José Eça de Queirós - A Relíquia

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Ah! se pudesse! Mas irrecusáveis eram os mandados da Titi! E, por amor do seu ouro, lá tinha de ir à negra Jerusalém, ajoelhar diante de oliveiras secas, desfiar rosários piedosos ao pé de frios sepulcros...

— Tu já estiveste em Jerusalém, Alpedrinha? — perguntei, enfiando desconsoladamente as ceroulas.

— Não senhor, mas sei... Pior que Braga!

— Irra!

A nossa ceia com Maricocas, à noite, no meu quarto, foi cortada de silêncios, de suspiros; as velas tinham a melancolia de tochas; o vinho anuviava-nos como aquele que se bebe nos funerais. Topsius ofertava consolações generosas.

— Bela dama, bela dama, o nosso Raposo há de voltar... Estou mesmo certo que trará da ardente terra da Síria, da terra da Vênus e da esposa dos Cantares, uma chama no seu coração mais fogosa e mais moça...

Eu mordia o beiço, sufocado:

— Pois está visto! — Ainda havemos de andar de caleche pelo Mamudiê... Isto é só ir rezar uns padre-nossos ao Calvário... Até me faz bem... Volto como um touro.

Depois do café fomos encostar-nos à varanda a olhar, calados, aquela suntuosa noite do Egito. As estrelas eram como uma grossa poeirada de luz que o bom Deus levantava lá em cima, passeando sozinho pelas estradas do céu. O silêncio tinha uma solenidade de sacrário. Nos escuros terraços, embaixo, uma forma branca movendo-se por vezes, de leve, mostrava que outras criaturas estavam ali, como nós, deixando a alma embeber-se mudamente no esplendor sideral; e nesta difusa religiosidade, igual à de uma multidão pasmando para os lumes de um altar-mor, eu sentia subir aos lábios, irresistivelmente, a doçura de uma ave-maria...

Ao longe o mar dormia. E, à quente irradiação dos astros, eu podia distinguir, num pontal de areia, mergulhando quase na água, uma casa deserta, pequenina, toda branca e poética entre duas palmeiras... Então comecei a pensar que, mal a Titi morresse e fosse meu o seu ouro, eu poderia comprar esse doce retiro, forrá-lo de lindas sedas, e viver ao lado da minha luveira, vestido de turco, fresco, sereno, livre de todas as inquietações da civilização. Desagravos ao Sagrado Coração de Jesus ser-me-iam tão indiferentes, como as guerras que entre si travassem os reis. Do céu só me importaria a luz anilada, que banhasse a minha vidraça; da terra só me importariam as flores abertas no meu jardim, para aromatizar a minha alegria. E passaria os dias numa fofa preguiça oriental, fumando o puro latakié, tocando viola francesa, e recebendo perpetuamente essa impressão de felicidade perfeita, que a Mary me dava só com deixar arfar o seio e chamar-me «seu portuguesinho valente».

Apertei-a contra mim num desejo de a sorver. Junto à sua orelha, de uma brancura de concha branca balbuciei nomes inefáveis; disse-lhe rechonchudinha; disse-lhe riquinha. Ela estremeceu, ergueu os olhos magoados para a poeirada de ouro.

— Que de estrelas! Deus queira que amanhã o mar esteja manso!

Então, à idéia dessas longas ondas que me iam levar a ríspida terra do Evangelho, tão longe da minha Mary, um pesar infinito afogou-me o peito, e irreprensivelmente se me escapou dos lábios, em gemidos entoados, queixosos e requebrados... Cantei. Por sobre os terraços adormecidos da muçulmana Alexandria soltei a voz dolorida, voltado para as estrelas; e roçando os dedos pelo peito do jaquetão onde deviam estar os bordões da viola, fazendo os meus ais bem chorosos — suspirei o fado mais sentido da saudade portuguesa:

Coa minh’alma aqui te ficas,
Eu parto só com os meus ais,
E tudo me diz, Maricas,
Que não te verei nunca mais.

Parei, abafado de paixão. O erudito Topsius quis saber se estes doces versos eram de Luís de Camões. Eu, choramingando, disse-lhe que estes, ouvira-os no Dafundo ao Calcinhas.

Topsius recolheu a tomar uma nota do grande poeta Calcinhas. Eu fechei a vidraça; e depois de ir ao corredor fazer às escondidas um rápido sinal da cruz, vim desapertar sofregamente, e pela vez derradeira, os atacadores do colete da minha saborosa bem-amada.

