José Eça de Queirós - A Relíquia
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— Outra imprudência do Rabi, D. Raposo! — murmurou com ironia o fino historiador.
Entretanto, como caíra a sexta hora judaica e findara o trabalho, vinham entrando obreiros das tinturarias vizinhas, enodoados de escarlate ou azul; escribas das sinagogas, apertando debaixo dos braços os seus tabulários; jardineiros com a fouce a tiracolo, o ramo de murta no turbante; alfaiates com uma longa agulha de ferro pendendo da orelha... Tocadores fenícios a um canto afinavam as harpas, tiravam suspiros das flautas de barro; e diante de nós rondavam duas prostitutas gregas de Tiberíade, com perucas amarelas, mostrando a ponta da língua e sacudindo a roda da túnica, de onde voava um cheiro de mangerona. Os legionários, com as lanças atravessadas no peito, apertavam uma cercadura de ferro em torno de Jesus; e eu, agora, mal podia distinguir o Rabi através dessa multidão sussurrante, em que as consoantes ásperas de Moabe e do deserto se chocavam por sobre a moleza grave da fala caldaica...
Por baixo da galeria veio tilintando uma sineta triste. Era um hortelão que oferecia num cabaz de esparto, acamados sobre folhas de parra, figos rachados de Betfagé. Debilitado pelas emoções, perguntei-lhe, debruçado no parapeito, o preço daquele mimo dos vergéis que os evangelhos tanto louvam. E o homem, rindo, alargou os braços, como se encontrasse o esperado do seu coração:
— Entre mim e ti, ó criatura da abundância que vens dalém do mar, que são estes poucos figos? Jeová manda que os irmãos troquem presentes e bênçãos! Estes frutos colhi-os no horto, um a um, à hora em que o dia nasce no Hébron; são suculentos e consoladores; poderiam ser postos na mesa de Hanão!... Mas que valem vãs palavras entre mim e ti, se os nossos peitos se entendem? Toma estes figos, os melhores da Síria, e que o Senhor cubra de bens aquela que te criou!
Eu sabia que esta oferta era uma cortesia consagrada, em compras e vendas, desde o tempo dos patriarcas. Cumpri também o cerimonial; declarei que Jeová, o muito forte, me ordenava que, com o dinheiro cunhado pelos príncipes, eu pagasse os frutos da terra... Então o hortelão abaixou a cabeça, cedeu ao mandamento divino; e pousando o cesto nas lajes, tomando um figo em cada uma das mãos negras e cheias de terra:
— Em verdade — exclamou — Jeová é o mais forte! Se ele o manda, eu devo pôr um preço a estes frutos da sua bondade, mais doces que os lábios da esposa! Justo é, pois, ó homem abundante, que por estes dous que me enchem as palmas, tão perfumados e frescos, tu me dês um bom traphik.
Oh Deus magnífico de Judá! O facundo hebreu reclamava por cada figo um tostão da moeda real da minha pátria! Bradei-lhe: -«Irra, ladrão!» Depois, guloso e tentado, ofereci-lhe uma dracma por todos os figos que coubessem no forro largo de um turbante. O homem levou as mãos ao seio da túnica, para a despedaçar na imensidade da sua humilhação. E ia invocar Jeová, Elias, todos os profetas seus patronos quando o sapiente Topsius, enojado, interveio secamente, mostrando-lhe uma miúda rodela de ferro que tinha por cunho um lírio aberto:
— Na verdade Jeová é grande! E tu és ruidoso e vazio como o odre cheio de vento! Pois pelos figos do cesto inteiro te dou eu este meah. E se não queres, conheço o caminho dos hortos tão bem como o do templo, e sei onde as águas doces de Enrogel banham os melhores pomares... Vai-te!
O homem logo, trepando ansiosamente até ao parapeito de mármore, atulhou de figos a ponta do albornoz que eu lhe estendera, carrancudo e digno. Depois, descobrindo os dentes brancos, murmurou risonhamente que nós éramos mais benéficos que o orvalho do Carmelo!
Saborosa e rara me parecia aquela merenda de figos de Betfagé no palácio de Herodes. Mas apenas nos acomodáramos com a fruta no regaço, reparei embaixo num velhito magro, que cravava em nós humildemente uns olhos enevoados, queixosos, cheios de cansaço. Compadecido ia arremessar-lhe figos e uma moeda de prata dos Ptolomeus — quando ele, mergulhando a mão trêmula nos farrapos que mal lhe velavam o peito cabeludo, estendeu-me, com um sorriso macerado, uma pedra que reluzia. Era uma placa oval de alabastro, tendo gravada uma imagem do templo. E enquanto Topsius doutamente a examinava, o velho foi tirando do seio outras pedras de mármore, de ônix, de jaspe, com representações do tabernáculo no deserto, os nomes das tribos entalhados, e figuras confusas em relevo, simulando as batalhas dos macabeus... Depois ficou com os braços cruzados; e no seu nobre rosto, escavado pelos cuidados, luzia uma ansiedade, como se de nós somente esperasse misericórdia e descanso.
