Zephyrino Brandão - Pero da Covilhan - Episodio Romantico do Seculo XV
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- Название:Pero da Covilhan: Episodio Romantico do Seculo XV
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Henrique IV, apesar dos reparos, que pôz na concordia com o rei de Aragão, assignou as pazes propostas pelo marquez de Vilhena. Parece, porém, ter-lhe servido de aculeo a sua condescendencia, para manifestar, mais do que nunca a sua intimidade com o conde de Ledesma.
Foi novo aggravo aos conspiradores; por isso correo logo de bocca em bocca o nome de Beltraneja , posto por elles á innocente infanta, e perfida injuria disparada ao pundonor de sua mãe.
Os amigos do monarcha, cobertos de pejo, indignaram-se de ver caidos na baixeza, de propalar em tamanha infamia aquelles, que se diziam grandes de Castella !
Procurou o rei attrahir de novo ao seu partido o marquez de Vilhena, por saber quão perigosa era a sua inimisade, e este aproveitou o ensejo, para lhe propôr a demissão do metropolitano de Sevilha. Não só conveio n'isto o timido monarcha, mas ordenou tambem a prisão do prelado. O marquez avisou do rescripto a sua victima, que passou logo para o bando dos descontentes!
Seguidamente intentavam os conjurados surprehender o rei em Madrid e apoderar-se d'elle. A vigilancia do conde de Ledesma frustrou a tentativa. Acudiram de outra vez a Segovia, quando o monarcha alli foi; compraram a camareira Maria Padilla, que velava junto do dormitorio, e pareceu-lhes ageitado o lance; mas baldou-se ainda o attrevido designio.
De Burgos dirigiram ao desditoso rei uma reprezentação, em que lhe diziam, com inqualificavel despejo, have-lo induzido o conde de Ledesma a fazer jurar por herdeira do throno D. Joanna, chamando-a princeza sem o ser; pois que não era sua filha bem o sabiam elle e o conde!
O rei tremeo ao lêr estas palavras. Afigurou-se-lhe conjurar todos os perigos, concertando o enlace de sua filha com o infante D. Affonso, e accedendo, a que Beltran de la Cueva renunciasse o mestrado de Samtiago, por que tanto suspirava o marquez de Vilhena.
Consentio, pois, em que fosse jurado herdeiro da corôa seu irmão, uma vez que casasse com a princeza D. Joanna; e o conde de Ledesma, por seu turno, entregou nas mãos do rei a sua demissão de mestre de Samtiago, não por se considerar indigno de exercer esse alto cargo, mas para em tudo servir D. Henrique. Em compensação foi elevado a duque de Albuquerque.
Tão alta mercê exasperou mais a protervia dos colligados, que logo ergueram em uma planicie, cerca dos muros da cidade de Avila, um cadafalso, sobre o qual collocaram uma cadeira, em que assentaram um manequim, figurando D. Henrique de sceptro na mão e corôa na cabeça. Leram muitas queixas contra o rei, e em seguida o arcebispo de Toledo tirou a corôa do boneco; o marquez de Vilhena, o sceptro; o conde de Plasencia, a espada; o mestre de Alcantara, o conde de Benavente e o de Paredes, os restantes ornatos da realeza; e todos arrojaram, a pontapés, do cadafalso abaixo o vulto desataviado!
O infante D. Affonso foi posto por elles no mesmo lugar, todos lhe beijaram a mão, e aclamaram rei de Castella e Leão.
Pobre creança, que não tinha a consciencia de ser n'aquelle acto um mero instrumento da villania dos turbulentos vassallos de seu irmão!
Em outros paizes menos familiarisados com as rebelliões, esta teria abalado profundamente a opinião publica; e, se não fôra a inepcia e covardia de Henrique IV, que era o desespero dos bravos, a parte sensata do reino teria feito estalar a sua indignação contra os conjurados.
Esse apparato theatral de Avila produziu um grande escandalo, sem dar um grande golpe, e logo depois mallogrou-o completamente a recepção enthusiastica, feita á princeza D. Joanna em Saragoça.
