José Saramago - As Intermitências da Morte
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possam olhar-nos por algum tempo mais, para que possam despedir-se
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de nós, ouçamos o que estão dizendo, adeus minhas filhas, adeus meu
genro, adeus meus tios, adeus minha mãe. Quando a cova ficou cheia, o
homem calcou e alisou a terra para que não se percebesse, se alguém
passasse por ali, que havia gente enterrada. Colocou uma pedra à
cabeceira e outra mais pequena aos pés, a seguir espalhou sobre a cova
as ervas que havia cortado antes com a enxada, outras plantas, vivas,
em poucos dias virão tomar o lugar destas que, murchas, mortas,
ressequidas, entrarão no ciclo alimentar da mesma terra de que haviam
brotado. o homem mediu a passos largos a distância entre a árvore e a
cova, doze foram, depois pôs ao ombro a pá e a enxada, Vamos, disse. A
lua desaparecera, o céu estava outra vez coberto. Começou a chover
quando acabavam de atrelar a mula à carroça.
Os actores do dramático lance que acaba de ser descrito com
desusada minúcia num relato que até agora havia preferido oferecer ao
leitor curioso, por assim dizer, uma visão panorâmica dos factos, foram,
quando da sua inopinada entrada em cena, socialmente classificados
como camponeses pobres. o erro, resultante de uma impressão precipi-
tada do narrador, de um exame que não passou de superficial, deverá,
por respeito à verdade, ser imediatamente rectificado. uma família
camponesa pobre, das realmente pobres, nunca chegaria a ser
proprietária de uma carroça nem teria posses para sustentar um animal
de tanto alimento como é a mula. Tratava-se, sim, de uma família de
pequenos agricultores, gente remediada na modéstia do meio em que
viviam, pessoas com educação e instrução escolar suficiente para
poderem manter entre si diálogos não só gramaticalmente correctos,
mas também com aquilo a que, à falta de melhor, alguns costumam
chamar conteúdo, outros substância, outros, mais terra-a-terra, miolo.
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Se assim não fosse, nunca jamais a tia solteira teria sido capaz de pôr de
pé aquela tão formosa frase antes comentada. Que dirá a vizinhança
quando der por que já não estão aqui aqueles que, sem morrer, à morte
estavam. Corrigido a tempo o lapso, posta a verdade no seu lugar,
vejamos então o que disse a vizinhança. Apesar das precauções
tomadas, alguém vira a carroça e estranhara a saída daqueles três a tais
horas. Precisamente foi essa a pergunta que o vizinho vigilante fizera
mentalmente, Aonde irão aqueles três a esta hora da noite, repetida na
manhã seguinte, com uma pequena mudança, ao genro do velho
agricultor, Aonde iam vocês àquela hora da noite. o interpelado
respondeu que tinham ido tratar de um assunto, mas o vizinho não se
deu por satisfeito, um assunto à meia-noite, de carroça, com a tua
mulher e a tua cunhada, caso raro, disse ele, será raro, mas foi assim
mesmo, E donde vinham vocês quando o céu já começava a clarear,
Não é da tua conta, Tens razão, desculpa, realmente não é da minha
conta, mas em todo o caso suponho que te posso perguntar como se
encontra o teu sogro, Na mesma, E o teu sobrinho pequeno, Também,
Ah, estimo as melhoras de ambos, obrigado, Até logo, Até logo. o
vizinho deu uns passos, parou, voltou atrás, Pareceu-me ver que
levavam algo na carroça, pareceu-me ver que a tua irmã tinha uma
criança ao colo, e, se assim era, então o mais provável é que o vulto
deitado que me pareceu ver, coberto com uma manta, fosse o teu sogro,
tanto mais, Tanto mais, quê, Tanto mais que no regresso a carroça vinha
vazia e a tua irmã não trazia nenhuma criança ao colo, Pelos vistos, não
dormes de noite, Tenho o sono leve, acordo com facilidade, Acordaste
quando nos fomos, acordaste quando voltámos, a isso se chama
coincidência, Assim é, E queres que te diga o que se passou, se essa for a
tua vontade, Vem comigo. Entraram em casa, o vizinho cumprimentou
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as três mulheres, Não quero incomodar, disse contrafeito, e esperou.
