Barbara Cartland - Uma Orquidea Para Chandra

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Chandra escutou passos decididos ecoando pela sala… a tênue claridade de uma vela iluminou parcialmente um corpo bem-feito, alto e vigoroso. Por mais que ela se esforçasse, não conseguia adivinhar as feições do homem que dela se aproximava, e foi então que, bruscamente, ele a puxou para si, apertando seu corpo viril contra o dela e colocando seus lábios sobre os trêmulos lábios de Chandra. 
Ela sentiu-se possuída por um indizível arrebatamento e pensou, maravilhada:
"Isto é amor!"

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Uma Orquídea para Chandra

Barbara Cartland

Barbara Cartland Ebooks Ltd

Esta Edição © 2014

Título Original: “Love in the Clouds”

Direitos Reservados - Cartland Promotions 2014

Capa & Design Gráfico M-Y Books

m-ybooks.co.uk

Nota da Autora

Ao visitar o Nepal, em 1958, voei até ao “ Vale Feliz ”, de Katmandu, pois a estrada que subia para as montanhas ainda era difícil e perigosa. No ano seguinte, abriram uma outra de acesso mais fácil.

Gostava daquele pequeno paraíso, lindo, envolvente, com seu povo simpático e encantador, principalmente os Gurkas . Hospedei-me em um dos belos Palácios, construído pela família dos todo-poderosos Primeiros-Ministros, falei com a “ Deusa Viva ”, uma menina de seis anos, e visitei os Monges do Tibete , que em minha honra, tocaram as suas trombetas de latão.

No Nepal, o “ Teto do Mundo ” é impossível não acreditar no sobrenatural, nas lendas que o país possui em abundância, e não sentir que o assombroso Himalaia, encerra segredos espirituais ainda desconhecidos para o mundo ocidental.

As referências feitas a sir Brian Hodgson e a Nana Sahib, são todas verídicas.

CAPÍTULO I

Ao voltar da aldeia, Chandra viu uma carruagem parada à entrada de sua casa, e apressou o passo.

Ficou aborrecida por alguém ter ido visitar seu pai sem que ela estivesse em casa, e sabia que ele não desejava ser incomodado. Reconheceu intimamente que era culpada, pois se não tivesse parado para tagarelar, teria chegado vinte minutos antes.

Sempre gostara de ir à aldeia, porque os donos das lojas modestas, que a conheciam desde menina, estavam sempre prontos a recordar os “velhos tempos” e sua mãe. A Sra. Geary, da padaria, mal a via, exclamava:

–Oh, Srta. Wardell! Cada vez que a vejo, está mais parecida com sua mãe.

–Não poderia dizer-me nada que me agradasse mais do que isso– respondia Chandra.

A Sra. Geary punha-se então a contar histórias sobre a beleza da mãe de Chandra ao chegarem à mansão senhorial, e o quanto era amada por todos na aldeia.

Chandra, reconhecia que aquela era a verdade, pois sua mãe tinha o dom de fazer amigos onde quer que fosse, e talvez se prevalecesse disso, mais do que qualquer outra mulher, para compensar as falhas sociais do seu marido.

O professor Barnard Wardell achava as pessoas maçantes e só desejava ficar a sós com seus livros. Era um dos maiores conhecedores de sânscrito de sua época. Fora eleito membro da Sociedade Real Asiática, bem como da Sociedade Real, e a Sociedade Asiática de Paris tinha-o em grande conceito.

Infelizmente, o público em geral não se interessava por seus trabalhos científicos, e portanto suas obras não eram vendidas facilmente. Por felicidade, recebia uma pequena subvenção da Sociedade Asiática de Bengala, pois de outro modo, teria que contar apenas com uma modesta quantia dos direitos autorais, enviada periodicamente por seus editores.

–O senhor não acha, papai– dissera-lhe Chandra inúmeras vezes–, que poderia escrever um livro que interessasse às pessoas comuns, desejosas de conhecer mais acerca do Oriente e dos seus tesouros literários? Há pessoas que nem sequer sabem que esses tesouros existem!

–Não desejo atirar minhas pérolas de sabedoria aos porcos!– replicara ele.

–Mas, papai, precisamos de dinheiro. Embora eu economize cada moeda que me dá, não podemos viver de brisa!

Enquanto falava, sabia que seu pai não lhe dava atenção.

