José Eça de Queirós - A Relíquia

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Despedido!

Ergui a face mole da travesseira de rendas. E a Vicência, atontada, torcendo o avental:

— Ai, menino! Ai, menino! se não sai já para a rua, a senhora diz que manda chamar um polícia!

Escorraçado!

Atirei os pés incertos para o soalho. Mergulhei na algibeira uma escova de dentes; topando nos móveis, procurei as chinelas que embrulhei num número da Nação. Sem reparo, agarrei dentre as malas um caixote com bandas de ferro; e em ponta de botins desci a escada da Titi, encolhido e rasteiro, como um cão tinhoso vexado da sua tinha.

Mal transpus o pátio, a Vicência, cumprindo as ordens sanhudas da Titi, bateu-me nas costas com o portão chapeado de ferro — desprezivelmente e para sempre!

Estava só na rua e na vida! À luz dos frios astros contei na palma o meu dinheiro. Tinha duas libras, dezoito tostões, um duro espanhol e cobres... E então descobri que a caixa, apanhada tontamente entre as malas, era a das relíquias menores. Complicado sarcasmo do destino! Para cobrir meu corpo desabrigado — nada mais tinha que tabuinhas aplainadas por São José, e cacos de barro do cântaro da Virgem! Meti no bolso o embrulho das chinelas; e, sem voltar os olhos turvos à casa de minha tia, marchei a pé, com o caixote às costas, na noite cheia de silêncio e de estrelas, para a Baixa, para o Hotel da Pomba de Ouro.

Ao outro dia, descorado e misérrimo à mesa da Pomba, remexia uma sombria sopa de grão e nabo — quando um cavalheiro, de colete de veludo negro, veio ocupar o talher fronteiro, junto de uma garrafa de água de Vidago, de uma caixa de pílulas e de um número da Nação. Na sua testa, imensa e arqueada como um frontão de capela, torciam-se duas veias grossas; e sob as ventas largas, enegrecidas de rapé, o bigode era um tufo curto de pêlos grisalhos, duros como cerdas de escova. O galego, ao servir-lhe o nabo e grão, rosnou com estima: «Ora, seja bem aparecidinho o Senhor Lino!»

Ao cozido este cavalheiro, abandonando a Nação onde percorrera miudamente os anúncios, pousou em mim os olhos amarelentos de bílis e baços, e observou que estávamos gozando desde os Reis um tempinho de apetite...

— De rosas — murmurei com reserva.

O Senhor Lino entalou mais o guardanapo para dentro do colarinho lasso:

— E Vossa Senhoria, se não é curiosidade, vem das provindas do norte?

Passei vagarosamente a mão pelos cabelos:

— Não, senhor... Venho de Jerusalém!

De assombrado o Senhor Uno perdeu a garfada de arroz. E depois de ter ruminado mudamente a sua emoção, confessou que lhe interessavam muito todos esses lugares santos porque tinha religião, graças a Deus! E tinha um emprego, graças também a Deus, na Câmara Patriarcal...

— Ah, na Câmara Patriarcal! — acudi eu. — Sim, muito respeitável... Eu conheci muito um patriarca... Conheci muito o senhor Patriarca de Jerusalém. Cavalheiro muito santo, muito catita... Até nos ficamos tratando de tu!

O Senhor Lino ofereceu-me da sua água de Vidago — e conversamos das terras da Escritura.

— Que tal Jerusalém, como lojas?...

— Como lojas?... Lojas de modas?

— Não, não! — atalhou o Senhor Lino. Quero dizer lojas de santidade, de reliquiarias, de cousinhas divinas...

— Sim... Menos mau. Há o Damiani na Via-Dolorosa que tem tudo, até ossos de mártires... Mas o melhor é cada um esquadrinhar, escavar... Eu nessas cousas trouxe maravilhas!

Uma chama de singular cobiça avivou as pupilas amareladas do Senhor Lino, da Câmara Patriarcal. E de repente, com uma decisão de inspirado:

— Andrezinho, a pinguinha de Porto... Hoje é bródio!

Quando o galego pousou a garrafa, com a sua data traçada à mão num velho rótulo de papel almaço — o Senhor Lio ofertou-me um cálice cheio.

— A sua!

— Com a ajuda do Senhor!... À sua!

