José Eça de Queirós - A Relíquia

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A Relíquia

Eça de Queirós

Decidi compor, nos vagares deste verão, na minha quinta do Mosteiro (antigo solar dos condes de Lindoso), as memórias da minha vida — que neste século, tão consumindo pelas incertezas da inteligência e tão angustiado pelos tormentos do dinheiro, encerra, penso eu e pensa meu cunhado Crispim, uma lição lúcida e forte.

Em 1875, nas vésperas de Santo Antonio, uma desilusão de incomparável amargura abalou o meu ser; por esse tempo minha tia, D. Patrocínio das Neves, mandou-me do Campo de Santana onde morávamos, em romagem a Jerusalém; dentro dessas santas muralhas, num dia abrasado do mês de Nizam, sendo Poncio Pilatos procurador da Judéia, Élio Lama, Legado Imperial da Síria, e J. Cairás, Sumo Pontífice, testemunhei, miraculosamente, escandalosos sucessos; depois voltei, e uma grande mudança se fez nos meus bens e na minha moral.

São estes casos, espaçados e altos numa existência de bacharel como, em campo de erva ceifada, fortes e ramalhosos sobreiros cheios de sol e murmúrio, que quero traçar, com sobriedade e com sinceridade, enquanto no meu telhado voam as andorinhas, e as moutas de cravos vermelhos perfumam o meu pomar.

Esta jornada à terra do Egito e à Palestina permanecerá sempre como a glória superior da minha carreira; e bem desejaria que dela ficasse nas letras, para a posteridade, um monumento airoso e maciço. Mas hoje, escrevendo por motivos peculiarmente espirituais, pretendi que as páginas íntimas, em que a relembro, se não assemelhassem a um Guia Pitoresco do Oriente. Por isso (apesar das solicitações da vaidade), suprimi neste manuscrito suculentas, resplandecentes narrativas de ruínas e de costumes...

De resto esse país do Evangelho, que tanto fascina a humanidade sensível, e bem menos interessante que o meu seco e paterno Alentejo; nem me parece que as terras, favorecidas por uma presença messiânica, ganhem jamais em graça ou esplendor. Nunca me foi dado percorrer os lugares santos da Índia em que o Buda viveu, arvoredos de Migadaia, outeiros de Veluvana, ou esse doce vale de Rajágria, por onde se alongavam os olhos adoráveis do Mestre perfeito, quando um fogo rebentou nos juncais, e Ele ensinou, em singela parábola, como a ignorância é uma fogueira que devora o homem, alimentada pelas enganosas sensações de vida, que os sentidos recebem das enganosas aparências do mundo. Também não visitei a caverna de Hira, nem os devotos arcais entre Meca e Medina, que tantas vezes trilhou Maomé, o profeta excelente, lento e pensativo sobre o seu dromedário. Mas, desde as figueiras de Betânia até as águas coladas de Galiléia, conheço bem os sítios onde habitou esse outro intermediário divino, cheio de enternecimento e de sonhos, a quem chamamos Jesus Nosso Senhor; e só neles achei bruteza, secura, sordidez, soledade e entulho.

Jerusalém é uma vila turca, com vielas andrajosas, acaçapada entre muralhas cor de lodo, e fedendo ao sol sob o badalar de sinos tristes.

O Jordão, fio de água barrento e peco que se arrasta entre arcais, nem pode ser comparado a esse claro e suave Lima que lá baixo, ao fundo do Mosteiro, banha as raízes dos meus amieiros; e todavia vede! Estas meigas águas portuguesas não correram jamais entre os joelhos de um Messias, nem jamais as roçaram as asas dos anjos, armados e rutilantes, trazendo do céu a terra as ameaças do Altíssimo!

Entretanto, como há espíritos insaciáveis que, lendo de uma jornada pelas terras da Escritura, anelam conhecer desde o tamanho das pedras até ao preço da cerveja, eu recomendo a obra copiosa e luminosa do meu companheiro de romagem, o alemão Topsius, doutor pela Universidade de Bonn e membro do Instituto Imperial de Escavações Históricas. São sete volumes in quarto, atochados, impressos em Leipzig, com este titulo fino e profundo — JERUSALÉM PASSEADA E COMENTADA.

