José Eça de Queirós - A Relíquia

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Nutro! — exclamei então decidido como aquele que arremessa um dardo. — Nutro, Doutor Margaride, Gostava muito de ver Paris.

— Cruzes! — gritou a senhora D. Patrocínio, horrorizada. — Ir a Paris!...

— Para ver as igrejas, Titi!

— Não é necessário ir tão longe para ver bonitas igrejas — replicou ela, rispidamente. — E lá em festas com órgão, e um Santíssimo armado com luxo, e uma rica procissão na rua, e boas vozes, e respeito, imagens de dar gosto, ninguém bate cá os nossos portugueses!...

Calei-me, esmagado. E o esclarecido Doutor Margaride aplaudiu o patriotismo eclesiástico da Titi. Decerto, não era numa república sem Deus que se deviam procurar as magnificências do culto...

— Não, minha senhora, lá para saborear cousas grandiosas da nossa santa religião, se eu tivesse vagares, não era a Paris que ia... Sabe Vossa Excelência onde eu ia, senhora D. Maria do Patrocínio?

— O nosso doutor — lembrou o Padre Pinheiro — corria direito a Roma...

— Upa, Padre Pinheiro! Upa, minha cara senhora!

Upa? Nem o bom Pinheiro nem a Titi compreendiam o que houvesse de superior a Roma pontifical! O Doutor Margaride então ergueu solenemente as sobrancelhas, densas e negras como ébano.

— Ia à Terra Santa, D. Patrocínio! Ia à Palestina, minha senhora! Ia ver Jerusalém e o Jordão! Queria eu também estar um momento, de pé, sobre o Gólgota, como Chateaubriand, com o meu chapéu na mão, a meditar, a embeber-me, a dizer «salve!» E havia de trazer apontamentos, minha senhora, havia de publicar impressões históricas. Ora aí tem Vossa Excelência onde eu ia... Ia a Sião!

Servira-se o lombo assado; e houve, por sobre os pratos, um recolhimento reverente a esta evocação da terra sagrada onde padeceu o Senhor. Eu parecia-me ver lá muito longe, na Arábia, ao fim de arquejantes dias de jornada sobre o dorso de um camelo, um montão de ruínas em torno de uma cruz; um rio sinistro corre ao lado entre oliveiras; o céu arqueia-se mudo e triste como a abóbada de um túmulo. Assim devia ser Jerusalém.

— Linda viagem! — murmurou o nosso Casimiro, pensativo.

— Sem contar — rosnou Padre Pinheiro, baixo e como ciciando uma oração — que Nosso Senhor Jesus Cristo vê com grande apreço, e muito agradece, essas visitas ao seu Santo Sepulcro.

— Até quem lá vai — disse o Justino — tem perdão de pecados. Não é verdade, Pinheiro? Eu assim li no Panorama... Vem-se de lá limpinho de tudo!

Padre Pinheiro (tendo recusado, com mágoa, a couve-flor, que considerava indigesta) deu esclarecimentos. Quem ia à Terra Santa, numa devota peregrinação, recebia sobre o mármore do Santo Sepulcro, das mãos do Patriarca de Jerusalém, e pagando os rituais emolumentos, as suas indulgências plenárias...

— Não só para si, segundo tenho ouvido dizer — acrescentou o instruído eclesiástico, — mas para uma pessoa querida de família, piedosa, e comprovadamente impedida de fazer a jornada... Pagando, já se vê, emolumentos dobrados.

— Por exemplo! — exclamou o Doutor Margaride inspirado, batendo-me com força nas costas. — Assim para uma boa Titi uma Titi adorada, uma Titi que tem sido um anjo, toda virtude, toda generosidade!...

— Pagando, já se vê — insistiu Padre Pinheiro — os emolumentos dobrados!

A Titi não dizia nada; os seus óculos, girando do sacerdote para o magistrado, pareciam estranhamente dilatados, e brilhando mais com o clarão interior de uma idéia; um pouco de sangue subira à sua face esverdinhada. A Vicência ofereceu o arroz-doce. Nós rezamos as graças.

Mais tarde no meu quarto, despindo-me, senti-me triste, infinitamente. Nunca a Titi me deixaria visitar a terra imunda de França; e aqui ficaria enclausurado nesta Lisboa onde tudo me era tortura, e as mais rumorosas ruas me agravavam o ermo do meu coração, e até a pureza do fino céu de estio me recordava a torva perfídia dessa que fora, para mim, estrela e rainha da graça... Depois, nesse dia, ao jantar, a Titi parecera-me mais rija, sólida ainda, duradoura, e por longos anos dona da bolsa de seda verde, dos prédios e dos contos do Comendador G. Godinho... Ai de mim! Quanto tempo mais teria de rezar com a odiosa velha o fastiento terço, de beijar o pé do Senhor dos Passos, sujo de tanta boca fidalga, de palmilhar novenas, e de magoar os joelhos diante do corpo de um Deus, magro e cheio de feridas? Oh vida entre todas amargurosa! E já não tinha, para me consolar do enfadonho serviço de Jesus, os macios braços da Adélia...