Por cortesia, rilhado o queijo, convidei aquele homem que graças a Deus tinha religião, a entrar no meu quarto e admirar as fotografias de Jerusalém. Ele aceitou, com alvoroço; mas, apenas transpôs a porta, correu sem etiqueta e gulosamente ao meu leito — onde jaziam espalhadas algumas das relíquias que eu desencaixotara essa manhã.

— O cavalheiro aprecia? — indaguei, desenrolando uma vista do Monte Olivete, e pensando em lhe ofertar um rosário.

Ele revirava em silêncio, nas mãos gordas e de unhas roídas, um frasco de água do Jordão. Cheirou-o, pesou-o, chocalhou-o. Depois, muito sério, com as veias entumecidas na vastíssima fronte:

— Tem atestado?

Estendi-lhe a certidão do frade franciscano, garantindo como autêntica e sem mistura a água do rio batismal. Ele saboreou o venerando papel. E entusiasmado:

— Dou quinze tostões pelo frasquinho!

Foi, no meu intelecto de bacharel, como se uma janela se abrisse e por ela entrasse o sol! Vi inesperadamente, ao seu clarão forte, a natureza real dessas medalhas, bentinhos, águas, lascas, pedrinhas, palhas, que eu considerara até então um lixo eclesiástico esquecido pela vassoura da filosofia! As relíquias eram valores! Tinham a qualidade onipotente de valores! Dava-se um caco de barro — e recebia-se uma rodela de ouro!... E, iluminado, comecei insensivelmente a sorrir, com as mãos encostadas à mesa como um balcão de armazém:

— Quinze tostões por água pura do Jordão! Boa! Em pouca conta tem Vossa Senhoria o nosso São João Batista... Quinze tostões! Chega a ser impiedade!... Vossa Senhoria imagina que a água do Jordão é como a água do Arsenal? Ora essa!... Três mil-réis recusei eu a um padre de Santa Justa, esta manhã, aí, ao pé dessa cama...

Ele fez saltar o frasco na palma gorda, considerou, calculou:

— Dou quatro mil-réis.

Vá lá, por sermos companheiros na Pomba!

E quando o Senhor Lino saiu do meu quarto, com o frasco do Jordão embrulhado na Nação, eu, Teodorico Raposo, achava-me fatalmente, providencialmente, estabelecido vendilhão de relíquias!

Delas comi; delas fumei; delas amei, durante dous meses, quieto e aprazido na Pomba de Ouro. Quase sempre o Senhor Lino surdia de manhã no meu quarto, de chinelos, escolhia um caco do cântaro da Virgem ou uma palhinha do presépio, empacotava na Nação, largava a pecúnia e abalava assobiando o De Profundis. E evidentemente o digno homem revendia as minhas preciosidades com gordo provento — porque bem depressa, sobre o seu colete de veludo preto, rebrilhou uma corrente de ouro.

No entanto, muito hábil e fino, eu não tentara (nem com súplicas, nem com explicações, nem com patrocínios) amansar as beatas iras da Titi e repenetrar na sua estima. Contentava-me em ir à Igreja de Santana, todo de negro, com um ripanço. Não encontrava a Titi, que tinha agora de manhã no oratório missa do torpíssimo Negrão. Mas lá me prostrava, batendo contritamente no peito suspirando para o sacrário — certo que, pelo Melchior, sacristão, as novas da minha devoção inalterável chegariam à hedionda senhora.

Muito manhoso, também não procurara os amigos da Titi — que deviam prudentemente partilhar as paixões da sua alma para lograrem os favores do seu testamento; assim poupava embaraços angustiosos a esses beneméritos da Magistratura e da Igreja. Sempre que encontrava Padre Pinheiro ou Doutor Margaride, cruzava as mãos dentro das mangas, baixava os olhos, evidencianlo humildade e compunção. E este retraimento era decerto grato aos amigos, porque uma noite, topando o Justino perto da casa da Benta Bexigosa, o digno homem segredou junto da minha barba, depois de se ter assegurado da solidão da rua.

— Ande-me assim, amiguinho!... Tudo se há de arranjar... Que ela por ora está uma fera... Oh diabo aí vem gente!

E abalou.

No entanto, por intermédio do Lino, eu vendilhava relíquias. Bem depressa, porém recordado dos compêndios de Economia Política, refleti, que os meus proventos engordariam se, eliminando o Lino, eu mesmo me dirigisse ousadamente ao consumidor pio.

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