Começou o marquez de Vilhena por esta razão a nadar entre duas aguas, mostrando-se desejoso de dar conselhos ao rei; e, como o arcebispo de Toledo lhe lançasse em rosto esse procedimento, fingio-se doente, a ponto de receber o sagrado viatico, nomear aquelle prelado seu testamenteiro, e pedir-lhe, que fosse patrono de seus filhos. Deixou assim de arrogar-se, em seu entender, a responsabilidade de certos actos, e preparou novas alicantinas.
O irrequieto arcebispo foi pôr cerco a Simancas; mas do alto das muralhas da velha cidade os sitiados escarneceram-n'o, chamando-lhe D. Opas; – o que significava compara-lo com o typo mais repugnante dos homens conhecidos por traidores.
Outros grandes de Castella, embora pouco satisfeitos com a marcha dos negocios do Estado, acudiram ao serviço do rei, por comprehenderem que se ventilava um processo de honra publica; todavia não pudéram evitar, que Henrique IV caisse na fraqueza de tratar com os sublevados uma suspensão de armas por cinco mezes, dando azo a despedir-se das duas parcialidades gente, que foi infestar as povoações, a ponto de provocar a fundação das Hermandades Конец ознакомительного фрагмента. Текст предоставлен ООО «ЛитРес». Прочитайте эту книгу целиком, купив полную легальную версию на ЛитРес. Безопасно оплатить книгу можно банковской картой Visa, MasterCard, Maestro, со счета мобильного телефона, с платежного терминала, в салоне МТС или Связной, через PayPal, WebMoney, Яндекс.Деньги, QIWI Кошелек, бонусными картами или другим удобным Вам способом.
, para perseguir os malfeitores.
Os povos passavam de um partido ao outro, com uma volubilidade sómente comparavel á dos magnates. Tudo era confusão no meio da cafila de potentados, cobiçosos de dar leis, e pouco amigos de sujeitar-se a ellas.
O arcebispo de Sevilha e o marquez de Vilhena offereceram ao rei os seus serviços, se elle consentisse, em que a infanta D. Isabel, sua irmã, casasse com D. Pedro Giron, irmão do marquez. Com a filha de Vilhena, D. Beatriz Pacheco, estava ajustado o casamento do principe D. Fernando, filho do rei de Aragão, que estimava esse enlace, o qual se não realizou por se oppôr tenazmente o almirante de Castella, avô materno do principe.
A infanta D. Isabel começou a seguir os rebeldes por toda a parte, sem fazer esforço algum de voltar para onde estava seu legitimo rei.
O legado pontificio fulminou sentença de excommunhão contra os nobres e senhores, que não prestassem desde logo obediencia á auctoridade real, deixando de impedir, seu livre e expedito exercicio; mas o arcebispo de Toledo, principal caudilho dos sediciosos, rio-se com elles do interdicto, dizendo, que appellariam para um concilio. E mandaram logo a Paulo II uma embaixada, participando-lhe, que tinham acclamado o infante D. Affonso rei de Castella e de Leão. O papa respondeo, que em vez de attrairem as bençãos do Céo sobre o infante, chamavam sobre elle os castigos eternos e a morte; e que com o seu exemplo a liga provocava todas as classes á desobediencia.
D. Affonso falleceo de repente, na tenra edade de quinze annos, e os conjurados offereceram a coroa á infanta D. Isabel, que a não aceitou, por não poder intitular-se rainha, em quanto seu irmão D. Henrique vivesse… Entretanto, porém, desejava ser jurada herdeira do throno, em competencia com D. Joanna, a quem chamou supposta filha do monarcha.
Annuio D. Henrique a effectuar-se esse juramento, com a condição de sua irmã não casar sem elle o consentir. Sacrificou d'este modo a propria honra e a da rainha, sua mulher, sendo injustamente postergados os interesses da innocente infanta, sua filha.
Do juramento anteriormente feito a D. Joanna, foi absolvido o reino pelo legado pontificio, o qual não attendeo os protestos da rainha contra tudo quanto se accordou em opposição aos direitos de sua filha, porque havia recebido o encargo de apaziguar dois litigantes, e, sendo-lhe impossivel desatar um nó, julgou mais prudente corta-lo.
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