José Eça de Queirós - A Relíquia
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— Para ver o resto de longe! — considerou filosoficamente o Justino, dando estalinhos nos dedos.
Recolhi à Travessa da Palha. E durante horas, em chinelas, com os olhos chamejantes, revolvi o desejo desesperado de ultrajar o cadáver da Titi — cuspindo-lhe sobre o carão lívido, esfuracando, com uma bengala, a podridão do seu ventre. Chamei contra ela todas as cóleras da natureza. Pedi às árvores que recusassem sombra à sua sepultura! Pedi aos ventos que sobre ela soprassem todos os lixos da terra! Invoquei o demônio: «Dou-te a minha alma se torturares incansavelmente a velha!» Gritei com os braços para as alturas: «Deus, se tens um céu, escorraça-a de lá!» Planejei quebrar a pedradas o mausoléu que lhe erguessem... E decidi escrever comunicados nos jornais, contando que ela se prostituía a um galego, todas as tardes, no sótão, de óculos negros e em fralda!
Esfalfado de a odiar — adormeci densamente.
Foi o Pita que me acordou, ao anoitecer, entrando com um longo embrulho. Era o óculo. Mandava-mo o Justino, com estas palavras amigas: «Aí vai a modesta herança!»
Acendi uma vela. Com áspera amargura tomei o óculo, abri a vidraça — e olhei por ele, como da borda de uma nau que vai perdida nas águas. Sim, muito sagazmente o afirmara Justino, a asquerosa Patrocínio deixava-me o óculo com rancoroso sarcasmo — para eu ver através dele o resto da herança! E eu via, apesar da escura noite, nitidamente via o Senhor dos Passos, sumindo os maços de inscrições dentro da sua túnica roxa, o Casimiro, tocando com as mãos moribundas os lavores das pratas, espalhadas sobre o seu leito; e o vilíssimo Negrão, de casaco de cotim e galochas, passeando regalado à beira da água, sob os olmos do Mosteiro! E eu ali, com o óculo!
Eu ali para sempre, na Travessa da Palha, possuindo na algibeira de umas calças com fundilhos setecentos e vinte — para me debater através da cidade e da vida! Com um urro atirei o óculo, que foi rolando até junto da chapeleira, onde eu guardava o capacete de cortiça da minha jornada em Terra Santa. Ali estavam, esse capacete e esse óculo, emblemas das minhas duas existências — a de esplendor e a de penúria! Havia meses, com aquele capacete na nuca, eu era o triunfante Raposo, herdeiro da senhora D. Patrocínio das Neves, remexendo ouro nas algibeiras, e sentindo em torno, perfumadas e à espera de que eu as colhesse, todas as flores da civilização! E agora, com o óculo, eu era o pelintríssimo Raposo de botas cambadas, sentindo em roda, negros e prontos a ferirem-me, todos os cardos da vida... E tudo isto, por quê? Porque um dia, na estalagem de uma cidade da Ásia, se tinham trocado dous embrulhos de papel pardo!
Não houvera jamais zombaria igual da sorte! A uma tia beata, que odiava o amor como cousa suja e só esperava, para me deixar prédios e pratas, que eu, desdenhando saias, lhe rebuscasse em Jerusalém uma relíquia — trazia a camisa de dormir de uma luveira! E num impulso de caridade, designado a cativar o céu, atirava como pingue esmola a uma pobre em farrapos, com o filho faminto chorando ao colo — um galho cheio de espinhos!... Oh Deus, dize-me tu! Dize-me tu, oh demônio, como se fez, como se fez esta troca de embrulhos — que é a tragédia da minha vida?
Eles eram semelhantes no papel, no formato, no nastro!... O da camisa jazia no fundo escuro do guarda-fato; o da relíquia campeava sobre a cômoda, glorioso, entre dous castiçais. E ninguém lhes tocara; nem o jucundo Pote; nem o erudito Topsius; nem eu! Ninguém com mãos humanas, mãos mortais, ousara mover os dous embrulhos. Quem os movera então? Só alguém com mãos invisíveis!
Sim, havia alguém, incorpóreo, todo-poderoso — que por ódio trocara miraculosamente os espinhos em rendas, para que a Titi me deserdasse e eu fosse precipitado para sempre nas Profundas Sociais!
E quando assim esbravejava, esguedelhado — encontrei frigidamente cravados em mim e mais abertos, como gozando a derrota da minha vida, os olhos claros do Cristo crucificado, dentro do seu caixilho com borlas...
— Foste tu! — gritei, de repente iluminado e compreendendo o prodígio. — Foste tu! Foste tu!
