Partindo para a celebração do Universal!
Ventem nossos desvarios fervorosos!
Fulgurem nossos pensamentos dadivosos!
Clangorem nossas palavras proféticas
Na grande profecia virginal! .
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!
Cravos! mais cravos para nossa cruz!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(Tutti. O crescendo é resolvido
numa solene marcha fúnebre)
Para que escravos? Para que cruzes?
Submetei-vos à metrificação!
A verdadeira luz está nas corporações!
Aos maiores: serrote; aos menores: o salto...
E a glorificação das nossas ovações!
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(num clamor)
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!
Cravos! mais cravos para nossa cruz!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(a tempo)
Para que cravos? Para que cruzes?
Submetei-vos à poda!
Para que as artes vivam e revivam
Use-se o regime do quartel!
É a riqueza! O nosso anel de matrimônio!
E as fecundidades regulares, refletidas...
E os perenementes da ligação mensal...
AS SENECTUDES TREMULINAS
(aos miados de flautim impotente)
Bravíssimo! Bem dito! Sai azar!
Os perenementes da ligação anual!
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(berrando)
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora! o espanto! a loucura! o desejo!
Cravos! mais cravos para nossa cruz!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(da capo)
Para que cravos? Para que cruzes?
Universalizai-vos no senso comum!
Senti sentimentos de vossos pais e avós!
Para as almas sempres torresmos cerebrais!
E a sesta na rede pelos meios-dias!
Acordar às seis; deitar às vinte e meia;
E o banho semanal com sabão de cinza,
Limpando da terra, calmando das erupções...
E a dignificação bocejal do mundo sem estações!...
Primavera, inverno, verão, outono...
Para que estações?
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(já vociferantes)
Cães! Piores que cães!
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
Vós, burros! malditos! cães! piores que cães!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(sempre marcha fúnebre, cada vez mais forte porém)
Para que burros? Para que cães?
Produtividades regulares. Vivam as maleitas!
Intermitências de polegadas certas!
Nas arquiteturas renascença gálica;
Na música Verdi; na escultura Fídias;
Corot na pintura; nos versos Leconte;
Na prosa Macedo, D’Annunzio e Bourget!
E na vida enfim, eternamente eterna,
Concertos de meia à luz do lampeão,
Valsas de Godard no piano alemão,
Marido, mulher, as filhas, o noivo...
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(numa grita descompassada)
Malditos! Boçais! Cães! Piores que cães!
Somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora!... Vós, malditos! boçais!
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(fff)
... O corso aos domingos, o chá no Trianon...
E as ......... cidades, as ......... cidades,
as ......... cidades, as ......... cidades,
e mil ......... cidades...
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(ffff)
Seus borras! Seus bêbedos! Infames! Malditos!
A passiflora! o espanto! a loucura! o d.....
OS ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS
(fffff)
... e as perpetuidades
Das celebridades das nossas vaidades;
Das antiguidades às atualidades,
Ao fim das idades sem desigualdades
Quem há-de...
AS JUVENILIDADES AURIVERDES
(loucos, sublimes, tombando exaustos)
Seus..............................!!!
(A maior palavra feia que o leitor conhecer)
Nós somos as Juvenilidades Auriverdes!
A passiflora! o espanto!... a loucura! o desejo!...
Cravos!... Mais cravos... para... a nossa...
Silêncio. Os ORIENTALISMOS CONVENCIONAIS, bem como as SENECTUDES TREMULINAS e os SANDAPILÁRIOS
INDIFERENTES fugiram e se esconderam, tapando os ouvidos à grande, à máxima Verdade. A orquestra evaporou-se, espavorida. Os maestri sucumbiram. Caiu a noite, aliás; e na solidão da noite das mil estrelas as JUVENILIDADES AURIVERDES, tombadas no solo, chorando, chorando o arrependimento do tresvario final.
MINHA LOUCURA
(suavemente entoa a cantiga de
adormentar)
Chorai! Chorai! Depois dormi!
Venham os descansos veludosos
Vestir os vossos membros... Descansai!
Ponde os lábios na terra! Ponde os olhos na terra!
Vossos beijos finais, vossas lágrimas primeiras
Para a branca fecundação!
Espalhai vossas almas sobre o verde!
Guardai nos mantos de sombra dos manacás
Os vossos vagalumes interiores!
Inda serão um Sol nos ouros do amanhã!
Chorai! Depois dormi! '
A mansa noite com seus dedos estelares
Fechará nossas pálpebras...
As vésperas do azul...
As milhores vozes para vosso adormentar!
Mas o Cruzeiro do Sul e a saudade dos martírios...
Ondular do vai-vem! Embalar do vai-vem!
Para a restauração o vinho dos noturnos!...
Mas em vinte anos se abrirão as searas!
Virão os setembros das floradas virginais!
Virão os dezembros do Sol pojando os grânulos!
Virão os fevereiros do café-cereja!
Virão os marços das maturações!
Virão os abris dos preparativos festivais!
E nos vinte anos se abrirão as searas!
E virão os maios! E virão os maios!
Rezas de Maria... Bimbalhadas... Os votivos...
As preces subidas... As graças vertidas...
Tereis a cultura da recordação!
Que o Cruzeiro do Sul e a saudade dos martírios
Plantem-se na tumba da noite em que sonhais...
Importa?!... Digo-vos eu nos mansos
Oh! Juvenilidades Auriverdes, meus irmãos:
Chorai! Chorai! Depois dormi!
Venham os descansos veludosos
Vestir os vossos membros!... Descansai!
Diuturnamente cantareis e tombareis.
As rosas... As borboletas... Os orvalhos...
O todo-dia dos imolados sem razão...
Fechai vossos peitos!
Que a noite venha depor seus cabelos aléns
Nas feridas de ardor dos cutilados!
E enfim no luto em luz, (Chorai!)
Das praias sem borrascas, (Chorai!)
Das florestas sem traições de guaranis
(Depois dormi!)
Que vos sepulte a Paz Invulnerável!
Venham os descansos veludosos
Vestir os vossos membros... Descansai!
(quase a sorrir, dormindo)
Eu... os desertos... os Caíns... a maldição...
(As JUVENILIDADES AURIVERDES e MINHA LOUCURA adormecem eternamente surdas, enquanto das janelas de
palácios, teatros, tipografias, hotéis — escancaradas, mas cegas — cresce uma enorme vaia de assovios, zurros,
patadas.)
LAUS DEO
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