José Eça de Queirós - A Relíquia

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— E emudeceram-no com a masmorra!

— Qual! Rugiu, pior, mais terrivelmente! E Herodíade escondia a cabeça no manto para não ouvir esse clamor de maldição, saído do fundo da montanha.

Eu balbuciei, com uma lágrima a amolentar-me a pálpebra:

— E Herodes mandou então degolar o nosso bom São João!

— Não! Antipas Herodes era um frouxo, um tíbio... Muito lúbrico, D. Raposo, infinitamente lúbrico, D. Raposo! Mas que indecisão!... Além disso, como todos os galileus, tinha uma secreta fraqueza, uma irremediável simpatia por profetas. E depois arreceava a vingança de Elias, o patrono, o amigo de Iocanã... Porque Elias não morreu, D. Raposo. Habita o céu vivo, em carne, ainda coberto de farrapos, implacável, vociferador e medonho...

— Safa! — murmurei, arrepiado.

— Pois aí está... Iocanã ia vivendo, ia rugindo. Mas sinuoso e sutil é o ódio da mulher, D. Raposo. Chega, no mês de Esquema, o dia dos anos de Herodes. Há um vasto festim em Maqueros, a que assistia Vitélio, então viajando na Síria. D. Raposo lembra-se do crasso Vitélio que depois foi senhor do mundo... Pois à hora em que pelo cerimonial das províncias tributárias, se bebia à saúde de César e de Roma, entra subitamente na sala, ao som dos tamborins e dançando à maneira de Babilônia, uma virgem maravilhosa. Era Salomé, a filha de Herodíade e de seu marido Filipe, que ela educara secretamente em Cesaréia, num bosque, junto do Templo de Hércules. Salomé dançou, nua e deslumbrante. Antipas Herodes, inflamado, estonteado de desejo, promete dar tudo o que ela pedisse pelo beijo dos seus lábios... Ela toma um prato de ouro, e tendo olhado a mãe, pede a cabeça do Batista. Antipas, aterrado, oferece-lhe a cidade de Tiberíade, tesouros, as cem aldeias de Genesaré... Ela sorriu, olhou a mãe; e outra vez, incerta e gaguejando, pediu a cabeça de Iocanã... Então todos os convivas, saduceus, escribas, homens ricos da Decápola, mesmo Vitélio, e os romanos, gritaram alegremente: «Tu prometeste, tetrarca, tu juraste, tetrarca!» Momentos depois, D. Raposo, um negro de Iduméia entrou, trazendo numa das mãos um alfanje, na outra, presa pelos cabelos, a cabeça do profeta. E assim acabou São João, por quem se canta e se queimam fogueiras numa doce noite de junho...

Escutando, embevecidos e a passo, estas cousas tão antigas, avistamos ao longe, na areia fulva, uma sebe de verdura triste e da cor do bronze. Pote gritou: «O Jordão! O Jordão!» E arrebatadamente galopamos para o rio da Escritura.

O festivo Pote conhecia, à beira da corrente batismal, um sitio deleitosíssimo para uma sesta cristã; e aí passamos as horas quentes, recostados num tapete, lânguidos, e bebendo cerveja, depois de bem esfriada nas águas do rio santo. Ele faz ali um claro, suave remanso, a repousar da lenta, abrasada jornada que traz, através do deserto, desde o Lago de Galiléia; e antes de mergulhar para sempre no amargor do Mar Morto — ali preguiça, espraiado sobre a areia fina; canta baixo e cheio de transparência, rolando os seixos lustrosos do seu leito; e dorme nos sítios mais frescos, imóvel e verde, à sombra dos tamarindos... Por sobre nós rumorejavam as folhas dos altos choupos da Pérsia; entre as ervas balançavam-se flores desconhecidas, das que toucavam outrora as tranças das virgens de Canaã em manhãs de vindima; e na escuridão fofa das ramagens, onde já as não vinha assustar a voz terrível de Jeová, gorjeavam pacificamente as toutinegras. Defronte, elevavam-se, azuis e sem mancha, como feitas de um só bloco de pedra preciosa, as montanhas do Moabe. O céu branco, mudo, recolhido, parecia descansar deliciosamente do duro tumulto que o agitou quando ali vivia, entre preces e mortandades, o sombrio povo de Deus; e onde constantemente batiam as asas dos serafins, e flutuavam as roupagens dos profetas arrebatados pelo Altíssimo, era calmante ver agora passar apenas uma revoada de pombos bravos, voando para os pomares de Engada.

Obedecendo à recomendação da Titi, despi-me, e banhei-me nas águas do Batista. Ao princípio, enleado de emoção beata, pisei a areia reverentemente como se fosse o tapete de um altar-mor; e de braços cruzados, nu, com a corrente lenta a bater-me os joelhos, pensei em São Joãozinho, sussurrei um padre-nosso. Depois ri, aproveitei aquela bucólica banheira entre árvores; Pote atirou-me a minha esponja; e ensaboei-me nas águas sagradas, trauteando o fado da Adélia.