Breve, avaramente breve, foi essa noite estrelada do Egito!

Cedo, amargamente cedo, veio o grego de Lacedemônia avisar-me que já fumegava na baía, áspera e cheia de vento, el paquete, ferozmente chamado o Caimão, que me devia levar para as tristezas de Israel.

El señor D. Topsius, madrugador, já estava embaixo a almoçar pachorrentamente os seus ovos com presunto, a sua vasta caneca de cerveja. Eu tomei apenas um gole de café, no quarto, a um canto da cômoda, em mangas de camisa, com os olhos vermelhos sob a névoa das lágrimas. A minha sólida mala de couro atravancava o corredor, fechada e afivelada; mas Alpedrinha estava ainda acomodando, à pressa, a roupa suja dentro do saco de lona. E Maricoquinhas, sentada desoladamente à borda do leito, com o seu gentil chapéu enfeitado de papoulas e as olheirinhas pisadas, contemplava aquele enfardelar de flanelas, como se fossem bocados do seu coração atirados para o fundo do saco, para partirem e não voltarem mais!

Levas tanta roupa suja, Teodorico!

Balbuciei, dilacerado:

— Manda-se lavar em Jerusalém, com a ajuda de Nosso Senhor!

Deitei os meus bentinhos ao pescoço. Nesse instante Topsius assomava à porta, cachimbando, com a barraca do seu guarda-sol fechada sobre o braço, de galochas anchas para a umidade do tombadilho, e um volume da Bíblia enchumaçando-lhe a rabona de alpaca. Ao ver-me sem colete, repreendeu a minha amorosa preguiça.

— Mas compreendo, bela dama, compreendo! — acudiu ele, às cortesias a Mary, esgrouviado e onduloso, de óculos na ponta do bico. E doloroso deixar os braços de Cleópatra... Já Antônio por eles perdeu Roma e o mundo... Eu mesmo, todo absorvido na minha missão, com recantos crepusculares da história a alumiar, levo gratas memórias destes dias de Alexandria... Deliciosíssimos os nossos passeios pelo Mamudiê!... Permita-me que apanhe a sua luva, bela dama!... E se voltar jamais a esta terra dos Ptolomeus, não me esquecerá a Rua das Duas-Irmãs... «Miss Mary, luvas e flores de cera». Perfeitamente. Consentirá que lhe mande, quando completa, a minha História dos Lágidas... Há detalhes muito picantes... Quando Cleópatra se apaixonou por Herodes, o rei da Judéia...

Mas Alpedrinha, da beira do leito, gritava., alvoroçado:

— Cavalheiro! Ainda há aqui roupa suja!

Rebuscando, entre os cobertores revoltos, descobrira uma longa camisa de rendas, com laços de seda clara. Sacudia-a; e espalhava-se um aroma saudoso de violeta e de amor... Ai! Era a camisa de dormir da Mary; quente ainda dos meus abraços!

— Pertence à senhora D. Mary! E a tua camisinha, amor! gemi eu, cruzando os suspensórios.

A minha luveirinha ergueu-se, trêmula, descorada — e teve um poético rasgo de paixão. Enrolou a sua camisinha, atirou-me para os braços, tão ardentemente, como se entre as dobras viesse também o seu coração.

— Dou-ta, Teodorico! Leva-a, Teodorico! Ainda está amarrotada da nossa ternura!... Leva-a para dormires com ela a teu lado, como se fosse comigo... Espera, espera ainda, amor! Quero pôr-lhe uma palavra, uma dedicatória!

Correu à mesa, onde jaziam restos do papel sisudo em que eu escrevia à Titi a história edificativa dos meus jejuns em Alexandria, das noites consumidas a embeber-me do Evangelho... E eu, com a camisinha perfumada nos braços, sentindo duas bagas de pranto rolarem-me pelas barbas, procurava angustiosamente em redor onde guardar aquela preciosa relíquia de amor. As malas estavam fechadas. O saco de lona estalava, repleto.

Topsius, impaciente, tirara das profundezas do seio o seu relógio de prata. O nosso lacedemônio, à porta, rosnava:

— D. Teodorico, es tarde, es mui tarde...

Mas a minha bem-amada já sacudia o papel, coberto das letras que ela traçara, largas, impetuosas e francas como o seu amor: «Ao meu Teodorico, meu portuguesinho possante, em lembrança do muito que gozamos!»

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