Жозе Сарамаго - Viagem do Elefante

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vel a hi pótese, de que a missiva do arquiduque maximiliano viesse escrita em alemão, caso em que a mais bem colocada das tradutoras já estaria ali, por assim dizer à mão de semear, pronta para o serviço. neste 21

meio-tempo, o rei havia recebido o rolo das mãos do estribeiro-mor, ele próprio o desenrolou depois de lhe desatar as fitas seladas com as armas do arquiduque, mas foi suficiente um simples relance de olhos para perceber que vinha escrita em latim. ora, dom joão, o terceiro de portugal com este nome, embora não ignorante em latinações, porque estudos tivera-os no tempo da sua juventude, tinha perfeita consciência de que as inevitáveis dúvidas, as pausas demasiado prolongadas, os mais que prováveis erros de interpreta-

ção, iriam dar aos presentes uma mísera e afinal não merecida imagem da sua real figura. Com a agilidade de espírito que já lhe conhecemos e a consequente fluidez de reflexos, o secretário tinha dado dois passos discretos em frente e esperava. em tom natural, como se a marcação da cena tivesse sido ensaiada antes, o rei disse, o senhor secretário fará a leitura, traduzindo ao português a mensagem na qual o nosso amado primo maximiliano certamente responde à oferta do elefante salomão, parece-me dispensável fazer leitura integral da carta, basta que neste momento conheçamos o essencial dela, assim se fará, meu senhor. o secretário passeou os olhos pelas ex tensas e redundantes fórmulas de cortesia que o estilo episto-lar do tempo fazia proliferar como cogumelos depois da chuva, procurou mais abaixo e encontrou. não tra-duziu, anunciou apenas, o arquiduque maxi miliano de áustria aceita e agradece a oferta do rei de portugal. no real rosto, entre a massa pilosa formada pela barba e pelo bigode, espreitou um sorriso de sa-22

tisfação. a rainha sorriu também, ao mesmo tempo que juntava as mãos num gesto de agradecimento que, passando em primeiro lugar pelo arquiduque maximi liano de áustria, tinha a deus todo-poderoso como úl timo destinatário. as contradições que anda-vam a digladiar-se no íntimo da rainha haviam chegado a uma síntese, a mais banal de todas, ou seja, que ninguém foge ao seu destino. tomando novamente a palavra, o secretário deu a conhecer, numa voz em que a gravi dade monacal do latim parecia ressoar na elocução do português corrente em que se expressa-va, outras dis posições que a carta continha, diz que não tem claro em que altura partirá para viena, talvez aí por meados de outubro, mas não é certo, e nós estamos nos prin cípios de agosto, anunciou desnecessa-riamente a rai nha, também diz o arquiduque, meu senhor, que vossa alteza, querendo, não necessita ficar à espera de que se aproxime a data da partida para enviar o solimão a valladolid, Que solimão é esse, perguntou, enxofrado, o rei, ainda não tem lá o elefante e já lhe quer mudar o nome, Solimão, o magnífico, meu senhor, o sultão otomano, não sei o que faria eu sem si, senhor secre tário, como conseguiria saber quem é esse tal solimão se a sua brilhante memória não estivesse aí para me ilustrar e orientar a toda a hora, Peço perdão, meu se nhor, disse o secretário. Houve um si-lêncio embara çoso em que todos os presentes evita-ram olhar-se. a cara do funcionário, depois de um afluxo rápido de sangue, estava agora lívida. Sou eu quem deve pedir perdão, disse o rei, e peço-lho sem 23

nenhum constran gimento, salvo o da minha consciência, meu senhor, balbuciou pêro de alcáçova carneiro, não sou ninguém para lhe perdoar seja o que for, É o meu secretário, a quem acabo de faltar ao respeito, Por favor, meu se nhor. o rei fez um gesto a impor si-lêncio, e finalmen te disse, Salomão, que assim continuará a chamar-se enquanto aqui estiver, não imagina as perturbações que tem originado entre nós a partir do dia em que decidi dá-lo ao arquiduque, creio que, no fundo, nin guém aqui quer que ele se vá, estranho caso, não é gato que se roce nas nossas pernas, não é cão que nos olhe como se fôssemos o seu criador, e, no entanto, aqui estamos aflitos, quase em desespero, como se algo nos estivesse a ser arrancado, ninguém o teria expressado melhor que vossa alteza, disse o secretá rio, Regressemos à questão, em que ponto tí-

