Lorenzo Longo - Crónicas Eróticas, Irónicas, Um Pouco Espaciais
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Organizo-me melhor, se me deito de costas não me dá jeito e sou forçado a dobrar os joelhos, se me deito de lado assumo a posição fetal que consigo manter apenas limitadamente e em todo o caso não gosto de dar as costas aos estranhos. O sono tarda a chegar, os 2 namorados parecem não encontrar paz mas são educados, o homenzarrão ressona mas não bastante ruidosamente mas é um barulho de fundo do comboio a incomodar-me e a atrair-me, o baloiço tranquilo da corrida normal à passagem nas pequenas estações (onde não para) torna-se um insuportável martelar rápido e contínuo, um ensurdecedor e metálico bater dos carris contra a linha férrea e os órgãos de troca. Enquanto rodopio na “minha cama” as luzes emergem pelos buracos do compartimento inutilmente cobertos de cortinas, a sombra joga com a luz que provem do exterior e vêm pôr em foco vários pormenores. Num instante, à passagem duma estação iluminada, cruzo o olhar da rapariga à minha esquerda, é um momento duradoiro, o seu rosto está cansado mas os seus olhos são vivos e repletos daquele espírito mágico do comboio nocturno, é uma adepta da mesma religião, ou então é um espírito à deriva e foi activado pelo cruzar dos nossos olhares. A segunda hipótese agrada-me mais… Torna-me, enfim impossível conseguir adormecer, o pensamento está naqueles olhos, naquela energia que enfim emana do seu corpo e me atinge. Quase para sermos descobertos o namorado vira-se e me repara, os meus olhos ficam fechados mas controlam, não ouve nada, felizmente, virou-se apenas porque ao mover-se tinha temido de ter-me acordado. “Não me despertaste, prezado durma tranquilo…” A dado passo oiço uma frase que ilumina as minhas esperanças: “Desculpa Guido, podemos trocar de lugar? Há uma corrente de ar que está a provocar-me o torcicolo”.
O fiel Guido consente sem protestar, a sua linda e delicada pede, ele não tem motivo para duvidar, louco!
A rapariga (Elena parece-me de estar a perceber, de Troia acrescento quase por reflexo escolásticamente memorizado… O nome promete muito bem…) ajeita-se de cócoras ao seu namorado dando-me as costas, mas não há nenhum risco também eu estou de costas à ela. É suficientemente alta, bem constituída fisicamente, e as estreitas calças jeans deixam bem desenhadas as lindas pernas e o agradável traseiro. Cabelos loiros e olhos azuis mas eu não a definiria linda, o rosto é importante mas não nesta circunstância!
Recuo ligeiramente logo depois dou um encontrão com o meu traseiro no seu, retiro-o suavemente mais pouco tempo depois venho alcançado, coincidimos e sabemos que estamos nos tocando, bem tinha previsto… agora trata-se de perceber até onde isso nos levará, se quer permanecer na cabina com o maior risco e mínima satisfação, ou se aceitará uma deslocação para um lugar mais tranquilo. Movemo-nos e sinto o seu glúteo quente a esfregar-se no meu, estico uma perna e procuro a sua que logo me alcança, estamo-nos enrolando! Sinto todo o peso e a força do momento, fico enfeitiçado, vencido, constrangido no jogo de toques secretíssimos. Fico suado, vermelho na cara, excitadíssimo… a calça fica inchado e não consegue mais esconder o meu estado, tenho uma camisolinha de algodão que uso como cobertor, viro para o outro lado desta forma para tê-la de costas diante de mim. O espectáculo é fantástico: a calça jeans de cintura baixa chegou às alturas, ou melhor baixezas vertiginosas, e vejo a fenda do traseiro, está deitada por isso o traseiro vem exposto e exibido de forma dolosa. Sente e percebe que virei-me, e em minha honra dobra-se ainda mais assim para mostrar melhor ainda as suas graças. Reparo a minha mão quase a medir a largura antes de lança-la no empreendimento e esboço para aproximá-la, estico o braço o mais possível sem despertar nenhuma duvida e ganho centímetros em direcção a pele das ancas, sinto-me transpirado pela cama e implacável baloiço do proceder do comboio, tutum… tutum… e os dedos vinham