• Пожаловаться

José Saramago: As Intermitências da Morte

Здесь есть возможность читать онлайн «José Saramago: As Intermitências da Morte» весь текст электронной книги совершенно бесплатно (целиком полную версию). В некоторых случаях присутствует краткое содержание. год выпуска: 0101, категория: Старинная литература / на португальском языке. Описание произведения, (предисловие) а так же отзывы посетителей доступны на портале. Библиотека «Либ Кат» — LibCat.ru создана для любителей полистать хорошую книжку и предлагает широкий выбор жанров:

любовные романы фантастика и фэнтези приключения детективы и триллеры эротика документальные научные юмористические анекдоты о бизнесе проза детские сказки о религиии новинки православные старинные про компьютеры программирование на английском домоводство поэзия

Выбрав категорию по душе Вы сможете найти действительно стоящие книги и насладиться погружением в мир воображения, прочувствовать переживания героев или узнать для себя что-то новое, совершить внутреннее открытие. Подробная информация для ознакомления по текущему запросу представлена ниже:

José Saramago As Intermitências da Morte

As Intermitências da Morte: краткое содержание, описание и аннотация

Предлагаем к чтению аннотацию, описание, краткое содержание или предисловие (зависит от того, что написал сам автор книги «As Intermitências da Morte»). Если вы не нашли необходимую информацию о книге — напишите в комментариях, мы постараемся отыскать её.

José Saramago: другие книги автора


Кто написал As Intermitências da Morte? Узнайте фамилию, как зовут автора книги и список всех его произведений по сериям.

As Intermitências da Morte — читать онлайн бесплатно полную книгу (весь текст) целиком

Ниже представлен текст книги, разбитый по страницам. Система сохранения места последней прочитанной страницы, позволяет с удобством читать онлайн бесплатно книгу «As Intermitências da Morte», без необходимости каждый раз заново искать на чём Вы остановились. Поставьте закладку, и сможете в любой момент перейти на страницу, на которой закончили чтение.

Тёмная тема

Шрифт:

Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

a pior calamidade colectiva que nos caiu em cima desde a fundação da

nacionalidade, isto é, que o governo decida tornar obrigatórios o

enterramento ou a incineração de todos os animais domésticos que

venham a defuntar de morte natural ou por acidente, e que tal

enterramento ou tal incineração, regulamentados e aprovados, sejam

obrigatoriamente levados a cabo pela indústria funerária, tendo em

contra as meritórias provas prestadas no passado como autêntico

serviço público que têm sido, no sentido mais profundo da expressão,

gerações após gerações. o documento continuava, solicitamos ainda a

melhor atenção do governo para o facto de que a indispensável

reconversão da indústria não será viável sem vultosos investimentos,

pois não é a mesma cousa sepultar um ser humano e levar à última

morada um gato ou um canário, e porque não dizer um elefante de

circo ou um crocodilo de banheira, sendo portanto necessário

reformular de alto a baixo o nosso know how tradicional, servindo de

providencial apoio a esta indispensável actualização a experiência já

adquirida desde a oficialização dos cemitérios para animais, ou seja,

aquilo que até agora não havia passado de uma intervenção marginal

da nossa indústria, ainda que, não o negamos, bastamente lucrativa,

tomar-se-ia em actividade exclusiva, evitando-se assim, na medida do

possível, o despedimento de centenas senão milhares de abnegados e

valorosos trabalhadores que em todos os dias da sua vida enfrentaram

corajosamente a imagem terrível da morte e a quem a mesma morte

volta agora imerecidamente as costas, Exposto o que, senhor primeiro-

ministro, rogamos, com vista à merecida protecção de uma profissão

milenariamente classificada de utilidade pública, se digne considerar,

não somente a urgência de uma decisão favorável, mas também, em

19

paralelo, a abertura de uma linha de créditos bonificados, ou então, e

isso seria ouro sobre azul, ou dourado sobre negro, que são as nossas

cores, para não dizer da mais elementar justiça, a concessão de

empréstimos a fundo perdido que ajudem a viabilizar a rápida

revitalização de um sector cuja sobrevivência se encontra ameaçada

pela primeira vez na história, e desde muito antes dela, em todas as

épocas da pré-história, pois nunca a um cadáver humano deve ter

faltado quem, mais cedo ou mais tarde, acudisse a enterrá-lo, ainda que

não fosse mais que a generosa terra abrindo-se. Respeitosamente,

pedem deferimento.