serás a primeira pessoa a saber, disse o genro, e não terás de guardar
segredo porque não to vamos pedir, Não digas senão o que realmente
queiras dizer, o meu sogro e o meu sobrinho morreram esta noite,
levámo-los ao outro lado da fronteira, lá onde a morte continua em
actividade, Mataram-nos, exclamou o vizinho, De certa maneira, sim,
uma vez que eles não poderiam ter ido por seu pé, de certa maneira,
não, porque o fizemos por ordem do meu sogro, quanto ao menino,
pobrezinho, esse não tinha querer nem vida para viver, ficaram
enterrados ao pé de um freixo, podia dizer-se que abraçados um ao
outro. o vizinho levou as mãos à cabeça, E agora, Agora tu vais contá-lo
a toda a aldeia, seremos presos e levados à polícia, provavelmente
julgados e condenados pelo que não fizemos, Fizeram, sim, um metro
antes da fronteira ainda estavam vivos, um metro depois já estavam
mortos, diz-me tu quando foi que os matámos, e como, se não os
tivessem levado, sim, estariam aqui, esperando a morte que não vinha.
Caladas, serenas, as três mulheres olhavam o vizinho. Vou-me embora,
disse ele, realmente desconfiava de que algo tinha acontecido, mas
nunca pensei que fosse isto, Tenho um pedido a fazer-te, disse o genro,
Qual, Que me acompanhes à polícia, assim não terás tu que ir de porta
em porta, por aí, a contar às pessoas os horríveis crimes que cometemos,
imagine-se, parricídio, infanticídio, santo deus, que monstros vivem
nesta casa, Não o contaria dessa maneira, Bem sei, acompanhas-me,
Quando, Agora mesmo, o ferro deve bater-se enquanto está quente,
Vamos.
Não foram nem condenados nem julgados. Como um rastilho, a
notícia correu veloz por todo o país, os meios de comunicação
vituperaram os infames, as irmãs assassinas, o genro instrumento do
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crime, choraram-se lágrimas sobre o ancião e o inocentinho como se eles
fossem o avô e o neto que toda a gente desejaria ter tido, pela milésima
vez jornais bem pensantes que actuavam como barómetros da
moralidade pública apontaram o dedo à imparável degradação dos
valores tradicionais da família, fonte, causa e origem de todos os males
em sua opinião, e eis senão quando quarenta e oito horas depois
começaram a chegar informações sobre práticas idênticas que estavam a
ocorrer em todas as regiões fronteiriças. outras carroças e outras mulas
levaram outros corpos inermes, falsas ambulâncias deram voltas e
voltas por azinhagas abandonadas para chegarem ao lugar onde
deviam descarregá-los, atados no trajecto, em geral, pelos cintos de
segurança ou, em algum censurável caso, escondidos nos porta-
bagagens e tapados com uma manta, carros de todas as marcas,
modelos e preços transportaram a essa nova guilhotina cujo fio, com
perdão da comparação libérrima, era a finíssima linha da fronteira,
invisível a olho nu, aqueles infelizes a quem a morte, no lado de cá,
havia mantido em situação de pena suspensa. Nem todas as famílias
que assim procederam poderiam alegar em sua defesa os motivos de
algum modo respeitáveis, ainda que obviamente discutíveis,
apresentados pelos nossos conhecidos e angustiados agricultores que,
muito longe de imaginarem as consequências, haviam dado início ao
tráfico. Algumas não quiseram ver no expediente de ir despejar o pai ou
o avô em território estrangeiro senão uma maneira limpa e eficaz,
radical seria um termo mais exacto, de se verem livres dos autênticos
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