— É, sim! — insistiu Rony, visivelmente frustrado porque Harry não alcançara a genialidade do seu plano. — Olhe, quando nós três não aparecermos em Hogwarts, todo o mundo vai pensar que Hermione e eu estamos com você, certo? O que significa que os Comensais da Morte irão direto procurar as nossas famílias para obter informações sobre o seu paradeiro.
— Mas, se o plano der certo, parecerá que fui viajar com os meus pais; muitas pessoas que nasceram trouxas estão falando em sumir de circulação por um tempo — esclareceu Hermione.
— Não podemos esconder a minha família inteira, iria parecer suspeito demais, além disso, eles não podem largar o emprego -explicou Rony. — Então, vamos divulgar a história de que estou gravemente doente com sarapintose, razão por que não pude voltar à escola. Se alguém vier investigar, meus pais podem mostrar o vampiro na minha cama, coberto de pústulas. Essa doença é realmente contagiosa, portanto eles não vão querer chegar muito perto. E também não fará diferença se o vampiro não puder falar nada, porque aparentemente ninguém pode, depois que o fungo ataca a úvula.
— E seus pais concordaram com esse plano? — perguntou Harry.
— Papai, sim. Ele ajudou Fred e Jorge a transformarem o vampiro. Mamãe... bem, você já viu como ela é. Não vai aceitar que viajemos até termos partido.
Fez-se silêncio no quarto, interrompido apenas pelas leves batidas que Hermione produzia ao jogar os livros em uma das duas pilhas. Rony parou, observando-a, e Harry olhava de um para outro incapaz de falar. As medidas que os amigos tinham tomado para proteger as famílias, mais do que qualquer outra coisa, o convenceram de que iriam acompanhá-lo e que sabiam exatamente o perigo que corriam. Quis manifestar o quanto isto significava para ele, mas simplesmente não encontrava palavras que fossem expressivas o suficiente.
No silêncio, ouviram o ruído abafado dos gritos da sra. Weasley quatro andares abaixo.
— Gina provavelmente deixou uma poeirinha em uma droga qualquer de porta-guardanapos — comentou Rony. — Não sei por que os Delacour inventaram de chegar dois dias antes do casamento.
— A irmã de Fleur vai ser dama de honra, precisa estar aqui para o ensaio e é jovem demais para viajar sozinha — explicou Hermione, examinando indecisa o Como dominar um espírito agourento.
— Bom, ter hóspedes não vai melhorar os níveis de estresse da mamãe — comentou Rony.
— O que realmente precisamos decidir — disse Hermione, atirando o Teoria da defesa em magia em uma lata de lixo sem olhá-lo duas vezes e apanhando Uma avaliação da educação em magia na Europa — é para onde iremos ao sair daqui. Eu sei que você disse que quer ir a Godric’s Hollow primeiro, Harry, e entendo o motivo, mas... bem... não devíamos dar prioridade às Horcruxes?
— Se soubéssemos onde encontrar alguma Horcrux, eu concordaria com você — respondeu Harry, sem acreditar que Hermione entendesse, de fato, o seu desejo de retornar a Godric’s Hollow. O túmulo dos seus pais era apenas uma parte do atrativo: ele tinha uma forte sensação, embora inexplicável, que o vilarejo lhe forneceria algumas respostas. Talvez fosse simplesmente porque ali ele sobrevivera à Maldição da Morte lançada por Voldemort; agora que enfrentava o desafio de repetir o feito, sentia-se atraído ao lugar onde tudo acontecera, buscando compreendê-lo.
— Você não acha possível que Voldemort esteja mantendo Godric’s Hollow sob vigilância? — arriscou Hermione. — Talvez espere que você volte para visitar o túmulo dos seus pais, uma vez que está livre para ir aonde quiser.
A idéia não ocorrera a Harry. E, enquanto se concentrava para contra-argumentar, Rony se manifestou, obviamente seguindo um fluxo independente de pensamentos.
— Esse tal R.A.B. — disse ele. — Sabe, aquele que roubou o verdadeiro medalhão?
