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Жозе Сарамаго: Viagem do Elefante

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Жозе Сарамаго Viagem do Elefante

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Se escrevemos, por exemplo, as palavras arroio cristalino, de tanta aplicação precisamente na descrição de paisagens, não nos detemos a pensar se o arroio continua a ser tão cristalino como quando o vimos pela pri-223

meira vez, ou se deixou de ser arroio para se transformar em caudaloso rio, ou, mofina sorte essa, no mais infecto e malcheiroso dos pântanos. ainda que o não pareça à primeira vista, tudo isto tem muito que ver com aquela corajosa afirmação, acima consignada, de que simplesmente não é possível descrever uma paisagem e, por extensão, qualquer outra coisa. na boca de uma pessoa de confiança que, pela amostra, conhece os lugares tal como se nos apresentam nas diversas estações do ano, tais palavras dão que pensar. Se essa pessoa, com a sua honestidade e o seu saber de experiência feito, diz que não se pode descrever o que os olhos vêem, traduzindo-o em palavras, neve seja ou florido vergel, como poderá atrever-se a tal alguém que nunca em sua vida atravessou o passo de brenner e nem em sonhos naquele século dezasseis, quando faltavam as auto-estradas e os postos de abastecimento de gasolina, croquetes e chávenas de café, além de um motel para passar a noite no quente, enquanto cá fora ruge a tempestade e um elefante perdido solta o mais angustioso dos barritos. não estivemos lá, curá-

mos só por informações, e vá lá a saber-se o que valem elas, por exemplo, uma velha gravura, só respeitável pela sua idade provecta e pelo desenho ingénuo, mostra um elefante do exército de aníbal despenhando-se por uma ravina, quando o certo é que durante a trabalhosa travessia dos alpes pelo exército cartaginês, pelo menos tem-no afirmado quem da matéria sabe, nenhum elefante se perdeu. aqui também não se perdeu ninguém. a caravana continua compacta, firme, 224

qualidades que não são menos louváveis pelo facto de serem fundamentalmente determinadas, como já foi explicado antes, por sentimentos egoístas. mas há excepções. a maior preocupação dos couraceiros, por exemplo, não tem nada a ver com a segurança pessoal de cada um, mas com a dos seus cavalos, obrigados agora a avançar sobre um solo resvaladiço, de gelo duro, cinzento-azulado, onde um metacarpo partido teria a mais fatal das consequências. até este momento, o milagre cometido por solimão às portas da ba-sílica de santo antónio em pádua, por muito que tal pese ao ainda empedernido luteranismo do arquiduque maximiliano segundo de áustria, tem protegido a caravana, não só os poderosos que vão nela, mas também a gente de pouco, o que prova, se ainda fosse precisa a demonstração, as raras e excelentes virtudes taumatúrgicas do santo, fenando de bulhões no mundo, que duas cidades, lisboa e pádua, vêm disputando desde há séculos, bastante pro forma, diga-se, porque já está claro para todo o mundo que foi pádua a que acabou por alçar-se com o pendão da vitória, contentando-se lisboa com as marchas populares dos bairros, o vinho tinto e a sar-dinha assada nas brasas, além dos balões e dos vasos de manjerico. não basta saber como e onde nasceu femando de bulhões, há que esperar para ver como e onde irá morrer santo antónio.

Continua a nevar e, que nos desculpem a vulgari-dade da expressão, faz um frio de rachar. ao chão convém pisá-lo com mil e um cuidados por causa do mal-225

