Жозе Сарамаго - Viagem do Elefante

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mente se deveria ao calor do corpo do animal, que não o deixaria endurecer por completo. do mal, o menos, pensou. em todo o caso, antes que a coisa fosse a mais, era necessário tirá-lo dali. Com mil cuidados, não fosse resvalar ele próprio, o cornaca gatinhou pelo lombo do elefante até chegar à intrusa placa de gelo, que afinal não era tão delgada nem tão quebradiça quanto havia parecido antes. do gelo nunca há que fiar-se, primeira lição que é indispensável aprender. Pisando um mar que o frio gelou podemos dar a ideia aos demais de que somos pessoas para caminhar sobre as águas, mas essa ilusão é falsa, tão falsa como foi falso o milagre de solimão à porta da basílica de santo antó-

nio, de repente vai-se o gelo abaixo e nunca se sabe o que poderá acontecer. o problema que fritz tem agora para resolver é a falta de um instrumento capaz de soltar o maldito gelo da pele do elefante, uma espátula de lâmina fina e ponta redonda, por exemplo, seria o ideal, mas espátulas dessas não se encontram por aqui, se é que já neste tempo há gente para fabricá-las.

a única solução, portanto, será trabalhar à unha, e não o dizemos em sentido figurado. o cornaca já tinha os dedos engadanhados quando percebeu onde estava o nó górdio da questão, nada mais, nada menos que terem feito os grossos e duros pêlos do elefante causa comum com o gelo, custando portanto cada pequeno avanço uma dura batalha, pois se não havia espátula para ajudar a despegar o gelo da pele, tão-pouco havia tesoura para ir cortando o entramado piloso. desprender cada pêlo desses foi uma tarefa que rapida-192

mente se revelou estar muito além das possibilidades físicas e mentais de fritz, obrigado por fim a desistir da operação antes que se tornasse ele próprio numa lamentável estátua de neve a que só faltariam um ca-chimbo na boca e uma cenoura no lugar do nariz. os mesmos pêlos que haviam sido fonte de um prometedor negócio, logo frustrado pelos escrúpulos morais do arquiduque, eram agora causa de um fiasco cujas consequências para a saúde do elefante ainda estavam por ver-se. Como se isto fosse pouco, uma outra questão, ao parecer com carácter de urgência, se havia apresentado nos últimos minutos. desconcertado pela deslocação do peso familiar do cornaca da nuca para os quartos traseiros, o elefante dava claros sinais de desorientação, como se tivesse perdido a noção do caminho e não soubesse por onde ir. fritz não teve outro remédio que gatinhar rapidamente até ao seu costumado assento e retomar as alavancas da condução.

Quanto à placa de gelo que ficou lá atrás, roguemos ao deus dos elefantes que evite males maiores. Se houvesse por aqui uma árvore com um ramo assaz forte a três metros de altura e razoavelmente paralelo ao solo, o próprio solimão se encarregaria de libertar-se da incómoda e acaso perigosa manta de gelo, bastaria que pudesse esfregar-se como é imemorial tradição esfregarem-se os elefantes nos troncos das árvores quando uma comichão aperta mais que o suportável.

agora que a neve havia redobrado de intensidade, e isto não quer dizer que uma coisa fosse a consequência da outra, o caminho tornara-se mais íngreme, 193

como se estivesse cansado de arrastar-se ao rés da terra e quisesse ascender aos céus, ainda que fosse a um dos seus níveis inferiores. também as asas do beija-flor não podem sonhar com o potente bater de asas da procelária contra a violência do vento nem com o majestoso adejar da águia-dourada sobre os vales.

Cada um é para o que nasceu, mas há que contar sempre com a possibilidade de que nos apareçam pela frente excepções importantes, como é o caso de solimão, que não nasceu para isto, mas a quem não restou outro remédio que inventar por sua própria conta alguma maneira de compensar a inclinação do terreno, como foi esta de alongar a tromba para a frente, o que lhe dá o ar inconfundível de um guerreiro lançado à carga e a quem esperam morte ou glória. e tudo, ao redor, é neve e solidão. esta brancura, di-lo quem conhece a região, oculta uma paisagem de extraordiná-

