Dante Alighieri - Dante Alighieri - A Divina Comédia

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Dante Alighieri: A Divina Comédia: краткое содержание, описание и аннотация

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A Divina Comédia propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao cair das esferas mais superiores e que fez da Terra Santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão do Mar Morto, onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários comentados por Dante, num poema envolvendo todos os personagens bíblicos do Antigo ao Novo Testamento, que são costumeiramente encontrados nas entranhas do Inferno sendo que os personagens principais da Divina Comédia são o próprio autor, Dante Alighieri, que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada, Virgílio – o próprio autor da Eneida.

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Sumário

A DIVINA COMÉDIA Dante Alighieri A DIVINA COMÉDIA

INFERNO INFERNO

[I]

[II]

[III]

[IV]

[V]

[VI]

[VII]

[VIII]

[IX]

[X]

[XI]

[XII]

[XIII]

[XIV]

[XV]

[XVI]

[XVII]

[XVIII]

[XIX]

[XX]

[XXI]

[XXII]

[XXIII]

[XXIV]

[XXV]

[XXVI]

[XXVII]

[XXVIII]

[XXIX]

[XXX]

[XXXI]

[XXXII]

[XXXIII]

[XXXIV]

PURGATÓRIO

[II]

[III]

[IV]

[V]

[VI]

[VII]

[VIII]

[IX]

[X]

[XI]

[XII]

[XIII]

[XIV]

[XV]

[XVI]

[XVII]

[XVIII]

[XIX]

[XX]

[XXI]

[XXII]

[XXIII]

[XXIV]

[XXV]

[XXVI]

[XXVII]

[XXVIII]

[XXIX]

[XXX]

[XXXI]

[XXXII]

[XXXIII]

PARAÍSO

[I]

[II]

[III]

[IV]

[V]

[VI]

[VII]

[VIII]

[IX]

[X]

[XI]

[XII]

[XIII]

[XIV]

[XV]

[XVI]

[XVII]

[XVIII]

[XIX]

[XX]

[XXI]

[XXII]

[XXIII]

[XXIV]

[XXV]

[XXVI]

[XXVII]

[XXVIII]

[XXIX]

[XXX]

[XXXI]

[XXXII]

[XXXIII]

Dante Alighieri

A DIVINA COMÉDIA

INFERNO

[I]

Dante, perdido numa selva escura, erra nela toda a noite. Saindo ao amanhecer, começa a subir por uma colina, quando lhe atravessam a passagem uma pantera, um leão e uma loba, que o repelem para a selva. Aparece-lhe então a imagem de Virgílio, que o reanima e se oferece a tirá-lo de lá, fazendo-o passar pelo Inferno e pelo Purgatório. Beatriz, depois, o guiará ao Paraíso. Dante o segue.

DA nossa vida, em meio da jornada,

Achei-me numa selva tenebrosa,

3 Tendo perdido a verdadeira estrada.

Dizer qual era é cousa tão penosa,

Desta brava espessura a asperidade,

6 Que a memória a relembra inda cuidosa.

Na morte há pouco mais de acerbidade;

Mas para o bem narrar lá deparado

9 De outras cousas que vi, direi verdade.

Contar não posso como tinha entrado;

Tanto o sono os sentidos me tomara,

12 Quando hei o bom caminho abandonado.

Depois que a uma colina me cercara,

Onde ia o vale escuro terminando,

15 Que pavor tão profundo me causara.

Ao alto olhei, e já, de luz banhando,

Vi-lhe estar às espaldas o planeta,

18 Que, certo, em toda parte vai guiando.

Então o assombro um tanto se aquieta,

Que do peito no lago perdurava,

21 Naquela noite atribulada, inquieta.

E como quem o anélito esgotava

Sobre as ondas, já salvo, inda medroso

24 Olha o mar perigoso em que lutava,

O meu ânimo assim, que treme ansioso,

Volveu-se a remirar vencido o espaço

27 Que homem vivo jamais passou ditoso.

Tendo já repousado o corpo lasso,

Segui pela deserta falda avante;

30 Mais baixo sendo o pé firme no passo.

Eis da subida quase ao mesmo instante

Assoma ágil e rápida pantera

33 Tendo a pele por malhas cambiante.

Não se afastava de ante mim a fera;

E em modo tal meu caminhar tolhia,

36 Que atrás por vezes eu tornar quisera.

No céu a aurora já resplandecia,

Subia o sol, dos astros rodeado,

39 Seus sócios, quando o Amor divino um dia

A tais primores movimento há dado.

