José Eça de Queirós - A Relíquia

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Calou-se — e as suas mãos magras, tatuadas de linhas mágicas, tremiam, limpando as longas lágrimas que o alagavam.

Bati no peito, desesperado. E a minha angústia toda era por Jesus ignorar esta desgraça, que, na violência do seu espiritualismo, suas mãos misericordiosas tinham involuntariamente criado, como a chuva benéfica por vezes, fazendo nascer a sementeira, quebra e mata uma flor isolada. Então para que não houvesse nada imperfeito na sua vida, nem dela ficasse uma queixa na terra — paguei a divida de Jesus (assim seu pai perdoe a minha!), atirando para o saião do velho moedas consideráveis, dracmas, crisos gregos de Filipe, áureos romanos de Augusto, até uma grossa peça da Cirenaica, que eu estimava por ter uma cabeça de Zeus Amon, que parecia a minha imagem. Topsius juntou a este tesouro um lepta de cobre — que tem em Judéia o valor de um grão de milho...

O velho pedreiro de Naim empalidecia, sufocado. Depois, com o dinheiro numa dobra do saião, bem apertado contra o peito, murmurou tímida e religiosamente, erguendo os olhos ainda molhados para as alturas:

— Pai, que estás nos céus, lembra-te da face deste homem, que me deu o pão de longos dias!...

E soluçando, sumiu-se entre a turba — que, agora, de todo o átrio rumorosamente afluía, se apinhava em torno aos mastros altos do velário. O escriba aparecera, mais vermelho e limpando os beiços. Ao lado do Rabi e dos guardas do templo, Sareias viera perfilar-se encostado ao seu báculo. Depois, entre um brilho de armas, surgiram as varas brancas dos lictores; e novamente Pôncio, pálido e pesado, na sua vasta toga, subiu os degraus de bronze, retomou o assento curul.

Um silêncio caiu, tão atento, que se ouviam as buzinas tocando ao longe na Torre Mariana. Sareias desenrolou o seu escuro pergaminho, estendeu-o sobre a mesa de pedra entre os tabulários; e eu vi as mãos gordas e morosas do escriba traçarem uma rubrica, estamparem um selo sob as linhas vermelhas que condenavam à morte Jesus de Galiléia, meu Senhor... Depois Pôncio Pilatos, com uma dignidade indolente, erguendo apenas de leve o braço nu, confirmou em nome de César a «sentença do Sanedrim, que julga em Jerusalém...»

Imediatamente Sareias atirou sobre o turbante uma ponta do manto, ficou orando, com as mãos abertas para o céu. E os fariseus triunfavam; junto a nós, dous muito velhos beijavam-se em silêncio nas barbas brancas; outros sacudiam no ar os bastões, ou lançavam sarcasticamente a aclamação forense dos romanos: «Bene et belle! Non potest melius!»

Mas de súbito o intérprete apareceu em cima de um escabelo, alteando sobre o peito o seu papagaio flamante. A turba emudecera, surpreendida. E o fenício, depois de ter consultado com o escriba, sorriu, gritou em caldaico alargando os braços cercados de manilhas de coral:

Escutai! Nesta vossa festa de Páscoa, o Pretor de Jerusalém costuma, desde que Valério Grato assim o determinou, e com assenso de César, perdoar a um criminoso... O Pretor propõe-vos o perdão deste... Escutai ainda! Vós tendes também o direito de escolher, vós mesmos, entre os condenados... O Pretor tem em seu poder, nos ergástulos de Herodes, outro sentenciado à morte...

Hesitou, e debruçado do escabelo, interrogava de novo o escriba, que remexia numa atarantação os papiros e os tabulários. Sareias, sacudindo a ponta do manto que escondia a sua oração, ficara assombrado para o Pretor, com as mãos abertas no ar. Mas já o intérprete bradava, erguendo mais a face risonha:

— Um dos condenados é Rabi Jeschoua, que aí tendes, e que se disse filho de Davi... É esse que propõe o Pretor. O outro, endurecido no mal, foi preso por ter morto um legionário traiçoeiramente, numa rixa, ao pé do Xisto. O seu nome é Barrabás... Escolhei!

Um grito brusco e roufenho partiu dentre os fariseus:

— Barrabás!

Aqui e além, pelo átrio, confusamente ressoou o nome de Barrabás. E um escravo do templo, de saião amarelo, pulando até aos degraus do sólio, rompeu a berrar, em face de Pôncio, com palmadas furiosas nas coxas:

— Barrabás! Ouve bem! Barrabás! O povo só quer Barrabás!