Também os directores e administradores dos hospitais, tanto do

estado como privados, não tardaram muito a ir bater à porta do

ministério da tutela, o da saúde, para expressar junto dos serviços

competentes as suas inquietações e os seus anseios, os quais, por

estranho que pareça, quase sempre relevavam mais de questões

logísticas que propriamente sanitárias. Afirmavam eles que o corrente

processo rotativo de enfermos entrados, enfermos curados e enfermos

mortos havia sofrido, por assim dizer, um curto-circuito ou, se

quisermos falar em termos menos técnicos, um engarrafamento como os

dos automóveis, o qual tinha a sua causa na permanência indefinida de

um número cada vez maior de internados que, pela gravidade das

doenças ou dos acidentes de que haviam sido vítimas, já teriam, em

situação normal, passado à outra vida. A situação é difícil, argumen-

tavam, já começámos a pôr doentes nos corredores, isto é, mais do que

era costume fazê-lo, e tudo indica que em menos de uma semana nos

iremos encontrar a braços não só com a escassez das camas, mas

também, estando repletos os corredores e as enfermarias, sem saber, por

falta de espaço e dificuldade de manobra, onde colocar as que ainda

20

estejam disponíveis. É certo que há uma maneira de resolver o

problema, concluíam os responsáveis hospitalares, porém, ofendendo

ela, ainda que de raspão, o juramento hipocrático, a decisão, no caso de

vir a ser tomada, não poderá ser nem médica nem administrativa, mas

política. Como a bom entendedor sempre meia palavra bastou, o

ministro da saúde, depois de consultar o primeiro-ministro, exarou o

seguinte despacho, Considerando a imparável sobreocupação de inter-

nados que já começa a prejudicar seriamente o ate agora excelente

funcionamento do nosso sistema hospitalar e que é a directa consequên-

cia do crescente número de pessoas ingressadas em estado de vida

suspensa e que assim irão manter-se indefinidamente, sem quaisquer

possibilidades de cura ou de simples melhora, pelo menos até que a

investigação médica alcance as novas metas que se tem proposto, o

governo aconselha e recomenda às direcções e administrações

hospitalares que, após uma análise rigorosa, caso por caso, da situação

clínica dos doentes que se encontrem naquela situação, e confirmando-

se a irreversibilidade dos respectivos processos mórbidos, sejam eles

entregues aos cuidados das famílias, assumindo os estabelecimentos

hospitalares a responsabilidade de assegurar aos enfermos, sem reserva,

todos os tratamentos e exames que os seus médicos de cabeceira ainda

julguem necessários ou simplesmente aconselháveis. Fundamenta-se

esta decisão do governo numa hipótese facilmente admissível por toda

a gente, a de que a um paciente em tal estado, permanentemente à beira

de um falecimento que permanentemente lhe vai sendo negado, deverá

ser-lhe pouco menos que indiferente, mesmo em algum momento de

lucidez, o lugar em que se encontre, quer se trate do seio carinhoso da

sua família ou da congestionada enfermaria de um hospital, uma vez

que nem aqui nem ali conseguirá morrer, como também nem ali nem

21

aqui poderá recuperar a saúde. o governo quer aproveitar esta

oportunidade para informar a população de que prosseguem em ritmo

acelerado os trabalhos de investigação que, assim o espera e confia, hão-

de levar a um conhecimento satisfatório das causas, até este momento

ainda misteriosas, do súbito desaparecimento da morte. Igualmente

informa que uma nutrida comissão interdisciplinar, incluindo represen-

tantes das diversas religiões em vigor e filósofos das diversas escolas

em actividade, que nestes assuntos sempre têm uma palavra a dizer,

está encarregada da delicada tarefa de reflectir sobre o que virá a ser um

futuro sem morte, ao mesmo tempo que tentará elaborar uma previsão

plausível dos novos problemas que a sociedade terá de enfrentar, o

principal dos quais alguns resumiriam nesta cruel pergunta, Que vamos

fazer com os velhos, se já não está aí a morte para lhes cortar o excesso

de veleidades macróbias.

Os lares para a terceira e quarta idades, essas benfazejas instituições

criadas em atenção à tranquilidade das famílias que não têm tempo

nem paciência para limpar os ranhos, atender aos esfíncteres fatigados e

levantar-se de noite para chegar a arrastadeira, também não tardaram,

tal como já o haviam feito os hospitais e as agências funerárias, a vir

bater com a cabeça no muro das lamentações. Fazendo justiça a quem se

deve, temos de reconhecer que a incerteza em que se encontravam

divididos, isto é, continuar ou não continuar a receber hóspedes, era

uma das mais angustiantes que poderiam desafiar os esforços

equitativos e o talento planificador de qualquer gestor de recursos

Читать дальше
Тёмная тема

Шрифт:

Сбросить

Интервал:

Закладка:

Сделать

Похожие книги на «As Intermitências da Morte»

Представляем Вашему вниманию похожие книги на «As Intermitências da Morte» списком для выбора. Мы отобрали схожую по названию и смыслу литературу в надежде предоставить читателям больше вариантов отыскать новые, интересные, ещё не прочитанные произведения.


Отзывы о книге «As Intermitências da Morte»

Обсуждение, отзывы о книге «As Intermitências da Morte» и просто собственные мнения читателей. Оставьте ваши комментарии, напишите, что Вы думаете о произведении, его смысле или главных героях. Укажите что конкретно понравилось, а что нет, и почему Вы так считаете.