dito gelo, mas, embora as montanhas não se tenham acabado, parece que os pulmões começam a respirar melhor, com outro desafogo, livres da estranha opres-são que baixa das alturas inacessíveis. a próxima cidade é innsbruck, na margem do rio inn, e, se o arquiduque não se apartou da ideia que comunicou ao intendente ainda em bressanone, grande parte da distância que nos separa de viena vai ser percorrida em barco, navegação fluvial, portanto, descendo a corrente, primeiro pelo inn, até passau, e depois pelo danúbio, rios de grande caudal, em particular o danúbio, a que na áustria chamam donau. É mais do que provável que venhamos a desfrutar de uma viagem tranquila, tão tranquila como o foi a estância das duas semanas em bressanone, em que nada sucedeu que fosse digno de nota, nenhum episódio burlesco para narrar ao serão, nenhuma história de fantasmas para contar aos netos, e por isso a gente se sentiu afortunada como pouquíssimas vezes, todos chegados a salvo à estalagem am hohen feld, a família longe, as preocupações pospos-tas, os credores disfarçando a impaciência, nenhuma carta comprometedora caída em mãos indevidas, enfim, o porvir, como os antigos diziam, e acreditavam, só a deus pertence, vivamos nós o dia hoje, que o de amanhã nunca se sabe. a alteração do itinerário não se deve a um capricho do arquiduque, embora tivessem passado a estar incluídas no dito itinerário duas visitas por razões de cortesia, mas também de alta política centro-europeia, a primeira em wasserburg, ao duque da baviera, a segunda, mais prolongada, em 226

müldhorf, ao duque ernst da baviera, administrador do arcebispado de salzburgo. voltando aos caminhos, é verdade que a estrada de innsbruck a viena é rela-tivamente cómoda, sem catastróficos acidentes orográficos como foram os alpes e, se não vai em linha recta, pelo menos está bastante segura de aonde quer chegar. Porém, a vantagem dos rios é serem como estradas andantes, vão por seu pé, especialmente estes, com os seus poderosos caudais. o mais beneficiado com a mudança será solimão que, para beber, só terá de chegar-se à borda da jangada, meter a tromba na água e aspirar. Contudo, não ficaria nada contente se pudesse saber que um cronista da cidade ribeirinha de hall, pouco adiante de innsbruck, um escriba qualquer de nome franz schweyger, escreverá, maximiliano voltou em esplendor de espanha, trazendo também um elefante que tem doze pés de altura, sendo cor de rato. a rectificação de solimão, pelo que dele conhecemos, seria rápida, directa e incisiva, não é o elefante que tem cor de rato, é o rato que tem cor de elefante. e acrescentaria, mais respeito, por favor.

Balanceando-se ao passo ritmado de solimão, fritz limpa a neve que se lhe agarrou às sobrancelhas e pensa no que será o seu futuro em viena, cornaca é, cornaca continuará a ser, nem nunca poderia ser outra coisa, mas a lembrança do que foi o seu tempo em lisboa, esquecido de toda a gente depois de ter sido motivo de gáudio da populaça, incluindo os fidalgos da corte que, em rigor, populaça são igualmente, leva-o a perguntar a si mesmo se também em viena o meterão 227

numa cerca de pau-a-pique com o elefante, a apodrecer. algo terá de acontecer-nos, salomão, disse, esta viagem tem sido só um intervalo, e já agora agradece que o cornaca subhro te tenha restituído o teu verdadeiro nome, boa ou má, terás a vida para que nasceste e a que não poderás fugir, mas eu não nasci para ser cornaca, em verdade nenhum homem nasceu para ser cornaca mesmo que outra porta não se lhe abra em toda a sua existência, no fundo sou uma espécie de parasita teu, um piolho perdido entre as cerdas do teu lombo, calculo que não viverei tanto tempo como tu, as vidas dos homens são curtas comparadas com as dos elefantes, isso é sabido, pergunto-me que será de ti não estando eu no mundo, chamarão outro cornaca, claro, alguém terá de tomar conta de solimão, talvez a arquiduquesa se ofereça, teria a sua graça, uma arquiduquesa a servir um elefante, ou então um dos príncipes quando forem crescidos, de uma maneira ou outra, querido amigo, sempre terás um porvir garantido, eu não, eu sou o cornaca, um parasita, um apêndice.

Cansados de tão longa caminhada, chegámos a innsbruck numa data assinalada no calendário cató-

lico, o dia de reis, sendo o ano de mil quinhentos e cinquenta e dois. a festa foi de arromba como seria de esperar da primeira grande cidade austríaca que recebia o arquiduque. Que já não se sabe muito bem se os aplausos são para ele ou para o elefante, mas isso importa pouco ao futuro imperador para quem solimão é, além do mais, um instrumento político de primeira grandeza, cuja importância nunca poderia ser afec-228

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