Susana Gaião Mota - Sobre(viventes)

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Viver numa casa de acolhimento pode ser a pior coisa que acontece na vida de alguém. Nestes ca- sos, talvez tenha sido a melhor. O que os salvou de uma sorte incerta e de um futuro sem esperança. As flores podem crescer e desabrochar nos mais verdes prados, mas também há rosas belas, que nascem na aridez do deserto.
Normalmente têm raízes deformadas e sobrevi- vem em condições extremas, mas as origens não as impedem de formar flores únicas e delicadas. Às vezes onde não se herda o amor e o cari- nho, herda-se o talento de fazer das adversidades um caminho e chegar onde os outros não ousa- riam acreditar.Superar-se é a prova de que a fé e a resiliência podem ser meios de edificar uma vida.
O amor pode vir de muitos lugares, mas só um coração grande o recebe sem reservas, genuína ecompassivamente. A mesma forma que permite que o fracasso dê lugar ao sucesso!A vida não é trágica, o que pode ser trágico é o que pensamos e fazemos dela. Estas são «leis» universais partilhadas em todas as histórias destes sobreviventes!

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Os meses seguintes permitiram a Mimi refletir e passar por todas as duras etapas de um luto que teve inevitavelmente de viver e superar.

Começou por se revoltar com os acontecimentos recentes: “achei que era egoísta da parte deles, como adultos, não pensarem nas consequências dos seus atos e eu com 14 anos ter ficado sozinha com o meu sobrinho que tinha quatro e tê-lo mantido comigo um mês e meio até virem as assistentes sociais”.

A pergunta que não pode calar perseguia-a: “o que faço agora?”. Mas para uma jovem de 14 anos é muito difícil responder a esta questão. Petrificou. Não queria saber de nada, não conseguia sequer chorar, fazer planos ou ter esperança no futuro. Foi mais uma vez Cecília que conseguiu que “eu chorasse e pensasse na minha vida e que havia todo um longo caminho pela frente”.

O mais difícil para ela em todo o processo foi perder o rasto à família toda e ir viver para um local estranho onde não conhecia ninguém.

Mimi pensava na família a toda a hora, “chorei muito”, mas o tal “Anjo” que apareceu na sua vida, Cecília, conseguiu que ela fizesse visitas regulares à mãe na prisão. Às vezes era mesmo a diretora que a levava lá quando a assistente social não podia.

“Fizemos questão que a Mimi acompanhasse a mãe”, relembra Cecília, que sempre tentou atender as necessidades daquela menina revoltada mas cheia de garra e bons valores afetivos.

E Mimi recorda com gratidão essas visitas que fez, especialmente a primeira: “Estava cheia de nervos, a minha mãe é transmontana e passou-me muitos bons valores. Então quando lhe contei, na visita, que fumava ela não me recriminou e até me deixou fumar ao pé dela. Ficámos mais amigas as duas”.

Faltava à mãe de Mimi, segundo a sua perspetiva, ouvi-la a ela e aos irmãos enquanto filhos, e a jovem queria dar-lhe a sua visão dos acontecimentos. Foi o que fez logo na primeira visita.

Com o distanciamento no tempo e no espaço, Mimi consegue agora avaliar que “a certa altura, a minha mãe perdeu-se completamente, e o dinheiro acabou por falar mais alto, meteu-se em negócios sujos, mas quem sou eu para a julgar? Quando as pessoas têm dificuldades às vezes deixam-se levar”.

No entanto, e retirando o que fica do que passa, Mimi tinha uma mãe que não era perfeita, mas estava presente. Que lhe dera amor no passado e agora estava presa, mas podia visitá-la de vez em quando e, portanto, nada estava perdido.

Mas, ainda a desestruturar esta adolescente, estava a situação do sobrinho. Depois de ingressar na Casa de Acolhimento, Mimi mantinha o contacto regular com o menino, que ia lá passar os fins de semana com ela. Não podia viver lá, porque ali só aceitavam crianças mais velhas, e por isso foi para outra instituição. Mas os fins de semana com a tia eram muito importantes para os dois.

O pai de David estava preso, a mãe tinha-o abandonado em bebé e tinha paradeiro desconhecido, e, portanto, com tão tenra idade esta criança estava apta para adoção. O problema era Mimi conseguir aceitar isso e ter de se separar do sobrinho.

“Foram longas conversas pontuadas por muitas lágrimas e revolta”, recorda Cecília, para convencer Mimi de que o sobrinho merecia a oportunidade de ter uma família e um lar funcional onde pudesse crescer.

Foi um processo tão doloroso que ainda abala as estruturas desta menina, que já é mulher e mãe de três filhos!