De manhã, aparelhada a égua, e já de esporas, fui saber se minha Titi tinha algum pio recado para São Roque, por ser esse o seu milagroso dia. Na saleta votada às glórias de São José, a Titi, ao canto do sofá, com o xale de Tonquim caído dos ombros, examinava o seu grande caderno de contas, aberto sobre os joelhos; e, defronte, calado, com as mãos cruzadas atrás das costas, o bom Casimiro sorria pensativamente às flores do tapete.

— Ora venha cá, venha cá! — disse ele, mal eu assomei curvando o espinhaço. — Ouça lá a novidade! Que você é uma jóia, respeitador de velhos, e tudo merece de Deus e da senhora sua tia. Chegue-se cá, venha de lá esse abraço!

Sorri, inquieto. A Titi enrolava o seu caderno.

— Teodorico! — começou ela, cruzando os braços, empertigada. — Teodorico! Tenho estado aqui a consultar com o senhor Padre Casimiro. E estou decidida a que alguém que me pertença, e que seja do meu sangue, vã fazer por minha intenção uma peregrinação à Terra Santa...

— Hem, felizão! — murmurou Casimiro, resplandecendo.

— Assim — prosseguiu a Titi — está entendido e ficas sabendo que vais a Jerusalém e a todos os divinos lugares. Escusas de me agradecer; é para meu gosto, e para honrar o túmulo de Jesus Cristo, já que eu lá não posso ir... Como, louvado seja Nosso Senhor, não me faltam os meios, hás de fazer a viagem com todas as comodidades; e para não estar com mais dúvidas, e pela pressa de agradar a Nosso Senhor, ainda hás de partir neste mês... Bem, agora vai, que eu preciso conversar com o senhor Padre Casimiro. Obrigado, não quero nada para o senhor São Roque; já me entendi com ele.

Balbuciei: «muito agradecido, Titi; adeusinho, Padre Casimiro.» E segui pelo corredor, atordoado.

No meu quarto corri ao espelho a contemplar, pasmado, este rosto e estas barbas, onde em breve pousaria o pó de Jerusalém... Depois, cal sobre o leito.

— Olha que tremenda espiga!

Ir a Jerusalém! E onde era Jerusalém? Recorri ao baú que continha os meus compêndios e a minha roupa velha; tirei o atlas, e com ele aberto sobre a cômoda, diante da Senhora do Patrocínio, comecei a procurar Jerusalém lá para o lado onde vivem os infiéis, ondulam as escuras caravanas, e uma pouca de água num poço é como um dom precioso do Senhor.

O meu dedo errante sentia já o cansaço de uma longa jornada; e parei à beira tortuosa de um rio, que devia ser o devoto Jordão. Era o Danúbio. E de repente o nome de Jerusalém surgiu, negro, numa vasta solidão branca, sem nomes, sem linhas, toda de areias, nua, junto ao mar. Ali estava Jerusalém. Meu Deus! Que remoto, que ermo, que triste!

Mas então comecei a considerar que, para chegar a esse solo de penitência, tinha de atravessar regiões amáveis, femininas e cheias de festa. Era primeiro essa bela Andaluzia, terra de Maria Santíssima, perfumada de flor de laranjeira, onde as mulheres só com meter dous cravos no cabelo, e traçando um xale escarlate, amansam o coração mais rebelde, bendita sea su gracia! Era adiante Nápoles — e as suas ruas escuras, quentes, com retábulos da Virgem, e cheirando a mulher, como os corredores de um lupanar. Era depois mais longe ainda a Grécia; desde a aula de retórica, ela aparecera-me sempre como um bosque sacro de loureiros, onde alvejam frontões de templos, e, nos lugares de sombra em que arrulham as pombas, Vênus de repente surge, cor de luz e cor-de-rosa, oferecendo a todo o lábio, ou bestial ou divino, o mimo dos seus seios imortais. Vênus já não vivia na Grécia; mas as mulheres tinham conservado lá o esplendor da sua forma e o encanto do seu impudor... Jesus! O que eu podia gozar! Um clarão sulcou-me a alma. E gritei, com um murro sobre o atlas, que fez estremecer a castíssima Senhora do Patrocínio e todas as estrelas da sua coroa:

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