induzidos para a pele nua descaradamente deixada à mercê do meu olhar e do meu desejo, tutum… tutum… e as suas ancas como oásis no deserto atraiam o meu membro e teleguiavam para o pecaminoso contacto que enfim acontece como uma explosão, um arco eléctrico, uma reacção química explosiva sancionou a união do dedo médio e da pele do glúteo. Deixei escorrer o dedo ao longo da superfície descoberta como uma haste duma flor, dócil deixava um vestígio de emoção que percebia a partir da pele abrasada, porém todo o seu corpo, impregnado de sensações jamais experimentadas não traía um movimento externo, tudo acontece no interior, fechado no seu óvulo de segurança epidérmica, protegido pela sua concha de carne e pele. Poucos minutos de agradáveis toques e já estava induzido a procurar novas fronteiras, com o dedo empurrava ainda mais para baixo a calça para poder aproximar à vagina, era um negocio árduo, a calça devia descer muito mais e ficar praticamente nua, mas a imprudência foi premiada, a coisa não a preocupava, o espírito estava drogado pelo estranho clima, pelo ar onírico que se respirava, o dedo conseguiu alcançar onde a sua pele tornava-se carne viva, e ali afundou com ardor para produzir o máximo prazer. Sentia a pele dos glúteos plasmar-se à minha segura carícia, forte e sólida, incisiva, prepotente mas sexual, nunca violenta. Tinha-a, era minha, guiava-a, saracoteava-a a meu prazer, era lindíssima gozar aquela visão e sentir onde se unem as suas redondas nádegas na mão e a vulva penetrada pelo dedo, mais via que resistia sem excessivos movimentos externos mais procedia, pesquisava, movimentava… vi a sua mão procurar atrás e parar no meu maço, estava excitadíssimo e foi fácil encontrá-lo e começou a acariciar-me por cima das calças, logo portanto deu-se conta de não satisfeita e procurou o zip, ajudei-a e tirei-o para fora de forma que pudesse ter na mão, agora a interacção estava completa, estávamos fazendo sexo mas enquanto a coisa ficava cada vez mais interessante com o canto do olho vejo um movimento nas minhas costas, não sei mais ou menos uma imperceptível deslocação de ar que aguça os meus reflexos e deixa-me reflectir sobre um facto, deixa-me prever o futuro somente deduzindo-o, prontamente largo a presa, deixo entrar o instrumento e puxo para cima as calças jeans da minha companheira do jogo que durante um instante não percebe, penso que estará a questionar-se: “mas o que está a acontecer?” mas não faz a tempo para definir a frase na sua mente que se abre a porta do compartimento e um indivíduo ainda não precisamente posto em foco apressadamente e com um cínico gozo acende a luz e diz: “bilhetes… por favor”. Saltam todos como se tivesse explodido um tiro de canhão, custa perceber onde se está e o que se deve fazer, o meu coração bate forte pela emoção, receio tranquilidade e sou o primeiro a dar o bilhete que tenho já preparado no bolso todo amarrotado todavia valido, mas dentro tenho o terramoto que deixa pulsar todas as artérias violentamente, a tensão do perigo evitado, o prazer que pouco tempo antes escorria nos meus nervos tensos. Exibo o bilhete com a mão e esforço-me para não deixá-la tremer, o fiscal repara-me com uma cara suspeita, detém-se no meu pedaço de papel, examina-o detalhadamente e enfim quase desconsolado restitui-mo com um sinal afirmativo com a cabaça, os outros enfim tiveram tempo de recuperar das suas memórias a disposição dos seus bilhetes e agora competem para entregar ao fiscal. Elena de Troia exibe 2, estavam na sua carteira penso, eu mesmo morrendo pela vontade consegue não repará-la na cara, o rapaz não é um tolo, apaixonado sim mas parvo não, repara-me com suspeita. Não pode ter ouvido, visto, cheirado nada, mas o seu sexto sentido atrofiado lhe comunica algo de estranho, o ar está impregnado dos nossos cheiros, a sua namorada talvez emanou um aroma que lhe parece familiar, todavia não consegue realizar, tantos sinais não conseguem efectuar nem sequer uma única imagem nítida, pois…
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