E, com os punhos fechados para ele, desafoguei fartamente os queixumes, os agravos do meu coração:
— Sim, foste tu que transformaste ante os olhos devotos da Titi a coroa de dor da tua lenda — na camisa suja da Mary!... E por quê? Que te fiz eu? Deus ingrato e variável! Onde, quando, gozaste tu devoção mais perfeita? Não acudia eu todos os domingos, vestido de preto, a ouvir as missas melhores que te oferta Lisboa? Não me atochava eu todas as sextas-feiras, para te agradar, de bacalhau e de azeite? Não gastava eu dias, no oratório da Titi, com os joelhos doridos, rosnando os terços da tua predileção? Em que cartilhas houve rezas que eu não decorasse para ti? Em que jardins desabrocharam flores com que eu não enfeitasse os teus altares?
E arrebatado, arrepiando os cabelos, repuxando as barbas, eu clamava ainda, tão perto da imagem que as baforadas da minha cólera lhe embaciavam o vidro:
— Olha bem para mim!... Não te recordas de ter visto este rosto, estes pêlos, há séculos, num átrio de mármore, sob um velário, onde julgava um Pretor de Roma? Talvez te não lembres! Tanto dista de um deus vitorioso sobre o seu andor a um Rabi de província amarrado com cordas!... Pois bem! Nesse dia de Nizam, em que não tinhas ainda confortáveis lugares no céu e na bem-aventurança a distribuir aos teus fiéis; nesse dia, em que ainda te não tornaras para ninguém fonte de riqueza e esteio de poder; nesse dia, em que a Titi, e todos os que hoje se prostram a teus pés, te teriam apupado como os vendilhões do templo, os fariseus e a populaça de Acra; nesse dia, em que os soldados que hoje te escoltam com charangas, os magistrados que hoje encarceram quem te desacate ou te renegue, os proprietários que hoje te prodigalizam ouro e festas de igreja — se teriam juntado com as suas armas e os seus códigos e as suas bolsas, para obterem a tua morte como revolucionário, inimigo da ordem, terror da propriedade; nesse dia, em que tu eras apenas uma inteligência criadora e uma bondade ativa, e portanto considerado pelos homens sérios como um perigo social — houve em Jerusalém um coração que espontaneamente, sem engodo no céu, nem terror do inferno, estremeceu por ti. Foi o meu!... E agora persegues-me. Por quê?...
Subitamente, oh maravilha, do tosco caixilho com borlas irradiaram trêmulos raios, cor de neve e cor de ouro. O vidro abriu-se ao meio com o fragor faiscante de uma porta do céu. E de dentro o Cristo no seu madeiro, sem despregar os braços, deslizou para mim serenamente, crescendo até ao estuque do teto, mais belo em majestade e brilho que o sol ao sair dos montes.
Com um berro caí sobre os joelhos; bati a fronte apavorado no soalho. E então senti esparsamente pelo quarto, com um rumor manso de brisa entre jasmins, uma voz repousada e suave:
— Quando tu ias ao alto da graça beijar no pé uma imagem — era para contar servilmente à Titi a piedade com que deras beijo; porque jamais houve oração nos teus lábios, humildade no teu olhar — que não fosse para que a Titi ficasse agradada no seu fervor de beata. O deus a que te prostravas era dinheiro de G. Godinho; e o céu para que teus braços trementes se erguiam — o testamento da Titi... Para lograres nele o lugar melhor, fingiste-te devoto, sendo incrédulo; casto, sendo devasso; caridoso, sendo mesquinho; e simulaste a ternura de filho, tendo só a rapacidade de herdeiro... Tu foste ilimitadamente o hipócrita! Tinhas duas existências: uma ostentada diante dos olhos da Titi, toda de rosários, de jejuns, de novenas; e longe da Titi, sorrateiramente, outra, toda de gula, cheia da Adélia e da Benta... Mentiste sempre; e só eras verdadeiro para o céu, verdadeiro para o mundo, quando rogavas a Jesus e à Virgem que rebentassem depressa a Titi. Depois resumiste esse laborioso dolo de uma vida inteira num embrulho — onde acomodaras um galho, tão falso como o teu coração; e com ele contavas empolgar definitivamente as pratas e prédios de D. Patrocínio! Mas noutro embrulho parecido trazias pela Palestina, com rendas e laços, a irrecusável evidência do teu fingimento... Ora, justiceiramente aconteceu que o embrulho que ofertaste à Titi e que a Titi abriu — foi aquele que lhe revelava a tua perversidade! E isto prova-te, Teodorico, a inutilidade da hipocrisia!
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