Seu espírito estava distante, num lama seria, num Convento budista, no Tibete, ou em um Mosteiro no sopé do Himalaia, ou em qualquer parte do mundo onde os sábios do passado tinham escondido seus manuscritos, os quais ninguém, a não ser homens eruditos, podia decifrar.

Muitas vezes, ao ler sobre as vendas de um romance ou um livro de viagens com milhares de edições, Chandra desejava que seu pai fosse diferente. Depois, reconhecia orgulhosamente que ele era um sábio extraordinário, e não desejaria mudá-lo.

Justamente por não terem dinheiro, e ser quase impossível, ele ter uma secretária, foi que, há uns cinco anos, Chandra começara a trabalhar com o pai nas traduções.

De início, achara o serviço exaustivo, depois o julgara interessante, e na realidade muito fascinante.

Entretanto, o professor não era um homem paciente. Às vezes ele chegava a gritar com a filha, quando ela achava difícil entender palavras complicadas do sânscrito.

Mas, com o passar do tempo, e por ser muito inteligente, Chandra, se tornara cada vez mais eficiente, até que no último ano passara a fazer sozinha o esboço de um manuscrito, e seu pai, limitava-se a revisá-lo.

O professor Barnard estava envelhecendo, e devido às longas viagens que fizera por todas as partes do mundo, contraíra malária e todos os tipos de febres asiáticas. Contudo, jamais admitiria essa fraqueza, e Chandra costumava dizer-lhe:

–Papai, deixe que eu termine esta tradução. No jornal de hoje há um artigo muito interessante, e gostaria que desse sua opinião. Coloquei-o em sua poltrona.

Seu pai a obedecia, sentava-se em sua poltrona favorita, e mal começava a ler, adormecia. Chandra via nisso a prova de que, embora ele não aceitasse a sua debilidade, ela era um fato indiscutível.

Andando agora pelo jardim cheio de mato, precisando ser podado, por não poderem pagar um jardineiro, ela pensava que uma visita não só aborreceria o pai, mas o cansaria. Suspeitara, recentemente, de que ele se esforçava mais do que era prudente.

Ao aproximar-se da carruagem, viu que era puxada por dois cavalos, e na boleia encontrava-se um cocheiro muito elegante, usando um chapéu de três bicos.

Ficou imaginando quem seria o visitante, percebendo pelo estilo do carro não se tratar de um dos colegas literatos de seu pai, na maioria tão pobres quanto ele.

Só esperava que não fosse Lady Dorritt, a dona do Castelo, a quem realmente detestava. Era a esposa do Governador de província, que além de incrivelmente obsequiosa era muito tagarela.

Sabia, porém, que Lady Dorritt, só andava em carruagem fechada, por isso não devia ser ela.

Entrou no vestíbulo com painéis de carvalho, no qual havia uma escadaria no estilo Elizabetano , finamente entalhada, que subia em curva para o primeiro andar.

Ao dirigir-se para o estúdio, sabendo que era lá que seu pai devia ter recebido seu visitante, avistou uma cartola sobre a cadeira.

Sua mão já se estendera para a porta, quando ouviu uma voz grave que não reconheceu, e ficou escutando. Como não conseguisse ouvir claramente, em vez de entrar ali, correu até uma outra porta do vestíbulo, abriu-a e entrou na sala de visitas.

Esta era raramente usada desde que a mãe morrera. Suas cortinas estavam sempre fechadas para que o sol não desbotasse o tapete, e também para diminuir o trabalho de Ellen, a já idosa e única empregada.

Caminhando sem fazer ruído, Chandra foi até um armário de canto que permanecera no vestíbulo quando a sala fora reformada pela primeira vez. Descobrira recentemente que, ao abrir a porta desse armário, podia ouvir claramente o que falavam no escritório.

Supunha que, para instalar aquele armário, tinham tirado os tijolos, deixando apenas uma camada superficial de reboco na parede do quarto ao lado. Contara isso ao pai, que achara graça e lhe dissera:

–Não posso crer que esta casa, tendo pertencido à mais respeitável família do condado, até meu pai a adquirir, fosse usada para espionagem. No entanto, podemos tirar proveito desse posto de escuta…

–Como, papai?

–Quando alguns dos meus visitantes importunos demorarem demasiadamente, elevarei minha voz e você poderá vir socorrer-me…

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