Hermione fez que sim com a cabeça.
— Ele disse no bilhete que ia destruir o medalhão, não foi? Harry puxou sua mochila para perto e tirou de dentro a falsa Horcrux contendo o bilhete de R.A.B.
— “ Roubei a Horcrux verdadeira e pretendo destruí-la assim que puder ” — leu Harry em voz alta.
— Então, e se ele de fato a destruiu? — perguntou Rony.
— Ou ela — interrompeu-o Hermione.
— O que seja, seria uma a menos para se procurar! — concluiu Rony.
— Mas ainda iríamos tentar rastrear o medalhão verdadeiro, não? — quis saber Hermione. — Para descobrir se foi ou não destruído.
— E quando o encontrarmos, como é que se destrói uma Horcrux? — perguntou Rony.
— Bem — começou Hermione —, andei pesquisando.
— Como? — admirou-se Harry. — Achei que não havia livros sobre Horcruxes na biblioteca.
— Não havia — esclareceu Hermione corando. — Dumbledore retirou todos, mas... mas não os destruiu.
Rony se sentou na cama de olhos arregalados.
— Pelas calças de Merlim, como foi que você conseguiu pôr a mão nesses livros sobre Horcruxes?
— Eu... não foi roubando! — respondeu ela, olhando de Harry para Rony com um ar de desespero. — Eles continuaram a ser livros da biblioteca, mesmo que Dumbledore os tenha retirado das prateleiras. Enfim, se ele realmente não quisesse que ninguém os pegasse, tenho certeza de que teria dificultado muito mais...
— Não fique enrolando! — exclamou Rony.
— Bem, foi fácil — disse Hermione com uma vozinha humilde. -Lancei um Feitiço Convocatório. Sabem: Accio ! E eles saíram voando pela janela do gabinete de Dumbledore para o dormitório das garotas.
— Mas quando foi que você fez isso? — perguntou Harry, olhando para a amiga ao mesmo tempo assombrado e incrédulo.
— Logo depois do... funeral — respondeu ela com uma vozinha ainda mais humilde. — Logo depois de combinarmos que iríamos deixar a escola para procurar as Horcruxes. Quando voltei para apanhar minhas coisas, me... simplesmente me ocorreu que, quanto mais soubéssemos sobre o assunto, melhor seria... e eu estava sozinha lá em cima... então tentei... e funcionou. Eles entraram voando direto pela janela aberta e eu... eu os guardei no malão.
A garota engoliu em seco e, então, justificou suplicante:
— Não acredito que Dumbledore se zangasse, não vamos usar a informação para fazer uma Horcrux, não é?
— Você está nos ouvindo reclamar? — perguntou Rony. — Afinal, onde estão esses livros?
Hermione procurou um pouco e tirou da pilha um grande livro, encadernado em couro preto já desbotado. Fez uma cara de nojo e estendeu-o cautelosamente como se fosse uma coisa recém-morta.
— Esse é o que dá instruções explícitas para se preparar uma Horcrux: Segredos das artes mais tenebrosas . É um livro horrível, realmente assustador, cheio de feitiços malignos. Fico pensando quando foi que Dumbledore o retirou da biblioteca... se foi só quando se tornou diretor. Aposto como Voldemort copiou dele todas as instruções de que precisava.
— Por que então precisou perguntar a Slughorn como preparar uma Horcrux, se já tinha lido o livro? — perguntou Rony.
— Ele só procurou o professor para saber o que acontecia quando a pessoa subdividia a alma em sete pedaços — disse Harry. -Dumbledore tinha certeza de que Riddle já sabia fazer uma Horcrux na época em que foi à sala de Slughorn. Acho que você tem razão, Hermione, é muito provável que tenha sido daí que ele tirou as informações.
— E quanto mais eu leio — continuou Hermione —, mais terrível a idéia me parece, e menos acredito que ele tenha realmente feito seis. O livro alerta para a instabilidade que a pessoa causa ao restante da alma dividindo-a, e isso para se fazer apenas uma Horcrux!
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