José Saramago - As Intermitências da Morte

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humanidade aos piores horrores, Deus tem autoridade sobre a morte,

perguntou um dos optimistas, são as duas caras da mesma moeda, de

um lado o rei, do outro a coroa, sendo assim, talvez tenha sido por

ordem de deus que a morte se retirou, A seu tempo conheceremos os

motivos desta provação, entretanto vamos pôr os rosários a trabalhar,

Nós faremos o mesmo, refiro-me às orações, claro está, não aos rosários,

sorriu o protestante, E também vamos fazer sair à rua em todo o país

procissões a pedir a morte, da mesma maneira que já as fazíamos ad

petendem pluviam , para pedir chuva, traduziu o católico, A tanto não

chegaremos nós, essas procissões nunca fizeram parte das manias que

cultivamos, tornou a sorrir o protestante. E nós, perguntou um dos

filósofos optimistas em um tom que parecia anunciar o seu próximo

ingresso nas fileiras contrárias, que vamos fazer a partir de agora,

quando parece que todas as portas se fecharam, Para começar, levantar

a sessão, respondeu o mais velho, E depois, Continuar a filosofar, já que

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nascemos para isso, e ainda que seja sobre o vazio, Para quê, Para quê,

não sei, Então porquê, Porque a filosofia precisa tanto da morte como as

religiões, se filosofamos é por saber que morreremos, monsieur de

montaigne já tinha dito que filosofar é aprender a morrer.

Mesmo não sendo filósofos, ao menos no sentido mais comum do

termo, alguns haviam conseguido aprender o caminho. Paradoxal-

mente, não tanto a aprender a morrer eles próprios, porque ainda não

lhes teria chegado o tempo, mas a enganar a morte de outros, ajudando-

a. o expediente utilizado, como não tardará a ver-se, foi uma nova

manifestação da inesgotável capacidade inventiva da espécie humana.

Numa aldeia qualquer, a poucos quilómetros da fronteira com um dos

países limítrofes, havia uma família de camponeses pobres que tinha,

por mal dos seus pecados, não um parente, mas dois, em estado de vida

suspensa ou, como eles preferiam dizer, de morte parada. um deles era

um avô daqueles à antiga usança, um rijo patriarca que a doença havia

reduzido a um mísero farrapo, ainda que não lhe tivesse feito perder

por completo o uso da fala. o outro era uma criança de poucos meses a

quem não tinham tido tempo de ensinar nem a palavra vida nem a

palavra morte e a quem a morte real recusava dar-se a conhecer. Não

morriam, não estavam vivos, o médico rural que os visitava uma vez

por semana dizia que já nada podia fazer por eles nem contra eles, nem

sequer injectar-lhes, a um e a outro, uma boa droga letal, daquelas que

não há muito tempo teriam sido a solução radical para qualquer

problema. Quando muito, talvez pudesse empurrá-los um passo na

direcção aonde se supunha que a morte se encontraria, mas seria em

vão, inútil, porque nesse preciso instante, inalcançável como antes, ela

daria um passo atrás e guardaria a distância. A família foi pedir ajuda

ao padre, que ouviu, levantou os olhos ao céu e não teve outra palavra

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para responder senão que todos estamos na mão de deus e que a