A haste de um legionário fê-lo rolar nas lajes. Mas já toda a multidão, mais leve e fácil de inflamar do que a palha na meda, clamava por Barrabás; uns com furor, batendo as sandálias e os cajados ferrados como para aluir o Pretório; outros de longe, encruzados ao sol, indolentes e erguendo um dedo. Os vendilhões do templo, rancorosos, sacudindo as balanças de ferro e repicando sinetas, berravam, por entre maldições ao Rabi: «Barrabás é o melhor! E até as prostitutas de Tiberíade, pintadas de vermelhão como ídolos, feriam o ar de gritos silvantes:

— Barrabás! Barrabás!

Raros ali conheciam Barrabás; muitos, decerto, não odiavam o Rabi — mas todos engrossavam o tumulto prontamente, sentindo, nessa reclamação do preso que atacara legionários, um ultraje ao Pretor romano, togado e augusto no seu tribunal. Pôncio, no entanto, indiferente, traçava letras numa vasta lauda de pergaminho pousada sobre os joelhos. E em torno os clamores disciplinados retumbavam em cadência, como malhos numa eira:

— Barrabás! Barrabás! Barrabás!

Então Jesus, vagarosamente, voltou-se para aquele mundo duro e revoltoso que o condenava; e nos seus refulgentes olhos umedecidos, no fugitivo tremor dos seus lábios, só transpareceu nesse instante uma mágoa misericordiosa pela opaca inconsciência dos homens, que assim empurravam para a morte o melhor amigo dos homens... Com os pulsos presos, limpou uma gota de suor; depois ficou diante do Pretor, tão imperturbado e quedo, como se já não pertencesse a terra.

O escriba, batendo com uma régua de ferro na pedra da mesa, três vezes bradara o nome de César. O tumulto ardente esmorecia. Pôncio ergueu-se; e grave, sem trair impaciência ou cólera, lançou, sacudindo a mão, o mandado final:

— Ide e crucificai-o!

Desceu o estrado; a turba batia ferozmente as palmas.

Oito soldados da coorte siríaca apareceram, apetrechados em marcha, com os escudos revestidos de lona, as ferramentas entrouxadas, e o largo cantil da posca. Sareias, vogal do Sanedrim, tocando no ombro de Jesus, entregou-o ao decurião; um soldado desapertou-lhe as cordas, outro tirou-lhe o albornoz de lá; e eu vi o doce Rabi de Galiléia dar o seu primeiro passo para a morte.

Apressados, enrolando o cigarro, deixamos logo o palácio de Herodes, por uma passagem que o douto Topsius conhecia, lôbrega e úmida, com fendas gradeadas de onde vinha um canto triste de escravos encarcerados... Saímos a um terreiro, abrigado pelo muro de um jardim todo plantado de ciprestes. Dous dromedários deitados no pó ruminavam, junto de um montão de ervas cortadas. E o alto historiador tomava já o caminho do templo, quando, sob as ruínas de um arco que a hera cobria, vimos povo apinhado em torno de um essênio, cujas mangas de alvo linho batiam o ar como as asas de um pássaro irritado.

Era Gade, rouco de indignação, clamando contra um homem esgrouviado, de barba rala e ruiva, com grossas argolas de ouro nas orelhas, que tremia e balbuciava:

— Não fui eu, não fui eu...

— Foste tu! — bradava o essênio, estampando a sandália na terra. — Conheço-te bem. Tua mãe é cardadeira em Cafarnaum, e maldita seja pelo leite que te deu!...

O homem recuava, baixando a cabeça, como um animal encurralado à força:

— Não fui eu! Eu sou Refraim, falho de Eliézer, de Ramá! Sempre todos me conheceram são e forte como a palmeira nova!

— Torto e inútil eras tu como um sarmento velho de vide, cão e filho de um cão! — gritou Gade. — Vi-te bem... Foi em Cafarnaum, na viela onde está a fonte, ao pé da sinagoga, que tu apareceste a Jesus, Rabi de Nazaré! Beijavas-lhe as sandálias, dizias: «Rabi, cura-me! Rabi, vê esta mão que não pode trabalhar!» E mostravas-lhe a mão, essa, a direita, seca, mirrada e negra, como o ramo que definhou sobre o tronco! Era no sabá; estavam os três chefes da sinagoga, e Elzéar, e Simeão. E todos olhavam Jesus para ver se ele ousaria curar no dia do Senhor... Tu choravas, de rojo no chão. E por acaso o Rabi repeliu-te? Mandou-te procurar a raiz do baraz? Ah cão, filho de um cão! O Rabi, indiferente às acusações da sinagoga, e só escutando a sua misericórdia, disse-te: «estende a mão!» Tocou-a, e ela reverdeceu logo como a planta regada pelo orvalho do céu! Estava sã, forte, firme; e tu movias ora um dedo, ora outro, espantado e tremendo.

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