Em cada página, desse sólido itinerário, o douto Topsius fala de mim, com admiração e com saudade. Denomina-me sempre o ilustre fidalgo lusitano; e a fidalguia do seu camarada, que ele faz remontar aos Barcas, enche manifestamente o erudito plebeu de delicioso orgulho. Alem disso o esclarecido Topsius aproveita-me, através desses repletos volumes, para pendurar, ficticiamente, nos meus lábios e no meu crânio, dizeres e juízos ensopados de beata e babosa credulidade — que ele logo rebate e derroca com sagacidade e facúndia! Diz, por exemplo: — «Diante de tal ruína, do tempo da Cruzada de Godofredo, o ilustre fidalgo lusitano pretendia que Nosso Senhor, indo um dia com a Santa Verônica...» — E logo alastra a tremenda, túrgida argumentação com que me deliu. Como, porém, as arengas que me atribui não são inferiores, em sábio chorume e arrogância teológica, as de Bossuet, eu não denunciei numa nota à Gazeta de Colônia — por que tortuoso artifício a afiada razão da Germânia se enfeita, assim, de triunfos, sobre a romba fé do Meio-Dia.

Há, porém, um ponto de JERUSALÉM PASSEADA que não posso deixar sem enérgica contestação. E quando o doutíssimo Topsius alude a dous embrulhos de papel, que me acompanharam e me ocuparam, na minha peregrinação, desde as vielas de Alexandria até as quebradas do Carmelo. Naquela forma rotunda que caracteriza a sua eloquência universitária, o Doutor Topsius diz: «o ilustre fidalgo lusitano transportava ali restos dos seus antepassados, recolhidos por ele, antes de deixar o solo sacro da pátria, no seu velho solar torreado!...» Maneira de dizer singularmente falaz e censurável! Porque faz supor, a Alemanha erudita, que eu viajava pelas terras do Evangelho — trazendo embrulhados num papel pardo os ossos dos meus avós!

Nenhuma outra imputação me poderia tanto desaprazer e desconvir. Não por me denunciar à Igreja, como um profanador leviano de sepulturas domésticas; menos me pesam a mim, comendador e proprietário, as fulminações da Igreja, que as folhas secas que às vezes caem sobre o meu guarda-sol de cima de um ramo morto; nem realmente a Igreja, depois de ter embolsado os seus emolumentos por enterrar um molho de ossos, se importa que eles para sempre jazam resguardados sob a rígida paz de um mármore eterno, ou que andem chocalhados nas dobras moles de um papel pardo. Mas a afirmação de Topsius desacredita-me perante a burguesia liberal; e só da burguesia liberal, onipresente e onipotente, se alcançam, nestes tempos de semitismo e de capitalismo, as cousas boas da vida, desde Os empregos nos bancos até as comendas da Conceição. Eu tenho filhos, tenho ambições. Ora, a burguesia liberal aprecia, recolhe, assimila com alacridade um cavalheiro ornado de avoengos e solares; é o vinho precioso e velho que vai apurar o vinho novo e cru; mas com razão detesta o bacharel, filho de algo, que passeie por diante dela, enfunado e teso, com as mãos carregadas de ossos de antepassados — como um sarcasmo mudo aos antepassados e aos ossos que a ela lhe faltam.

Por isso, intimo o meu douto Topsius (que, com os seus penetrantes óculos, viu formar os meus embrulhos, já na terra do Egito, já na terra de Canaã), a que na edição segunda de JERUSALÉM PASSEADA, sacudindo pudicos escrúpulos de acadêmico e estreitos desdéns de filósofo, divulgue à Alemanha científica e à Alemanha sentimental qual era o recheio que continham esses papéis pardos — tão francamente como eu o revelo aos meus concidadãos nestas páginas de repouso e de férias, onde a realidade sempre vive, ora embaraçada e tropeçando nas pesadas roupagens da História, ora mais livre e saltando sob a caraça vistosa da Farsa.

Capítulo 1

Meu avô foi o Padre Rufino da Conceição, licenciado em teologia, autor de uma devota Vida de Santa Filomena, e prior da Amendoeirinha. Meu pai, afilhado de Nossa Senhora da Assunção, chamava-se Rufino da Assunção Raposo, e vivia em Évora com minha avó, Filomena Raposo, por alcunha a «Repolhuda», doceira na Rua do Lagar dos Dízimos. o papá tinha um emprego no correio, e escrevia por gosto no Farol do Alentejo.

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