José Eça de Queirós - A Relíquia

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— Caramba, vou fartar o bandulho!

Sim, fartá-lo! E mesmo, receando que a Titi, por avareza do seu ouro ou desconfiança da minha piedade, renunciasse à idéia desta peregrinação tão prometedora de gozos, resolvi ligá-la supernaturalmente por uma ordem divina. Fui ao oratório; desmanchei o cabelo, como se por entre ele tivesse passado um sopro celeste; e corri ao quarto da Titi, esgazeado, com os braços a tremer no ar.

— Ó Titi! Pois não quer saber? Estava agora no oratório, a rezar de satisfação, e vai de repente pareceu-me ouvir a voz de Nosso Senhor, de cima da cruz, a dizer-me baixinho, sem se mexer «Fazes bem, Teodorico, fazes bem em ir visitar o meu Santo Sepulcro... E estou muito contente com a tua tia... Tua tia é das minhas!...»

Ela juntou as mãos, num fogoso transporte de amor:

— Louvado seja o seu santíssimo nome!... Pois disse isso? Ai, era bem capaz, que Nosso Senhor sabe que é para o honrar que eu lá te mando... Louvado seja outra vez o seu santíssimo nome! Louvado seja em terra e céu! Anda, filho, vai, reza-lhe... Não te fartes, não te fartes!

Eu ia, murmurando uma ave-maria. Ela correu ainda à porta, numa efusão de simpatia:

— E olha, Teodorico, vê lá a respeito de roupa branca... Talvez te sejam necessárias mais ceroulas... Encomenda, filho, encomenda, que graças a Nossa Senhora do Rosário tenho posses, e quero que vás com decência e te apresentes bem lá na sepulturazinha de Deus!...

Encomendei; e, tendo comprado um Guia do Oriente e um capacete de cortiça, informei-me sobre o modo mais deleitoso de chegar a Jerusalém, com Benjamim Sarrosa & Cia., judeu sagaz, que ia todos os anos, de turbante, comprar bois a Marrocos. Benjamim marcou-me, miudamente, num papel, o meu grandioso itinerário. Embarcaria no Málaga, vapor da Casa Jadley que, por Gibraltar, e depois por Malta, me levaria, num mar sempre azul, à velha terra do Egito. Aí um repouso sensual na festiva Alexandria. Depois no paquete do Levante, que sobe a costa religiosa da Síria, aportaria a Jafa, a de verdejantes pomares; e de lá, seguindo uma estrada macadamizada, ao chouto de uma égua doce, veria, ao fim de um dia e ao fim de uma noite, surgirem, negras entre colinas tristes, as muralhas de Jerusalém!

— Diabo, Benjamim... Parece-me muito mar, muito paquete. Então nem um bocadinho de Espanha? Ó menino, olhe que eu quero refestelar-me.

— Refestela-se em Alexandria. Tem lá tudo. Tem o bilhar, tem a tipóia, tem a batota, tem a mulherinha... Tudo do bom. E lá que você se refestela!

No entanto, já no Montanha e na tabacaria do Brito se falava da minha santa empresa. Uma manhã, li, escarlate de orgulho, no Jornal das Novidades, estas linhas honoríficas: «Parte brevemente a visitar Jerusalém, e todos os sacros lugares em que padeceu por nós o Redentor, o nosso amigo Teodorico Raposo, sobrinho da Excelentíssima D. Patrocínio das Neves, opulenta proprietária, e modelo de virtudes cristãs. Boa viagem!» A Titi, desvanecida, guardou o jornal no oratório, debaixo da peanha de São José; e eu jubilei, por imaginar o despeito da Adélia (leitora fiel do Jornal) ao ver-me assim abalar desprendido dela, atestado de ouro, para essas terras muçulmanas, onde a cada passo se topa um serralho, mudo e cheirando a rosa entre sicômoros...

A véspera da partida, na sala dos damascos, teve elevação e solenidade. O Justino contemplava-me, como se contempla uma figura histórica.

— O nosso Teodorico... Que viagem!... O que se vai falar nisto!

E Padre Pinheiro murmurava com unção:

— Foi uma inspiração do Senhor! E que bem que lhe há de fazer à saúde!

Depois mostrei o meu capacete de cortiça. Todos o admiraram. O nosso Casimiro, todavia, depois de coçar pensativamente o queixo, observou que me daria talvez mais seriedade um chapéu alto...