misericórdia divina é infinita. Pois sim, infinita será, mas não o

suficiente para ajudar o nosso pai e avô a morrer em paz nem para

salvar um pobre inocentinho que nenhum mal fez ao mundo. Nisto

estávamos, nem para a frente, nem para trás, sem remédio nem

esperança dele, quando o velho falou, Que se chegue aqui alguém,

disse, Quer água, perguntou uma das filhas, Não quero água, quero

morrer, Bem sabe que o médico diz que não é possível, pai, lembre-se

de que a morte acabou, o médico não entende nada, desde que o mundo

começou a ser mundo sempre houve uma hora e um lugar para morrer,

Agora não, Agora sim, sossegue, pai, que lhe sobe a febre, Não tenho

febre, e mesmo que a tivesse daria o mesmo, ouve-me com atenção,

Estou a ouvir, Aproxima-te mais, antes que se me quebre a voz, Diga. o

velho sussurrou algumas palavras ao ouvido da filha. Ela abanava a

cabeça, mas ele insistia e insistia. Isso não vai resolver nada, pai,

balbuciou ela estupefacta, pálida de espanto, Resolverá, E se não

resolver, Não perderemos nada por experimentar, E se não resolver, É

simples, trazem-me outra vez para casa, E o menino, o menino vai

também, se eu lá ficar, ficará comigo. A filha tentou pensar, lia-se-lhe na

cara a confusão, e finalmente perguntou, E por que não os trazemos e

enterramos aqui, Imagina o que seria, dois mortos em casa numa terra

onde ninguém, por mais que faça, consegue morrer, como o explicarias

tu, além disso, tenho as minhas dúvidas de que a morte, tal como estão

as cousas, nos deixasse regressar, É uma loucura, pai, Talvez seja, mas

não vejo outro meio para sair desta situação, Queremo-lo vivo, e não

morto, Mas não no estado em que me vês aqui, um vivo que está morto,

um morto que parece vivo, se é assim que quer, cumpriremos a sua

vontade, Dá-me um beijo. A filha beijou-o na testa e saiu a chorar. Dali,

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lavada em lágrimas, foi anunciar ao resto da família que o pai havia

determinado que o levassem nessa mesma noite ao outro lado da

fronteira, lá onde, segundo a sua ideia, a morte, ainda em vigor nesse

país, não teria mais remédio que aceitá-lo. A notícia foi recebida com

um sentimento complexo de orgulho e resignação, orgulho porque não

é cousa de todos os dias ver um ancião oferecer-se assim, por seu

próprio pé, à morte que lhe foge, resignação porque perdido por um,

perdido por cem, que se lhe há-de fazer, contra o que tem de ser toda a

força sobra. Como está escrito que não se pode ter tudo na vida, o

corajoso velho deixará em seu lugar nada mais que uma família pobre e

honesta que certamente não se esquecerá de lhe honrar a memória. A

família não era só esta filha que saiu a chorar e a criança que não tinha

feito mal nenhum ao mundo, era também uma outra filha e o marido

respectivo, pais de três meninos felizmente de boa saúde, mais uma tia

solteira a quem já se lhe passou há muito a idade de casar. o outro

genro, marido da filha que saiu a chorar, está a viver num país distante,

emigrou para ganhar a vida e amanhã saberá que perdeu de uma só vez

o único filho que tinha e o sogro a quem estimava. É assim a vida, vai

dando com uma mão até que chega o dia em que tira tudo com a outra.

Que importam pouco a este relato os parentescos de uns tantos

camponeses que o mais provável é não voltarem a aparecer nele,

melhor que ninguém o sabemos, mas pareceu-nos que não estaria bem,

mesmo de um estrito ponto de vista técnico-narrativo, despachar em

duas rápidas linhas precisamente aquelas pessoas que irão ser

protagonistas de um dos mais dramáticos lances ocorridos nesta,

embora certa, inverídica história sobre as intermitências da morte. Aí

ficam, pois. Faltou-nos apenas dizer que a tia solteira ainda manifestou

uma dúvida, Que dirá a vizinhança, perguntou, quando der por que já

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não estão aqui aqueles que, sem morrer, à morte estavam. Em geral a tia

solteira não fala de uma maneira tão preciosa, tão rebuscada, mas se o

fez agora foi para não rebentar em lágrimas, que assim sucederia se

tivesse pronunciado o nome do menino que não tinha feito mal nenhum

ao mundo e as palavras meu irmão. Respondeu-lhe o pai dos outros três

meninos, Dizemos o que se passou e esperamos as consequências, pela

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