Dos problemas herdados do tempo que vivia com a família vinha também o medo que se foi desenvolvendo de ir à escola. Toda a gente a conhecia e na escola andavam alunos que traficavam ou consumiam droga e tinham feito negócios com a sua família.

Cecília decidiu não pôr logo Mimi a estudar, não fosse ela ser perseguida por gangs ligados ao tráfico. Acabou por ir para um estabelecimento de ensino mais afastado, onde podia ficar longe dos olhares dos “inimigos” da família.

Acabou por não seguir o ensino normal e começou a fazer cursos profissionais. Primeiro de informática, a que se sucederam outros.

Fez, em 2002, um curso de validação de competências que lhe deu as equivalências necessárias e permitiu que não tivesse de regressar ao ensino público, que continuava a ter receio de frequentar e onde se sentia desfasada ao pé dos miúdos mais novos.

Depois, e por provar que era autodidata e tinha apetência para aprender, acabou por entrar num curso de Conservação e Restauro, que além de um diploma lhe deu a possibilidade de conhecer muitos lugares. Fez estágios em Coimbra, Lyon e Florença.

Na Casa de Acolhimento souberam entendê-la e respeitar os seus medos, e isso foi o mote para que ganhasse confiança. O suporte da casa de acolhimento permitiu-lhe a reconstrução da sua própria identidade.

Começou a ter regras e horários para se poder, posteriormente, integrar bem na sociedade.

Mimi atribui muitos dos méritos também à sua personalidade: “Eu sou bem-humorada, tenho a capacidade de me rir das coisas e, ao permitir-me isso, não levei tudo tão a sério e consegui andar para a frente”. Fazia-o muito com os voluntários da casa, com quem conversava e ria horas a fio.

A integração com os meninos da idade dela foi mais difícil: “eu era muito retraída”. Mimi considera que com o tempo foi aprendendo a abrir o coração e dar-se a conhecer.

A curiosidade por descobrir o lado bom das pessoas falou mais alto. Permitiu-lhe a aproximação aos seus pares e, ao expor as suas fragilidades, começou a sentir-se mais leve. Aí começou definitivamente a grande viragem na sua vida.

As amizades aprofundaram-se, segundo Mimi havia “uma entreajuda incrível. Os mais velhos protegiam os mais novos. Eles fizeram questão de me conhecer e trataram-me muito bem e a partir de certa altura eu pensei: isto não é tão mau como parecia”.

Naqueles sete anos, Mimi garante que fez amigos para a vida, com quem mantém contacto regular.

Da casa guarda boas memórias, como as idas anuais a Fátima ou a excursão à Serra da Estrela que foi “espetacular”.

Todos os anos participavam numa feira de artesanato, com produtos feitos por eles que eram vendidos. Mimi adorava.

Paralelamente às experiências vividas, considera que trouxe para si muitos ensinamentos, como pessoa, acima de tudo. Percebeu que “antes de gostar dos outros eu tenho que gostar de mim e só assim se atraem pessoas que irão gostar de nós, senão só atraímos gente que não interessa e coisas más”.

Mimi nunca quis ajuda de psicólogos: “Não, não precisei, tive a ajuda da grande psicóloga que é a doutora Cecília”. A diretora foi sem dúvida o maior pilar de Mimi porque os afetos são construídos por pessoas.

“Quem me conhece daquela casa ainda me trata como a criança que eu fui, e isso é muito bom. E os meus filhos também não me deixam esquecer”. Mimi, apesar das vicissitudes, considera que teve muito amor: “a partir de certa altura, Cecília fez de minha mãe, e isso nunca esquecerei. Mas também não largo a minha família por nada, eles são humanos, cometeram os erros deles, mas eu também cometo os meus e ajudo-os no que eu puder. Eu digo-lhes o que penso, mas quando precisam também estou sempre lá”.

Mimi faz questão de que os filhos conheçam o lar onde passou a sua adolescência. Por isso, sempre que pode leva-os para uma visita e mostra-lhes os cantinhos todos. Aliás, recorda através dos filhos a sua infância, e refere que “aquela casa é linda, maravilhosa. Acho que eles gostam, se eu deixasse ficavam lá, porque tem aquela energia boa.”

Gosta também de ter a companhia do marido nas visitas.

Com Cecília mantém um contacto regular, e é claro que fez questão de lhe apresentar os “netos” emprestados.

Refletindo sobre o passado, Mimi considera que ter vivido naquela Casa de Acolhimento também contribuiu muito para ser a pessoa que é. Deu-lhe a tolerância, a capacidade de aprender a colocar-se no lugar do outro antes de fazer julgamentos precipitados: “Acho que foi um dos grandes ensinamentos que me trouxe”.

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