ria beleza. Pois ninguém o diria, e nós, que aqui estamos, menos que ninguém. a neve devorou os vales, fez desaparecer a vegetação, se há por aqui casas habita-das mal se vêem, um pouco de fumo saindo pela cha-miné é o único sinal de vida, alguém lá dentro chegou lume às achas de lenha húmida e espera, com a porta praticamente bloqueada pelo nevão, o socorro de um são-bernardo com a botija de brande ao pescoço. Quase sem se dar por isso, a ladeira tinha acabado, solimão já poderá normalizar a respiração, reduzir a um tranquilo passo de passeio o tremendo esforço que viera fazendo, de mais a mais com um cornaca às escarranchas sobre a nuca e uma placa de gelo a opri-194

mir-lhe os quartos traseiros. a cortina de neve tinha-se aclarado um pouco, permitindo, mais ou menos, distinguir umas três ou quatro centenas de metros de caminho, como se o mundo tivesse decidido, enfim, recuperar a perdida normalidade meteorológica. talvez fosse essa, realmente, a intenção do mundo, mas algo de anormal deveria haver sucedido ali para se ter formado um ajuntamento de pessoas, cavalos e carros, como se tivessem encontrado um bom sítio para o piquenique. fritz fez alargar o passo de solimão e depressa viu que estava com a sua gente, com a caravana, o que, aliás, não exigia grande perspicácia, pois, como sabemos, arquiduque de áustria há só este e nenhum mais. desceu do elefante e a pergunta que fez à primeira pessoa que encontrou, Que foi que aconteceu, teve resposta pronta, Partiu-se o eixo dianteiro do coche de sua alteza, Que desgraça, exclamou o cornaca, o carpinteiro de carros e os ajudantes já estão a colocar outro eixo, dentro de uma hora estaremos prontos para continuar a marcha, e onde o tinham, onde tinham, quê, outro eixo, Saberás muito de elefantes, mas não te passa pela cabeça que ninguém se arrisca a uma viagem destas sem levar consigo peças sobressalentes, e suas altezas, sofreram alguma mo-léstia com o sucedido, nenhuma, só um grande susto porque o coche bambeou a um lado, onde estão agora, abrigados numa outra carruagem, aí adiante, não tarda que anoiteça, Com um nevão destes, há sempre luz no caminho, ninguém se perde, disse o sargento dos couraceiros, que era o interlocutor. e era certo porque 195

agora mesmo estava chegando o carro que transpor-tava os fardos de forragem, e em boa hora vinha ele porque solimão, depois de ter arrastado pela serra acima as suas quatro toneladas, estava mais do que necessitado de refazer as forças. em menos que um amém, desatou fritz dois fardos ali mesmo, e o segundo amém, se o houve, já encontrou o elefante a engolir sofregamente a pitança. logo atrás apareceram os couraceiros do couce da caravana e com eles a restante equipagem, transida de frio, combalida pelo tremendo esforço feito durante léguas e léguas, mas feliz por se ver reintegrada no colectivo viajante. Pensando bem, o acidente sofrido pelo coche arquiducal só pôde ter sido obra da divina providência. Como ensina a nunca assaz louvada sabedoria popular, e como uma vez mais ficou demonstrado, deus escreve direito por linhas tortas, e essas são mesmo as que prefere. Quando a substituição do eixo foi terminada e comprovada a solidez da reparação, os arquiduques regressaram ao conforto do coche e a caravana, reagrupada, pôs-se em marcha, após terem recebido os seus componentes, tanto militares como futricas, ordens absolutamente terminantes para que a coesão física fosse de-fendida a todo o custo, de maneira a não voltar a cair-se na lamentável dispersão anterior, que só por grande sorte não havia tido as mais funestas consequências. era noite fechada quando a caravana entrou em bolzano.

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no dia seguinte a caravana dormiu até tarde, os arquiduques em casa de uma família nobre do burgo, o resto espalhado pela pequena cidade de bolzano, uns aqui, outros por aí, os cavalos dos couraceiros distribuídos pelas estrebarias ainda com lugares disponíveis, e os humanos aboletados em casas de particulares, que isso de acampar ao ar livre nada teria de apetitoso, nem sequer possível, salvo se ainda res-tassem forças à companhia para levar o resto da noite a varrer a neve. o que mais trabalho deu foi encontrar abrigo para solimão. depois de muito procurar, acabou por se descobrir um telheiro que não era mais do que isso, um alpendre sem resguardos laterais que pouca mais protecção poderia proporcionar-lhe que se ele tivesse de dormir à la belle étoile, maneira lí-

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