barão do Mosteiro. Porque eu comprei o Mosteiro. O digno magistrado uma tarde, à mesa, anunciou que o horrendo Negrão, desejando arredondar as suas propriedades em Torres, decidira vender o velho solar dos condes de Lindoso.

— Ora, aquelas árvores, Teodorico — lembrou o benemérito homem — deram sombra à senhora sua mamã. Direi mais: as mesmas sombras cobriram seu respeitabilíssimo pai, Teodorico!... Eu por mim, se tivesse a honra de ser um Raposo, não me continha, comprava o Mosteiro, erguia lá um torreão com ameias!

Crispim & Cia. disse, pousando o copo:

— Compra, é cousa de família, fica-te bem.

E, numa véspera de Páscoa, assinei no cartório do Justino, com o procurador do Negrão, a escritura que me tomava enfim, depois de tantas esperanças e de tantos desalentos, o senhor do Mosteiro!

— Que faz agora esse maroto desse Negrão? — indaguei eu do bom Justino, apenas saiu o agente do sórdido sacerdote.

O dileto e fiel amigo deu estalinhos nos dedos. O Negrão pechinchava! Herdara tudo do Padre Casimiro, que lá tinha o seu corpo no alto de São João e a sua alma no seio de Deus. E agora era o íntimo do Padre Pinheiro que não tinha herdeiros, e que ele levara para Torres, «para o curar». O pobre Pinheiro lá andava, mais chupado, empanturrando-se com os tremendos jantares do Negrão, deitando a língua de fora diante de cada espelho. E não durava, coitado! De sorte que o Negrão vinha a reunir (com exceção do que fora para o Senhor dos Passos, que não podia tornar a morrer, esse!) o melhor da fortuna de G. Godinho.

Eu rosnei, pálido:

— Que besta!

— Chame-lhe besta, amiguinho!... Tem carruagem, tem casa em Lisboa, tomou a Adélia por conta...

— Que Adélia?

— Uma de boas carnes, que esteve com o Eleutério... Depois, esteve muito em segredo com um basbaque, um bacharel, não sei quem...

— Sei eu.

— Pois essa! Tem-na por conta o Negrão, com luxo, tapete na escada, cortinas de damasco, tudo... E está mais gordo. Vi-o ontem; vinha de pregar... Pelo menos disse-me que «saía de São Roque esfalfado de dizer amabilidades a um diabo de um santo!» Que o Negrão às vezes é engraçado. E tem bons amigos, lábia, influência em Torres... Ainda o vemos bispo!

Recolhi à minha família, pensativo. Tudo o que eu esperara e amara (até a Adélia!) o possuía agora legitimamente o horrendo Negrão!... Perda pavorosa. E que não proviera da troca dos meus embrulhos, nem dos erros da minha hipocrisia.

Agora, pai, comendador, proprietário, eu tinha uma compreensão mais positiva da vida; e sentia bem que fora esbulhado dos contos de G. Godinho simplesmente por me ter faltado no oratório da Titi — a coragem de afirmar!

Sim! Quando em vez de uma coroa de martírio aparecera, sobre o altar da Titi, uma camisa de pecado — eu deveria ter gritado, com segurança: «Eis aí a relíquia! Quis fazer a surpresa... Não é a coroa de espinhos. E melhor! E a camisa de Santa Maria Madalena!... Deu-ma ela no deserto...»

E logo o provava com esse papel, escrito em letra perfeita:

Ao meu portuguesinho valente, pelo muito que gozamos... Era essa a carta em que a santa me ofertava a sua camisa. Lá brilhavam as suas iniciais — M. M.! Lá destacava essa clara, evidente confissão — «o muito que gozamos»; o muito que eu gozara em mandar à santa as minhas orações para o céu, o muito que a santa gozara no céu em receber as minhas orações!

E quem o duvidaria? Não mostram os santos missionários de Braga, nos seus sermões, bilhetes remetidos do céu pela Virgem Maria, sem selo? E não garante a Nação a divina autenticidade dessas missivas, que têm nas dobras a fragrância do paraíso? Os dous sacerdotes, Negrão e Pinheiro, cônscios do seu dever, e na sua natural sofreguidão de procurar esteios para a fé oscilante — aclamariam logo na camisa, na carta e as iniciais, um miraculoso triunfo da Igreja. A tia Patrocínio cairia sobre o meu peito, chamando-me «seu filho e seu herdeiro». E eis-me rico! Eis-me beatificado! O meu retrato seria pendurado na sacristia da Sé. O Papa enviar-me-ia uma bênção apostólica, pelos fios do telégrafo.

Assim ficavam saciadas as minhas ambições sociais. E quem sabe? Bem poderiam ficar também satisfeitas as ambições intelectuais que me pegara o douto Topsius. Porque talvez a ciência, invejosa do triunfo da fé, reclamasse para si esta camisa de Maria de Magdala, como documento arqueológico... ela poderia alumiar escuros pontos, na história dos costumes contemporâneos do Novo Testamento — o feitio das camisas na Judéia no primeiro século, o estado industrial das rendas da Síria sob a administração romana, a maneira de abainhar entre as raças semíticas... Eu surgiria na consideração da Europa, igual aos Champollions, aos Topsius, aos Lepsius, e outros sagazes ressuscitadores do passado. A academia logo gritaria — «A mim, o Raposo!» Renan, esse heresiarca sentimental, murmuraria — «Que suave colega, o Raposo!» Sem demora se escreveriam sobre a camisa da Mary sábios, ponderosos livros em alemão, com mapas da minha romagem em Galiléia... Eis-me aí benquisto pela Igreja, celebrado pelas universidades, com o meu cantinho certo na bem-aventurança, a minha página retida na história, começando a engordar pacificamente dentro dos contos de G. Godinho.

E tudo isto perdera! Por quê? Porque houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo de afirmar, que, batendo na terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao céu — cria, através da universal ilusão, ciências e religiões.

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