A Titi acudiu, aflita:

— E o que eu lhe disse! Acho de pouca cerimônia, para a cidade em que morreu Nosso Senhor...

— Ó Titi, mas já lhe expliquei! Isto é só para o deserto!... Em Jerusalém, está claro, em todos aqueles santos lugares, ando de chapéu alto...

— Sempre é mais de cavalheiro — afirmou o Doutor Margaride.

Padre Pinheiro quis saber, solicitamente, se eu ia prevenido com remédios para o caso de um contratempo intestinal nesses descampados bíblicos...

— Levo tudo. O Benjamim deu-me a lista... Até linhaça, até arnica!...

O pachorrento relógio do corredor começou a gemer as dez; eu devia madrugar; e o Doutor Margaride, comovido, agasalhava já o pescoço no seu lenço de seda. Então, antes dos abraços, perguntei aos meus leais amigos que «lembrançazinha» desejavam dessas terras remotas onde vivera o Senhor. Padre Pinheiro queria um frasquinho de água do Jordão. Justino (que já me pedira no vão da janela um pacote de tabaco turco), diante da Titi só apetecia um raminho de oliveira, do Monte Olivete. O Doutor Margaride contentava-se com uma boa fotografia do sepulcro de Jesus Cristo, para encaixilhar...

Com a carteira aberta, depois de alistar estas piedosas incumbências — voltei-me para a Titi, risonho, carinhoso, humilde...

— Cá por mim — disse ela do meio do sofá como de um altar, tesa nos seus cetins de domingo — o que desejo é que faças essa viagem com toda a devoção, sem deixar pedra por beijar, nem perder novena, nem ficar lugarzinho em que não rezes ou o terço ou a coroa... Além disso, também estimo que tenhas saúde.

Eu ia depor na sua mão, brilhante de anéis, um beijo gratíssimo. Ela deteve-me, mais aprumada e seca:

— Até aqui tens sido apropositado; não tens faltado aos preceitos, nem te tens dado a relaxações... Por isso te vais regalar de ver as oliveiras onde Nosso Senhor suou sangue, e de beber no Jordãozinho... Mas se eu soubesse que nesta passeata tinhas tido maus pensamentos, e praticado uma relaxação, ou andado atrás de saias, fica certo que, apesar de seres a única pessoa do meu sangue, e teres visitado Jerusalém, e gozar indulgências, havias de ir para a rua, sem uma côdea, como um cão!

Curvei a cabeça, apavorado. E a Titi, depois de roçar o lenço de rendas pelos beiços sumidos, prosseguiu com mais autoridade, e uma emoção crescente que lhe punha, sob o corpete raso, como o fugitivo arfar de um peito humano:

— E agora quero dizer-te, para teu governo, uma só cousa!

Todos de pé, e reverentes, logo percebemos que a Titi se preparava a proferir uma palavra suprema. Nessa hora de separação, rodeada dos seus sacerdotes, rodeada dos seus magistrados, D. Patrocínio das Neves ia decerto revelar qual fora o seu íntimo motivo, em me mandar, como sobrinho e como romeiro, à cidade de Jerusalém. Eu ia saber enfim, e tão indubitavelmente como se ela mo escrevesse num pergaminho, qual deveria ser o mais precioso dos meus cuidados, velando ou dormindo nas terras do Evangelho!

— Aqui está! — declarou a Titi. — Se entendes que mereço alguma cousa, pelo que tenho feito por ti, desde que morreu tua mãe, já educando-te, já vestindo-te, já dando-te égua para passeares, já cuidando da tua alma, então traze-me desses santos lugares uma santa relíquia uma relíquia milagrosa que eu guarde, com que me fique sempre apegando nas minhas aflições e que cure as minhas doenças.

E pela vez primeira, depois de cinqüenta anos de aridez, uma lágrima breve escorregou no carão da Titi, por sob os seus óculos sombrios.

O Doutor Margaride rompeu para mim. arrebatadamente:

— Teodorico, que amor que lhe tem a Titi! Rebusque essas ruínas, esquadrinhe esses sepulcros! Traga uma relíquia à Titi!

Eu bradei, exaltado:

— Titi, palavra de Raposão que lhe hei de trazer uma tremenda relíquia!

Pela severa sala de damascos transbordou, ruidosa e tocante, a comoção dos nossos corações. Eu achei-me com os beiços do Justino, ainda moles da torrada, colados à minha barba...

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