Ao refrescar, quando montávamos a cavalo, uma tribo de beduínos, descendo das colinas de Galgalá, trouxe os seus rebanhos de camelos a beber ao Jordão; as crias brancas e felpudas corriam, balando; os pastores, de lança alta, soltando gritos de batalha, galopavam, num amplo esvoaçar de albornozes; e era como se ressurgisse em todo o vale, no esplendor da tarde, uma pastoral da idade bíblica, quando Agar era moça! Teso na sela, com as rédeas bem colhidas, eu senti um curto arrepio de heroísmo; ambicionava uma espada, uma lei, um deus por quem combater... Lentamente alargara-se pela planície sacra um silêncio enlevado. E o mais alto cerro de Moabe cobriu-se de um fulgor raro, cor-de-rosa e cor de ouro, como se nele de novo, fugitivamente, ao passar, se refletisse a face do Senhor! Topsius alçou a mão sapiente:

— Aquele cimo iluminado. D. Raposo, é o Moriá, onde morreu Moisés!

Estremeci. E penetrado pelas emanações divinas dessas águas, desses montes, sentia-me forte — e igual aos homens fortes do Êxodo. Pareceu-me ser um deles, familiar de Jeová, e tendo chegado do negro Egito com as minhas sandálias na mão.. Esse aliviado suspiro que trazia a brisa vinha das tribos de Israel, emergindo enfim do deserto! Pelas encostas além, seguida de uma escolta de anjos, a Arca dourada descia balançada sobre os ombros dos levitas vestidos de linho e cantando. Outra vez, nas secas areias, reverdecia a terra da promissão, Jericó branquejava entre as searas; e através dos palmares cerrados já ressoavam, em marcha, os clarins de Josué!

Não me contive, arranquei o capacete, soltei por sobre Canaã este urro piedoso:

— Viva Nosso Senhor Jesus Cristo! Viva toda a corte do céu!

Cedo, ao outro dia, domingo, o incansável Topsius partiu, bem enlapisado e bem enguarda-solado, a estudar as ruínas de Jericó, essa velha cidade das palmeiras que Herodes cobrira de termas, de templos, de jardins, de estátuas, e onde passaram os seus tortuosos amores com Cleópatra... E eu, à porta da tenda, escarranchado num caixote, fiquei a tomar o meu café, olhando os pacíficos aspectos do nosso acampamento. O cozinheiro depenava frangos; o beduíno triste arcava à beira da água o seu pacato alfanje; o nosso lindo arrieiro esquecia a ração às éguas para seguir no céu de um brilho de safira, a branca passagem das cegonhas voando aos pares para Samaria.

Depois pus o capacete, fui vadiar na doçura da manhã, de mãos nos bolsos, cantarolando um fado meigo. E ia pensando na Adélia e no Senhor Adelino... Enroscados na alcova, beijando-se furiosamente, estavam-me talvez chamando carola, enquanto eu passeava ali, nos retiros da Escritura! Àquela hora a Titi, de mantelete preto, com o seu ripanço, saía para a missa de Santana; os criados do Montanha, esguedelhados, assobiando, escovavam o pano dos bilhares; e o Doutor Margaride, à janela, na Praça da Figueira, pondo os óculos, abria o Dia rio de Notícias. Ó minha doce Lisboa!... Mas ainda mais perto, para além do deserto de Gaza, no verde Egito, a minha Maricoquinhas nesse instante estava enchendo o vaso do balcão com magnólias e rosas; o seu gato dormia no veludo da cadeira; ela suspirava pelo «seu portuguesinho valente...» Suspirei também; mais triste nos lábios se me fez o fado triste.

E de repente, olhando, achei-me, como perdido, num sítio de grande solidão e de grande melancolia. Era longe do regato e dos aromáticos arbustos de flor amarela; já não via as nossas tendas brancas; e diante de mim arredondava-se um ermo árido, lívido, de areia, fechado todo por penedos lisos, direitos como os muros de um poço, tão lúgubres que a luz loura da quente manhã de Oriente desmaiava ali, mortalmente, desbotada e magoada. Eu lembrava-me de gravuras, assim desoladas, onde um eremita de longas barbas medita um in-fólio junto de uma caveira. Mas nenhum solitário aniquilava ali a carne em heróica penitência. Somente, ao meio do fero recinto, isolada, orgulhosa, com um ar de raridade e de relíquia, como se as penedias se tivessem amontoado para lhe arranjarem um resguardo de sacrário — erguia-se uma árvore tão repelente, que logo me fez morrer nos lábios o resto do fado triste...

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