Topsius deduziu que ele era um desses guebros, adoradores do fogo e hábeis nas artes, que vão descalços até ao Egito, com fachos acesos, salpicar sobre a esfinge o sangue de um galo negro. Mas o velho negou, horrorizado — e tristemente murmurou a sua história. Era um pedreiro de Naim, que trabalhara no templo e nas construções que Antipas Herodes erguia em Bezeta. O açoute dos intendentes rasgara-lhe a carne; depois a doença levara-lhe a força, como a geada seca a macieira. E agora, sem trabalho, com os filhos de sua filha a alimentar, procurava pedras raras nos montes — e gravava nelas nomes santos, sítios santos, para as vender no templo aos fiéis. Em véspera de Páscoa, porém, viera um Rabi de Galiléia cheio de cólera que lhe arrancava o seu pão!...
— Aquele! — balbuciou sufocado, sacudindo a mão para o lado de Jesus.
Eu protestei. Como lhe poderia ter vindo a injustiça e a dor desse Rabi, de coração divino, que era o melhor amigo dos pobres?
— Então vendias no templo? — perguntou o terso historiador dos Herodes.
— Sim — suspirou o velho, — era lá, pelas festas, que eu ganhava o pão do longo ano! Nesses dias subia ao templo, ofertava a minha prece ao Senhor, e junto à porta de Susa, diante do pórtico do rei, estendia a minha esteira e dispunha as minhas pedras que brilhavam ao sol... Decerto, eu não tinha direito de pôr ali tenda; mas como poderia eu pagar ao templo o aluguer de um côvado de lajedo, para vender o trabalho das minhas mãos! Todos os que apregoam à sombra, debaixo do pórtico, sobre tabuleiros de cedro, são mercadores ricos que podem satisfazer a licença; alguns pagam um ciclo de ouro. Eu não podia, com crianças em casa sem pão... Por isso ficava a um canto, fora do pórtico, no pior sítio. Ali estava bem encolhido, bem calado; nem mesmo me queixava quando homens duros me empurravam, ou me davam com os bastões na cabeça. E ao pé de mim havia outros, pobres como eu: Eboim, de Jopé, que oferecia um óleo para fazer crescer os cabelos, e Oséias, de Ramá, que vendia flautas de barro... Os soldados da Torre Antônia que fazem a ronda, passavam por nós e desviavam os olhos. Até Menahem, que estava quase sempre de guarda pela Páscoa, nos dizia: — «está bem, ficai, contanto que não apregoeis alto». Porque todos sabiam que éramos pobres, não podíamos pagar o côvado de laje, e tínhamos nas nossas moradas crianças com fome... Na Páscoa e nos tabernáculos, vêm da terra distante peregrinos a Jerusalém; e todos me compravam uma imagem do templo para mostrar na sua aldeia, ou uma das pedras da lua que afugentam o demônio... As vezes, ao fim do dia, tinha feito três dracmas; enchia o saião de lentilha e descia ao meu casebre, alegre, cantando os louvores do Senhor!...
Eu, de enternecido, esquecera a merenda. E o velho desafogava o seu longo queixume:
— Mas eis que há dias esse Rabi de Galiléia aparece no templo, cheio de palavras de cólera, ergue o bastão e arremessa-se sobre nós, bradando que aquela «era a casa de seu pai, e que nós a poluíamos!...» E dispersou todas as minhas pedras, que nunca mais vi, que eram o meu pão! Quebrou nas lajes os vasos de óleo de Eboim, de Jopé, que nem gritava, espantado. Acudiram os guardas do templo. Menahem acudiu também; até, indignado, disse ao Rabi: — «És bem duro com os pobres. Que autoridade tens tu?» E o Rabi falou «de seu pai», e reclamou contra nós a lei severa do templo. Menahem baixou a cabeça... E nós tivemos de fugir, apupados pelos mercadores ricos, que bem encruzados nos seus tapetes de Babilônia, e com o seu lajedo bem pago, batiam palmas ao Rabi... Ah! contra esses o Rabi nada podia dizer; eram ricos, tinham pago!... E agora aqui ando! Minha filha, viúva e doente, não pode trabalhar, embrulhada a um canto nos seus trapos; e os filhos de minha filha, pequeninos, têm fome, olham para mim, vêem-me tão triste e nem choram. E que fiz eu? Sempre fui humilde, cumpro o sabá, vou à sinagoga de Naim que é a minha, e as raras migalhas, que sobravam do meu pão, juntava-as para aqueles que nem migalhas têm na terra... Que mal fazia eu vendendo? Em que ofendia o Senhor? Sempre, antes de estender a esteira, beijava as lajes do templo; cada pedra era purificada pelas águas lustrais... Em verdade Jeová é grande, e sabe... Mas eu fui expulso pelo Rabi, somente porque sou pobre!
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