James White - Médico espacial

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Médico espacial: краткое содержание, описание и аннотация

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Foi o que aconteceu cinco semanas depois do começo da evacuação, quando almoçava com Mannen e Prilicla. O refeitório principal já não estava repleto, às horas das refeições, e os homens do Corpo, de uniforme verde eram muito mais numerosos que os extraterrestres sentados às mesas, mas havia ainda cerca de duzentos não-terrenos ali e era com isso que Conway não concordava.

Furioso, disse: — Afirmo que isto é um desperdício — um desperdício de vidas, de talentos médicos, de tudo! Todas as vítimas são, e continuarão a ser, dos Monitores. Todos humano-terrestres. Portanto não há aqui casos para os extraterrestres trabalharem. Ê preciso mandá-los para casa!

«Incluindo a presente companhia!» — concluiu ele, fitando Prilicla, antes de se voltar para olhar Mannen.

O Dr. Mannen replicou: — E que dirão eles de nós?

— Está a desviar a questão — disse Conway. — Aquilo com que eu não concordo é com os heroísmos insensatos.

Mannen ergueu as sobrancelhas e disse secamente: — Mas os heroísmos são quase sempre insensatos e altamente contagiosos. Neste caso direi que o Corpo começou por querer defender esta coisa, e por causa disso sentimo-nos na obrigação de ficar para tratarmos dos feridos. Pelo menos alguns de nós sentiram! isso, ou pensamos que alguns sentiram.

«O procedimento correcto, lógico, teria sido o de nos irmos embora enquanto isso era fácil e nem uma palavra seria dita em relação aos que partissem» — Continuou Mannen, sem fitar Conway, — Mas essa gente sã e lógica tem colegas ou… amigos que, segundo eles suspeitam, poderão estar na verdadeira categoria de herói, e não partem porque imaginam que os amigos poderão pensar que eles fugiram. Portanto, é mais provável que se deixem morrer que deixarem que os seus amigos pensem que são cobardes, e por isso vão ficando.

Conway sentiu o rosto a arder, e disse apenas: — Compreendo. — Era muito provável que Mannen soubesse que a única razão pela qual ele ficara no Hospital era a Murchison. O’Mara e o próprio Mannen poderiam ficar desapontados se ele partisse. E do outro lado da mesa, Prilicla, o sensitivo das emoções, devia estar a lê-lo como um livro. Conway pensou que nunca se sentira tão embaraçado em toda a sua vida.

Subitamente, Priliclla, enfiando o garfo no esparguete disse: — Você tem razão., se não tivesse sido o exemplo heróico dos DBDG eu teria partido na segunda nave.

— A segunda?

— Ainda tenho algum valor — disse Prilicla, agitando o esparguete, para sublinhar o que dissera.

Conway pensou que a coisa honesta seria confessar a Sua cobardia, mas sabia que isso só causaria embaraços a todos. De qualquer modo, antes que ele pudesse dizer alguma coisa, Mannen mudou subitamente de assunto.

Queria saber onde Conway e a Murchison tinham estado no quarto, quinto e sexto dias da evacuação. Disse que era altamente sugestivo que ambos tivessem, estado fora da circulação exactamente ao mesmo tempo e começou a descrever algumas das sugestões que lhe tinham ocorrido — e que eram coloridas, surpreendentes e quase que fisicamente impossíveis. Não tardou que Prilicla se lhe juntasse, ainda que as atitudes sexuais de dois DBDG humano-terrestres pudessem quanto muito ter um interesse académico para um ASNO assexuado, e Conway teve de se defender afanosamente de ambos os lados.

Tanto Prilicla corno Mannen sabiam que a Murchison e ele, juntamente com quarenta outros membros do pessoal, tinham trabalhado com o máximo de eficiência operatória durante quase sessenta horas, graças aos estimulantes. Depois, e como os estimulantes não dão nada por um lado sem tirar por outro, Conway e os outros tinham sido obrigados a manter-se na posição horizontal durante três dias até sarem de um estado avançado de exaustão. Alguns deles tinham caído enquanto trabalhavam — com os músculos involuntários do coração e dos pulmões tão fracos que ameaçavam parar, como o resto. Tinham sido levados para enfermarias especiais onde autómatos lhes tinham massajado os corações, dando-lhes respiração artificial e alimentação intravenosa.