Me infundiam desta arte alma esperança

42 Da fera o dorso alegre e mosqueado,

A hora amena e a quadra doce e mansa.

De um leão de repente surge o aspecto,

45 Que ao meu peito o pavor de novo lança.

Que me investisse então cuido inquieto;

Com fome e raiva atroz fronte levanta;

48 Tremer parece o ar ao seu conspeto.

Eis surge loba, que de magra espanta;

De ambições todas parecia cheia;

51 Foi causa a muitos de miséria tanta!

Com tanta intensa torvação me enleia

Pelo terror, que o cenho seu movia,

54 Que a mente à altura não subir receia.

Como quem lucro anela noite e dia,

Se acaso o tempo de perder lhe chega,

57 Rebenta em pranto e triste se excrucia,

A fera assim me fez, que não sossega;

Pouco a pouco me investe até lançar-me

60 Lá onde o sol se cala e a luz me nega.

Quando ao vale eu já ia baquear-me

Alguém fraco de voz diviso perto,

63 Que após largo silêncio quer falar-me.

Tanto que o vejo nesse grão deserto,

— “Tem compaixão de mim” — bradei transido —

66 “Quem quer que sejas, sombra ou homem certo!”

“Homem não sou” tornou-me — “mas hei sido,

Pais lombardos eu tive; sempre amada

69 Mântua lhes foi; haviam lá nascido.

“Nasci de Júlio em era retardada,

Vivi em Roma sob o bom Augusto,

72 Quando em deuses havia a crença errada.

“Poeta, decantei feitos do justo

Filho de Anquises, que de Troia veio,

75 Depois que Ílion soberbo foi combusto.

“Mas por que tornas da tristeza ao meio?

Por que não vais ao deleitoso monte,

78 Que o prazer todo encerra no seu seio?”

“— Oh! Virgílio, tu és aquela fonte

Donde em rio caudal brota a eloquência?”

81 Falei, curvando vergonhoso a fronte. —

“Ó dos poetas lustre, honra, eminência!

Valham-me o longo estudo, o amor profundo

84 Com que em teu livro procurei ciência!

“És meu mestre, o modelo sem segundo;

Unicamente és tu que hás-me ensinado;

87 O belo estilo que honra-me no mundo.

“A fera vês que o passo me há vedado;

Sábio famoso, acude ao perseguido!

90 Tremo no pulso e veias, transtornado!”

Respondeu, do meu pranto condoído;

“Te convém outra rota de ora avante

93 Para o lugar selvagem ser vencido.

“A fera, que te faz bradar tremente,

Aqui passar não deixa impunemente;

96 Tanto se opõe, que mata o caminhante.

“Tem tão má natureza, é tão furente,

Que os apetites seus jamais sacia,

99 E fome, impando, mais que de antes sente.

“Com muitos animais se consorcia,

Há-de a outros se unir té ser chegado

102 Lebréu, que a leve à hórrida agonia.

“Por ouro ou por poder nunca tentado

Saber, virtude, amor terá por norte,

105 Sendo entre Feltro e Feltro potentado.

“Será da humilde Itália amparo forte,

Por quem Camila a virgem dera a vida,

108 Turno Euríalo, Niso acharam morte.

“Por ele, em toda parte, repelida

Irá lançar-se no infernal assento,

111 Donde foi pela Inveja conduzida.

“Agora, por teu prol, eu tenho o intento

De levar-te comigo; ir-te-ei guiando

114 Pela estância do eterno sofrimento,

“Onde, estridentes gritos escutando,

Verás almas antigas em tortura

117 Segunda morte a brados suplicando.

“Outros ledos verás, que, em prova dura

Das chamas, inda esperam ter o gozo

120 De Deus no prêmio da imortal ventura.

“Se lá subir quiseres, um ditoso

Espírito, melhor te será guia,

123 Quando eu deixar-te, ao reino glorioso.

“Do céu o Imperador, a rebeldia

Minha à lei castigando, não consente

126 Que eu da cidade sua haja a alegria.

“Em toda parte impera onipotente,

Mas tem no Empíreo sua augusta sede:

129 Feliz, por ele, o eleito à glória ingente!”

— “Vate, rogo-te” — eu disse — “me concede,

Por esse Deus, que nunca hás conhecido,

132 Porque este e maior mal de mim se arrede.

“Que, até onde disseste conduzido,

À porta de São Pedro eu vá contigo

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