nhamos ficado nesta história do envio de salomão a valladolid, perguntou o rei, escreve o arquiduque que seria bom que ele não tardasse demasiado a fim de se ir habituan do à mudança das pessoas e do ambiente, a palavra latina utilizada não significa exactamente isso, mas é o melhor que posso encontrar agora, não será preciso dar-lhe mais voltas, nós compreendemos, disse o rei. depois de um minuto de reflexão acrescentou, o senhor estribeiro-mor tomará a responsabilidade de organizar a expedição, dois homens para ajudarem o cornaca no seu trabalho, uns quantos mais para se encarregaram do abastecimento de água e de forragens, um carro de bois para o que for necessário, transportar a dorna, por exemplo, ainda que seja cer-24

to que no nosso portugal não vão faltar rios nem ribei-ras onde o salomão possa beber e chafurdar, o pior é essa maldita castela, seca e resseca como um osso exposto ao sol, e, em remate, um pelotão de cavalaria para o improvável caso de alguém pretender roubar o nosso salomãozinho, o senhor estribeiro-mor irá informando do andamento do assunto o senhor secretá-

rio de esta do, a quem peço desculpa por estar a metê-

lo nestas trivialidades, não são trivialidades, meu senhor, como secretário, este assunto diz-me particularmente respeito porque o que aqui estamos fazendo é nada mais nada menos que alienar um bem do estado, Salomão nunca deve ter pensado que era um bem do estado, disse o rei com um meio sorriso, Bastaria que tivesse percebido que a água e a forragem não lhe ca-

íam do céu, meu senhor, a mim, interveio a rainha, ordeno e mando que ninguém se lembre de me vir co-municar que o salomão já se foi embora, eu o pergun-tarei quando entender, e então me darão a resposta. a últi ma palavra mal se percebeu, como se o choro, subita mente, tivesse constringido a real garganta.

Uma rainha a chorar é um espectáculo de que, por de-cência, todos estamos obrigados a desviar os olhos.

assim o fizeram o rei, o secretário de estado e o estribeiro-mor. depois, quando ela já havia saído e tinha deixado de ouvir-se o ruído das suas saias varrendo o chão, o rei lembrou, era o que eu dizia, não queremos que Salo mão se vá, vossa alteza ainda está a tempo de se arre pender, disse o secretário, arrependido estou, creio, mas o tempo acabou-se, salomão já vai a cami-25

nho, vossa alteza tem questões mais importantes a tratar, não permita que um elefante se torne em centro das suas preocupações, Como se chama o cornaca, per guntou subitamente o rei, Subhro, creio, senhor, Que significa, não sei, mas poderei perguntar-lho, Pergun te-lhe, quero saber em que mãos vai ficar salomão, as mesmas em que já estava antes, meu senhor, permita que lhe recorde que o elefante veio da índia com este cornaca, É diferente estar longe ou estar perto, até hoje nunca me tinha importado saber como se chama va o homem, agora sim, Compreendo-o, meu senhor, É o que me agrada na sua pessoa, não precisa que lhe digam as palavras todas para perceber de quê se está falando, tive um bom mestre em meu pai e vossa al teza não o é somenos, a primeira vista o elogio não vale grande coisa, mas sendo seu pai a medida dou-me por satisfeito, Permite vossa alteza que me retire, perguntou o secretário, vá, vá ao seu trabalho, e não se esqueça das roupas novas para o cornaca, como disse que se chamava ele, Subhro, meu senhor, com agá, Bem.

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aos dez dias desta conversação, ainda o sol mal apontava no horizonte, salomão saía do cercado onde durante dois anos malvivera. a caravana era a que havia sido anunciada, o cornaca, que presidia, lá no alto, sentado nos ombros do animal, os dois homens para o ajudarem no que viesse a ser preciso, os outros que deveriam assegurar o abastecimento, o carro de bois com a dorna da água, que os acidentes do cami nho constantemente faziam ir e vir de um lado a outro, e um gigantesco carregamento de fardos de forragem variada, o pelotão de cavalaria que responderia pela segurança da viagem e a chegada de todos a bom porto, e, por fim, algo de que o rei não se tinha lem brado, um carro da intendência das forças armadas puxado por duas mulas. a hora, tão matutina, e o segredo com que havia sido organizada a saída, expli cavam a au-sência de curiosos e outras testemunhas, havendo que ressalvar, no entanto, a presença de uma carruagem do paço que se pôs em movimento na direcção de lisboa quando elefante e companhia desapareceram na primeira curva da estrada. dentro, iam o rei de portugal, dom joão, o terceiro, e o seu secretário de estado, pêro de alcáçova carneiro, a quem talvez não vejamos mais, ou talvez sim, por que a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a 27

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