Mesmo assim, parecia estranho que Conway e a Murchison não tivessem sido vistos, juntos ou separados, durante três dias inteiros…

A sereia de alarme salivou Conway exactamente quando os advogados de acusação estavam em plena ofensiva. Conway correu para a porta, com Mannen a segui-lo com dificuldade e Prilicla, com as suas não muito atrofiadas asas ajudadas pelos dispositivos antigravitacionais, a zumbir em frente.

Quando Conway chegou à sua enfermaria, a sereia calou-se.

Passou-se uma hora sem que nada de especial acontecesse; o Hospital não foi atingido e não houve indício algum de que o seu armamento pesado tivesse sido utilizado. Os enfermeiros de serviço foram substituídos pelo turno seguinte — três Tralthanos e três humano-terrestres, chefiados pela Murchison. Conway iniciara urna conversa muito interessante quando a sereia voltou a tocar, num tom mais baixo, que se diria de desprezo.

Conway estava a ajudar a Murchison a despir o fato de pressão — que todos tinham envergado durante o alarme — quando o sistema de Comunicações Gerais começou a funcionar.

— Atenção por favor — disse o altifalante. — Dr. Conway compareça na Escotilha Cinco, imediatamente!

Provavelmente uma vítima, pensou Conway. Uma que não sabem como transportar… Mas o altifalante transmitiu logo de seguida outra mensagem:

— Dr. Mannen e Major O’Mara, compareçam na Escotilha Cinco, imediatamente…

Que haveria ma Escotilha Cinco que exigiria os serviços de dois médicos-chefes e do psicólogo-chefe? Começou a correr.

O’Mara e Mannen estavam mais perto da Escotilha Cinco e chegaram alguns segundos antes dele. Havia uma outra pessoa na antecâmara da escotilha, com um fato pesado de pressão, o capacete voltado para trás. Era um homem grisalho, com um rosto magro, enrugado, e uma boca que parecia um traço cinzento, fatigado, mas a dureza geral era compensada pelos olhos castanhos mais suaves que Conway vira até então num homem. As insígnias que usava eram as mais ornamentadas que Conway tivera oportunidade de ver, uma vez que nunca falara com um oficial de patente superior a coronel.

Soube instintivamente que se tratava de Dermod, o comandante da Armada.

O’Mara fez uma continência que foi retribuída com tanta correcção como fora prestada, e Mannen e Conway receberam apertos de mão com desculpas pelo uso das luvas. Depois, Dermod foi direito ao assunto.

— Não acredito em segredos quando eles não servem a qualquer fim útil — disse ele, num tom seco. — Vocês resolveram ficar aqui para tratar dos nossos feridos, portanto têm o direito de saber o que está a acontecer, quer as notícias sejam boas, quer sejam más. Uma vez que são os mais qualificados membros do pessoal médico que ainda permanecem no Hospital, e uma vez que têm uma ideia do comportamento provável dos vossos subordinados em Várias contingências, deixo ao vosso cuidado a decisão de que esta informação deva ou não ser tornada pública.

Estivera a fitar O’Mara. Os seus olhos moveram-se rapidamente para Mannen e depois para Conway e por fim novamente para O’Mara. Prosseguiu: — Houve um ataque, completamente desconcertante pelo facto de ter abortado por inteiro. Não perdemos um único homem e a força inimiga foi inteiramente aniquilada. Pareciam nada saber sobre a disposição de forças… ou qualquer outra coisa. Nós esperávamos um ataque normal, maldoso, lançado sobre o objectivo sem olhar ao custo, corno os que anteriormente nos levaram a utilizar todos os meios de defesa de que dispúnhamos. Isto foi um massacre…

Conway notou que a voz de Dermod e o olhar não reflectiam qualquer alegria pela vitória.

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