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José Saramago: As Intermitências da Morte

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José Saramago As Intermitências da Morte

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humanos. Principalmente porque o resultado final, e isso é o que

caracteriza os autênticos dilemas, iria ser sempre o mesmo. Habituados

até agora, tal como os seus queixosos parceiros da injecção intravenosa

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e da coroa de flores com fita roxa, à segurança resultante da contínua e

imparável rotação de vidas e mortes, umas que vinham entrando,

outras que iam saindo, os lares da terceira e quarta idades não queriam

nem pensar num futuro de trabalho em que os objectos dos seus

cuidados não mudariam nunca de cara e de corpo, salvo para exibi-los

mais lamentáveis em cada dia que passasse, mais decadentes, mais

tristemente descompostos, o rosto enrugando-se, prega a prega, igual

que uma passa de uva, os membros trémulos e duvidosos, como um

barco que inutilmente andasse à procura da bússola que lhe tinha caído

ao mar. um novo hóspede sempre havia sido motivo de regozijo para os

lares do feliz ocaso, tinha um nome que seria preciso fixar na memória,

hábitos próprios trazidos do mundo exterior, manias que eram só dele,

como um certo funcionário aposentado que todos os dias tinha de lavar

a fundo a escova de dentes porque não suportava ver nela restos da

pasta dentífrica, ou aquela anciã que desenhava árvores genealógicas da

sua família e nunca acertava com os nomes que deveria pendurar nos

ramos. Durante algumas semanas, até que a rotina nivelasse a atenção

devida aos internados, ele seria o novo, o benjamim do grupo, e iria sê-

lo pela última vez na vida, ainda que durando ela tanto como a

eternidade, esta que, como do sol costuma dizer-se, passou a brilhar

para toda a gente deste país afortunado, nós que veremos extinguir-se o

astro do dia e continuaremos vivos, ninguém sabe como nem porquê.

Agora, porém, o novo hóspede, excepto se ainda veio preencher alguma

vaga e arredondar a receita do lar, é alguém cujo destino se conhece de

antemão, não o veremos sair daqui para ir morrer a casa ou ao hospital

como acontecia nos bons tempos, enquanto os outros hóspedes

fechavam à chave apressadamente a porta dos seus quartos para que a

morte não entrasse e os levasse também a eles, já sabemos que tudo isto

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são cousas de um passado que não voltará, mas alguém do governo terá

de pensar na nossa sorte, nós, patrão, gerente e empregados dos lares

do feliz ocaso, o destino que nos espera é não termos ninguém que nos

acolha quando chegar a hora em que tenhamos de baixar os braços,

reparai que nem sequer somos senhores daquilo que de alguma

maneira também havia sido nosso, ao menos pelo trabalho que nos deu

durante anos e anos, aqui deverá perceber-se que os empregados

tomaram a palavra, o que queremos dizer é que não haverá sítio para

estes que somos nos lares do feliz ocaso, salvo se pusermos de lá para

fora uns quantos hóspedes, ao governo já lhe tinha ocorrido a mesma

ideia quando foi daquele debate sobre a pletora dos hospitais, que a

família reassuma as suas obrigações, disseram, mas para isso seria

necessário que ainda se encontrasse nela alguém com suficiente tino na

cabeça e energias bastantes no resto do corpo, dons cujo prazo de

validade, como sabemos por experiência própria e pelo panorama que o

mundo oferece, têm a duração de um suspiro se o compararmos com

esta eternidade recentemente inaugurada, o remédio, salvo opinião

mais abalizada, seria multiplicar os lares do feliz ocaso, não como até

agora, aproveitando vivendas e palacetes que em tempos conheceram

melhor sorte, mas construindo de raiz grandes edifícios, com a forma de

um pentágono, por exemplo, de uma torre de babel, de um labirinto de

cnossos, primeiro bairros, depois cidades, depois metrópoles, ou,

usando palavras mais cruas, cemitérios de vivos onde a fatal e

irrenunciável velhice seria cuidada como deus quisesse, até não se sabe

quando, pois os seus dias não teriam fim, o problema bicudo, e para ele

nos sentimos no dever de chamar a atenção de quem de direito, é que,

como passar do tempo, não só haverá cada vez mais idosos internados

nos lares do feliz ocaso, como também será necessária cada vez mais

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gente para tomar conta deles, dando em resultado que o rombóide das

idades virará rapidamente os pés pela cabeça, uma massa gigantesca de

velhos lá em cima, sempre em crescimento, engolindo como uma

serpente pitão as novas gerações, as quais, por sua vez, na sua maioria

convertidas em pessoal de assistência e administração dos lares do feliz

ocaso, depois de terem gasto a melhor parte da sua vida a cuidar de

velhorros de todas as idades, quer as normais, quer as matusalénicas,

multidões de pais, avós, bisavós, trisavós, tetravós, pentavós, hexavós, e

por aí fora, ad infinitum , se juntarão, uma atrás de outra, como folhas

que das árvores se desprendem e vão tombar sobre as folhas dos

outonos pretéritos, mais oü sont les neiges d'antan, do formigueiro

interminável dos que, pouco a pouco, levaram a vida a perder os dentes

e o cabelo, das legiões dos de má vista e mau ouvido, dos herniados,

dos catarrosos, dos que fracturaram o colo do fémur, dos paraplégicos,

dos caquécticos agora imortais que não são capazes de segurar nem a

baba que lhes escorre do queixo, vossas excelências, senhores que nos

governam, talvez não nos queiram crer, mas o que aí nos vem em Cima

é o pior dos pesadelos que alguma vez um ser humano pôde haver

sonhado, nem mesmo nas escuras cavernas, quando tudo era terror e

tremor, se terá visto semelhante cousa, dizemo-lo nós que temos a

experiência do primeiro lar do feliz ocaso, é certo que então tudo era em

ponto pequeno, mas para alguma cousa a imaginação nos haveria de

servir, se quer que lhe falemos com franqueza, de coração nas mãos,

antes a morte, senhor primeiro-ministro, antes a morte que tal sorte.

Uma terrível ameaça que vem pôr em perigo a sobrevivência da

nossa indústria, foi o que declarou aos órgãos de comunicação social o

presidente da federação das companhias seguradoras, referindo-se aos

muitos milhares de cartas que, mais ou menos por idênticas palavras,

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Como se as tivessem copiado de uma minuta única, haviam entrado nos

últimos dias nas empresas trazendo uma ordem de cancelamento

imediato das apólices de seguros de vida dos respectivos signatários,

Afirmavam estes que, considerando o facto público e notório de que a

morte havia posto termo aos seus dias, seria absurdo, para não dizer

simplesmente estúpido, continuar a pagar uns prémios altíssimos que

só iram servir, sem qualquer espécie de contrapartida, para enriquecer

as companhias. Não estou para sustentar burros a pão-de-ló, desaba-

fava, em post scriptum , um segurado particularmente maldisposto.

Alguns iam mais longe, reclamavam a evolução das quantias pagas,

mas, esses, percebia-se logo que era só um atirar barro à parede por

descargo de consciência, a ver se pegava. À inevitável pergunta dos

jornalistas sobre o que pensavam fazer as companhias de seguros para

contrapor à salva de artilharia pesada que de repente lhes tinha caído

em cima, o presidente da federação respondeu que, embora os

assessores jurídicos estivessem, neste preciso momento, a estudar com

toda a atenção a letra pequena das apólices à procura de qualquer

possibilidade interpretativa que permitisse, sempre dentro da mais

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