DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)(EDOC BRASIL, BELO HORIZONTE/MG)F565mSpano, Sidnei.Mulheres transatlânticas: identidades femininas em movimento / Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza, Gabriela de Lima Grecco, Iliriana Fontoura Rodrigues. – Rio de Janeiro, RJ: Autografia, 2021.ISBN: 978-85-518-2693-5 [recurso eletrônico]1. Mulheres na literatura. 2. Identidade de gênero. 3. Feminismo e literatura. I. Título.CDD 809.89Maurício Amormino Júnior - Bibliotecário - CRB6/2422 |
[no image in epub file]Comissão de Publicações UAM EdicionesMargarita Alfaro AmieiroIdoia Alarcón RodríguezMª Oliva MárquezJosé Pedro MorenoDominga Romero FúnezMª Jesús Vitón de AntonioCarmen Mª Casado SantanaFernando Andrés RobresCarmen Gallardo MediavillaJosé Luis Viejo MontesinosAna Mª Goy Yamamoto |
Comissão de Publicações UAM EdicionesMargarita Alfaro AmieiroIdoia Alarcón RodríguezMª Oliva MárquezJosé Pedro MorenoDominga Romero FúnezMª Jesús Vitón de AntonioCarmen Mª Casado SantanaFernando Andrés RobresCarmen Gallardo MediavillaJosé Luis Viejo MontesinosAna Mª Goy Yamamoto |
Mulheres Transatlânticas: Identidades Femininas em Movimento
Fiuza, Adriana Aparecida de Figueiredo
Grecco, Gabriela de Lima
Rodrigues, Iliriana Fontoura
ISBN: 978-85-518-2693-5
1ª edição, maio de 2021.
Capa e editoração eletrônica: Bianca Teodoro
Editora Autografia Edição e Comunicação Ltda.
Rua Mayrink Veiga, 6 – 10° andar, Centro
Rio de Janeiro, RJ – CEP: 20090-050
www.autografia.com.br
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Sumario
Prefácio – Uma leitura crítica sobre as mulheres em movimento
Identidades diaspóricas
Mulheres negras e de terreiro – uma experiência sociopolítica transatlântica
Maria-Nova: Forjada a ferro e fogo
Deslocamentos forçados
Escritura performática en tránsito: los signos del afuera y el cuerpo migrante en A chave de casa (2007), de Tatiana Salem Levy
Luisa Carnés: militância e exílio nas duas margens atlânticas
Identidades transatlânticas
Por una patria católica. Identidades femeninas en el catolicismo social: Discursos y representaciones en circulación por el espacio atlántico en clave postcolonial (Argentina y España en las décadas centrales del siglo XX)
Las relaciones entre las mujeres artistas y las industrias del ocio en el continente americano entre 1850 y 1900
Reflejos de resistencia: Circulación de fotografías de mujeres argelinas realizadas por Marc Garanger (1954-1962)
Intelectuais em movimento
Carolina Marcial Dorado: una intelectual trasatlántica
Ana Cristina César: da prática tradutória à circulação intelectual feminina
Sobre as autoras
Prefácio – Uma leitura crítica sobre as mulheres em movimento
Esse livro intitulado Mulheres transatlânticas: identidades femininas em movimento foi pensado e escrito durante o contexto histórico mundial de pandemia da COVID-19. Quiçá, inconscientemente, este livro nasceu da necessidade (e nostalgia) que sentimos, durante estes meses de mudanças profundas em nosso cotidiano e da necessidade de nos conectarmos e de nos movermos pelo mundo. Na impossibilidade de podermos transitar fisicamente pelos riscos ocasionados pela nova doença, pelo fechamento de fronteiras e países que estiveram sob a égide do lockdown, imposto na tentativa de preservar vidas, no cancelamento das linhas aéreas que interligam pessoas, países e continentes, começamos a pensar na importância dos deslocamentos transatlânticos, sobretudo, naqueles realizados por mulheres.
Ao pensar sobre tudo isso, também reconsideramos o próprio conceito de deslocamento, que se amplia, se multiplica, se expande, principalmente, quando nos deparamos com realidades tão diversas e tão desiguais das mulheres que, na pandemia, alongam ainda mais os braços para envolver, acolher, apapachar1 (em língua espanhola de origem náhuatl), em estratégias de cuidado, existência e resistência, seus familiares, amigos, o próximo, o mundo, suas ideias, suas lutas, sua arte, sua individualidade e coletividade na tentativa de deslocar-se e estar presente em vários momentos e lugares, transpondo as fronteiras espaciais e até mesmo as fronteiras temporais. Tudo isso não pode ser minimizado neste momento, precisa ser olhado, contextualizado e ressignificado.
Na realidade, a própria pandemia é a manifestação de uma sociedade conectada, resultado também de pessoas que se movem, circulam entre países, continentes e culturas. No entanto, também nos mostra que essa conexão e movimento é desigual: as mulheres circulam tanto quanto os homens? Quais mulheres se deslocam, de que maneira e por quais razões? E, ainda mais fundamental, quando falamos de mulheres, que mulheres são estas? Essa pergunta remonta ao questionamento da intelectual negra Sojourner Truth, Ain’t I A Woman? (E eu não sou uma mulher?). O pensamento de Truth refere-se à luta contra-hegemônica das mulheres negras, para que estas também fossem reconhecidas como agentes de transformação, além de evidenciar a busca pela desconstrução de uma sujeita hegemônica: a mulher branca. Sojourner Truth deslocou-se da diáspora à fuga das amarras da escravidão, um mover-se muito diferente das suas “companheiras” brancas de trincheira.
Neste sentido, quando pensamos no termo mulheres, não estamos nos reportando ao conceito de sujeito universal, que poderia nos levar à concepção de mulher universal; é necessário refletir sobre outras categorias que poderiam explicar a complexa trama de identidades contemporâneas. Como enfatiza Silvana Aparecida Mariano (2005), também não consideramos apenas a categoria classe social para explicar a posição do sujeito, é necessário ir além e escapar do essencialismo, que tende a criar um sujeito universal, pois como pondera a autora, “essa universalidade é também masculina” (Mariano, 2005: 484). A crítica ao feminismo liberal é necessária para que possamos incorporar todas as mulheres a partir de suas diversas formas de pensar e ser, sejam elas vividas e sentidas através do feminismo negro, das interseccionalidades, do mulherismo, entre outros.
Assim sendo, pretendemos ampliar e aprofundar as possibilidades teóricas e refletir sobre quem são essas mulheres que surgem e se deslocam por diferentes territórios, a partir do diálogo que os capítulos do livro nos proporcionam com elas, uma vez que esta obra foi escrita por diversas mulheres, de diferentes regiões e de diferentes identidades: latino-americanas, europeias, negras e brancas que também dialogam com seu corpus de estudo, o que nos permite potencializar o nosso debate em uma travessia que nos leva para diversos conhecimentos, sensibilidades e destinos.
Para iniciar a nossa jornada, é importante que percebamos as estruturas de poder que herdamos do colonialismo e que se perpetuam nas relações de gênero (Lugones, 2008) para superá-las. Tomar consciência desse processo violento que advém da colonização e que ainda está presente em nossa sociedade, agora pelo capitalismo, torna-se fundamental para alcançar essa superação, trata-se de uma atitude de resistência.
Para Lugones, existe um sistema moderno e colonial eurocêntrico de gênero que ignora as categorias raça e classe social em sua constituição e que representa as permanências do mundo colonial na atualidade. Essas permanências continuam sendo reproduzidas, recaindo também sobre as mulheres, em suas vertentes mais plurais. Assim sendo, o conceito de feminismo interseccional, que leve em consideração “outras intersecções como raça, orientação sexual, identidade de gênero” precisa ser retomado para que se possa olhar criticamente para a “universalização da categoria mulher” (Ribeiro, 2017: 14).
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